Com a Santa Missa e imposição das cinzas nessa quarta-feira, 14 de fevereiro, a Igreja iniciou o tempo da Quaresma. O arcebispo dom Geremias Steinmetz presidiu, na Catedral, a tradicional Missa de Cinzas concelebrada pelo pároco, padre Joel Ribeiro Medeiros.

A Quarta-feira de Cinzas inicia a Quaresma, tempo litúrgico que se estende até a Quinta-feira Santa. A duração da Quaresma, 40 dias, tem forte significado simbólico e remete a outros momentos em que o número aparece nas Sagradas Escrituras, explicou dom Geremias, como os 40 dias que Jesus passou no deserto e os 40 anos do povo de Deus no deserto.

Citando a constituição Sacrosanctum concilium, do Concílio Vaticano II, dom Geremias apontou dois elementos para a boa vivência da Quaresma: o abandono dos ídolos e da vida pecaminosa. “A Quaresma é um tempo para rever a nossa vida nesse sentido, e também a adesão a Deus e a fidelidade à aliança. De novamente aderirmos ao projeto de Deus em nossa vida, como que refazendo a opção que já fizemos.”

Pode ser que, em algum momento, as pessoas tenham fraquejado na fé, continua o arcebispo, “mas é tempo de voltar ao caminho de Deus. É, portanto, o tempo em que toda a Igreja se recolhe em oração, guiada pela Palavra de Deus, para alcançar Cristo no seu mistério de paixão, morte e ressurreição, mediante a conversão.”

Pascom Arquidiocesana

Fotos: Terumi Sakai

Além das já tradicionais Missas da Quaresma, celebradas às 5h30 às sextas-feiras, seguidas de procissão penitencial, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Nova, neste ano, também realizará a oração do Santo Rosário nas madrugadas de quarta-feira, sempre a partir das 4h. Todos estão convidados e as orações são abertas à comunidade. Haverá orações nos dias 14/02, 21/02, 28/02, 06/03, 13/03, 20/03 e 27/03. Nas mesmas datas, às 19h, haverá no Santuário a Via Sacra.

“O Santuário abre as portas para a espiritualidade quaresmal, ofertando atividades, orações e celebrações para que as pessoas, da cidade inteira e de toda a Arquidiocese de Londrina, possam desfrutar desses momentos e realizarem sua preparação para a Páscoa”, afirma o padre Rodolfo Trisltz, pároco e reitor do Santuário. De acordo com ele, a iniciativa não é de apenas uma pastoral, mas, de diversos integrantes de vários movimentos eclesiais do santuário.

Ao mesmo tempo, a Pastoral da Liturgia organizará as missas quaresmais, já tradicionais, celebradas toda sexta-feira, a partir das 5h30. Serão realizadas missas nas seguintes datas: 16/02, 23/02, 01/03, 08/03, 15/03 e 22/03. “Todos estão convidados também a participarem da missa. Existem muitos fiéis que, hoje em dia, já acordam de madrugada para fazerem suas orações. Nesse período, se quiserem, poderão fazê-lo aqui na Casa da Mãe Aparecida em Londrina”, convida o padre Rodolfo.

O sacerdote explica que a Quaresma é um período do calendário litúrgico católico que antecede a Páscoa, quando se celebra a ressurreição de Cristo. “Esse é um tempo de preparação espiritual para que possamos bem celebrar a promessa de Cristo da ressurreição, a vitória cristã sobre a morte”, observa o padre Rodolfo. Tradicionalmente, é um período em que as pessoas realizam promessas e jejuns, físicos ou espirituais, a fim de se prepararem melhor para as celebrações pascais.

Em 2024, a Quaresma terá início no dia 14 de fevereiro, na Quarta-feira de Cinzas, terminando no dia 28 de março, na celebração da instituição da Eucaristia. “Durante esse tempo, há pessoas que não comem carne, que deixam de comer alguma outra coisa em penitência, como chocolate e refrigerante, entre tantas outras maneiras de sacrifícios. A oração do Rosário e participação da Santa Missa de madrugada também é uma maneira de se preparar para a Páscoa”, afirma o padre.

Santuário Nossa Senhora Aparecida

Foto: Patrícia Caldana

O arcebispo dom Geremias Steinmetz presidiu, neste dia 22 de fevereiro, a Santa Missa de Quarta-feira de cinzas e abertura da Campanha da Fraternidade 2023, na Catedral de Londrina. A Santa Missa, com a Catedral lotada, foi concelebrada pelos  padres Rafael Solano, cura da Catedral; Paulo Rorato, reitor do Seminário São Paulo VI; padre Elizeu Bonfim de Souza, vigário da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, km 9; padre Humberto Lisboa Nonato Gema, administrador da Casa Sacerdotal São João Maria Vianney; padre Renato Pelisson, assessor do Serviço de Animação Vocacional (SAV) e vigário da Paróquia Santa Terezinha de Sertanópolis; e padre Valdomiro Rodrigues da Silva, diretor espiritual para os seminários.

