Seminaristas foram ordenados em celebração presidida pelo arcebispo dom Geremias na Catedral no sábado, 30 de outubro
Pela imposição das mãos de dom Geremias Steinmetz, arcebispo de Londrina, os seminaristas Alex Aparecido Barboza, Elizeu Bonfim de Souza, Paulo Ricardo Batista, Renato Aparecido Ferraz Pelisson e Rodrigo Nunes dos Santos receberam o primeiro grau do sacramento da ordem, o diaconato. A celebração eucarística na Catedral de Londrina reuniu padres, religiosos, diáconos, seminaristas, familiares, amigos e membros das comunidades em que os jovens atuaram durante sua trajetória pastoral.
Como lema da ordenação, a passagem de João: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (3,30), ressalta a natureza sobrenatural do chamado de Deus, como dom perene para toda a Igreja, sendo instrumentos do amor do coração de Jesus. Com a ordenação, os jovens adentram ao clero da diocese e podem ministrar o sacramento do batismo e do matrimônio e realizar algumas celebrações.
O sacramento da ordem é composto de três graus: diaconato, presbiterato e episcopado. Aos diáconos “são-lhes impostas as mãos, não para o sacerdócio, mas para o ministério sagrado. Fortalecidos com a graça sacramental, servem o povo de Deus, em união com o Bispo e o seu presbitério, na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade. A sagrada Ordenação é conferida pela imposição das mãos do Bispo e a Oração, através da qual ele bendiz o Pai e invoca o dom do Espírito Santo para a realização do ministério”, explica o rito de ordenação dos diáconos. Esse ministro, de acordo com as Sagradas Escrituras e a Tradição, é aquele que veio para servir e não ser servido, seguindo o exemplo de Jesus.
Na reta final dade formação, os jovens fizeram, em 2021, um Ano de Síntese Pastoral, em que atuaram em uma paróquia da arquidiocese, vivendo o dia-a-dia daquela comunidade. O próximo passo da caminhada vocacional é a ordenação presbiteral, que será realizada num período de seis meses a um ano após a ordenação diaconal.
Ao final da celebração, o arcebispo agradeceu as comunidades que estiveram presentes em todas as etapas da vida dos seminaristas, principalmente as comunidades de origem, onde eles foram criados e se desenvolveram. “Muito obrigado! Falo em nome do clero, em nome da arquidiocese como um todo. Com cinco novos diáconos estamos orgulhosos. Mas é um orgulho bom, de que a pastoral vocacional está dando certo, o trabalho de formação está andando, e a graça de Deus vai nos dando as pessoas necessárias.”
Padre Paulo Rorato, reitor do Seminário Teológico São Paulo VI, destacou que com a ordenação diaconal os jovens vestem o “avental do serviço”. “Que jamais vocês retirem esse avental e, mesmo recebendo a ordenação presbiteral, ele deve permanecer amarrado em nós como fez o próprio Cristo Jesus quando instituiu a eucaristia: amarrou o avental e nunca mais tirou. Que esse compromisso de serviço agora assumido diante do povo de Deus possa vos animar cada dia, para que assim possamos juntos nesta Igreja Particular de Londrina, com o nosso arcebispo, ir construindo o Reino de Deus. Parabéns, coragem, contem com as nossas orações, sobretudo com a nossa amizade!”
Padre Joel Ribeiro Medeiros, coordenador da Pastoral Presbiteral, acolheu os novos diáconos em nome dos padres da arquidiocese. “Neste ano em que o papa nos convoca como Igreja para um sínodo sobre sinodalidade, ou seja, em comunhão, sejam bem vindos para trabalhar conosco, para somar. Nós queremos, então, juntos, como presbitério, acolher vocês. E que trabalhemos sempre em sinodalidade, comunhão, nunca na divisão, na competição, formando grupos para lá e para cá, mas para a comunhão e a unidade, como diz a leitura, um só corpo. Mesmo que nós tenhamos pensamentos diferentes, mas que na sinodalidade possamos criar comunhão. Nós, padres, os acolhemos com um grande abraço, bem vindos!”
