A verdadeira devoção brota da verdadeira fé, que conduz a reconhecer a dignidade da Mãe de Deus, a nutrir sentimentos de filial amor por ela, a imitar a sua generosa união com Cristo, porque isto é o que de fato importa; esta deve ser para todos a norma suprema de toda devoção na Santa Igreja de Deus.

Para responder à pergunta “Como a Igreja cultua Nossa Senhora?”, vamos nos servir dos números 66 e 67 da LUMEN GENTIUM, que são dedicados respectivamente a focalizar a natureza e o fundamento do culto à Virgem e as normas pastorais.

No número 66 se sublinha três argumentos (teológico, histórico, bíblico) que demonstram como a devoção a Maria é plenamente legítima e assim se adentra nos deveres religiosos do povo de Deus.

A Virgem Maria é honrada na Igreja “com culto especial”, em razão da função a ela confiada, enquanto “Mãe de Deus”, e que se apresentou no plano da salvação: “Maria toma parte nos mistérios da vida de Cristo”. O texto se limita às palavras da mais antiga oração em honra de Maria, ou seja, o “Sub tuum praesidium”, invocação que remonta o século III, no qual se encontra o título “Theotokos” – Mãe de Deus.

O documento destaca quatro adjetivos do culto mariano: Veneração, amor, invocação e imitação. A veneração está intimamente ligada ao amor, enquanto que a invocação se alinha com a imitação de suas virtudes. Do culto reservado à Mãe de Deus, se afirma que difere essencialmente do “culto de adoração, prestado ao Verbo encarnado, assim como ao Pai e ao Espírito Santo”. Cristo é Deus por natureza; Maria, ao contrário, é criatura. A Cristo é devido o culto de adoração, a ela o culto de veneração, ainda que imensamente superior ao culto tributado aos anjos e santos.

O número 67 traduz em diretrizes concretas os grandes princípios doutrinais:

– Em primeiro lugar são chamados a “promover generosamente o culto, especialmente litúrgico, à Beata Virgem. O culto à Beata Virgem Maria em geral, especialmente o litúrgico, deve ser generosamente promovido e realizado por todos.

– Em segundo lugar, são convocados a terem em grande estima “as práticas e os exercícios de piedade recomendados durante séculos pela Igreja. O fundamento e a finalidade do culto à Mãe de Deus faz parte da doutrina católica: doutrina que o concílio mesmo deliberadamente ensina.

– Em terceiro lugar, são exortados a observar quanto no passado foi estabelecido acerca do culto das imagens de Cristo, da beata Virgem e dos santos.

São chamados a deixarem-se guiar pelas fontes da fé: A Sagrada Escritura; os santos Padres; os doutores e as liturgias da Igreja (seja oriental ou ocidental); o magistério, a estudar e conhecer a reta interpretação da doutrina eclesial.

Portanto, trata-se de educar os fiéis a cultivarem a devoção a Maria, abstendo-se do sentimento estéril e transitório fechados em si mesmos, bem como da vã e supersticiosa credulidade, fruto da ignorância e do erro.

Padre Valdomiro Rodrigues da Silva
Mestre em Mariologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Marianum, de Roma, Itália
Diretor Espiritual do Seminário Paulo VI

A Arquidiocese de Londrina foi convidada a participar nessa quarta-feira, dia 4 de maio, da entrevista com a reitora recém-eleita da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Marta Favaro, e o vice-reitor Airton Petris, promovida pela Alumni UEL (Associação de Ex-Alunos da Universidade Estadual de Londrina) sobre os impactos da UEL além dos muros da universidade, na vida política, econômica e social de Londrina e região.

