“Banhados em Cristo somos uma nova criatura, as coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo”. Assim cantamos no Sábado Santo quando celebramos a ressurreição de Jesus. Esses curtos versos descrevem o que acontece com toda pessoa que é batizada: morre o velho homem e uma nova criatura renasce.

A Vigília Pascal é, por isso, o momento propício para a celebração do sacramento do batismo. Na Catedral, foram três jovens batizados nesse Sábado de Aleluia, 30 de março. Chama a atenção as roupas que os jovens usavam. No primeiro momento, ao serem imergidos na pia batismal, estavam vestidos de preto. Ao retornarem, apareceram com novas vestes, brancas. Padre Joel Ribeiro Medeiros, pároco da Catedral, explica que a simbologia da mudança das vestes aparece nos escritos de São Cirilo de Jerusalém.

Em suas catequeses, o doutor da Igreja explicava aos novos cristãos do século IV que quando a pessoa entra na fonte das águas do batismo (a pia batismal), ela retira suas antigas vestes, para renascer com novas vestes: “Logo que entrastes, despistes a túnica. E isto era imagem do despojamento do velho homem com suas obras (…) Agora já não vos é permitido trazer aquela velha túnica, digo, não esta túnica visível, mas o homem velho corrompido pelas concupiscências falazes. Oxalá a alma, uma vez despojada dele, jamais torne a vesti-la, mas possa dizer com a esposa de Cristo, no Cântico dos Cânticos: «Tirei minha túnica, como irei revesti-la?».

(…)

Ademais, poderoso é Deus que de mortos vos fez vivos, para conceder-vos que andeis em novidade de vida. A Ele a glória e o poder, agora e pelos séculos. Amém.”

(São Cirilo de Jerusalém, Catequeses mistagógicas)

Fotos: Guto Honjo

Arcebispo presidiu celebrações da Semana Santa na Catedral. Vigília Pascal, no cair da tarde de Sábado, relembrou história de Deus com seu povo e a vitória de Cristo sobre a morte

Depois de um período em que a Igreja mantém o silêncio, o recolhimento e a penitência, desde o Sábado Santo, os cristões vivem a alegria da ressurreição. “Noite de alegria verdadeira”, canta o a Proclamação da Páscoa na Vigília Pascal, “que uniu de novo o céu e a terra inteira”. Cristo ressuscitou. Aleluia! A páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a ‘festa das festas’, ‘solenidade das solenidades’, explica o Catecismo da Igreja Católica.

Como as demais celebrações da Semana Santa, o arcebispo dom Geremias Steinmetz presidiu a Vigília Pascal, no Sábado Santo, 8 de abril, na Catedral de Londrina. A celebração relembra o cair da tarde de sábado em que as mulheres vão ao túmulo e o encontram vazio. “[Esta] é uma noite memorável, central para a nossa fé, também para nossa esperança porque nos traz presente a história da salvação”, explicou dom Geremias.

As leituras da vigília relembram toda história da salvação, começando pelo Antigo Testamento, com a criação do mundo, a aliança de Deus com Abraão, a libertação do povo eleito, os profetas, até chegar em Jesus, a nova e eterna aliança. “Isso é Páscoa, a ressurreição é a história de Deus com a humanidade, em vista de tomá-la para Si, levá-la para perto do Seu coração misericordioso”, explicou o arcebispo.

Noite de assombro

Na homilia, dom Geremias falou que estamos tão acostumados com a narração do Evangelho da ressurreição que muitas vezes não compreendemos o assombro daquela noite. “Eu imagino, meus irmãos e irmãs, o que isso significou na vida das mulheres, na vida dos discípulos, dos seguidores de Jesus. Porque dois dias antes, eles todos viram Jesus cortado, Jesus praticamente com a pele toda em pedaços, Jesus morto na cruz, Jesus recebido pela sua mãe, Jesus enterrado. Certamente com o enterro de Jesus, as esperanças também foram embora, as esperanças foram esvaindo pouco a pouco”, falou dom Geremias.

“Mas agora, aparece Ele mesmo dizendo: ‘ressuscitei’, ou como diz exatamente o texto: ‘vocês estão procurando Jesus, aquele que foi crucificado? Aquele que morreu na cruz não está mais aqui não, Ele ressuscitou’. Essa palavra é assombrosa! Chega a me dar um calafrio ao tentar dizer a vocês o que isso significou na vida daquele povo, na vida daquela comunidade”, fala o arcebispo.

Os apóstolos, continua dom Geremias, ficaram meio incrédulos face a boa notícia daquelas mulheres. “Eles tinham sido testemunhas oculares de tudo que acontecera com Jesus, da morte, sepultura, na Sexta-feira Santa. Por isso as palavras das mulheres pareceram-lhes até mesmo um desvario, uma loucura, talvez até pensassem assim: ‘elas devem estar com muita saudade’, porque falar que Jesus está vivo, isto não é possível.”

