Cerca de 25 padres da Arquidiocese de Londrina concluíram nesta manhã, 3 de junho, o retiro dos presbíteros, pregado por dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-secretário da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sobre o tema: “Eis o homem”. A partir do capítulo 18 do Evangelho de São João, quando se inicia a experiência dolorosa da vida pública de Jesus, dom Jaime conduziu uma reflexão teológica, bíblica e filosófica sobre a convivência de Jesus com os apóstolos, a condenação de Jesus, a experiência espiritual pessoal com Jesus e a convivência entre os padres. “Só podemos deixar Deus entrar onde estamos, onde vivemos uma vida de verdade”, destacou dom Jaime.

O retiro iniciou na segunda-feira, 30 de maio, e concluiu nesta sexta, 3 de junho, com a Santa Missa, que teve a participação do arcebispo dom Geremias Steinmetz, e o almoço, no Centro de Espiritualidade Rainha da Paz, em Maringá. Diariamente os padres celebraram juntos a Santa Missa e no final de cada dia, realizaram um momento de espiritualidade, como adoração ao Santíssimo, oração do Santo Terço e celebração penitencial.

“[O retiro] é uma forma que a Igreja encontra para manter vivo o ânimo, o pique, dos nossos presbíteros. A oportunidade de pararmos, refletirmos e falarmos sobre as nossas coisas sempre é uma oportunidade que enriquece a todos”, explica dom Jaime, que destaca, por fim, uma mensagem: “primeiro: depois de Deus o maior dom são os irmãos, então cuidarmos uns dos outros e nos deixarmos cuidar uns pelos outros. E ao mesmo tempo jamais deixar de amar aquilo que somos e gostar daquilo que fazemos. Talvez seja o melhor testemunho que nós possamos dar para a sociedade de hoje: nós amamos o que somos e gostamos do que fazemos”, conclui dom Jaime.

Para o padre Rafael Solano, cura da Catedral e vigário geral da arquidiocese, o retiro foi uma experiência muito significativa. “O tema proposto pelo pregador: Jesus, pessoa e sujeito, permitiu-me a luz da paixão do quarto evangelho ver as minhas paixões, vazios e conteúdos”, conclui.

Para a vida sacerdotal
As reflexões e perguntas propostas por dom Jaime buscaram um olhar sobre o ministério sacerdotal de cada padre. Contemplando a missão, o sofrimento e a força de Jesus, os sacerdotes tiveram a oportunidade de refletir sobre como acolher a pessoa de Cristo na sua vocação.

O retiro proporcionou momentos de meditação pessoal e de diálogo entre os padres, que partilharam ministério, dificuldades e esperança. À luz da pessoa de Jesus morto e ressuscitado, dom Jaime também partilhou um pouco da sua história vocacional, episcopal e os desafios da Igreja.

Pascom Arquidiocesana

Fotos: Divulgação

Tradição na comunidade havia sido paralisada por dois anos devido à pandemia

No dia 29 de maio, após a missa das 19h, a Paróquia São José de Jaguapitã realizou a Coroação de Nossa Senhora. Vários foram os momentos que pontuaram a fé e a consideração que a comunidade católica sente pela Mãe de Jesus.

Primeiramente foi a entrada de uma mãe grávida e alguns anjinhos simbolizando o “sim” de Maria a Deus. Depois um grupo de adolescentes ofereceeu flores à imagem de Nossa Senhora Aparecida através de uma bela coreografia. Ao som de “Mãezinha do Céu”, seis mães vestidas com mantos azuis, com seus bebês no colo, adentraram pelo corredor central da igreja e desta forma homenagearam Nossa Senhora pela dedicação e também para que desde muito cedo as crianças aprendam a amar e respeitar nossa querida mãe celeste.

Depois a igreja se iluminou com a chegada de aproximadamente 100 participantes, entre crianças de dois a três anos, até adolescentes. Eles se posicionaram no altar, ao redor da imagem da santa, com muita emoção, entoando hinos de louvor, coroaram Nossa Senhora. Foi um momento mágico, de fé, de amor, respeito e devoção. Uma chuva de pétalas e papéis festivos foram lançados sobre a imagem.

Esta tradição da nossa igreja se faz presente neste ano após a paralisação devido à pandemia. Muitos familiares compareceram para apreciar a participação .A igreja se vestiu de alegria e comoção àquela que nas aflições, intercede por nós junto a seu filho  Jesus.

Pascom Paroquial

Fotos: Divulgação

Já se aproxima, novamente, a celebração da Festa do Sagrado Coração de Jesus. Neste ano de 2022 dar-se-á no dia 24 de Junho. Em Londrina é lembrado como Patrono da Arquidiocese e também como Padroeiro da Catedral homônima, Igreja Mãe da Arquidiocese, envolvendo assim todas as paróquias e comunidades desde a sua fundação.

