O primeiro dos mandamentos consiste em “Amar a Deus sobre todas as coisas”. Cumprir esse mandamento implica reconhecermos, adorarmos, amarmos, e servirmos a Ele como nosso único Senhor. Isso se realiza em nós mediante o autêntico exercício de dois cultos, um interno e outro externo.

O culto interno é caracterizado pelo exercício das faculdades da alma, a inteligência e a vontade. A inteligência presta um autêntico culto a Deus quando busca, investiga e se deleita na verdade. O mesmo se dá com a prática do Bem, objeto da vontade. Já o culto externo é caracterizado pelo reto ordenamento dos recursos materiais que dispomos, bem como o ordenamento de nossos atos.

Assim sendo, não podemos falar propriamente de amor a Deus sem a conjunta realidade desses dois cultos. A adoração interior ausente de uma conduta externa correspondente depõe contra a própria estrutura da realidade e por isso introduz um elemento de falsidade àquilo que fazemos. Do mesmo modo, o culto externo, privado de um verdadeiro culto da alma está também privado de vida. 

O reto ordenamento dos cultos externo e interno é o cumprimento do primeiro mandamento, ao passo que a Idolatria, a superstição, o sacrilégio e a heresia (expressões de atentados contra o mandamento em questão) exprimem, de modo geral, o mal ordenamento e a desarmonia entre os referidos cultos.

E quanto a tradição católica de recorrer a intercessão da Santíssima Virgem, dos santos e dos anjos? Tais práticas nos fazem incorrer em pecado contra o primeiro mandamento? Não! Quanto a isso, reiteramos o fato de que Nosso Senhor Jesus Cristo é o único mediador junto a Deus em virtude de seus próprios merecimentos e dignidade. No entanto, a bondade e a generosidade de Deus em Jesus Cristo também se exprimem no chamado que Ele faz ao ser humano para ser instrumento de sua graça e participes de sua missão redentora. Tal realidade envolve e constitui o que chamamos de “Comunhão dos Santos”, expressão do ordenamento de tudo o que existe para Deus!

Pe. Paulo Ricardo Batista
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Ibiporã

Foto destaque: Cathopic

Lei de Deus da Revista Comunidade edição maio de 2022.
A Lei de Deus é a coluna mensal da Revista Comunidade, a revista oficial da Arquidiocese de Londrina, que tem como patrocinadores:

ALVARO TINTAS
BELLA CONFORT
GRUPO METAUS
LIVROS E LIVROS
METRONORTE

PLATOMAC EMBREAGENS
SEBO CAPRICHO
RADIADORES SÃO FERNANDO
TINTAS LONDRES COLOR

“Fraternidade e Educação”
“Fala com sabedoria, ensina com amor” (Provérbios 31, 26)

Pe. José Cristiano Bento dos Santos (Foto divulgação)

