Na preparação para a Campanha da Fraternidade de 2022, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou, na sexta-feira, 4 de junho, o edital para a escolha da música do hino, cuja letra foi escolhida na última reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) da entidade, no dia 24 de maio. O prazo para envio das composições é até o dia 30 de junho.

 

Características da música do Hino
De acordo com o edital, a música deve expressar “caráter vibrante, vigoroso, ‘energizador’”; “melodia e ritmo fluentes, acessíveis a qualquer tipo de assembleia”; e ainda “força melódica e rítmica eficazes para a dinamização das potencialidades individuais e grupais, despertando-os do torpor do egoísmo e do comodismo”.

 

Quanto à melodia, a comissão avaliadora espera que as composições realcem o sentido da letra. Isso exige, portanto, que os músicos, estudem com antecedência a letra e observem os acentos tônicos das palavras “para que haja uma correspondência natural com os tempos fortes da melodia”.

 

Fluência, simplicidade e beleza também são requisitos para a composição, assim como a proposta de que tenha características da genuína música brasileira, como por exemplo, da etnomúsica religiosa.

 

Apresentação da composição
Os candidatos deverão enviar a composição escrita em partitura, com a letra e indicação dos acordes (cifras) para o acompanhamento instrumental, em formato PDF. O edital também pede uma gravação em áudio, no formato MP3. Tudo deve ser enviado por e-mail junto com o termo de Cessão de Direitos Autorais. O prazo final é o dia 30 de junho de 2021.

 

Todas as informações detalhadas e os requisitos técnicos para a música do hino da CF 2022, bem como a letra escolhida, estão no edital. Acesse-o (AQUI).

 

CNBB

A Missão São Paulo VI, na África, e a próxima Assembleia do Povo de Deus foram assuntos debatidos pelos bispos

 

A primeira reunião de 2021 do Conselho Episcopal de Pastoral aconteceu ao longo do dia 11 de maio na sede do Regional Sul 2 da CNBB, em Curitiba (PR). Esse conselho se reúne duas vezes por ano para tratar de assuntos referentes à caminhada pastoral da Igreja no Paraná. Ele é formado pelos bispos da presidência do Regional Sul 2, um representante de cada Província Eclesiástica e um representante da Igreja Católica do rito Ucraniano.

 

Participaram da reunião: o presidente, Dom Geremias Steinmetz (arcebispo de Londrina); o vice-presidente, Dom José Antonio Peruzzo (arcebispo de Curitiba); o secretário, Dom Amilton Manoel da Silva (bispo de Guarapuava); pela província de Curitiba, Dom Sérgio Arthur Braschi (bispo de Ponta Grossa); pela província de Cascavel, Dom Edgar Xavier Ertl (bispo de Palmas-Francisco Beltrão); pela província de Maringá, Dom Mário Spaki (bispo de Paranavaí); pela província de Londrina, Dom Carlos José de Oliveira (bispo de Apucarana); pela Igreja Católica do rito Ucraniano, Dom Volodemer Koubetch, arcebispo da metropolita; e o secretário executivo do Regional Sul 2, Padre Valdecir Badzinski.

 

Durante toda a reunião, que aconteceu numa sala bem arejada, os bispos tomaram todos os cuidados recomendados pela vigilância sanitária, como o uso de máscaras, álcool gel e distanciamento.

Os bispos do Conselho Episcopal de Pastoral, nessa reunião, têm a missão refletir temas que, de alguma forma, já foram discutidos na Assembleia Regional dos Bispos e precisam ser revistos, avaliados e adaptados. O secretário do Regional Sul 2, Dom Amilton Manoel da Silva, explicou que são assuntos que não precisam do aval de todos os bispos, pois eles já tiveram conhecimento. “Geralmente, são temas que já passaram pela assembleia. Algum tema novo que surge é dentro de temas que foram vistos e aprovados por todos os bispos do regional e agora precisam ser melhorados, diante de algumas propostas que surgem de grupos ou de iniciativas diversas no caminhar. São assuntos ligados à pastoral, que necessitam de uma adaptação na prática”, disse Dom Amilton.