É certo que esta devoção existe desde os primeiros dias da Igreja, mas ela foi se clarificando e tomando contornos culturais e teológicos com o passar dos anos e dos séculos. Hoje é uma verdadeira fonte de espiritualidade caudalosa a jorrar e derramar-se sobre a Igreja e todos os seus membros. Não há como dissociar a Festa do Sagrado Coração de Jesus da Festa da Divina Misericórdia. A primeira exige a segunda e vice versa. Motivar-nos para o seguimento mais perfeito de Nosso Senhor é sempre o apelo principal. É a linguagem do “coração” tão necessária nos nossos tempos.

Em 2016, Ano Jubilar da Divina Misericórdia, o Papa Francisco exortou os cristãos a seguir o exemplo de São João Paulo II e de Santa Faustina Kowalska, os quais mencionou como “luminosas testemunhas e apóstolos da Divina Misericórdia”. Francisco desejou que possamos “refletir e meditar sobre a grandeza da Divina Misericórdia, em um tempo em que o homem, devido aos progressos em vários campos da técnica e da ciência, tende a se sentir autossuficiente e emancipado de toda autoridade superior”. Em vez disso, continuou, “como cristãos, devemos estar cientes de que tudo é dom de Deus e que a verdadeira riqueza não é o dinheiro, que nos torna escravos, mas o amor de Deus que nos torna livres”.

João Paulo II refletiu muito sobre o tema da Divina Misericórdia. Inspirado pelo Concílio Vaticano II, assumiu de todo o coração sua estratégia pastoral de misericórdia. Na verdade, ele até levou essa estratégia um passo adiante. Ele acreditava que, entre todas as verdades, e a mais importante, que os católicos modernos precisam levar em suas vidas, da cabeça ao coração, é a que Deus é misericórdia. É essa verdade que nos ajuda a compreender realmente nosso Pai no céu e o Coração de nosso Salvador. Também escreveu em sua Encíclica Dives in Misericordia, mostrando como é central o seguimento do Senhor para compreender bem a misericórdia: “Jesus revelou, sobretudo com seu estilo de vida e com suas ações, como está presente o amor no mundo em que vivemos, o amor operante, o amor que se dirige ao homem e abraça tudo quanto constitui a sua humanidade. Este amor se nota particularmente no contato com o sofrimento, a injustiça, a pobreza; em contato com toda a ‘condição humana’ histórica, que de distintos modos demonstra a limitação e a fragilidade do homem, tanto física, como moral.” O Papa citou um trecho do ‘Diário de Santa Faustina Kowalska’, uma exortação que o Senhor Jesus lhe fez: “Minha filha, observa meu coração misericordioso e reproduz no seu coração e em suas ações sua piedade, de modo que você mesma proclame no mundo a minha misericórdia.”

Na festa da Divina Misericórdia, no II domingo de Páscoa de 2022, o Santo Padre Francisco recordou em sua homilia enquanto refletia sobe o Evangelho de Jo 20,19-31: Em primeiro lugar, a misericórdia de Deus dá alegria, uma alegria especial, a alegria de se sentir gratuitamente perdoado. Quando, ao entardecer do dia de Páscoa, os discípulos veem Jesus e O ouvem dizer pela primeira vez “a paz esteja convosco”, alegram-se (cf. v. 20). Estavam trancados em casa com medo; mas também estavam fechados em si mesmos, dominados por uma sensação de fracasso.

Pela segunda vez diz “A paz esteja convosco”, acrescentando: “Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio” (v. 22). E dá aos discípulos o Espírito Santo, para torná-los agentes de reconciliação: A quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados (v. 23). Não apenas recebem misericórdia, mas tornam-se dispensadores da mesma misericórdia que receberam. 

O Senhor repete pela terceira vez “A paz esteja convosco” quando volta a aparecer oito dias depois aos discípulos, para confirmar a fé fadigosa de Tomé. Tomé quer ver e tocar. E o Senhor não Se escandaliza com a sua incredulidade, mas vem em ajuda da mesma: “Coloca o dedo aqui e vê as minhas mãos” (v. 27). Não são palavras de desafio, mas de misericórdia. Jesus compreende a dificuldade de Tomé: não o trata com severidade, e o apóstolo sente-se tocado interiormente com tanta benevolência. E é assim que, de incrédulo, se torna crente e faz a mais simples e bela confissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus!” (v. 28). É uma bela invocação, podemos adotá-la e repeti-la ao longo do dia, especialmente quando experimentamos dúvidas e escuridão, como Tomé.