Pastoral
Na síntese pastoral, cada seminarista atuou em uma paróquia da arquidiocese: Alex Aparecido Barbosa, Paróquia Nossa Senhora da Paz, de Ibiporã; Elizeu Bonfim de Souza, Paróquia Nossa Senhora Aparecida, do Km 9; Paulo Ricardo Batista, Paróquia Nossa Senhora Aparecida, de Porecatu; Renato Aparecido Ferraz Pelisson, Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de Alvorada do Sul; e Rodrigo Nunes dos Santos, Paróquia São João Batista, de Bela Vista do Paraíso.
Padre Luiz Primão, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Paz, de Ibiporã, destaca que o trabalho do seminarista numa comunidade no seu ano de síntese torna-se um grande outdoor vocacional. “Jesus nos pediu para rezar: a messe é grande, os trabalhadores são poucos. A vocação, a pessoa que assume com alegria o projeto de Deus se torna uma grande propaganda vocacional, e a comunidade percebeu isso”, explica o padre..
Segundo ele, o trabalho na comunidade também é uma oportunidade de descobrir as próprias capacidades. “O seminarista se prepara dez anos para ordenação diaconal e nessa preparação, neste ponto da síntese, em conclusão com a comunidade, ele se sente confirmado dentro dessa comunidade pastoral, que acolhe, que lhe dá afeto, carinho e amor, mas também esse campo pastoral para exercitar-se a partir do discípulo que todos nós somos.”
Pessoalmente, padre Primão se sente como um pai que vê o filho se realizando. “OAlex eu busquei em casa quando ele ingressou para a arquidiocese, eu encontrei ele com a mãe e o cachorro, eu levei ele e a mãe ficou protegida por Jesus. Então isso é uma grande realização para mim, ver ele com todas as lutas que se tem, a decisão tem as suas consequências, e agora vê-lo feliz, e se realizando, eu me sinto em profunda paz e consequentemente também feliz”, finaliza.
Padre Paulo Alencar, pároco da Paróquia São João Batista, de Bela Vista do Paraíso, onde o Rodrigo fez a síntese vocacional levanta dois pontos sobre a presença dos seminaristas na comunidade: a convivência e a vida espiritual. Primeiro a convivência com o padre e com a comunidade. “A gente cresce muito no relacionamento, até para que eles sintam como que é a vida do sacerdote, os desafios e as alegrias que a gente enfrenta a cada dia… A gente sente essa segurança para que eles dêem esses passos e possam até cuidar de uma comunidade”.
Na paróquia, o seminarista ajudou com formações, visitas às comunidades, pastorais, ministros, leitores, coroinhas, celebrações. “Então a convivência com o padre por um lado e a convivência com a comunidade por outro, que vai fazendo com que eles cresçam nesse desejo de servir a Igreja.”
Sobre a vida espiritual, padre Paulo explica que esta também se aprofunda na convivência e no serviço ao povo de Deus, por exemplo, com a oração da Liturgia das Horas com o padre, os momentos devocionais com a comunidade, as celebrações. “Então a gente também percebe que é um momento muito fecundo e que os ajuda a se prepararem, crescer no gosto, realizar a ordenação como foi celebrada hoje.”
Sobre a ordenação, o padre sentiu-se emocionado ao presenciar um irmão chegar ao ministério. “Ao mesmo tempo eu me recordo do próprio caminho que eu realizei, a oportunidade de estender as mãos, eu sempre penso que a gente chega a algum lugar e nunca é sozinho, sempre tem pessoas que estendem as mãos para nós. Eu falei que um dia estenderam as mãos para mim, é uma alegria hoje poder estender as mãos para ele, aconselhando, um pouco como um pai também, como formador, e um irmão também, uma grande alegria, eu conheço os cinco que hoje foram ordenados e vejo assim, que a Igreja, a Arquidiocese de Londrina é enriquecida pelos carismas e pela personalidade, pelo dom, a dedicação e a presença de cada um deles”, finaliza padre Paulo.