O arcebispo dom Geremias Steinmetz enviou uma pergunta feita aos novos reitora e vice-reitor em transmissão ao vivo pela página da associação. Em sua questão, o arcebispo recordou a relação da Igreja Católica com a UEL desde a fundação desta e indagou sobre o espaço das diversas manifestações religiosas no interior da universidade: “Considerando que o início da Universidade Estadual de Londrina está muito ligado à Igreja Católica, sendo inclusive a Faculdade de Odontologia instalada em espaço cedido por dom Geraldo Fernandes na Catedral de Londrina; no olhar dos senhores, a noção de universidade laica realmente exclui iniciativas religiosas de alunos, professores e funcionários no interior da universidade como do Movimento Universidades Renovadas, da Igreja Católica, ou existe a possibilidade de reconhê-las como auxiliares de uma formação integral e voluntária dos discentes?”

Confira a resposta da reitora Marta e vice Airton.

Nos dias 25 a 29 de abril, o episcopado brasileiro participou da primeira parte da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Este encontro foi sinal e instrumento de colegialidade, do afeto episcopal e da busca de comunhão entre as Igrejas particulares do país, especialmente no âmbito da ação evangelizadora.

Dias de uma escuta atenta sobre a realidade da Igreja no Brasil. Escutar os desafios novos da Igreja diante dos efeitos da pandemia. E a colegialidade vivida nesses dias significa necessariamente trabalhar como corpo, ou seja, de forma mais integrada, uma forte prática do Concílio Vaticano II. Também é forte a lembrança de que estamos a 15 anos do Documento de Aparecida que apresenta a necessidade de uma conversão pastoral que forma e melhora o seguimento da pessoa de Jesus Cristo, formando discípulos e missionários.

Nessa entrevista dom Leomar Antônio Brustolin, arcebispo de Santa Maria, diz que a realidade está fragmentada, mas a pastoral não pode estar assim. Tudo está integrado na comunidade eclesial missionária. “As atividades pastorais devem favorecer a experiência da fé na comunidade. E assim formar discípulos missionários diante de uma realidade diluída em valores. Ou seja, anunciar Jesus Cristo nessa realidade plural sem ser reconhecido como tal”. Os cristãos estão integrados no mundo mas se distinguem porque seguem o Evangelho, complementa dom Leomar.

Confira essa importante entrevista que nos ajuda entender o longo caminho pastoral que temos pela frente para fortalecer as comunidades eclesiais missionárias a fim de que todos possam viver afetivamente sua fé e crescer na solidariedade com os irmãos.

PASCOM Arquidiocesana

Até onde a vivência espiritual individualizada supre as necessidades da missão evangelizadora de uma comunidade?

Os dois últimos anos colocaram em evidência a relevância de muitas situações que antes eram consideradas corriqueiras e passavam despercebidas. Esse foi o caso da convivência constante em comunidade. O mundo sentiu o impacto do isolamento físico, os templos precisaram fechar as portas e cada um precisou lidar da melhor maneira possível com as questões físicas, pessoais e espirituais de forma solitária. As orações individuais e a Igreja doméstica, que já desempenhavam um papel importante, ganharam um destaque ainda maior: o de manter viva a fé, mesmo longe da casa de Deus e dos irmãos em Cristo.

[a comunidade] tem que ser uma realidade onde eu conheço o irmão, sei do que ele sofre, as alegrias dele, porque isso me permite amar o irmão

A psicóloga Mayara Barros ressalta que a vida em comunidade possibilita ao ser humano obter um sentido em comum e aprender experiências

Em uma definição geral, comunidade é um grupo de pessoas que partilham algo em comum e, na história humana, a convivência, nessa configuração, tem papel fundamental para a manutenção e a evolução da espécie.  

A psicóloga Mayara Barros ressalta que, além desse aspecto muito importante da vida em comunidade, o de obter um sentido em comum, “precisamos estar em contato com pessoas, transmitir e receber experiências, acolhimento, sabedoria e superação de situações vivenciadas”.

Mayara explica ainda que, esse convívio é também uma das situações que “nos dá a oportunidade de praticar sentimentos que, sozinhos ou somente em nosso meio familiar, nos faltaria”, inclusive, para a psicóloga, a empatia é um desses sentimentos, que ajuda cada um a se relacionar de modo mais respeitoso e compassivo e que ganha espaço com a convivência comunitária.