Em 2022, pela terceira vez a educação volta a ocupar as reflexões da Campanha da Fraternidade, agora, impulsionada pelo Pacto Educativo Global (CF 2022). A Educação foi tema da CF em 1982, 1998. Um chamado do Papa Francisco para que todas as pessoas no mundo, instituições, igrejas e governos priorizem uma educação humanista e solidária como modo de transformar a sociedade.
Segundo Francisco, “a educação é, sobretudo, uma questão de amor e responsabilidade que se transmite, ao longo do tempo, de geração em geração. Por conseguinte, a educação apresenta-se como o antídoto natural à cultura individualista”.
Por meio do curso de Teologia, a PUCPR – Londrina, universo do conhecimento sustentado pela fé e a razão, elementos que para São João Paulo II (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade; colocou em prática o objetivo da CF 2022, que é promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário.
Esse objetivo foi concretizado com a realização do seminário sobre a CF, no dia 25 de março, que foi pensado a partir de duas disciplinas da Teologia, que têm uma forte sintonia com o tema Educação: a Catequética e a Doutrina Social da Igreja.
A Catequética tem como objeto de estudo a catequese. Por catequese entendemos o processo de iluminação da existência humana. Ela é obra de conscientização e de libertação, em vista do empenho por um mundo mais humano conforme o plano de Deus.
Já a Doutrina Social da Igreja propõe, de maneira crítica e sistemática, a promoção de uma educação comprometida com novas formas de economia, de política e de progresso verdadeiramente a serviço da vida humana, em especial, dos mais pobres.
Educar é um ato eminentemente humano […]. E em nós existe uma profunda sede de aprender e ensinar (CF 2022). É uma relação sinodal, na qual há uma troca de saberes que faz todos os envolvidos no processo educativo serem docentes e discentes. De fato, docentes e discentes devem ter um envolvimento com a prática educativa na universidade, de maneira sabiamente política, moral, gnosiológica, e realizá-la com alegria.
Por isso, o nosso seminário contou com o apoio do Centro Acadêmico São João Paulo II (CASJPII), Associação Cultural e Educacional Paulo VI, professores do Curso de Teologia e com a colaboração da socióloga e professora Adriana de Fátima Ferreira (UEL) e do assessor nacional para a educação da CNBB,padre Júlio Cesar Evangelista Rezende (Ordem de Santa Cruz).
De acordo com Émile Durkheim, “é pela educação que a transmissão se realiza”. E educar para o Papa Francisco, “é sempre um ato de esperança que convida à coparticipação transformando a lógica estéril e paralisadora da indiferença numa lógica diferente, capaz de acolher a nossa pertença comum”.
Por isso “educarmo-nos para o cuidado dialogal, nas relações interpessoais. E para o compromisso socioambiental; educarmo-nos para a redescoberta das motivações mais profundas ao próprio ato de educar” (CF 2022).
Padre José Cristiano Bento dos Santos

Fotos: Divulgação

A Semana Nacional da Vida ConSagrada¹, tem como tema “Amados e Chamados por Deus”, o mesmo do mês Vocacional. Esse tema carrega uma expressão cara de significado para a vida de Batizados, pois, “chamados”, o primeiro chamado é à vida! Chamados por Deus à vida pelo seu amor infinito e incondicional, com o Sopro da Vida.

 

 A “Vida ConSagrada” é uma vocação de total entrega a Deus sumamente amado, em que a pessoa chamada coloca toda sua vida a serviço de Deus (cf. LG 44).

 

A “Vida ConSagrada” é composta por “homens e mulheres que, dóceis ao chamamento do Pai e à moção do Espírito, escolheram este caminho de especial seguimento de Cristo, para se dedicarem a Ele de coração ‘indiviso’ (cf. 1 Cor 7,34). Também eles deixaram tudo, como os Apóstolos, para estar com Cristo e colocar-se, como Ele, ao serviço de Deus e dos irmãos” (VC 1).

 

Os Religiosos e Religiosas, manifestam, ao longo da história, “o mistério e a missão da Igreja, graças aos múltiplos carismas de vida espiritual e apostólica que o Espírito Santo lhes distribuía, e deste modo concorreram também para renovar a sociedade” (VC 1). Os religiosos e religiosas, através dos sagrados votos de pobreza, castidade e obediência, são convidados a colocarem toda sua vida na implantação do Reino, como “instrumentos da missão de Deus”.

 

Ser Religioso e Religiosa é viver segundo o sopro do Espírito Santo! Sem o Espírito Santo, Deus fica distante e não há vida. A “Vida ConSagrada” vivida no murmúrio do Espírito é vida de Santidade, é testemunho anunciado profeticamente. Testemunho dado hoje por muitos Irmãos e Irmãs da “Vida ConSagrada”, “Amados e chamados por Deus”, que doam suas vidas por causa do Reino. Embora o nosso momento seja de celebração da “Vida ConSagrada”, como não recordar os Religiosos e Religiosas ceifados por este novo vírus nestes tempos de pandemia! Queremos celebrar os seus testemunhos de pobreza, de simplicidade, de desapego, de doação total… e também de esperança!

 

O que espera de nós o atual momento da “Vida ConSagrada”? Assim como em diversas outras circunstâncias:  o testemunho da perseverança!