Diácono Alex
Quando o neo-diácono Alex Aparecido Barboza entrou para o seminário, foi a passagem de São Marcos que o inspirou coragem para deixar tudo pelo Evangelho: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de Mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida” (Mc 10,29-30). Na ordenação, o jovem viu a profecia se cumprir: “olhando tudo em minha volta, percebi que o que Deus prometeu, Ele cumpriu”. Alex entrou para o seminário no ano em que o pai faleceu, conta a mãe, Francineide Aparecida Otílio. “[Quando ele entrou para o seminário], foi bem difícil, porque foi no mesmo ano que o pai dele faleceu. O pai dele foi embora, ele foi para o seminário.”
No seu ministério, Alex espera ser fiel a Deus, com os olhos fixos em Jesus, confiando na Sua misericórdia. “Amando a Igreja e servindo o povo de Deus naquilo que me foi confiando. Isto é, no anúncio da Palavra de Deus, auxiliando na liturgia eucarística, nos sacramentos e principalmente no serviço da caridade. Quero dar meu melhor para que Cristo seja conhecido e amado, tendo como ponto de partida o lema que escolhermos para nossa ordenação: ‘É necessário que Ele cresça e eu diminua’”.
Na cerimônia da ordenação, Alex teve a presença de pessoas que fizeram e fazem parte da sua vocação: família, amigos das comunidades por onde passou, seminaristas e padres que o ajudaram com o testemunho de segmento a Cristo. “[A família] tem importância primordial, foram eles que me ensinaram o fundamento principal da vida cristã: o amor. Por isso, a minha vocação não é só minha; é deles também, pois foram eles que durante todo o período que estava no seminário, me deram suporte e coragem para prosseguir”, afirma.
A mãe do neo-diácono, Francineide Aparecida Otílio, destaca a caminhada vocacional do filho até o diaconato. “Estou me sentindo muito feliz. Eu esperei dez anos por esse dia maravilhoso. É uma caminhada bem longa mas parece que passou tão rapidinho que a gente começa a olhar lá atrás nem acredita de tão bom que foi. Em todos os momentos eu via ele feliz, e se dedicando muito.”
É difícil até de encontrar as palavras para descrever a felicidade. “Eu só penso que eu queria que todas as mães tivessem a felicidade que eu estou [tendo] hoje”, destaca Francineide, que sempre rezou e reza pelo filho.
Diácono Elizeu
Para o diácono Elizeu, a ordenação representa a superação de grandes desafios. “Perceber que amadureci, celebrar a ordenação agora é coroar os esforços, a dedicação e a disciplina, mas acima de tudo a gratidão a Deus por conceder a graça da superação de tantas limitações”, conta o jovem que desde criança sonha em ser padre. “Quando participava das missas, queria fazer o mesmo que o padre, mas desde quando me propus a seguir esse caminho me percebi limitado. No seminário tive grandes dificuldades acadêmicas que me fizeram pensar ser incapaz de ser padre.”
Para o futuro, a expectativa é ser padre! “Ainda há uma caminhada a ser percorrida e gera na gente uma ansiedade. Mas ainda assim, tenho expectativa de viver bem esse período de diaconato transitório, fazendo o que é próprio desse ministério”, destaca.
Elizeu pretendia ter mais pessoas consigo no dia da ordenação, mas por causa das limitações da pandemia, não foi possível. “Além da família, convidei casais que pudessem representar as cidades e paróquias por onde passei em missões e trabalhos pastorais”, explica. “A família sempre foi um porto seguro para mim. Em todos os momentos foi com eles que pude contar, principalmente quando tudo parecia perdido e acabado. Foi a família a minha grande motivação. Meus pais e meus irmãos.”