 

Dentre os assuntos em pauta, dois demandaram um maior tempo dos bispos: a Missão São Paulo VI, que o Paraná mantém no país da Guiné-Bissau, África, e a 41ª Assembleia do Povo de Deus, prevista para acontecer no mês de setembro. Os bispos ouviram, via videoconferência, o coordenador do Conselho Missionário Regional (COMIRE), Diácono Pedro Lang, os reitores da Missão São Paulo VI, direto da África, o casal Pércio e Márcia Vitória, e o novo administrador diocesano, Padre Lúcio Brenteganni. “Nós trabalhamos muito a Missão São Paulo VI, a continuidade da construção do segundo bloco da escola, a formação de missionários novos, discutimos também a necessidade de enviar um padre para a Missão”, disse Dom Geremias Steinmetz.

 

Dom Amilton explicou que, com a morte de Dom Pedro Zilli, bispo de Bafatá, ocorrida último dia 31 de março, era necessário refletir sobre os projetos da missão e ouvir o novo administrador diocesano: “O padre Lúcio fez uma avaliação da missão e apresentou novas propostas. Isso precisa da avaliação dos bispos e será preciso um pouco mais de tempo, inclusive a espera da eleição do novo bispo, mas enquanto isso já podemos avaliar uma participação ainda maior da Igreja do Paraná na Guiné-Bissau”, afirmou o bispo.

 

Quanto a Assembleia do Povo de Deus, que esse conselho é responsável por delinear os encaminhamentos práticos, os bispos avaliaram a proposta de rever o tema que já havia sido definido por todos os bispos. “Os padres coordenadores diocesanos da Ação Evangelizadora, após a sua reunião, apresentaram uma proposta de mudança de tema, assessor e participação. Então, como isso já havia sido definido por todos os bispos, chegamos à conclusão que precisamos decidir juntos, bispos e os coordenadores diocesanos da Ação Evangelizadora. As propostas são boas, mas precisamos discutir juntos, pois o efeito pode ser maior e podemos atingir melhor as lideranças pastorais das nossas dioceses”, disse Dom Amilton.

 

Os bispos também discutiram sobre a modalidade dessa Assembleia do Povo de Deus que, em geral, reúne cerca de 150 pessoas, deixando em aberto se ela acontecerá de forma presencial ou on-line. A decisão vai depender da situação da pandemia no Paraná. A próxima reunião do conselho episcopal de pastoral está programada para acontecer no mês de agosto.

 

Karina de Carvalho
Assessora de Comunicação CNBB Sul 2

Nesta semana, a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Nacional da Pastoral Familiar, oferece uma formação especial sobre as exortações apostólicas Familiaris Consortio, de São João Paulo II, e Amoris Laetitia, do Papa Francisco. Desde segunda-feira, dia 3, até sexta, 7, são estudados os aspectos eclesiológicos, morais e pastorais dos dois documentos. O Seminário On-line Alegria do Amor tem reunido agentes da Pastoral Familiar, integrantes de movimentos e serviços, além de bispos, presbíteros, religiosas e religiosos e seminaristas de todo o Brasil.

 

Eclesiologia
Na segunda-feira, o vice-presidente e diretor da Seção Brasileira do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para o Matrimônio e Família, padre Rafael Fornasier, abordou as questões eclesiológicas e doutrinais presentes nas duas exortações apostólicas. Em especial, ele colocou em foco duas expressões importantes nos últimos tempos: “Igreja doméstica” e “Igreja, família de famílias”.

 

Na primeira parte, padre Fornasier recapitulou os textos das exortações apostólicas. Ele destacou que há uma continuidade entre as abordagens de São João Paulo II e do Papa Francisco. “Na Familiaris Consortio o termo ‘Igreja doméstica’ é citado 11 vezes e na Amoris Laeitia aparece sete vezes a expressão”, calculou.

 

Por sua vez, ‘Igreja, família de famílias’, aparece apenas em 2007, no Documento de Aparecida, mas se tornou recorrente nos últimos anos no relatório final do Sínodo de 2015 e na Amoris Laetitia. “Nos primórdios, a Igreja começa nas casas. Só depois que aparecem as igrejas como comunidade. E essas duas situações devemos estreitar ainda mais”, destacou o teólogo.