Que a qualidade da nossa fé seja demonstrada pela profundidade e testemunho da misericórdia de Deus em nossa vida.

Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo de Londrina

Foto destaque: Edna Vieira

Palavra do Pastor – maio de 2022.
Palavra do Pastor é o artigo mensal do arcebispo dom Geremias Steinmetz na Revista Comunidade, a revista oficial da Arquidiocese de Londrina, que tem como patrocinadores

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Estrelado por Mark Wahlberg, filme apresenta a comovente trajetória do boxeador Stuart Long e sua vocação ao sacerdócio

Há quem desista da fé e, por fim, desista de Deus. Mas, tivesse Deus desistido de alguém em razão de suas escolhas de vida, a Igreja jamais contaria com a herança espiritual de Santo Agostinho, por exemplo. Deus continua resgatando e transformando pessoas e suas histórias merecem ser conhecidas!

A Sony Pictures traz ao Brasil o filme “Luta pela Fé – A História do Padre Stu”, protagonizado por Mark Wahlberg e Mel Gibson, baseado na história real do padre Stuart Long.  Escrito e dirigido por Rosalind Ross, o drama ainda conta com Jacki Weaver no elenco e chega ao Cinesystem do Londrina Norte Shopping nesta quinta-feira, 2 de junho.

Embora não seja um filme religioso, Luta Pela Fé deve atrair especialmente o público católico por conta da mensagem de superação, vocação e espiritualidade. A trama é baseada na história real de Stuart Long, um ex-boxeador americano bastante controverso, mas que, em determinado momento, encontra no sacerdócio um propósito e sentido para sua vida.

Para atrair o público aos cinemas, os exibidores estão concedendo descontos para grupos, que podem chegar a 50% do valor da bilheteria local. Paróquias, comunidades e grupos podem obter mais informações sobre esse benefício através do WhatsApp 0800 403 0800.

Sinopse:

Baseado em uma história real, Luta Pela Fé: A História do Padre Stu é um drama inabalavelmente honesto, engraçado e edificante sobre uma alma perdida que encontra seu propósito em um lugar inesperado. Quando uma lesão encerra sua carreira no boxe amador, Stuart Long (Mark Wahlberg) se muda para Los Angeles sonhando com o estrelato. Enquanto trabalha como balconista de supermercado, ele conhece Carmen (Teresa Ruiz), uma professora católica de escola dominical que parece imune ao seu charme de bad boy. Determinado a conquistá-la, o agnóstico de longa data começa a ir à igreja para impressioná-la. Mas sobreviver a um terrível acidente de motocicleta o faz imaginar se ele pode usar sua segunda chance para ajudar os outros a encontrar o caminho, levando à surpreendente percepção de que ele deveria ser um padre católico. Apesar de uma crise de saúde devastadora e do ceticismo dos funcionários da Igreja e de seus pais distantes (Mel Gibson e Jacki Weaver), Stu segue sua vocação com coragem e compaixão, inspirando não apenas aqueles mais próximos a ele, mas inúmeros outros ao longo do caminho.

Escrito para a tela e dirigido por Rosalind Ross, e estrelado pelo indicado ao Oscar® Mark Wahlberg (Melhor Ator Coadjuvante, Os Infiltrados, 2006) como Padre Stu, junto com o vencedor do Oscar® Mel Gibson (Melhor Diretor, Coração Valente, 1995), a indicada ao Oscar® Jacki Weaver (Melhor Atriz Coadjuvante, O Lado Bom da Vida, 2012) e Teresa Ruiz (Narcos). O filme é produzido por Mark Wahlberg, Stephen Levinson e Jordon Foss e tem como produtores executivos Miky Lee, Colleen Camp, Patrick Peach, Tony Grazia e Rosalind Ross.

Trailer:

O Catecumenato, caminho privilegiado de iniciação à vida cristã

O Catecumenato foi uma das mais bem sucedidas instituições de iniciação à vida cristã na história da Igreja. Hoje, resgatada pelo Concílio Vaticano II, é a grande aposta para responder, com as devidas adaptações, aos atuais desafios da iniciação à vida cristã.

Segundo Dionísio Borobio, o Catecumenato é a instrução iniciática de caráter catequético-litúrgico-moral criada pela Igreja dos primeiros séculos, com o fim de preparar e conduzir os convertidos adultos, através de um processo espaçado e dividido por etapas, ao encontro pleno com o mistério de Cristo e a vida da comunidade eclesial.

O Catecumenato, caminho privilegiado de iniciação à vida cristã

O Catecumenato foi e continua sendo a pedagogia que muito tem a contribuir para a iniciação na fé, haja vista a similaridade entre ambos os momentos culturais: o do nascimento do catecumenato, quando tornar-se cristão era uma opção, e hoje, quando novamente cristãos não se nascem, mas se tornam.