De modo especial, Elizeu fala do apoio do irmão Geovani, que foi seu primeiro catequista. Foi ele que o levou ao seminário junto com os pais em fevereiro de 2012. Foi a ele que Elizeu recorreu quando se afastou do seminário, e ele que o emprestava o carro para trabalhar. “Às vezes me causava incômodo ver ele indo para o trabalho de manhã debaixo de chuva, às vezes em um extremo frio de moto, enquanto eu usava o carro dele para ir para a universidade e trabalhar em seguida. Família nunca foi um problema, para mim, família sempre foi solução”, finaliza Elizeu.
Na ordenação, Jesus Bonfim de Souza, pai do neo-diácono, se sentiu como um pai que entrega o filho para o matrimônio. “E eu entrego o meu filho a Jesus, o Salvador”, comemorou o pai que reza não só pela vocação do filho, mas para que cresça o número de sacerdotes para a Igreja. “Ele é fruto de um trabalho de muitos anos na comunidade, eu como ministro da eucaristia, a mãe dele como catequista” e toda família sempre muito ligada à Igreja.
Vera Lúcia de Souza, mãe do neo-diácono, fala da graça de ter um filho no caminho do sacerdócio. “No mundo difícil que a gente está vivendo hoje, essa geração nova que está chegando, de repente tem um filho, eu não consigo entender direito, é emocionante. O Elizeu eu acho que ele já veio neste mundo escolhido”, revela a mãe. “Eu tentei viver um dia de cada vez, sempre as pessoas perguntavam para mim: ‘nossa, deve ser um orgulho para uma mãe, não?’ E eu digo: ‘eu vivo um dia de cada vez’, então a gente vai vivendo, um dia de cada vez, vendo passar, até chegar esse momento, e chegou”. Se ela reza pela vocação do filho? “Não só rezo como peço oração para os outros também, porque eles precisam, é muito importante.”
Diácono Paulo
O neo-diácono Paulo destaca que foi o Espírito Santo que o conduziu desde os primeiros passos na vocação, “Contudo, a ordenação se apresenta a mim como a culminância das vontades de Deus, da Igreja, e da minha quanto ao chamado!”. “A sensação é a de que Deus me confirma por meio da Igreja nessa missão específica.”
Ele espera, como diácono, “servir aos demais (numa paróquia em específico) naquilo que diz respeito a Deus. Ser verdadeiramente instrumento e sinal de Deus em meio a uma sociedade tão secularizada e esquecida do seu primeiro amor”.
Na ordenação, estiveram presentes pessoas que contribuíram de modo decisivo na sua caminhada vocacional, desde familiares, amigos e membros das comunidades por onde passou. “Tive a oportunidade e a graça de realizar o meu ano de síntese pastoral na cidade de Porecatu. Por isso, nessa ‘reta final’ rumo à ordenação, senti a necessidade de tê-los juntos a mim nesse momento especial. Sou muito grato à juventude daquela comunidade por me confirmar na vocação e ser amparado com o seu amor.”
Sobre a importância da família, Paulo destaca que esta é um celeiro de vocações, onde se suscitam anseios de se buscar a Deus e levá-lo aos demais. Por isso, é o ambiente propício ao toque suave da graça que leva a entregar uma vida inteira. “Posso dizer que entreguei a minha vida a Deus porque o encontrei no rosto de um pai e de uma mãe humanos”, afirma o neo-diácono. “Deus se faz presente no seio familiar e a partir dele realiza o seu chamado porque não conseguimos conceber atitudes e gestos mais singelos do que aqueles que encontramos na relação de um pai e de uma mãe com seu filho”, finaliza.
A mãe do Paulo, Maria de Lourdes dos Santos Batista, conta que desde muito pequeno ele já demonstrava o caminho que seguiria. “A gente fica feliz por isso, que Deus abençoe e Nossa Senhora possa cobrir ele. Não só ele, todos os outros, porque depois vem mais, tem os quatro junto com ele, ano que vem outros, então que Nossa Senhora possa abençoar, cobrir com seu manto, porque eles são filhos prediletos de Nossa Senhora.”