Eles precisam verificar “com seus próprios olhos” e precisavam observar pessoalmente a realidade do túmulo vazio. “Entretanto, Pedro se pôs a caminho e foi ver o sepulcro. Quantos sinais de Jesus vivo, quantas amostras, quantos sinais de que, de fato, Ele estava entre eles vivo. E diante do túmulo vazio, diante do anúncio do anjo, pouco a pouco aquilo que parecia impossível, um desvario, um sonho, passou a ser causa de admiração e de fé”, explicou o arcebispo.

E por isso, pouco tempo mais tarde, o núcleo da pregação apostólica será o anúncio da morte e da ressurreição de Jesus. “Quantas vezes podemos ver nos Atos dos Apóstolos, sobretudo Pedro pregando, anunciando, até profetizando e denunciando: esse Jesus, dizia ele falando aos judeus, que vós matastes, Jesus está vivo, está entre nós, e é por causa dEle, em seu nome, que nós realizamos o que realizamos, não é mérito nosso, mas é mérito dEle que ressuscitou.”

É essa fé que recebemos dos apóstolos e hoje também nós professamos, com especial vigor no Sábado Santo. “Nós que aqui estamos hoje, neste dia 8 de abril de 2023, somos convidados a renovar a nossa fé em tudo isso que nós acabamos de ouvir, desde o Gêneses até o Evangelho, até Paulo, até tantos e tantos que já entregaram a sua vida por causa da fé. Renovaremos as promessas do nosso batismo e faremos mais uma vez a nossa profissão de fé na morte e na ressurreição de Jesus”, falou dom Geremias.

O arcebispo exortou os fiéis a, imbuídos de grande alegria, renovarem as promessas do batismo, renovando também o mandado do anjo e de Jesus: Não tenhais medo. “Quando respondermos às perguntas que serão feitas pelo presidente da celebração, que os nossos lábios pronunciem com entusiasmo e júbilo estas palavras: sim, creio. Eu creio que tudo isso é verdade. Eu quero aderir a essa verdade que o mundo ainda não conhece, mas que nós temos o privilégio de conhecer e poder viver.” Concluindo a homilia, dom Geremias pediu uma salva de palmas a Jesus ressuscitado.

Batismo

Dentro da celebração da Vigília Pascal, o arcebispo também batizou quatro jovens da comunidade. O batismo na Vigília Pascal traduz a realidade da Páscoa: a morte para o pecado e o renascimento na vida nova em Cristo.

Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana

Fotos: Maikon Manfre

Antecipando as alegrias pascais, a Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil (CRB) – núcleo Londrina, celebrou, no dia 30 de março, a Missa da Páscoa da Vida Consagrada, presidida pelo arcebispo dom Geremias Steinmetz, na comunidade religiosa das Irmãs de Schoenstatt, com grande presença de religiosos.

Na abertura da missa, o coordenador do núcleo, frei Wainer José de Queiroz, da Ordem dos Frades Menores Missionários(FMM), apresentou a coordenação para o ano de 2023 -2024. São eles: Vice: Frei Márcio, ocd. Tesoureira: Ir. Cícera Neusa, fsj. Secretária: Ir. Deise Murakami, osj. Vice-secretário: Frater Robert, op. Em seguida dom Geremias acolheu a todos com o sinal do cristão. Todas as congregações apresentaram suas intenções para a Santa Missa, assim cada representante fez a prece e, por fim, a missa seguiu o rito.

Religiosos

A Arquidiocese de Londrina conta com a missão e o empenho de inúmeras congregações religiosas de diversos carismas, do ramo masculino e feminino. Essa presença missionária conta com cerca de 42 congregações religiosas.

A arquidiocese hoje conta com um núcleo de religiosos que compõe a CRB (Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil) com o objetivo de animar os religiosos na missão de ser profeta, sacerdote e rei.

Frater Leandro Freitas

Fotos: Frater Jéverson Andrade

“A quem procurais?” (Jo 18,4) é a pergunta de Jesus àqueles que mesmo tendo ouvido d’Ele quem É ainda são incapazes de conhecê-lo e compreendê-lo, mesmo tendo o Deus vivo diante dos olhos são aos humildes que se revela. A tradição da Igreja condensa a profundidade da espiritualidade quaresmal dentro dos ritos vividos pelos cristãos na Semana Santa, ou Semana Maior, a fim de que “purificados por esses ritos anuais, nos preparemos reverentes para gozar os dons pascais”. Ocorrerá nos dias 14, 15 e 16 a celebração do Tríduo Pascal onde comemoraremos a Ceia do Senhor, sua Paixão e a Vigília Pascal, que entendendo esses três dias que são como um volvamos nossas almas ao clarear do novo e eterno dia.