Fé em comunidade

Na fé não seria diferente, como conta o frei Mario Traina, responsável pelo Caminho Neocatecumenal de Londrina. “O cristão vive na comunidade. O povo de Israel, por exemplo, faz o êxodo, mas não faz sozinho e sim, em caravana”, afirma. 

Frei Mario explica que a função da comunidade é mais do que estar junto, é também amar e cuidar (Foto Tiago Queiroz)

Frei Traina explica que a função da comunidade é mais do que apenas estar junto, mas também amar e cuidar, assim como Cristo, e explica que “a comunidade não é simplesmente uma realidade anônima, tem que ser uma realidade em que eu conheço o irmão, sei do que ele sofre, suas alegrias, porque isso me permite amar o irmão. Quando eu conheço a história, eu conheço de amar o irmão e amar a Cristo. Isso foi inspiração da Virgem Maria”

Luis Claudio Gonçalves, membro do Caminho Neocatecumenal há 28 anos, concorda com frei Mario e lembra que a comunidade é fundamental, por exemplo, em momentos de tristeza, pois é comum que as pessoas se retraiam e, muitas vezes, até afastem-se da Igreja, nas dificuldades. 

“Nos momentos tristes você precisa ter abastecido a sua fé para atravessar e se, de repente, por um motivo ou outro você não conseguir atravessar, aí entra a comunidade pra te ajudar. O irmão que te visita, o irmão que traz uma palavra, o irmão que coloca uma experiência. A comunidade é muito importante nesse sentido, para sustentar a sua fé”, conta.

Luis explica ainda que a comunidade também auxilia os cristãos no dia a dia e que a partilha de experiências durante encontros e reuniões contribui para a aproximação dos membros da comunidade entre si e com a Palavra de Deus e também contribui para o aprendizado, uma vez que participam dos grupos, jovens, casais e idosos com vivências, expectativas e realidades diferentes. 

Um só coração e uma só alma

Luis e a família conhecem bem a força e o acolhimento que uma comunidade próxima pode trazer. Há alguns anos, um dos filhos de Luis precisou ficar internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após um acidente. Ele tinha quatro anos quando ingeriu querosene escondido dos pais. 

Foram sete longos dias de tratamento intensivo e, durante esse tempo, a comunidade neocatecumenal e também de outros movimentos católicos se colocaram em oração e à disposição da família. 

Luis conta que através do apoio recebido, puderam experimentar a misericórdia de Deus através dos irmãos. “Fomos capazes de superar esse momento difícil, e mais, fortalecer nossa caminhada na comunidade”, lembra. 

Luis, a esposa e os 13 filhos (Foto arquivo pessoal)

Entre essa e mais tantas outras lembranças de momentos em que se viu amparado pela fé e pela comunidade, para Luis a comunidade é isso, “acredito esse seja o sentido da comunidade cristã, juntos em todos os momentos, partilhando e colocando tudo em comum, onde o outro é Cristo”, afirma. 

CAMINHO NEOCATECUMENAL

São pequenas comunidades católicas que consistem na formação e evangelização de cristãos para que renovem as promessas do batismo, enquanto vivem em comunhão. Foi reconhecida pelo Papa Paulo VI como fruto do Concílio Vaticano II e é fundamentada no tripé que consiste na Palavra de Deus – Liturgia – Comunidade. 

Amanda França
Pascom Arquidiocesana

Foto Destaque: Cathopic

Revista Comunidade edição maio de 2022.
REPORTAGEM é uma matéria mensal da Revista Comunidade, a revista oficial da Arquidiocese de Londrina, que tem como patrocinadores:

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Nesse 2º episódio da série “A política melhor”, conversamos com o arcebispo de Londrina (PR) e presidente do Regional Sul 2 da CNBB, dom Geremias Steinmetz, sobre o pensamento do Papa Francisco quanto a política. Em sua última encíclica, “Fratelli Tutti”, o pontífice dedicou um capítulo inteiro para tratar a questão da política. Qual é a ideia central desse capítulo chamado: “A política melhor”? Esse podcast é sobre isso!