 

Há poucos dias, como “Vida ConSagrada”, tivemos uma reunião online de coordenadores dos núcleos do Regional da CRB. Durante o momento de partilha alguém recordou um aspecto belíssimo, que faz reconhecer a face da “Vida ConSagrada”, que é a vida fraterna. Partilhou que nessa comunidade se estaria reaprendendo, de forma mais aprofundada, a conviver em fraternidade, a estar com o irmão. Imaginei aquela correria do cotidiano de muitos irmãos e irmãs religiosas, e que durante o tempo de pandemia, devido ao distanciamento social, permaneceram em casa podendo participar e viver de forma mais intensa muitos momentos da vida em comum: oração, refeição e até mesmo os momentos de partilha fraterna. Uma vida em comunidade, vivida segundo o Evangelho, que dá um testemunho profético do Reino, “de tal modo que aqueles que veem uma comunidade capaz de amar em um ambiente de ódio, capaz de justiça onde há injustiças, de entrega generosa onde há egoísmos, descobrem aí Aquele que salva” (CLAR 1973).

 

A proposta, pois, do tema para a Semana Nacional da “Vida ConSagrada” enseja o desejo de que cada Religioso e Religiosa sintam-se verdadeiramente “Amados e Chamados por Deus”! Isso não especifica apenas que és importante para Deus, mas, que fazes parte da missão salvífica de Cristo! Assim, nesta comemoração do dia da “Vida ConSagrada”, cada Religioso e Religiosa renovemos nosso propósito de participar da missão da construção do Reino que se concretiza a cada dia. E peçamos que o Senhor da messe, faça ressoar em muitos outros corações a alegria de serem “Amados e Chamados por Deus”.

 

Frei Wainer José de Queiroz fmm
Coordenador da CRB do Núcleo de Londrina.

 

 

 

 

 

¹“A palavra SAGRADA. Refere-se à Vida! É, por si só, sagrada! É Dom! Ao responder o chamado, esta vida se consagra, se oferece, se coloca aos cuidados de Deus, se coloca a serviço do Reino” (CRB 2020).

 

 

 

Sem desmerecer a pessoa do meu pai, que me ensinou muitas coisas, destaco a pessoa de minha mãe, como grande inspiradora da minha fé. Assim como tantas mulheres o fazem, minha mãe me ensinou a rezar o terço, a participar da missa com respeito e a viver uma devoção. Creio que o sacerdócio que exerço hoje tem muito a ver com aquilo que aprendi dela. Pela Bíblia, sabemos que homem e a mulher são imagem de Deus criador e pelos filhos que geram são mediadores da vida. Entretanto, a maioria das mulheres de fé geram a vida corporal de seus filhos dentro de si e geram a vida de fé dentro de seus filhos. Ao cuidar dos filhos, a mulher deve os ajudar no desenvolvimento humano-espiritual. Alguns estudos antropológicos mostram que as mulheres têm essa facilidade porque possuem uma propensão mais intensa para a fé, em razão da sensibilidade feminina. 

 

Embora a Bíblia não tenha livros escritos por mulheres, o Antigo Testamento possui alguns livros com nomes femininos: Rute e Judite. Outros livros elogiam a mulher, dizendo ser ela a alegria e a coroa do marido, comparando-a à sabedoria (Pr 31,10-31). Ao mencionar Abrão, Isaac e Jacó, a Bíblia também fala de Sara, Rebeca, Raquel e Lia. Ao falar de Moisés e Aarão, destaca Miriam e Séfora. Vemos a importância das parteiras, que salvam as vidas dos meninos, de Ester, e tantas outras. 

 

Na tradição cristã, Jesus inova, tendo mulheres que o seguiam. O evangelista Lucas, por exemplo, diz que um grupo de mulheres seguia Jesus: Maria Madalena, Joana, Suzana, dentre outras (Lc 8,1-3). As primeiras testemunhas da ressurreição de Jesus foram as mulheres, mostrando sua importância na vida de fé. Maria, a Mãe de Jesus, tem grande importância na obra da redenção, sendo considerada Corredentora. O evangelista Marcos diz que uma mulher anônima unge Jesus com óleo perfumado, que era uma prática típica dos profetas, que ungiam os reis. Agradecido, Jesus a valoriza dizendo que onde o Evangelho for proclamado, esse episódio será lembrado (Mc 14,9). 