A Quinta-feira Santa é a celebração onde foi-nos dado o Sacramento da Eucaristia, é tamanha a grandeza deste mistério que faz-se presente na Sagrada Liturgia na palavra do Senhor a Moisés: “Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que havei de celebrar por todas as gerações como instituição perpétua”. Não somente isso, mas também há o ato pelo qual foi intitulada de Missa do Lava-Pés. O serviço é parte necessária da vida cristã e da Igreja, a responsabilidade de uns com os outros e de ambos com Deus pelo próximo, faz com que possamos ser acolhidos mais intimamente em Cristo. Mesmo sobre quaisquer argumento disse Jesus: “Se eu não te lavar os pés, não terás parte comigo”. E enfim, tendo traçado o sinal da cruz, tomado parte com o Senhor pelo serviço e a comunhão, podemos juntos com Ele adentrar a santíssima e salvífica agonia.

O profundo silêncio da noite que se abate sobre o mundo, entre a quinta e a sexta, quando o seu Criador foi ferido por causa de nossos pecados, Ele que sendo Senhor, aprendeu a ser obediente até a morte, e morte de cruz, tornando-se causa de salvação para todos os que lhe obedecem. Prostrado em silêncio fica o sacerdote, ao entrar no templo. Tão expressivo som das matracas, que já quase não se ouve, em seu som direto, profundo e um tanto incômodo lembra a Igreja que é pela lança que abre o lado de Nosso Senhor, pelos pregos que perfuram mãos e pés, doloroso amor do Deus que se encarnou ouvindo incessantes vozes de blasfêmias e zombarias. Não há Missa neste dia, não há consagração, o único do ano, pois adoramos ao Senhor crucificado, o lenho da Cruz do qual pendeu a salvação do mundo. Alguém acaso pode questionar se é esta adoração maior que a Santa Missa. Não, mas uma parte da única Santa Missa do Tríduo Pascal. Ainda pode tornar com a pergunta “Mas se é uma só Missa, acaso permanece fora do templo?”, digo-te cristão que até os protestantes, ateus e iníquos sentem o peso da culpa que abate-se sobre nós nestes dias, ainda que não saibam de onde vem. Mantenha-se penoso é seu Senhor que foi sacrificado, e por você.

Eis que surge uma chama acesa, benzida, a luz do Cristo ressurreto, uma pequena chama no meio da escuridão que se levantou com o crepúsculo. Ouve atento essa silêncios, pequena e clara chama que na Palavra com que Deus criou o céu e a terra (cf. Gn 1-2) acendeu-se, que no cordeiro durante o sacrifício do nosso pai Abraão (cf. Gn 22,1-18) inflamou-se mais, na libertação da terra do Egito e a passagem no mar a pés enxutos (cf. Ex 14,15-15,1) inflamou-se mais, que chama e se compadece com misericórdia eterna (cf. Is 54,5-14) e num pacto eterno que sacia o homem integralmente (cf. Is 55,1-11) inflamou-se mais, que faz marchar até o esplendor do Senhor (cf. Br 3,9-15.32 – 4, 4) que nos promete derramar uma água pura e dar-nos um novo coração (Ez 36,16-17a.18-28) onde essa chama inflamou-se mais e seu objeto de iluminação fez-se carne, e habitou entre nós (Jo 1,14). Essa chama acesa frente a nossos olhos, a luz da fé que portamos e com ela dizemos “A minh’alma tem sede de Deus e deseja o Deus vivo”, d’Ele que ressuscitado dos mortos não morre mais e nos permite morrer com Ele para vivermos com Ele, mortos para o pecado e vivos para Deus (cf. Rm 6,3-11) e enfim junto ao alto brado dos santos de Deus cantar “Aleluia, Aleluia, Aleluia; Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! ‘Eterna é a sua Misericórdia’”. E por fim, a semelhança do Senhor Jesus, vos pergunto, neste túmulo escuro e frio, penoso de morte onde vem chorar as lágrimas lastimosas, “Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou!” (cf. Lc 24,1-12). Olhe para frente, veja nas mão do sacerdote que se elevam, ali, ali está quem procura, o Deus Vivo, que encerra em si toda a graça. O Cristo que não nos deixou com sua morte às 15h da Sexta-feira da Paixão, mas vivificou sua Igreja, nós, nessa única e perfeita renovação incruenta de seu sacrifício na cruz, a Santa Missa do Tríduo Pascal.

Seminarista Matheus Petrachin Fernandes

“Vivamos olhando para o alto, vivamos olhando para as coisas de Deus.”

Neste vídeo o arcebispo metropolitano, dom Geremias Stenimetz, envia sua mensagem de Páscoa que alimenta a esperança no coração humana, a esperança da vida plena. Com a sua benção dom Geremias envia sua benção para as famílias, religiosos e religiosos, presbíteros e diáconos da Arquidiocese de Londrina. Feliz Páscoa!

 

 

 

Foto destaque Juliana Mastelini Moyses