O ontem e o hoje da instituição catecumenal

É pertinente uma breve visita histórica aos principais momentos do nascimento e desenvolvimento de uma das experiências de iniciação à fé cristã mais bem sucedidas na história da Igreja. Interessa-nos não somente a história do catecumenato, mas sobretudo os elementos pastorais e teológicos desta proposta pastoral mais do que atual.

Do Novo Testamento ao século II

Não há nos escritos sagrados um ritual elaborado de preparação para os novos membros que desejassem abraçar a fé cristã. O fato de não encontrarmos lá os termos iniciação ou catecumenato, não significa que não houvesse uma preparação e critérios de discernimento para quem desejava ser batizado na fé cristã. Exemplo clássico é o texto de At 8, 26-39 (Felipe que batiza o ministro da rainha da Etiópia).

Do Novo Testamento ao século II

Não há nos escritos sagrados um ritual elaborado de preparação para os novos membros que desejassem abraçar a fé cristã. O fato de não encontrarmos lá os termos iniciação ou catecumenato, não significa que não houvesse uma preparação e critérios de discernimento para quem desejava ser batizado na fé cristã. Exemplo clássico é o texto de At 8, 26-39 (Felipe que batiza o ministro da rainha da Etiópia).

Nessa perspectiva, a origem do catecumenato remete à própria atividade apostólica e à missão mesma de Jesus. No Novo Testamento estão os germes daquilo que será a instituição da iniciação da Igreja primitiva e sempre referencial para a evangelização.

Do século II ao  IV

O catecumenato, no século II, já é uma prática pastoral bastante difundida, embora não fosse uma instituição estruturada e oficializada.

A partir do século II, a Igreja começa a elaborar um itinerário mais exigente aos que desejavam ser cristãos, assim a instituição catecumenal começa a ganhar corpo.

Nesse contexto de nascimento/desenvolvimento do catecumenato, os escritores apologéticos ofereceram uma contribuição fundamental. Os padres apologistas não se cansam de defender a originalidade da iniciação cristã em relação ao paganismo.

É nos séculos III e IV que o catecumenato ganhará uma estruturação em todas as comunidades cristãs. É nesse período que se encontra o catecumenato em plena potencialidade, com a exigência de uma sólida formação.

Nesse contexto, tem importância fundamental a Tradição apostólica de Hipólito de Roma, do início do século III. Trata-se de uma das principais referências sobre o catecumenato primitivo, e que de certa forma dão a base para a estruturação da instituição catecumenal. Ela oferece uma visão completa do que foi a pedagogia catecumenal da Igreja primitiva na primeira metade do século III.

A obra de Hipólito de Roma apresenta o itinerário catecumenal em três etapas: admissão-entrada ao catecumenato, tempo de catecumenato e eleição para o batismo.

Percebe-se já aqui a íntima relação entre liturgia e catequese, ou seja, perfeita integração entre formação-catequese, moral-conversão e ritual.

A ênfase na conversão e maturidade cristã é acompanhada pela abordagem doutrinal e bíblica em chave histórico salvífica, bem como pela introdução à oração e aos símbolos da fé. Já se vê ressaltada aqui a importância dos ritos durante o itinerário formativo.

A última etapa do longo e completo processo de iniciação correspondia à mistagogia: aprofundamento da experiência dos mistérios sacramentais recebidos (no tempo pascal).

A decadência do catecumenato

Após a paz constantina, o catecumenato entra num processo de paulatina decadência. A conversão já não é mais a grande exigência para entrar nas fileiras do cristianismo. Desaparece progressivamente o itinerário gradual, experiencial e comunitário da iniciação da fé.

Ao adaptar o catecumenato à nova realidade cultural, a Igreja coloca o acento da iniciação na preparação próxima aos sacramentos. Ou seja, quem pedia o batismo recebia uma iniciação abreviada em vista do batizado, em detrimento do processo catecumenal.

Nesse contexto, tem início o batismo de crianças, tornando-se uma prática generalizada a partir do século IV. A iniciação cristã já não é mais um processo que envolve toda a comunidade, nem muitos menos percorrida de acordo com o ano litúrgico.

Com a chegada da cristandade, portanto, desaparece o complexo processo catecumenal, agora reduzido à etapa ensino-instrução, via de regra dirigido a crianças.

Temos aqui o chamado catecumenato social, onde a comunidade cristã e a própria sociedade (ou civilização cristã) exerciam o papel da transmissão da fé, restando à Igreja tão somente a preocupação com a instrução doutrinal, isto é, a catequese propriamente dita.

O processo catecumenal é substituído pela sacramentalização. Isto compromete também a relação liturgia/catequese.

