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Todo soldado que deseja servir na guerra, deve se preparar, e todo atleta que deseja ganhar o prêmio, precisa se esforçar e treinar para alcançar o objetivo. Com esta ideia do soldado e do atleta, já se pode imaginar que para ambos nada será fácil. Toda preparação e todo treinamento, requer grande renúncias, São Paulo aos Coríntios diz: “Não sabeis que aqueles que correm no estádio, correm todos, mas um só ganha o prêmio? Correi, portanto, de maneira a consegui-lo. Os atletas se abstêm de tudo; eles para ganharem uma coroa perecível; nós, porém, para ganharmos uma coroa imperecível. […] Trato duramente o meu corpo e reduzo-o à servidão, a fim de que não aconteça que tendo proclamado aos outros, venha eu mesmo a ser reprovado” (I Cor 9,24-25.27).

São Paulo usa o vocabulário esportivo porque fala para gregos, neste caso os coríntios tinham uma necessidade especial de equilíbrio em todas as áreas. Um atleta disciplinado que se concentra na meta, subordina todos os desejos por conta de levar o prêmio. Aqui entra a sinceridade nesta disciplina, porque a competição é real e muitas vezes o inimigo está no interior da pessoa. Tal como São Paulo fala aos Romanos: “Realmente não consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero, mas faço o que detesto” (Rm 7,15), aqui entra a necessidade de uma coordenação interior para entender e questionar todo este campo de batalha que é vida de cada um.

Quando os discípulos de Jesus pedem para que Ele os ensine a orar (Cf. Lc 11,10), neste caso é para não pecar, não voltar ao homem velho, não blasfemar contra Deus, não repetir as coisas erradas. Os discípulos simplesmente desejavam que este clima de oração fosse para ficar mais tempo na presença do mestre. Oração é uma escola de silêncio, interioridade, sensibilidade interior, um olhar para o ser profundo da alma, resumidamente seria um fechar os olhos para o mundo exterior e abrir para o interior, fazendo assim uma viagem com grandes descobertas com foco não só pelo lado humano, mas também, o transcendental, ou seja, Deus.

Ao falar da oração, adentramos no mais profundo sentido do abandonar-se nos braços de Deus e deixar que Ele ensine, oriente e faça todas as observações cabíveis neste processo de formar bem guerreiro ou atleta, portanto, a oração favorecerá neste contato. Porque aqui todos somos convocados para este aquecimento, ou para a batalha, porém, para qualquer uma destas duas categorias, a ordem é fundamental, para alcançar a vitória, levar o prêmio, chegar à meta. Aqui entra a chave de leitura, a oração. Um método, antigo e novo, conhecido e pouco praticado, mas que no fundo deseja fazer com que todos tirem o melhor de cada um, para isso é preciso se deixar conduzir pelo Espírito (Cf. Gl 5,16.18), não simplesmente pelos conhecimentos intelectuais, mas de uma intimidade, tal como os discípulos queriam com Jesus.

Os vencedores, os heróis, os mestres, os santos, só chagaram a tal reconhecimento porque foram disciplinados, obedientes, souberam renunciar, e não desistiram de lutar. A oração nos capacita para tudo isso e muito mais, basta ter a atitude de lutar pelo prêmio mais valioso, o céu.  

Padre Lucimar de Assis Mendes, SF
Pároco da Paróquia Cristo Rei, de Cambé

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