A entrevista é conduzida pela jornalista e assessora de comunicação da CNBB Sul 2, Karina de Carvalho; pelo radialista e membro da diretoria da Signs Brasil – Rede Católica de Rádio, Jorge Teles; e pelo coordenador geral da Pastoral da Comunicação, Marcus Tullius.

CNBB Sul 2

No dia 30 de abril, reuniram-se no Centro de Pastoral Jesus Bom Pastor, a equipe de formadores da catequese da Arquidiocese de Londrina, dando continuidade ao segundo encontro de formação de aprofundamento sobre a Iniciação à Vida Cristã.

O assessor dom Geremias Steinmetz levou os participantes a refletirem sobre o Querigma, cuja terminologia significa o primeiro anúncio das verdades da fé, tendo como ponto central na evangelização a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. É o primeiro anúncio no sentido qualitativo, porque é o anúncio principal, aquele que sempre se tem que voltar a ouvir de uma forma e outra, durante a catequese em todas as suas etapas e momentos… (EG nº 164).

Dom Geremias explicou de uma forma bem clara que todos os que desejam seguir Jesus precisam passar pelo primeiro anúncio do Evangelho, pelo despertar do amor a Jesus, levando o evangelizado a perceber que o sentido mais profundo da nossa vida está no encontro pessoal com Jesus e no seu seguimento como discípulos missionários.

Os catequistas tiveram a oportunidade de trabalhar alguns textos bíblicos que dão destaques a uma catequese querigmática, nos quais entenderam que a Palavra transforma a vida daquele que se deixa envolver pelo querigma.

Aparecida Peixoto da Silva
Catequese

Fotos: Guto Honjo

“Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que Ele fez em meu favor?” (Sl 115,12)

A Arquidiocese de Londrina e o diácono Rodrigo Nunes dos Santos convidam para a Solene Celebração Eucarística de ordenação presbiteral no dia 7 de maio, às 16h na Paróquia da Ressurreição, em Rolândia.

A Santa Missa de ordenação será transmitida pelas redes sociais da arquidiocese.

Reze por esse nosso futuro sacerdote!🙏🏽

Projeto do Regional Sul 2 da CNBB trabalha em dois eixos: a oração pelas vocações e a divulgação de testemunhos vocacionais nas redes sociais

O prêmio é uma das iniciativas em comemoração aos 40 anos de existência da revista Rogate. O objetivo é dar reconhecimento às ações vocacionais realizadas por instituições e animadores e animadoras vocacionais. Com o primeiro número impresso em maio de 1982, a Rogate é uma revista de animação vocacional com circulação em todas as regiões do país.

O projeto “Cada Comunidade uma Nova Vocação” foi um dos principais indicados como iniciativa vocacional, explicou o diretor atual da revista, padre Reinaldo Leitão, quando conversou com a Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB,

Também receberam o prêmio, a Congregação Rogacionista, o Serviço de Animação Vocacional e Pastoral Vocacional da CNBB, o Instituto de Pastoral Vocacional, a Escola Vocacional Marista, a Gráfica AD9, o ilustrador Osmar Koxne, o autor da sessão “Mística da Vocação” frei Patrício Schiadini e o arcebispo de Palmas (TO), dom Pedro Brito Guimarães.

Após receber o prêmio, padre Valdecir expressou a gratidão, em nome do Regional Sul 2 da CNBB, pelo reconhecimento da revista Rogate quanto a esse projeto vocacional que nasceu na Igreja do Paraná. “Quando dom Mário Spaki era o padre secretário executivo lá no Paraná, ele foi inspirado para criar esse projeto: Cada Comunidade uma Nova Vocação, que tem se expandido muito e dado muitos frutos. Hoje, no site do projeto (vocacoes.org), temos 255 vídeos, entre tutoriais e testemunhos vocacionais e temos certeza que eles inspiram muitos, pois há vídeos com mais de um milhão de visualizações. Por isso, o projeto segue firme, com confiança no Senhor da messe, que é quem chama e envia os vocacionados para servir a Igreja”, disse o sacerdote.