Maria conta que um dia, diante do sacrário, estava fazendo adoração e disse para Jesus: “Jesus, eu tenho dois filhos, se o Senhor quiser pode chamar os dois, se o senhor não quiser, pode chamar um, eu dou de bom coração’. E desde aquele dia eu rezo por ele todos os dias, entregando nas mãos de Deus, que ele seja um santo padre para a Igreja.”
Segundo ela, a família sempre teve uma vida de Igreja, mas Paulo foi vendo que Deus o chamava para mais. “Eu casei na Igreja Nossa Senhora dos Migrantes, depois batizei eles, eles foram coroinhas, tanto ele como meu outro filho. Ele foi coroinha com sete anos, ficou até os 15, e então ele sempre teve vivência cristã. A gente rezava o terço junto, eu, ele, o irmão e o pai, então sempre ele foi da Igreja, mas depois foi vendo que queria mais, que Deus chamava ele mais de perto para uma vida consagrada.”
Todos os dias ela reza pela vocação do Paulo e o entrega nas mãos de Nossa Senhora, “porque ela é a nossa rainha. Em casa ela e o Padre Pio a gente pede a proteção deles para ele. E eu rezo não só pelo meu filho, mas eu rezo pelos sacerdotes, pelos seminaristas que estão vindo, eles precisam muito da nossa oração.”
Diácono Renato
Para o neo-diácono Renato, a ordenação diaconal foi um momento de experimentar novamente o amor de Deus, pela confirmação da Igreja na sua vocação. “Foram muitos anos de estudos e dedicação, buscando corresponder ao chamado do Senhor da melhor forma possível; e isso nem sempre é muito fácil, porque ainda há tanta coisa para mudar! Por várias vezes pensei em desistir, por várias vezes pensei que não daria conta da demanda exigida; é muita expectativa sobre nós, isto tanto por parte da Igreja quanto do povo de Deus de modo geral. Mas, no dia 30, pude sentir novamente este amor incondicional de Deus, que mesmo diante da minha pequenez, ainda querendo continuar atuando no mundo por este instrumento insuficiente, como já disse certa vez nosso Papa Emérito Bento XVI. Nosso lema de ordenação ficou profundamente gravado em meu coração: ‘É necessário que Ele cresça e que eu diminua’”.
Para o futuro, Renato confia nos caminhos de Deus. “Se há uma coisa que eu tenho plena certeza é que Deus cuida sempre dos detalhes! Sei que terei muitas dificuldades, ainda mais porque nossa vocação é ter que lidar com o humano, hoje tão ferido e sem rumo pelo mundo em que vivemos. Quero que as pessoas possam experimentar sempre o amor de Deus, como eu sempre experimentei.”
Na celebração, além da família, Renato contou com a presença de pessoas dos locais onde realizou trabalhos pastorais, da sua comunidade de origem, Capela São Geraldo, de Ibiporã, onde sua vocação nasceu, e pessoas importantes na sua caminhada. “Gostaríamos que todos pudessem ir, mas infelizmente a COVID ainda não permitia, mas sei que estavam unidos em oração. Nunca recebi tantas mensagens lindas num só dia, todos unidos em oração. Que experiência mais bonita.”
Renato conta que a família sempre foi seu suporte. “Principalmente minha mãe e irmão, quando era o momento de, como filho mais velho, eu começar a ajudar no cuidado de casa, precisei voltar a ‘ser criança’, no bom sentido do termo, (mesmo com mais de 22 anos na época) fui novamente cuidado por eles como se fosse o que mais precisava”, quando entrou para o seminário. “E como foi bom ver Deus, na minha ausência de casa, ocupar o meu lugar e cuidar de cada um deles. Sou grato a eles, porque se cheguei até aqui, foi porque eles souberam compreender este chamado e, do modo como podiam, me ajudaram acima de todas as coisas”, finaliza.
