Homens e mulheres mostram que limitação não pode ser impedimento para trabalhar pelo Reino de Deus.

 

No dia a dia da Igreja, uma figura que forma a grande parcela do Povo de Deus e que desempenha papel fundamental para sua essência de levar e anunciar o Cristo e sua Salvação é a do leigo. É por meio do trabalho de pessoas que se doam em prol do Reino e do próximo que Jesus continua manifestando seu amor e fidelidade.

 

Em 24 de novembro, data em que se celebra a festa de Cristo Rei, também é comemorado o Dia do Cristão Leigo. Na Arquidiocese de Londrina, assim como em milhares de comunidades pelo mundo, há pessoas que são exemplo especial do que é engajamento. São homens e mulheres, de diversas faixas etárias, que fazem do que poderia ser uma limitação motivo de eficiência.

 

Deficiência física não impede Nilma Ruth de Oliveira de participar das pastorais (Foto arquivo pessoal)

Nilma Ruth de Oliveira faz parte dos paroquianos que frequentam e ajudam na Paróquia Nossa Senhora do Amparo, Decanato Leste. Sua atuação de forma mais concreta começou a partir da Crisma, quando foi vice-coordenadora do grupo de adolescentes da paróquia. Colaborou como catequista durante alguns anos. Atualmente, está na vice-coordenação arquidiocesana da Legião de Maria, movimento que participa há 24 anos.

 

Paraplégica, usa cadeira de rodas para se locomover. O que para muitos poderia ser motivo de desesperança para Nilma é um instrumento que a faz exercer suas variadas funções, que elenca com muito orgulho e dedicação. “Sou vice-coordenadora da Pastoral do Dízimo, coordeno o Grupo Bíblico de Reflexão no setor onde moro, sou secretária do CPP e minha mais nova empreitada está sendo coordenar a Pascom (Pastoral da Comunicação) na paróquia. Gosto muito, pois, sinto que por meio da comunicação temos a oportunidade de melhor propagar o Reino de Deus”, diz.

 

Segundo a auxiliar administrativa e revendedora de produtos naturais, cosméticos e alimentícios, estar em uma cadeira de rodas é um desafio equiparado ao viver, o que é para todos. “Não vejo minha limitação como um problema que me paralisa. Dentro das minhas possibilidades e conhecimentos procuro estar sempre ativa em todas as áreas da vida”, destaca.

 

“As pessoas não podem esperar ter tempo livre para se colocar à disposição do serviço de Jesus. O verdadeiro cristão não pode se acomodar. Deus conta conosco nesta missão”, reflete.
Mesmo com a rotina intensa e as várias atividades que envolvem o trabalho e vida pessoal, Nilma Oliveira tem encontrado na Pastoral da Comunicação um campo vasto a ser explorado e importante. “Conheci a Pascom por meio do nosso ex-pároco, padre Antonio Carlos da Silva. Aceitei o convite para ajudá-lo a implantar a pastoral em nossa comunidade. Não é uma tarefa fácil. Entretanto, cada passo que damos é gratificante e acho essencial na vida da Igreja o trabalho que a Pascom promove.”

 

FELIZ POR AJUDAR

Coroinha no Oratório Nossa Senhora do Silêncio, João Vitor Guttuzzo, de 17 anos, perdeu a audição aos dois meses de vida por conta de uma medicação. Em casa sempre encontrou o exemplo e incentivo para frequentar a Igreja. Foi em 2010 que começou a se aprofundar mais nas questões religiosas, aprendendo sobre liturgia e a Missa.

 

Coroinha João Vitor Guttuzzo conta com ajuda de intérpretes em Libras para desempenhas a função (Foto Jordino Neto)

“Na Congregação da Pequena Missão para Surdos os padres sempre me incentivavam. Também sempre recebi apoio dos intérpretes, além de formações com os seminaristas Matheus Salgado e Aderbal Scapini”, cita o jovem, que diz realizado em poder ajudar. “Sou feliz porque ajudo nas necessidades da celebração. Faço tudo que um acólito faz. Isso é muito importante para mim”, valoriza.
De acordo com João Vitor, a surdez nunca o atrapalhou, já que encontrou suporte junto aos demais membros da comunidade. “Tenho com quem tirar dúvidas e sempre existe a presença do intérprete. É um desafio servir a Deus, mas, minha expectativa é de sempre dar o meu melhor”, diz ele, que serve nas missas do oratório.

