Mãe do povo brasileiro, Nossa Senhora Aparecida é venerada com grande carinho em terras verde e amarelas. A população, de origem majoritariamente católica, cresceu junto com a devoção àquela que é considerada a Rainha do Brasil, explica o arcebispo dom Geremias Steinmetz. Por isso, “falar sobre ela é mexer, de fato, com a alma do nosso Brasil”. A força da religiosidade popular e do sentimento por Maria, presente não só no país, mas em toda América Latina, fazem do dia de Nossa Senhora Aparecida um evento, além de religioso, também cultural.
Antes, porém, da religiosidade popular, está o fato de Maria ser a mãe do próprio Jesus, e ser Ele quem a designou também como nossa mãe, aos pés da cruz. “Nossa Senhora nos trouxe Jesus, mas Jesus também entregou Nossa Senhora a nós como nossa mãe: ‘mulher, eis aí teu filho’, ‘filho, eis aí tua mãe’”, explica dom Geremias.
Maria é nossa mãe! Esse relato do apóstolo João no evangelho “está na alma do nosso povo, está na vida do nosso povo”. Por isso, continua o arcebispo, “Nossa Senhora Aparecida, quando, há pouco mais de 300 anos, foi encontrada, pouco a pouco foi entrando na vida do povo, na devoção das pessoas, e a própria construção do santuário hoje representa uma grande força evangelizadora, como querem os Papas desde o Concílio Vaticano II pelo menos, passando por João Paulo II, Bento XVI, e mais ainda o Papa Francisco”.
Segundo dom Geremias, os documentos da Igreja Latino-americana falam sempre da necessidade de se valorizar a religiosidade popular, sobretudo com elementos objetivos da fé, como a Palavra de Deus, a Eucaristia, os sacramentos, a necessidade de conversão e de mudança de vida. “E, sobretudo, Nossa Senhora nos indica sempre o discipulado de Jesus Cristo, porque ela é a primeira discípula do próprio Cristo”, finaliza.
Certamente tem a ver com as suas origens, quando foi achada já tinha essa cor, então os cientistas falam um pouco sobre essa questão do rio em que foi achada, portanto a cor negra pode ser resultado um pouquinho do tempo em que permaneceu imersa naquela água, naquele barro, mas ao mesmo tempo a leitura que se faz é um pouco o modo como Deus se comunica com as pessoas, à simbologia que Deus usa para se comunicar, para transferir e transmitir o seu reino de amor, de paz, de justiça, mostra que nossa senhora negra, uma imagem negra, ela mostra também um pouco essa questão do próprio povo brasileiro, naquele tempo e outrora a questão da escravidão que era sempre mais forte, mas que infelizmente existe até hoje, os resquícios da escravidão existem até hoje, isso talvez também explique porque Nossa Senhora está e continua tão presente na vida do nosso povo, especialmente nessa presença com os humildes, com as pessoas mais sofredoras, com classes verdadeiramente deixadas de lado na história do nosso Brasil que precisam ser reconstituídas, precisam ser resgatadas, penso que é uma linguagem teológica e ao mesmo tempo uma linguagem pastoral muito profunda e falando-se em lugar teológico que é a devoção a nossa senhora no Brasil de hoje, nós temos que nos perguntar o que Deus de fato continua querendo dizer ao nosso povo com essa presença tão significativa, com essa presença tão importante, diga-se uma mensagem para o povo, mas uma mensagem para os nossos governantes, aqueles que estão a nossa frente, levando adiante a vida do povo, a governança do nosso país, os nossos estados, dos nossos municípios, mas ao mesmo tempo a Igreja precisa continuar se perguntando o significado desse evento ou mais do que isso, desse fenômeno religioso através de nossa senhora.
Juliana Mastelini Moyses
Pascom arquidiocesana