Cada Comunidade uma Nova Vocação

Em desenvolvimento desde março de 2018, o projeto “Cada Comunidade uma Nova Vocação” foi uma iniciativa que nasceu no Regional Sul 2 da CNBB e se espalhou por todo o Brasil e também em alguns países do exterior, como a Guiné-Bissau e a Alemanha. Seu principal objetivo é fortalecer a cultura vocacional na Igreja.

O projeto é desenvolvido em dois eixos. O primeiro consiste na oração pelas vocações, no qual é sugerido que todas as vezes que a comunidade cristã se reunir, quer seja para a celebração da Eucaristia ou da Palavra, para reuniões, encontros ou formações, se inicie com a oração de uma dezena do rosário pelas vocações. São muitas as comunidades pelo Brasil que assumiram essa prática e a realizam, fielmente, desde o início.

O segundo eixo do projeto consiste na divulgação de vídeos de testemunho vocacional nas redes sociais. São vídeos que mostram a beleza do chamado de Deus, com testemunhos de quem vive sua vocação com alegria. Desde o início do projeto, já foram publicados mais de 200 vídeos com testemunhos de bispos, padres, religiosos, religiosas, leigos e leigas. Todos eles estão reunidos no site: www.vocacoes.org

Karina de Carvalho
CNBB Sul 2

Foto: divulgação

Memórias de quem conviveu com dom Geraldo fora dos eventos oficiais da Igreja de Londrina

A história oficial de dom Geraldo Fernandes é bem conhecida na arquidiocese. Ele foi o primeiro bispo e arcebispo, construiu a atual Catedral. Um dos nomes do Concílio Vaticano II. Fundou a congregação das Irmãs Claretianas, presente hoje nos cinco continentes. Seu nome consta nos registros da Universidade Estadual de Londrina (UEL), criada com a Faculdade de Odontologia no prédio da Catedral cedido por ele, universidade na qual ocupava a cadeira de Direito Romano.

E eu fiquei famoso por ser a pessoa que tinha o telefone particular do dom Geraldo Fernandes

Nossa reportagem foi atrás, porém, de outras histórias. Fatos, quem sabe, desconhecidos, de pessoas comuns, leigos que participavam da missa presidida pelo bispo na Catedral ou que o viam em eventos e ruas de Londrina. Um estudante que cursava Odontologia no salão da Catedral e pediu o carro do bispo emprestado para levar o time até a quadra de futebol. O aluno de dom Geraldo no curso de Direito da Universidade Estadual de Londrina (UEL), que fora coroinha e teve o casamento celebrado por ele. Ou da senhora do Movimento de Schoenstatt que, quando jovem, protagonizou a peça de teatro que recepcionou o bispo recém-chegado em Londrina. São essas histórias que apresentamos a seguir. Uma singela homenagem, que mostra as várias caminhadas com dom Geraldo.

Faculdade de Odontologia funcionava no prédio da Catedral, cedido por dom Geraldo (Foto Prefeitura de Londrina)

Bispo, me empresta o carro?

Edson Gradia conheceu dom Geraldo Fernandes em 1962, quando foi fundada a Faculdade de Odontologia nos fundos da Catedral, em espaço cedido pelo bispo. Havia um bom convívio e eles chegaram a ser amigos. “Ele era um homem que gostava de conversar, principalmente com os moços pra ver o que a mocidade pensava pra poder analisar e fazer os seus sermões.” Mal sabia ele que aquela amizade o livraria de dificuldades num futuro próximo.