 

No início da Igreja, a mulher aparece desempenhando muitos papéis importantes. O evangelista João, por exemplo, fala da estrangeira sírio-fenícia, que foi encontrar Jesus e o faz ver que os cachorrinhos também precisam de pão que cai das mesas, ajudando Jesus a alargar sua visão de missão sobre todos os povos (Mt 15,26). As irmãs de Lázaro, em Betânia, têm uma relação importante com Jesus. Muitas mulheres colaboram com o apóstolo Paulo em sua missão. Na Primeira Carta a Timóteo, Paulo afirma que a mulher será salva pela maternidade, mas, igualmente à condição do homem, ela deve permanecer na fé, no amor e na santidade (cf. 1Tm 2,15). Na história da Igreja, encontramos muitas mulheres fundadoras de grandes obras como Santa Clara, Santa Tereza de Ávila, Irmã Dulce e tantas outras. As “beguinas”, moças leigas que viviam a castidade e vida de oração, sem serem monjas ou religiosas, no século XII influenciaram muitos místicos e difundiram devoções que são a base do catolicismo popular de hoje. 

 

Como colaboradora do criador, gerando filhos no corpo e no espírito a mulher aparece na história como protagonista de tantos feitos. Hoje, vemos tantas mulheres mães que protagonizam a transmissão da fé aos seus filhos, outras que, com seus ministérios, transmitem a fé aos filhos que a Igreja lhes confia com fé. O teólogo José Comblin observa que em toda a Idade Média, diante de vários lapsos evangelizadores da Igreja, se não fossem as mulheres transmitirem a fé em suas famílias, o cristianismo teria enfraquecido muito e que as milhões de mulheres simples, missionárias em seus lares, é que o cristianismo subsiste e avança. Mulheres que carregam uma força divina inexplicável, mostrando que a força de Deus está na fé dos que parecem fracos, não no poder dos que se dizem fortes. 

 

Pe. Gelson Luiz Mikuszka, C.Ss.R
Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Decanato Leste
Professor do Curso de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)

 

Foto destaque: Banco de Imagens

Estamos passando por momentos de debates sobre a Reforma da Previdência que tramita no Congresso Nacional e de ataques violentos à Igreja, porque a mesma é contra essa reforma que ameaça destruir direitos sociais dos pobres, conquistados em 1988 com a promulgação da Constituição Federal.

 

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), no dia 28 de março de 2019, divulgou uma nota sobre a Reforma da Previdência (http://www.cnbb.org.br/conselho-permanente-da-cnbb-divulga-mensagem-apos-reuniao-em-brasilia/), na qual os bispos elencam alguns pontos da Proposta de Emenda à Constituição, PEC 06/2019, considerando que a mesma escolhe o caminho da exclusão social e, diante desta constatação, convocam os cristãos e pessoas de boa vontade “a participarem ativamente desse debate para que, no diálogo, defendam os direitos constitucionais que garantem a cidadania para todos”.

 

Ainda, durante a 57ª Assembleia Geral da CNBB, em maio de 2019, (http://www.cnbb.org.br/episcopado-brasileiro-em-sua-57a-assembleia-geral-emite-mensagem-da-cnbb-ao-povo-brasileiro/),conscientes dos possíveis danos sociais que a Reforma poderá causar aos pobres, profetizam os bispos: “Nenhuma reforma será eticamente aceitável se lesar os mais pobres. Daí a importância de se constituírem em autênticas sentinelas do povo as Igrejas, os movimentos sociais, as organizações populares e demais instituições e grupos comprometidos com a defesa dos direitos humanos e do Estado Democrático de Direito.”