Para o mãe do neo-diácono, Cleuza Mendes Ferraz, o dia da ordenação se assemelhou ao dia do casamento do filho. “Há 10 anos ele chegou para mim e falou: ‘mãe, eu vou pedir a conta no serviço e vou estudar para padre’. Aí fiquei meio assim. Falei: ‘que seja feita a vontade de Deus na tua vida’. Eu precisava dele, era um momento que era muito importante a ajuda dele, mas eu pensei: ‘ele vai fazer a vontade de Deus’.”
“E foi assim, ele foi para o seminário, ficou um ano, ficou dois, e foi ficando até agora. Agora, graças a Deus, depois de muitos anos, muita espera, é o dia”, comemora Cleuza. “Ver um filho da gente se preparando para servir a Deus é muita gratidão, muita alegria, estou muito feliz com ele, por ele escolher esse caminho. Esse caminho é especial, tudo para Deus e nada sem Maria. Então acredito muito que vai dar tudo certo e ele vai fazer de tudo para dar conta desse serviço, porque ele ama muito a Igreja, é um menino muito devoto de Nossa Senhora, tanto que é Renato Aparecido. Então que Nossa Senhora cubra ele mais os outros quatro, que eles sejam muito felizes.”
Diácono Rodrigo
Para o neo-diácono Rodrigo a ordenação é um momento decisivo da caminhada vocacional. “Durante estes anos de preparação nos deparamos com muitas dificuldades e desafios, mas também muitas são as alegrias, realizações e aprendizados de modo que, no geral, valeu muito a pena ser perseverante e vivenciar este momento único da ordenação em que sentimos a ação bondosa de Deus em nossas vidas, nos inserindo naquele estado de vida a que fomos chamados lá no início da caminhada, isto é, a vida consagrada a serviço do povo de Deus e da Igreja.”
Ele espera viver o período do diaconato com a intensidade que o ministério exige, imitando o exemplo de Cristo servidor. “E me dedicar com maior empenho ao serviço pastoral, à liturgia e à evangelização, celebrando sacramentos e sacramentais”, destaca.
Na cerimônia de ordenação, Rodrigo teve presentes familiares, amigos da comunidade surda de Londrina, e membros de comunidades onde trabalhou. Com destaque para a família, onde sempre encontrou a oração e o apoio que precisou. “Foi no seio familiar que recebi a fé e aprendi a amar e participar da Igreja. Foi através da minha família que recebi o primeiro convite para participar de um encontro vocacional, eles me sustentaram durante tantos anos com ajuda material, espiritual e afetiva e, sobretudo, nunca me abandonaram por causa das minhas escolhas, fossem elas boas ou más, sempre ficaram ao meu lado. À minha família toda a minha gratidão!”
O pai, Abdias Soares dos Santos, ficou muito emocionado na ordenação. Ele conta que a decisão de Rodrigo de ser padre foi acolhida com muito carinho pela família e depois de uma longa caminhada, ele se ordena diácono. “Uma coisa que fiquei muito feliz quando cheguei é de saber que ele tem aqui uma segunda mãe, que é a dona Marlene, lá de Ibiporã. Eu fiquei muito satisfeito em saber dessa história, onde ele chega todo mundo abraça.”
A mãe, Maria do Carmo Nunes Santos, conta que trouxe muita gente consigo para participar da celebração. A família é da cidade de Mariana, em Minas Gerais. “Não puderam vir todos, mas pelo menos uma turminha veio, e os outros mandaram um vídeo. Uma forma de estar presente, não só por causa da pandemia, mas porque por um motivo ou outro não dava para vir.” Na estada em Londrina, eles foram acompanhados por uma família de uma comunidade em que Rodrigo atuou na cidade.
‘É uma trajetória grande, bonita que às vezes a gente pensava que ele não ia dar conta… É bom, mas a ficha parece que ainda não caiu, eu fico olhando para ele, tem horas que não falo nada, só abraço. Mas é muito bom”, finaliza Maria.
Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana
Fotos:
Guto Honjo / Marilene Souza / Terumi Sakai