Durante os anos da ditadura, Gradia conta que havia muita perseguição em Londrina e ele, por ser membro do movimento estudantil, acabou sendo um dos alvos. “Aí um dia ele me chamou e falou: ‘Gradia, sossega um pouco, os caras estão de olho em você’. Ele pegou um papel, me deu o telefone da cabeceira dele, que só ele atendia, naquele tempo não tinha celular. Falou: ‘qualquer coisa que acontecer com você ou com qualquer estudante da faculdade, você liga que eu resolvo’”, recorda. “Basta dizer que nenhum estudante universitário foi preso, todos foram protegidos por ele, mesmo alguns que falavam até mal dele nem sabem que foram protegidos pelo dom Geraldo.”

Dom Geraldo se fazia próximo de todos, desde os mais jovens (Foto Arquivo)

Depois saiu uma conversa na cidade de que ele tinha o telefone pessoal do bispo e todo mundo que tinha medo de ser preso o procurava. “Eu ia segurando até onde podia, daí chegava lá pra conversar com dom Geraldo, eu levava umas broncas, mas ele atendia todo mundo com muito carinho, com muito respeito. E eu fiquei famoso por ser a pessoa que tinha o telefone particular do dom Geraldo Fernandes.”

Como o escritório de dom Geraldo ficava na parte superior da Catedral, ele sempre passava pelas salas da Faculdade de Odontologia. “Teve um dia que a gente foi jogar futebol, e faltou um carro pra poder levar todo mundo. Aí eu fui falar com ele: ‘oh dom Geraldo, empresta o carro pra levar o time pra jogar futebol’. Aí ele pensou, pensou, falou: ‘eu vou emprestar, mas cuidado onde vocês vão com o meu carro’ [naquela época a placa do carro indicava que era o carro do bispo]. Falei: ‘fica sossegado, nós vamos até a quadra e vamos voltar.’ Ele deu risada. Viu como ele era afável e acessível até com essas pequenas coisas?” 

E quantas vezes Gradia encontrou dom Geraldo na rua! O bispo o cumprimentava, pegava-o pelo braço e dizia: vem andar comigo. “E o bicho andava, barbaridade, era alto, tinha uma passada grande, e eu acompanhando o homem até onde ele quisesse que eu andasse junto com ele. Depois ele entrava onde ia e eu voltava pro meu caminho”, comenta. “É uma pessoa que eu tenho muito carinho e a cidade tem que ter um profundo respeito por ele”, finaliza Gradia.

Uma habilidade descoberta por dom Geraldo

Quem se lembra das locuções do Antônio Godoy na Rádio Alvorada talvez não saiba que ele adentrou ao mundo da comunicação por influência de dom Geraldo. Ao vê-lo fazendo o comentário de uma missa na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, dom Geraldo o chamou para assumir a coordenação da missa na TV Coroados. “Ele gostou e me chamou. Ele já tinha uma participação na TV Coroados e tinha também uma presença no programa Ave Maria na Rádio Alvorada. Ele sempre soube usar da comunicação, tanto rádio, escrita, falada e televisionada.”

Dom Geraldo era um home da comunicação, além da escrita e da fala, tinha programa na TV Coroados e na Rádio Alvorada (Foto Arquivo)

“Mas eu  nunca pensei nisso. Eu venho lá do sítio. Em 1964 quando surgiu a Rádio Alvorada, eu e minha família nos orgulhamos porque era a primeira rádio católica de Londrina, da região. Então eu já acompanhava e ouvia dom Geraldo no rádio naquela época, depois eu fui conhecê-lo pessoalmente mas sem nenhuma pretensão, não fui atrás, foi por acaso, mas foi providência”, destaca Godoy. 

Dom Geraldo o enviou a São Paulo, junto com um padre capuchinho, para fazer um curso e os dois assumiram a coordenação da missa na TV Coroados. “Eu fui pra São Paulo, fiquei 15 dias com os freis, na companhia de vários bispos… então tive o privilégio de estar entre os poucos leigos, pra receber as primeiras lições de como fazer script de televisão… Mas na época era tão difícil, se hoje não é fácil, imagina na época quando era tudo ao vivo, não tinha nada gravado.”