A Quarta-feira de cinzas é a porta de entrada da Quaresma rumo à ressurreição de Jesus, explicou o arcebispo em sua homilia. “Ela só tem sentido porque começamos como que uma caminhada em escalada para, junto com Jesus, fazermos a caminhada da dor, do sofrimento, do jejum, da esmola, da oração, e podermos assim viver com intensidade o grande mistério da ressurreição de Nosso Senhor”, destacou dom Geremias.

Ao receber as cinzas, os fiéis expressam com humildade e sinceridade de coração que desejam se converter e crer de verdade no Evangelho, continuou o arcebispo. “As cinzas simbolizam o nosso nada diante do Senhor, fomos criados do pó da terra e ao pó voltaremos. Essa sempre é a grande expressão para entendermos o que nós, na nossa humildade, na nossa simplicidade, somos diante de Deus.”

Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana

Fotos: Terumi Sakai

Estamos novamente por viver a Quaresma. Sempre é importante nos questionarmos sobre o seu significado porque de ano a ano nós precisamos nos aprofundar no seu sentido, pela própria dinâmica da vida e da vida cristã. Não é uma simples repetição automática e sem sentido, mas é dinâmica de aprofundamento e crescimento na fé e na opção por Jesus Cristo.

São quarenta dias de preparação para as festas pascais. Inicia-se com a Quarta Feira de Cinzas. Consta de cinco domingos, mais o domingo de Ramos e da Paixão. Vai até o inicio do Tríduo Pascal. Tradicionalmente é caracterizado pela observância do jejum, da esmola e da oração. Na prática atual, o jejum ficou bastante diluído; a oração vem completada com círculos bíblicos, vias-sacras e reuniões de aprofundamento sobre temas relacionados com a conversão pessoal e social por ocasião da Páscoa. No Brasil é muito forte a vivência da Campanha da Fraternidade. Em lugar da “esmola” caritativa, são propostas ações de solidariedade e organização dos pobres. É tempo de “deserto”, de purificação, de revisão de vida, de renovação da opção de fé que iremos expressar na Vigília Pascal: “Renuncio…, Creio...”. É um tempo muito rico para aprofundar a Iniciação à Vida Cristã. Inclusive os textos bíblicos do Ano A e os Prefácios correspondentes realçam essa característica e preparam-nos para a renovação das promessas batismais. As celebrações da Semana Santa são o auge e o ponto alto de toda a Liturgia Cristã por recordar o Mistério da Ressurreição, central e único na vida da Igreja.

A Quaresma teologicamente deve ser interpretada a partir do Mistério Pascal celebrado no Tríduo Sagrado e com os sacramentos pascais que tornam presente esse Mistério para que seja vivido e participado. Não é resíduo arqueológico de práticas ascéticas de outros tempos, mas é o tempo de experiência mais viva da participação no Mistério Pascal de Cristo: “participamos dos seus sofrimentos para participarmos também da sua glória” (Rm 8,17). Os meios sugeridos para a prática quaresmal são: a escuta mais freqüente da Palavra de Deus; a oração mais intensa e prolongada; o jejum; as obras de caridade (cf. SC 108-110).

A pastoral deve ser criativa a fim de atualizar as obras típicas da quaresma adaptando-as à sensibilidade do homem contemporâneo mediante iniciativas que, sem desviar-se da natureza e do objetivo próprios desse tempo litúrgico ajudem os fiéis a viver o batismo em dimensão individual e comunitária e a celebrar com mais autenticidade a páscoa. De fato, a vida cristã é essencialmente guiada pela dinâmica pascal.

Em 2023 lemos no Texto Base da Campanha da Fraternidade na página 07: “Que esta Quaresma seja vivida em forte espírito de solidariedade. Que nosso jejum abra o nosso coração aos irmãos e irmãs que sofrem com a fome. Que nossa solidariedade seja intensificada. Que saibamos encontrar soluções criativas para a superação da fome, seja no nível imediato, assistencial, seja no nível de toda a sociedade… Que o Senhor Jesus nos possa um dizer: “Vinde (…) eu estava com fome, e me destes de come; todas as vezes que fizestes isso a um destes mínimos que são meus irmãos, foi a mim que fizestes” (Mt 25,34.40). Boa Quaresma a todos!