No segundo milênio, entre as principais mudanças está a dissociação da eucaristia em relação ao Batismo e a Confirmação, proveniente do batismo de crianças, e a separação de Batismo e Confirmação.

Com o passar do tempo, esta separação será ainda mais grave: passagem da Crisma para depois da Primeira Eucaristia. Portanto, perde-se, no segundo milênio, a unidade dos sacramentos da iniciação cristã, tão central para a Igreja dos primeiros séculos.

A restauração do catecumenato

A proposta metodológica catecumenal expressa no Ritual não é um livro de receitas a serem aplicadas ao pé da letra. Trata-se de proposta e orientações que exigem adaptações.

O livro litúrgico abre possibilidades a adaptações e elaboração de itinerários diversos, segundo as necessidades e as circunstâncias, conservando o essencial e garantindo a qualidade do processo.

O Ritual insiste na importância de levar em consideração o contexto vital de cada pessoa. A humanidade é, portanto, irrenunciável no itinerário catecumenal, isto é, chega-se à maturidade da fé com toda a carga de humanidade, e não apesar dela.

O RICA oferece basicamente duas possibilidades de fazer o percurso catecumenal: catecumenato pré-batismal e pós-batismal. Enquanto o primeiro é direcionado aos adultos não batizados, o segundo contempla as demais realidades: crianças na idade de catequese e jovens e adultos que por algum motivo ainda não chegaram à maturidade cristã.

Elementos eclesiológicos e pastorais da pedagogia catecumenal

Vamos identificar agora algumas características centrais, como que dimensões transversais que perpassam todo o processo de iniciação cristã catecumenal.

Progressividade

Partindo do pressuposto de que o catecumenato é “verdadeira escola preparatória à vida cristã” (AG, 14), consideramos que a progressividade na fé-conversão constitui não só a principal característica do catecumenato, mas sua própria identidade. Todos os elementos da pedagogia catecumenal visam a aquisição da plena maturidade cristã, que não pode ser conquistada a não ser através de um gradual itinerário formativo.

Onde melhor se evidencia o caráter progressivo da proposta do catecumenato é, portanto, na sua própria estrutura, marcada por tempos e etapas sucessivos.

Cada momento do itinerário percorrido conduz a um novo salto, ou seja, a um maior aprofundamento no crescimento da fé.

Todas as celebrações catecumenais são densas de significado no tocante à progressividade da maturidade cristã: ao celebrar o nível de maturidade conseguido no período anterior, elas (as celebrações) introduzem o catecúmeno na nova fase da aventura do crescimento espiritual.

Outro aspecto significativo ao caráter da progressividade da maturação da fé é o fator antropológico-teológico, que leva em consideração a individualidade de cada pessoa. A atenção ao ritmo de cada pessoa atesta que o ser humano é a prioridade no catecumenato.

O Ritual, atento a isso, não estipula tempo para a concretização da iniciação cristã catecumenal, respeitando a íntima relação entre Deus e o tempo-resposta do catecúmeno.

A gradualidade catecumenal aponta para o desejo de atingir todas as dimensões da vida cristã: adesão pessoal ao Deus de Jesus Cristo; compreensão e acolhida do plano da salvação; descoberta dos mistérios centrais da fé e das verdades fundamentais do cristianismo; aquisição de uma verdadeira mentalidade cristã; desenvolvimento da capacidade orante; iniciação na vida da comunidade eclesial e em particular a sua experiência litúrgica; abertura à vida apostólica e missionária; formação para a vida caritativa e a animação da ordem social.

A centralidade da vida eclesial no processo de iniciação cristã catecumenal

A comunidade é por excelência lugar de iniciação cristã. Não se chega a ser cristão sozinho, assim como não se permanece cristão em solidão.

A caminhada catecumenal se apresenta como um único caminho a ser percorrido com mão dupla, em direção ao Mistério Pascal: de um lado, o comprometimento de toda a comunidade no processo formativo do catecúmeno, e da parte deste, o caminhar em direção ao engajamento pleno na comunidade de fé. Ambos, comunidade e catecumenato, necessitam-se mutuamente para a maturidade da fé.

O rito de eleição reveste-se de intenso valor eclesial comunitário, por meio do qual os catecúmenos são eleitos para celebrar os sacramentos e viver a experiência sacramental juntamente com toda a comunidade.

A importância da comunidade no processo catecumenal está no fato de sua eficácia depender de comunidades vivas e dinâmicas. A transmissão da fé não depende de rebuscadas teorias ou pedagogias, mas de comunidades vivas que suscitam o desejo de participar de sua vida.

Sem comunidades vivas e atrativas, torna-se impossível o crescimento da fé.