Dom Geraldo abençoa os ouvintes no segundo aniversário da Rádio Alvorada (Foto Arquivo)

Nessa época, a Rádio Alvorada já existia, mas Godoy conta que nunca falara sobre isso com dom Geraldo. Depois de um tempo, Godoy começou na Rádio Londrina, onde trabalhou por três anos, e em 1972 começou a trabalhar na Rádio Alvorada. “A Alvorada não aceitava se não tinha experiência. O sonho de todo mundo na época era trabalhar na Rádio Alvorada, ela já nasceu grande. Os equipamentos mais sofisticados na época… Dom Geraldo foi fantástico, ele idealizou um meio de comunicação desde o início de seu pastoreio”, conta.

‘Eu vou fazer o casamento do JB’

JB Faria também tem uma história de proximidade com dom Geraldo. Quando o bispo chegou a Londrina em 1957, seu pai Antônio Faria Neto era presidente dos Vicentinos e dom Geraldo foi um grande incentivador do movimento. “Então se ligou muito ao meu pai, de maneira que até frequentava minha casa, volta e meia ia almoçar, ia jantar lá em casa. Uma pessoa muito simples, ele era de uma simplicidade incrível.”

A ligação entre eles era tão grande que quando o senhor Antônio Faria convidou dom Geraldo para o casamento do filho em 1968, ele logo falou: “eu vou fazer o casamento do JB”. “E ele, e o monsenhor Bernard, na Imaculada Conceição fez o meu casamento, era uma amizade muito grande, muito estreita.” 

Um verdadeiro pastor. “Uma figura extraordinariamente positiva que vivenciava a comunidade da cidade de maneira muito forte, cobrava também”, descreve JB, que além disso foi coroinha de dom Geraldo nas celebrações diárias na Paróquia Imaculada Conceição, ao lado de onde dom Geraldo morava.

Mas a ligação entre os dois não para por aí. Dom Geraldo também foi professor de JB no curso de Direito na Universidade Estadual de Londrina (UEL),  onde lecionava Direito Romano.

Dom Geraldo e monsenhor Bernard celebraram o casamento de JB e Dirce

‘A gente rezava por ele durante o Concílio Vaticano II’

As amigas Célia Secco Jorge e Lygia Schrank Araújo falam com carinho de dom Geraldo, inclusive de sua chegada a Londrina. Quando ele assumiu a Diocese de Londrina, em 1957, Lygia preparou, com os colegas do Colégio Londrinense, uma peça de teatro para homenagear o bispo que visitaria o colégio. 

Lygia estrelou no papel da protagonista Almaíza na peça apresentada ao bispo recém chegado a Londrina

Célia, por sua vez, estudava no Colégio Mãe de Deus e estava entre as estudantes que o recepcionaram, todas uniformizadas e com a bandeira do Brasil, no dia de sua chegada, em formação em frente à então Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus.”Foi uma felicidade imensa [quando veio a notícia que Londrina teria um bispo]. A gente celebrou muito, todo mundo já começou a se envolver para preparar a casa. Ele foi muito bem recebido.”

Lygia e Célia participavam, cada uma em seu colégio, da Juventude Feminina de Schoenstatt. Mas ainda não havia Juventude Masculina na cidade. Foi no Colégio Londrinense que surgiu o interesse dos rapazes que encenaram a peça Almaíza com Lygia. Como a coordenadora, irmã Terezinha, falara que só poderia formar um grupo masculino com a autorização do bispo, Lygia e dois colegas não perderam tempo, foram falar com ele.

Dom Geraldo era muito próximo das famílias (Foto Arquivo Geral | MSAMC)

“Contamos como estava a juventude e depois o rapaz falou: ‘só que pra nós não tem nada, nós pedimos pra irmã Terezinha dar formação para nós’. Daí eu reforcei: ‘ela falou, dom Geraldo, que só com autorização do senhor’. Ele falou: ‘pois então diga à irmã Terezinha que eu não só autorizo, mas que é um pedido expresso do bispo pra ela’. Aí ela começou, ela deu formação para o grupo de rapazes”, conta Lygia.