Dom Geremias Steinmetz

Arcebispo de Londrina

Foto: Cathopic

A Igreja Católica inicia o período da Quaresma, a partir de missa de Quarta-feira de Cinzas, no dia 22 de fevereiro, e o Santuário de Nossa Senhora Aparecida de Londrina terá uma programação litúrgica grande e variada, possibilitando a participação de fiéis e cristãos da cidade e da região.

“A Quaresma é um período de 40 dias de orações, jejuns e penitências que recordam o tempo em que Jesus Cristo passou no deserto, sofrendo as tentações, antes de viver sua Paixão, Morte e Ressurreição”, afirma o padre Rodolfo Trisltz, pároco e reitor do Santuário. De acordo com ele, o tempo quaresmal significa um tempo de espera, de provações, de amadurecer espiritualmente.

O sacerdote explica ainda que hoje em dia a Quaresma se transformou num período de jejuns e penitências das mais variadas formas: desde deixar de comer algum tipo de alimento até fazer um esforço para não fofocar, não mexer muito nas redes sociais, entre outras situações. Tudo é válido se for para ajudar a converter nosso coração a Deus. “Entre os exercícios espirituais mais comuns nessa época do ano estão a oração diária do terço ou rosário, a participação diária na Santa Missa, a adoração à Eucaristia, além de elementos práticos como doações, trabalhos sociais, visitas aos doentes”, ressalta o padre Rodolfo.

Programação

A programação de missas tem início na Quarta-feira de Cinzas, no dia 22 de fevereiro, nos seguintes horários: 7h, 10h (com transmissão pelo Youtube da TV Evangelizar), 15h e 19h. “Na Quarta-feira, celebramos a Quarta da Padroeira, com a novena perpétua a Nossa Senhora Aparecida, em todas as celebrações”, afirma o religioso.

A partir de então, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida terá uma programação litúrgica e espiritual intensa, com missa penitencial com terço pelas ruas do Santuário, todas as sextas-feiras da Quaresma, com início às 5h30, além de Via Sacra com distribuição da Sagrada Eucaristia, todas as sextas-feiras da Quaresma, às 19h.

Santuário Nossa Senhora Aparecida

Fotos: Pascom Santuário Nossa Senhora Aparecida

Quaresma é um tempo de penitência pré-pascal, período de quarenta dias que antecede o Tríduo Pascal, destinado à preparação dos fiéis, especialmente dos candidatos ao Batismo, para a celebração da Páscoa. Este tempo litúrgico existe na Igreja desde o século II, quando os cristãos se preparavam para a celebração da noite de Páscoa mediante um jejum penitencial de dois dias. No século III este jejum já foi estendido a uma semana de duração. A caracterização desses 40 dias quanto ao seu conteúdo foi determinada essencialmente pelas instituições do catecumenato e da penitência eclesiástica.

 

 As comunidades se associavam solidariamente aos preparativos dos candidatos ao batismo e dos penitentes. Tendo em vista a assembleia pascal decisiva em torno da mesa do Senhor, todo ódio e toda contenda deveriam ter sido afastados e os membros da comunidade unir-se no amor fraternal renovado. Era essa a finalidade do jejum como possibilitador de esmolas, da multiplicação de celebrações e de catequeses.

 

O Concilio Vaticano II sintetizou toda a rica história da Quaresma em algumas orientações valiosas: “Destaquem-se tanto na Liturgia como na catequese litúrgica, os dois aspectos característicos do tempo quaresmal, que pretende, sobretudo através da recordação ou preparação do Batismo e pela Penitência, preparar os fiéis, que devem ouvir com mais frequência a Palavra de Deus e dar-se à oração com mais insistência, para a celebração do mistério pascal” (SC 109). 

 

Sugere ainda utilizar com “abundância os elementos batismais”. O mesmo se diga dos elementos penitenciais. Quanto à catequese “ensine-se as consequências sociais do pecado; a natureza própria da penitência, que é a ojeriza ao pecado por ser ofensa a Deus; nem se deve esquecer a parte da Igreja na prática penitencial, nem deixar de recomendar a oração pelos pecadores” (SC 109). Além do mais, ensina que “a penitência quaresmal deve ser também externa e social, que não só interna e individual” (SC 110).

 

Com estas orientações chegamos ao nosso tempo. Atualmente procura-se valorizar muito na Quaresma a pregação da Palavra de Deus, a oração, a religiosidade popular, a caridade, pois ela apaga uma multidão de pecados. Foi neste “caldo cultural” que nasceu a Campanha da Fraternidade. Esta procura ser uma forte sugestão de conversão interior, pessoal e social. Aponta para questões urgentes na sociedade apontando para a Vida e Vida em plenitude (Jo, 10,10). 