A comunidade cristã, ao mesmo tempo que é sumamente responsável pelo processo de crescimento na fé dos catecúmenos, refaz e aprofunda ela mesma a própria caminhada da fé. Somente uma Igreja em constante processo de conversão poderá gerar e sustentar na fé novos membros.

A comunidade é ao mesmo tempo agente e destinatário da iniciação cristã. “A catequese conduz à maturação da fé não apenas os catequizandos, mas também a própria comunidade enquanto tal” (DGC, 221).

A comunidade eclesial é também catecúmena

Se toda a comunidade é convidada a renovar sua fé no Cristo com os catecúmenos, então também ela é beneficiada pela força ritual e simbólica dos ritos e tudo o que eles significam.

Diante do presente perigo do catecumenato acontecer à margem da vida eclesial, isolado do conjunto das atividades eclesiais, ou entendido como mais uma pastoral ao lado de outras, é preciso estar abertos para o alargamento da consciência de que toda a comunidade é catecumenal e catecúmena ao mesmo tempo.

O envolvimento da comunidade na iniciação à vida cristã

A tarefa de gerar novos filhos compete a toda a Igreja, o que significa que o compromisso com a iniciação cristã não se restringe somente aos catequistas e demais funções e ministérios envolvidos diretamente na iniciação cristã.

Os agentes específicos do catecumenato não substituem a participação ativa da comunidade, do mesmo modo que a iniciação cristã não pode ser uma parte da atividade pastoral, mas seu núcleo central.

A partir dessa sólida base ministerial comunitária, são oferecidas as funções e ministérios específicos que acompanham mais de perto o crescimento do catecúmeno:

Introdutor

Sua função é essencial no início do processo, por ajudar o simpatizante a acolher o dom da fé e iniciar o processo de conversão-maturidade cristã.

Padrinho/Madrinha

Recebe igualmente uma incumbência vital. Deve ser acolhido/a pelo exemplo de vida. Deve igualmente conhecer o candidato e testemunhar a sinceridade dele em ingressar no catecumenato, dando-lhe apoio por toda vida.

A estrutura do itinerário catecumenal

Pré-catecumenato: um tempo de descoberta

O pré-catecumenato, dedicado ao primeiro anúncio, é o primeiro grau do itinerário da iniciação à vida cristã, o qual em nenhuma hipótese deve ser omitido (RICA, 9).

Entre os objetivos centrais dessa etapa estão o despertar da fé (DAp, 278ª; 289; 299; DNC, 43) e o desejo de aderir e seguir a Cristo e à Igreja.

Trata-se de um primeiro contato com os fundamentos da vida cristã (RICA, 15), os quais serão gradualmente amadurecidos ao longo da caminhada. O que se pretende com o pré-catecumenato é auxiliar o candidato na abertura inicial à fé.

Pré-catecumenato: um tempo de descoberta

A importância do pré-catecumenato não pode ser desconsiderada por vários aspectos:

Anúncio do querigma:

Querigma é o conteúdo central do pré-catecumenato. “Se anuncia aberta e resolutamente o Deus vivo e Jesus Cristo” (RICA, 9).

O pré-catecumenato se distingue das demais etapas por seu caráter genuinamente querigmático e cristológico.

Pressuposto basilar do anúncio querigmático é a experiência de fé do próprio evangelizador, caso contrário, “corremos o risco de anunciar rios de palavras e discursos, mas não o querigma que provoca a profunda experiência da fé cristã”.

Pré-catecumenato: um tempo de descoberta

Acolhida

Do acolhimento inicial dependerá muito a continuação ou não do fiel no seu processo de iniciação.

Na caminhada catecumenal, para além da acolhida inicial e imediata do candidato, a dinâmica permanente da acolhida dá a tônica a toda essa primeira etapa, com destaque dos encontros informais, que são laboratórios de partilha, escuta, discernimento, testemunho, hospitalidade, corresponsabilidade.

Pré-catecumenato: um tempo de descoberta

No esforço de promover relações calorosas e fraternas, os encontros durante essa etapa buscam renunciar a qualquer tom de formalidade (espaço para partilha/escuta). Levar a sério a historicidade do candidato é tarefa insubstituível da evangelização pré-catecumenal.

Conclui-se o pré-catecumenato “com o ingresso no grau do catecumenato” (RICA, 7), através do rito de admissão. Nesse momento, a acolhida é ritualmente celebrada, com gestos profundos que apontam para a graça de Deus (RICA, 319).

Catecumenato: a segunda etapa do processo de iniciação

Este é o período mais longo e central do processo catecumenal, caracterizado por uma formação mais intensa, através da qual se mergulha mais profundamente no mistério do Deus de Jesus Cristo.