Essa é uma das situações que, segundo elas, demonstram como o bispo era acolhedor e acessível. Anos mais tarde, um café da manhã ficou gravado no coração das duas. As jovens, já casadas, participavam com os maridos da Obra das Famílias de Schoenstatt, e dom Geraldo chamou vários casais para um café da manhã de Páscoa. No início ficaram com receio de ir com crianças pequenas, mas o bispo fez questão: era para levar as crianças. “E deixou todo mundo à vontade, atendeu os pequenos, conversou, festejou com eles, contou coisas interessantes pras crianças, foi um café da manhã muito bom”, conta Célia

Lygia também recorda com carinho que antes de cada viagem de dom Geraldo a Roma para o Concílio Vaticano II, as famílias iam visitá-lo, desejando bênçãos e oferecendo capital de graças pelo concílio. “A gente fazia ramalhete espiritual, rezava por ele, e rezava durante o concílio. Quando ele voltava, reuníamos de novo os casais e ele contava como tinha sido, aquilo que podia contar né. Então a gente acompanhou o concílio todo”, fala Lygia.

Juliana Mastelini Moyses
PASCOM Arquidiocesana

Enquanto do Geraldo participava do Concílio Vaticano, as famílias ficam rezando por ele

Destaque da Revista Comunidade edição maio de 2022.
O Destque é a matéria principal mensal da Revista Comunidade, a revista oficial da Arquidiocese de Londrina, que tem como patrocinadores:

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Por algum tempo, pensei ser a formação de uma criança natural e intuitiva. Mas, como em qualquer outra vocação, a maternidade exige, além de muita oração, a condução para a Verdade, que só é possível com autoeducação, busca pelo conhecimento e a prática do bom exemplo. A maternidade “natural” se eleva a um nível sobrenatural.  

E o que é a verdadeira educação? “É fazer duma criança um homem, dum homem um cristão, dum cristão um santo, um eleito (..) é tomar uma alma de criança tão indecisa e indistinta, e guiá-la, às regiões luminosas da verdade, às mais altas regiões da virtude”, explica o abade René Bethlée. O desenvolvimento intelectual, as boas maneiras, por si só não formam homens completos: “Ao educardes uma criança, pensai na sua eternidade”. 

Daniela com o esposo Armando e os filhos Manuela e Rafael (Foto Guto Honjo)

E como educar uma criança para o Céu? É aí que Deus se manifesta com a sua graça e nos mostra o Caminho: através de uma vida em comunhão com Ele. Naturalmente e por si só, não conseguiremos. Somente em Deus assumimos nosso verdadeiro papel de mães educadoras e formadoras de almas eleitas para o Céu. A maternidade é uma via de santificação que devemos assumir com amor. 

Dentro do lar, as crianças podem ser formadas diante do Belo, Bom e Verdadeiro. É a primeira catequese que acontece em casa: vendo imagens piedosas, momentos de oração familiar; ouvindo histórias de santos, histórias Bíblicas e músicas que elevam a alma; imitando práticas do bom exemplo e virtudes ensinadas pelos pais. 

Santa Teresinha do Menino Jesus aprendeu que Jesus estava na Eucaristia vendo o olhar de seu pai durante a consagração. Ah, que bela catequese temos a oportunidade de apresentar! Que grande responsabilidade elevar a alma dos nossos filhos ao Céu. Afinal, Ele nos confiou uma alma em estado de graça e nos pede nosso esforço e dedicação para que possamos ‘devolvê-la’ no mesmo estado.

Eis nossa grande missão! Que Nossa Mãe do Céu interceda pela nossa vocação, nos auxiliando na nossa santificação e salvação dos nossos! 

Daniela Izumida Takaoka
Coordenadora do Grupo de Casais Bodas de Caná
Paróquia Nipo-brasileira Imaculada Conceição, Decanato Centro

Artigo da Revista Comunidade edição maio de 2022.
O Artigo é a coluna mensal da Revista Comunidade, a revista oficial da Arquidiocese de Londrina, que tem como patrocinadores:

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