 

“É tudo muito natural. Se preciso de ajuda, me esforço e busco aprender mais. É necessário estar atento na Igreja. Deus está ao seu lado, não se pode esquecer disso jamais. Deve ser obediente à Igreja, porque ela ensina a Palavra de Deus. Ela nos ajuda a encontrar Jesus”, resume.

Pedro Marconi
Pascom arquidiocesana

 

 

Em mais de 40 países do mundo hoje pessoas são discriminadas ou perseguidas por causa da sua fé

 

Pode não ser uma realidade que enfrentamos no Brasil. Mas é uma realidade com a qual o mundo se depara: a perseguição de cristãos. E mesmo não sendo uma realidade que nos afeta diretamente, é uma realidade que nos diz respeito. Pois, “nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós é membro um do outro” (Rm 12, 4-5).

 

Por isso, a Fundação Pontifícia ACN (Ajuda à Igreja que Sofre), promove em todo o mundo o Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos, no dia 6 de agosto. No Brasil, tem parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Um convite a rezarmos em nossas paróquias e comunidades, e também pessoalmente, pela situação dos cristãos perseguidos em todo o mundo. 

 

Neste ano, a celebração ganha mais força ao redor do mundo em função da aprovação, pela Assembleia Geral da ONU, da resolução que estabelece o dia 22 de agosto como o Dia Internacional em Homenagem às Vítimas de Atos de Violência Baseada na Religião ou Crença. Segundo a ACN, a resolução da ONU é um primeiro passo para chamar mais atenção para a perseguição religiosa, particularmente a cometida contra os cristãos – até hoje, o grupo de fé que mais sofreu.

 

Dom Manoel João Francisco, bispo de Cornélio Procópio e presidente da Comissão Episcopal para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CNBB, lembra a fala do Papa Francisco de que os mártires de hoje são mais numerosos do que os mártires do início da Igreja. O bispo cita estudo da Conferência dos Bispos Católicos da Comunidade Europeia, que estima que 75% dos atos de intolerância religiosa no mundo são direcionados a cristãos. No domingo de Páscoa deste ano, por exemplo, o Santuário de Santo Antônio, no Sri Lanka, foi alvo de um dos ataques que mataram mais de 200 pessoas.

 

Estudo 

Segundo a ACN, que apoia projetos em mais de 140 países, 38 países hoje no mundo apresentam violações significativas da liberdade religiosa (veja mapa ao lado), ou seja, há grande número de discriminação ou perseguição, de acordo com a análise do relatório da Liberdade Religiosa no Mundo. Muitos outros países não entram na lista por não apresentarem o que a fundação considera de violações significativas.

 

O relatório se debruçou sobre o biênio 2016-2018. Em 2018 constatou-se que em 18 dos 38 países onde há violações significativas, a situação piorou, quatro a mais do que em 2016. “Notou-se uma séria diminuição da liberdade religiosa na China e Índia. Em muitos outros países – incluindo Coreia do Norte, Arábia Saudita, Iêmen e Eritreia – a situação já era tão má que quase não podia piorar”, aponta o relatório.

 

Uma das conclusões do estudo aponta também é que aos olhos dos governos e dos meios de comunicação ocidentais, “a liberdade religiosa está caindo nos rankings de prioridade dos direitos humanos, sendo eclipsada pelas questões de gênero, sexualidade e etnia”.

 

O JC entrou em contato com um casal de missionários brasileiros na China, um dos países onde a perseguição aos cristãos aumentou significativamente (olhar o mapa). Eles preferiram não participar da reportagem, pois consideram arriscado divulgar o trabalho ou falar abertamente sobre ele nas redes sociais.

 

Na próxima edição do JC, traremos uma entrevista com a missionária claretiana, irmã Dulcinea Ribeiro de Almeida, sobre a situação que enfrentou quando viver nas Filipinas.

 

Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana

 

Matéria publicada na edição de agosto de 2019 do Jornal da Comunidade (JC) da Arquidiocese de Londrina.

 

Mapa: ACN