 

Poderíamos recordar de muitos temas e do modo vigoroso como a Campanha da Fraternidade se desenvolveu e muitos frutos que produziu em várias décadas de história. Em 2021 a CF Ecumênica com o tema: Fraternidade e diálogo: compromisso de Amor. O Lema: Cristo é a nossa paz: do que era dividido, faz uma unidade (Ef 2,14). Além das sugestões de vivência da Quaresma que já estão no texto, acrescento, por conta da CF 2021-Ecumênica: Promoção do Diálogo Ecumênico – Semana de Oração pela Unidade Cristã; convivência inter-religiosa; esforçar-se por superar a violência; superação da violência contra as mulheres; incentivar o cuidado com a Casa Comum.

 

Que todos possam aproveitar este momento histórico “refletindo sobre possíveis caminhos de diálogo e a construção de pontes de amor e paz em lugar dos muros de ódio para explicitar os sinais da ‘nova humanidade nascida em Cristo’ que está presente entre nós” (Texto Base, 2).

Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo de Londrina

 

Foto destaque: Marilene Maria Souza

*Artigo publicado na Revista Comunidade Edição Fevereiro 2021

Com o início da Quaresma nesta quarta-feira de cinzas, dia 6 de março, a Arquidiocese de Londrina lançou oficialmente, a Campanha da Fraternidade 2019, com o tema “Fraternidade e Políticas Públicas”, e o lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is. 1,27). De manhã, o arcebispo dom Geremias Steinmetz atendeu a imprensa em entrevista coletiva, juntamente com o coordenador da Ação Evangelizadora, padre Alexandre Alves Filho e Deusa Fávero, gerente da Cáritas Arquidiocesana. Logo depois, às 11 horas, o arcebispo presidiu a Santa Missa de lançamento. A Catedral ficou cheia, com a presença de mais de dois mil fiéis, tanto de paroquianos como de pessoas que trabalham próximo à Catedral.

 

Dom Geremias concedeu entrevista coletiva sobre a Campanha da Fraternidade 2019: Fraternidade e Políticas Públicas (Foto Tiago Queiroz)

A Missa de cinzas chama os cristãos ao arrependimento dos pecados e a busca de conversão. Ao traçar o sinal da cruz na cabeça dos fiéis em sinal de penitência, o padre pronuncia as palavras: “Convertei-vos e crede no Evangelho”.

Na Liturgia da Palavra, o Evangelho apontou três atitudes a serem adotadas pelos cristãos, em especial neste tempo da Quaresma: a esmola, a oração e o jejum, explica o arcebispo na homilia. O primeiro aspecto leva-nos a sermos solidários com os que sofrem. O segundo convida a dedicar mais tempo à oração individual, comunitária e na família. “Um gesto que Deus aceita com alegria da nossa parte para que possamos iniciar um caminho de mudança.” E o terceiro é o jejum, a solidariedade com aqueles que passam fome. “Além disso, também o jejum espiritual. Quem de nós não precisa ser mais paciente, ouvir mais, evitar palavras que magoem, ou pedir desculpas? Com esses gestos com certeza podemos chegar à Páscoa com o coração mais tranquilo”.

 

Mais de duas mil pessoas participaram da Missa de Cinzas (Foto Guto Honjo)

 

O arcebispo explica que a liturgia deste dia é completa por si só. O apóstolo Paulo faz uma chamada dura: é hoje o dia da salvação de Deus. “Você, meu irmão e minha irmã, é convidado a viver o jejum, a esmola e a oração. Não deixe passar esta oportunidade, aproveite, diz Paulo. Não se desespere diante de Deus, mas vá fazendo pequenos gestos diante de Deus.”

 

 

Deusa Fávero, gerente da Cáritas Arquidiocesana, Dom Geremias, arcebispo de Londrina, Padre Alexandre Alves Filho, coordenador da Ação Evangelizadora. (Foto Tiago Queiroz)

Campanha da Fraternidade
Neste ano, a CF quer levar os fiéis a compreenderem melhor o que são políticas públicas, a quem se destinam e como participar delas mais efetivamente, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja. “A Igreja quer lançar luzes sobre as realidades que a sociedade hoje enfrenta. De fato, quantas pessoas sofrem porque não tiveram direitos básicos respeitados, educação, saúde, habitação. Por isso a Igreja chama atenção para esta questão”, explica dom Geremias.
“Todos nós cidadãos somos chamados a participar para fortalecer a cidadania e o bem comum. A Campanha da Fraternidade é dirigida a todas as pessoas. A Igreja não quer fazer proselitismo, mas quer oferecer sua força para que as pessoas possam ter fraternidade, crescer e ser objeto da justiça e fortalecer a cidadania e o bem comum”, conclui.