 

Em comunhão com a CNBB, a Arquidiocese de Londrina, através de uma equipe composta por agentes das pastorais sociais e de advogados, constituiu uma cartilha de orientação sobre a Reforma da Previdência. Mas, infelizmente, há inúmeros ataques injustos, violentos à postura evangélica da arquidiocese, e principalmente, ao seu pastor Dom Geremias, legítimo sucessor dos apóstolos, por oportunismo e falta de conhecimento da missão da Igreja no mundo, que é defender os mais pobres.

 

A Igreja, quando fala em distribuição justa de bens econômicos, materiais, financeiros e também da garantia dos direitos sociais, conquistados a duras penas, ela é acusada, por algumas pessoas, de pregar o comunismo e o socialismo. Isso, sem a Igreja anunciar com radicalidade o comportamento do cristianismo primitivo: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum.Nem havia entre eles nenhum necessitado, porque todos os que possuíam terras e casas” (At 4, 32-34). Todavia, isso revela a falta de conhecimento e indiferentismo, sobre os princípios da Instituição católica, que estão fundamentados na Doutrina Social da Igreja: “com o seu ensinamento social a Igreja entende anunciar e atualizar o Evangelho na complexa rede de relações sociais” […]“A doutrina social tem o seu fundamento essencial na Revelação bíblica e na Tradição da Igreja” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, números 62 e 74).

 

Há sempre aquela justificativa que “padre e bispo, os pastores do povo, têm que cuidar da alma das ovelhas”. No entanto, o próprio Catecismo, compêndio da doutrina católica afirma:“A Igreja emite um juízo moral, em matéria econômica e social, quando o exigem os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas. A Igreja se preocupa com aspectos temporais do bem comum em razão de sua ordenação ao Sumo Bem, nosso fim último. Procura inspirar as atitudes justas na relação com os bens terrenos e nas relações socioeconômicas” (Catecismo da Igreja Católica, nº 2420).

 

O Brasil é um país considerado cristão, por causa dos 75.000 milhões de católicos e evangélicos, que supostamente aderiram essaprofissão de fé tradicional. No entanto, é um país contraditório: com uma grande riqueza, ao mesmo tempo abriga dezenas de milhões de pessoas pobres e mesmo famintas, sem casa, sem terra, sem renda justa e sem trabalho. Percebe-se, assim, que é um Brasil de cristãos sem Cristo.

 

Para o economista Celso Furtado, o Estado é o instrumento privilegiado para enfrentar os problemas estruturais como, concentração de terra, concentração de poder, concentração de renda, exclusão social e desigualdades abissais. E segundo ainda, a CNBB (57ª Assembleia Geral): “A opção por um liberalismo exacerbado e perverso, que desidrata o Estado quase ao ponto de eliminá-lo, ignorando as políticas sociais de vital importância para a maioria da população, favorece o aumento das desigualdades e a concentração de renda em níveis intoleráveis, tornando os ricos mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres, conforme já lembrava o Papa João Paulo II na Conferência de Puebla” (1979).

 

Nas palavras evangélicas do Papa Francisco,“Este sistema é insuportável: exclui, degrada, mata”, e seus efeitos são sentidos por nós brasileiros nesta atual conjuntura do país e serão agravados com a possível aprovação da Reforma da Previdência. 

 

Neste momento, em que o Brasil atravessa uma fase tão complexa de ameaça da retirada dos direitos sociais, faz-se necessário intensificar e consolidar o diálogo entre a sociedade civil e seus representantes, ao mesmo tempo alinhar os interesses e o comprometimento com os direitos dos pobres, que são os mais prejudicados com a aprovação da Previdência. A reposta da Igreja para este impasse nacional encontra-se na abertura de canais de reflexão e participação popular, valorizando as formas de organização do povo, daí a importância e a necessidade dos cristãos se posicionarem em defesa da vida.

 

Portanto, a Igreja como sinal do Reino aqui na terra e fiel esposa de Cristo, morto pelo sistema religioso, político e econômico, por ter defendido os direitos dos empobrecidos, deixa bem claro em sua prática cristã: nenhum direito a menos, não à Reforma da Previdência.

José Cristiano Bento dos Santos
Padre da Arquidiocese de Londrina
Pároco da Paróquia Santo Antônio do Jardim Cafezal

 

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