A catequese ocupa um lugar central na fase catecumenal. Trata-se da sua principal atividade.

Nas palavras do RICA, “o catecumenato é um espaço de tempo em que os candidatos recebem formação e exercitam-se praticamente na vida cristã. Desse modo, adquirem madureza as disposições que manifestaram pelo ingresso (RICA, 19).

É a partir dessa etapa que se dá início a uma maior integração fé/vida, catequese/liturgia. Embora a integração entre catequese e liturgia não seja exclusiva desse segundo período, é aqui que ela é intensificada.

CATEQUESE/LITURGIA

Os documentos do magistério eclesial insistem na articulação entre liturgia e catequese, afirmando inclusive de forma muito feliz que a liturgia é fonte mesma da catequese.

O Diretório Nacional Catequético assim se expressa: “Os autênticos itinerários catequéticos são aqueles que incluem em seu processo o momento celebrativos como componente essencial da experiência religiosa cristã” (DNC, 118).

Investir em uma iniciação cristã litúrgico-sacramental que relacione anúncio, formação, celebração e vivência da fé é um caminho necessário para superar uma compreensão catequética concebida unicamente como doutrina, e a liturgia como apêndice à educação da fé.

Não seria a distância entre catequese e liturgia a principal vilã da não continuação da vida comunitária eclesial após a recepção dos sacramentos?

A liturgia, diz a Sacrosanctum Concilium, é cume e fonte da vida cristã (SC, 10). Então uma catequese que não se inicia na vida litúrgica perde sua razão de ser, além de transformar os sacramentos em mero ritualismo individualista.

Centralidade do Ano Litúrgico

No processo catecumenal, o Ano Litúrgico recebe a centralidade em dois momentos: nos conteúdos, isto é, a narração da História da Salvação, baseada no tempo litúrgico, e nas celebrações litúrgicas catecumenais realizadas em sintonia como o Ano Litúrgico, cujo destaque está no tempo pascal.

“Cuidem de que a catequese seja penetrada do espírito evangélico, em harmonia com os ritos e o calendário litúrgicos, adaptada aos catecúmenos e, na medida do possível, enriquecida pelas tradições locais” (RICA, 48).

 tempo da purificação/ iluminação

O tempo da iluminação, realizado no período da Quaresma, é o mais curto das quatro etapas. O enfoque nesse período é colocado não na catequese e sim na vida interior (profunda revisão de vida, exame de consciência e espírito de penitência) (RICA, 25).

Inicia-se esse tempo com a “eleição” do catecúmeno aos sacramentos da iniciação cristã (ponto capital de todo catecumenato) (RICA, 22). Os não batizados declaram o desejo de se tornarem cristãos, enquanto os já batizados, de completar a iniciação sacramental, e diante de tal desejo são “eleitos para serem iniciados nos sagrados mistérios (RICA, 147).

d) Mistagogia: aprofundar a graça sacramental

A recepção dos sacramentos não configura o término do itinerário da iniciação. Um antes, um durante e um depois da celebração sacramental garantem a novidade da proposta catecumenal enquanto participação gradual no mistério de Cristo e da Igreja.

A experiência mistagógica, feita nesse quarto tempo, é um período para maior conhecimento e vivência dos mistérios celebrados, da linguagem simbólica; é um período para aprofundamento e experimento da graça sacramental. Enfim, a característica maior da mistagogia é a experiência.

d) Mistagogia: aprofundar a graça sacramental

Trata-se de uma experiência nova e pessoal dos sacramentos e da comunidade (RICA, 40).

A comunidade deve se empenhar a fim de que a integração dos neófitos na comunidade seja “completa e feliz” (RICA, 235).

A liturgia será o modo ordinário de viver a graça do Mistério Pascal. Daí a importância e “lugar primordial das missas dominicais” (RICA, 40).

Que se conclua o tempo da mistagogia com uma celebração especial, próximo ao domingo de Pentecostes, inclusive com festividades externas.

Iniciação a vida cristã – Arquidiocese de Londrina

O Apostolado da Oração – Rede Mundial de Oração do Papa da Arquidiocese de Londrina realizou no domingo, 29 de maio, uma peregrinação ao Santuário Nossa Senhora Aparecida, de Londrina. Cerca de 800 membros do apostolado participaram do evento, que contou com a recitação do terço, formação sobre Santa Margarida Maria Alacoque, ministrada pelo padre Paulo Henrique Alencar, assessor do apostolado, e a Santa Missa.

A peregrinação teve a participação dos 11 decanatos da arquidiocese, que foram representados por coordenadores e membros do Apostolado da Oração. Contou também com um momento de  consagração de novos membros, testemunhos de graças alcançadas e encerramento  com partilha.

