Desde a semana passada, as missas das 7h da manhã na Catedral Metropolitana de Londrina voltaram a ser realizadas na Capela. Fechada desde 2019 para adequações às exigências de segurança do Corpo de Bombeiros, a capela passou por reforma que procurou resgatar a beleza artística que já possuía.
No sábado, 24 de junho, após a celebração da Crisma, o arcebispo dom Geremias Steinmetz deu a bênção marcando oficialmente o retorno das celebrações no espaço. O teto e a Via Sacra da capela foram mantidos. Diferentemente das cores anteriores, mais vivas, optou-se por uma cor neutra que propiciasse um espaço místico de adoração e reconhecimento da presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo, explicou o cura da Catedral, padre Rafael Solano. “Especialmente à tarde, a luz do sol entra pelos vitrais, refletindo nas paredes”.
Provavelmente o que mais chama a atenção de quem adentra à Capela é o sacrário, peça em madeira da década de 1930 do altar da Catedral de Londrina. A restauração da peça foi uma doação do chaveiro Marlon Aranda Duin, que se encantou com as obras da Catedral e quis doar o seu tempo e o seu trabalho artístico para a Catedral. Na sua totalidade a obra custou pouco mais de R$210 mil, arrecadado através de promoções, doações e do dízimo.
“Tudo produto da misericórdia”, explica padre Rafael. “Sobretudo com essa pedagogia que nunca me cansarei de dizer: sem placas. Doações como pede o texto do evangelho: ‘que a tua mão direita não saiba o que faz a esquerda’.” Ao fundo da capela, num grande círculo que lembra a Eucaristia, o antigo retábulo dos pescadores com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida à altura dos olhos de quem observa, um detalhe pensado para auxiliar a introspecção e espiritualidade. “Algo que será levado para outros espaços da Catedral… Não é preciso olhar para cima para ver a imagem de Nossa Senhora. Mas você, de pé, olhando normalmente, pode rezar para Nossa Senhora. É uma ideia bonita, em termos de antropologia e de teologia”, finalizou dom Geremias.
O projeto da Capela foi elaborado pela arquiteta sacra Marilu Fantin e teve acompanhamento da arquiteta Deise Yoshida, responsável pela adaptação da Via Sacra à sua forma atual. “O projeto arquitetônico previa essencialmente a mudança do local do altar. No entanto, era muito importante preservar os mosaicos da Via Sacra, uma vez que não seria possível a relocação destes sem danificá-los e eventualmente perdê-los. Junto com a execução desta intervenção, realizou-se o trabalho de pintura em toda sua extensão – inclusive a cúpula – adequação da elétrica e iluminação do espaço” – explicou a arquiteta Deise Yoshida, que adaptou a Via Sacra à sua forma atual e acompanhou todos os trabalhos.
“Encontramos ao longo da obra, muitos desafios a serem refeitos e organizados, principalmente de infraestrutura: como organização de quadros de energia e fiação elétrica, sistema de rede lógica e alarme, sistema hidráulico, problemas de infiltração, entre outros. Todo esse trabalho que hoje se encontra oculto aos olhos dos fiéis, demandou a dedicação de muitos profissionais, compatibilização de serviços e muito material. Mas a garantia a todos de segurança, facilidade de manutenção e qualidade do serviço” – destacou a arquiteta.
Pascom Arquidiocesana
Foto de destaque: Juliana Mastelini Moyses
Fotos: Ricardo Mota