 

Juliana Mastelini Moyses
PASCOM Arquidiocesana

 

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Fotos: Guto Honjo / Juliana Mastelini Moyses / Tiago Queiroz

Nessa quarta feira de cinzas, 14 de fevereiro, em Celebração Eucarística presidida por Dom Geremias Steinmetz na Catedral Metropolitana de Londrina teve início o tempo da Quaresma. Em sua mensagem para a Quaresma de 2018 o Papa Francisco propõe a oração, a esmola e o jejum como verdadeiros caminhos de atenção e amor a Deus e ao próximo. A Celebração também marca a abertura da Campanha da Fraternidade em nossa arquidiocese. Nesse ano a campanha traz como tema: “Fraternidade e superação da violência”. Uma grande oportunidade de rezar e refletir sobre a atual situação da violência em todo o país. 

PASCOM Arquidiocesana

Fotos Tiago Queiroz/PASCOM

[dropcap]A[/dropcap] celebração da Páscoa, nos três primeiros séculos da Igreja, não tinha um período de preparação. Limitava-se a um jejum realizado nos dois dias anteriores. A comunidade cristã vivia tão intensamente o empenho cristão, até o testemunho do martírio, que não sentia a necessidade de um período de tempo para renovar a conversão já acontecida no batismo.A quaresma desenvolveu-se a partir de três elementos históricos que devem ser entendidos para conseguirmos explicar todo o seu sentido: o jejum ou preparação para a Páscoa; a preparação para receber ou renovar os sacramentos pascais e, por fim, a comemoração dos quarenta dias de Jesus em oração e luta contra o mal. A renovação eclesial recente contou com a força do Concilio Vaticano II para redescobrir o essencial: Jesus morto e ressuscitado. Para nós, hoje, esta é uma afirmação evidente, mas a verdade é que com esta nitidez de agora é bastante recente. Sobretudo porque une dois aspectos do mesmo mistério: paixão e ressurreição. Durante vários séculos vinha-se acentuando o primeiro aspecto em detrimento do segundo. A contribuição principal no redescobrimento do sentido autêntico da páscoa deve-se a Odo Casel (1886-1948). O mistério pascal é o centro da teologia equilibrada e completa da redenção, que ressalta a sua dimensão escatológica.

A história, da mesma forma que a teologia, autoriza-nos a falar do batismo como o sacramento pascal. Na sua vinculação com a quaresma vê-se que graças ao batismo, entramos no dinamismo pascal, morrendo com Cristo ao pecado e passando por meio dessa morte à vida divina de filhos de Deus. O ulterior desenvolvimento da vida cristã termina com a ressurreição gloriosa. O dinamismo espiritual e eclesial tem sua origem na morte e ressurreição batismais. O caráter pascal da crisma é evidente, uma vez que é “confirmação” do batismo. A mesma coisa acontece com a Eucaristia, um dos sacramentos da Iniciação Cristã. A Eucaristia, sacramento do banquete da páscoa e do reino, é por excelência a páscoa cristã. Santo Atanásio diz que, “quando os cristãos reunidos comem a carne do Senhor e bebem seu sangue, o que fazem é celebrar a Páscoa”. Por muito tempo acentuou-se a quaresma como lugar, por excelência, para a celebração do sacramento do perdão. Ele não é somente condição prévia para a comunhão pascal, mas também o reencontro da graça batismal. O próprio Concílio Vaticano II observou a relação entre cerimônia do batismo e a penitência. Além disso observa que a Quaresma é o tempo de que se dispõe para comemorar o batismo e renovar a conversão mediante a penitência.

As narrações de Apocalipse 11,3-12, Malaquias 3,22-23, mais a dos dias de Jesus no deserto (Lc 4,1-13), são as narrações de base para desvendar o sentido bíblico dos quarenta dias. O jejum de Moisés e Elias surge como elemento essencial na preparação para a proximidade de Deus. Trata-se de passar de uma vida profana para uma vida de santidade. Alguns termos muito usados no período da quaresma também nos fazem entender melhor o seu significado profundo: aliança, deserto, conversão, sacramentos pascais, caminhada, etc. De maneira simples podemos dizer que uma quaresma bem vivida exige de nós voltar-nos para Deus através da oração, da esmola, do jejum, da reconciliação e da renovação do nosso batismo.

Convido a todos para viver bem esta quaresma. É o tempo de Deus. Deixemo-nos reconciliar com Ele enquanto é tempo.

Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo Metropolitano de Londrina