Pascom Arquidiocesana

Fotos: Terumi Sakai

Maria Inêz Gomes

O Arquidiocese Entrevista de hoje apresenta a caminhada de uma mãe de muitos filhos. Maria Inêz Gomes, 58 anos, ainda bem jovem conheceu o marido Jair Gomes, em Campo Mourão (PR). Se casaram e, ao fazerem as catequeses para adultos do Caminho Neocatecumenal, aceitaram o convite que Deus lhes fazia: estar abertos à vida.

Ao longo de 40 anos de casamento, se orgulham da grande família: 11 filhos (um deles no céu) e, por enquanto, 18 netos.

Encerrando o mês de maio, mês de Maria e também mês das mães, confira a entrevista conduzida pela jornalista Juliana Mastelini Moyses.

Edição e imagens: Tiago Queiroz
Fotos: Arquivo pessoal

Em maio iniciou o Ano das Vocações Maristas, um período voltado à aproximação e afirmação do compromisso com uma vida amorosa, caridosa e misericordiosa entre Leigos e Irmãos

Inspirado no legado de Marcelino Champagnat, o Ano das Vocações Maristas, que acontece entre 20 de maio de 2022 e 6 de junho de 2023, é um convite para que diversas comunidades possam se aproximar e afirmar seu compromisso com uma vida repleta de amor e comunhão, formando uma família global. A iniciativa – realização do Brasil Marista, por meio da União Marista do Brasil (Umbrasil) e do Instituto Marista – é dedicada a cuidar e gerar novos Maristas, Irmãos ou Leigos. E coincide com o 200º aniversário do renascimento do instituto, trazendo a necessidade de tocar a sociedade atual com fé e confiança em Deus e em Maria.

Conforme explica o diretor executivo da Província Marista Brasil Centro-Sul (PMBCS), José Leão, durante o Ano das Vocações Maristas, serão trabalhadas inúmeras ações de fortalecimento da identidade e do carisma vocacional, com foco, principalmente, nas novas gerações. “O chamado a uma vida consagrada é, também, uma oportunidade para que Irmãos e Leigos redescubram a paixão Marista original, refletindo, celebrando e compartilhando sua própria trajetória de vocação para que a chama da vida em plenitude com Deus seja despertada nos jovens e nas coletividades a que pertencem”, ressalta.

Segundo o Irmão Marista Natalino Guilherme de Souza, a ideia é aproximar pessoas de uma vida que se coloca a serviço do bem-estar social. “O mundo é muito diverso e maravilhoso, e nos convida, diariamente, a reforçar nossos valores. Sendo assim, o Ano das Vocações Maristas é um momento para estimularmos, com força e entusiasmo, a renovação da cultura vocacional”, reflete.

Precisamos de mais irmãos

Marcelino Champagnat reconheceu, há dois séculos, que a comunidade Marista precisa, sempre e cada vez mais, de novos Irmãos e Leigos. Afinal, a vocação é a resposta de Deus frente à ausência de fraternidade no mundo, uma ferida que, na realidade atual, cresce profundamente. “Diante desse cenário, devemos investir, assim como fiz, há quase 20 anos, na vocação, que é uma grande força de convicção, gradativamente reforçada e alimentada por uma espiritualidade sólida, com um desejo contínuo de aprender e servir, esperançado pela fé que nos acompanha ”, afirma Souza.

Como o objetivo central neste ano é promover a vocação em membros das novas gerações, ajudando-os a descobrir o significado da vida preenchida com amor, compaixão e misericórdia, a congregação Marista convoca Irmãos e Leigos a inspirar a juventude, tornando visíveis o carisma e a fé vocacional. Para isso, serão realizadas atividades de cuidado e estímulo à espiritualidade, como programas regionais para animadores da formação vocacional, liturgias, retiros, fóruns, webinars e encontros para compartilhamento de vivências. Todas essas ações, encabeçadas por quase 3 mil Irmãos, espalhados pelos cinco continentes, irão revisitar a história e a herança Marista, valorizando os princípios que alimentam a paixão original e aprofundando a sensação e a mentalidade de pertencimento a uma grande família global.

Sobre a Província Marista Brasil Centro-Sul

A Província Marista Brasil Centro-Sul (PMBCS) é uma unidade administrativa do Instituto Marista que foi idealizada em 1817 por Marcelino Champagnat, na França. Presente no Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e na cidade de Goiânia. A instituição atua em prol da missão Marista, que é ser farol que orienta e promove a vivência dos valores do Evangelho, do jeito de Maria, contribuindo para a formação de cidadãos éticos e solidários para a transformação da sociedade, com foco nos direitos de crianças e jovens. Saiba mais no site: marista.org.br.

Província Marista Brasil Centro Sul

Fotos: Divulgação