 

Padre Rafael Fornasier
Na segunda parte da palestra, padre Rafael Fornasier apontou que nos últimos anos tem sido importante pensar a família no campo da teologia, em especial após com a exortação Evangelium Gaudium, sobre o anúncio do evangelho no mundo atual – que deve contar com a participação das famílias.

 

“A família não é uma célula isolada. Ela cresce, se transforma e se conecta em outras células. Da mesma forma ocorre nas paróquias. É formada por famílias que estão relacionadas em rede e, portanto, a igreja se concretiza ali”, disse.

 

Moral
No segundo dia de encontro, o presbítero da Arquidiocese de Londrina (PR), padre Rafael Solano, que é mestre e doutor em Teologia Moral, tratou dos aspectos morais dos dois documentos, elencando as formas, mentalidade e lei da gradualidade apresentadas nos textos. Também refletiu sobre a família inserida no processo de evangelização e sobre o conceito de espiritualidade familiar, que pode ajudar a colocar os documentos em prática.

 

Padre Rafael Solano citou a Didaquê do início da Igreja como catequeses que iluminavam a vida cristã com “os primeiros elementos éticos e morais que nós vimos diante de nós”. Para ele, a Didaquê traz consigo a grandeza traduzida das Bem-Aventuranças.

 

Evangelização da família
Para o padre Solano, o primeiro aspecto moral da Familiaris Consortio, junto com a Amoris Laetitia, é o processo de evangelização. “Não existe Pastoral Familiar, não existe teologia moral familiar, se o Evangelho não entra em casa. Ele deve se fazer conhecido no lar”, destacou.

 

Alegria do Amor
Na quarta-feira, o seminário apresentou a palestra de dom Leomar Brustolin, bispo auxiliar de Porto Alegre (RS), sobre os aspectos pastorais. Na quinta-feira, o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Vida e Família, dom Ricardo Hoepers, conduziu uma mesa redonda com os três palestrantes e a teóloga Maria Inês de Castro Millen. Na sexta-feira, 7, o arcebispo de Florianópolis (SC), dom Wilson Tadeu Jönck, aprofundará os aspectos “Ser pai e ser mãe, homem e mulher” à luz dos documentos que iluminam o evento.

 

Acompanhe pelos canais da Pastoral Familiar e da CNBB no Youtube:
<Pastoral Familiar> 
<CNBB Oficial>

 

CNBB

No dia 29 de abril, a Pastoral da Comunicação (Pascom) do Regional Sul 2 da CNBB promoveu uma formação on-line sobre a espiritualidade do comunicador. O tema foi assessorado pelo Padre Dirceu Júnior dos Reis, assessor da Pascom na Arquidiocese de Londrina (PR).

 

O encontro, realizado pela plataforma Zoom, reuniu mais de 320 membros da Pascom de diversas dioceses do Paraná e do Brasil e contou também com a presença e participação do bispo referencial para a Pastoral da Comunicação no Paraná, Dom Mário Spaki, bispo de Paranavaí (PR).

 

Esse é o segundo encontro formativo promovido pela Pascom do Regional Sul 2, que programou realizar essas formações mensais ao longo do ano. O próximo encontro está programado para acontecer no dia 27 de maio, às 20 horas.

 

Dom Mário Spaki concedeu, nesta segunda-feira, 3 de maio, uma entrevista à TV Pai Eterno, na qual falou sobre o encontro e sobre o trabalho realizado pela Pastoral da Comunicação na Igreja do Paraná.

Karina de Carvalho
Assessora de Comunicação CNBB Sul 2

 

 

 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulga nesta sexta-feira, 16 de abril, a mensagem do episcopado brasileiro que reunido, de modo on-line, na 58ª Assembleia Geral da CNBB, se dirigiu ao povo neste grave momento.

No texto, os bispos afirmam que diante da atual situação pela qual passa o Brasil, sobretudo em tempos de pandemia, não podem se calar quando a vida é “ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada”. Os bispos asseguram que são pastores e que têm a missão de cuidar. “Nosso coração sofre com a restrita participação do Povo de Deus nos templos. Contudo, a sacralidade da vida humana exige de nós sensatez e responsabilidade”, dizem. 

 

Na mensagem, os bispos reiteram que no atual momento precisam continuar a observar as medidas sanitárias que dizem respeito às celebrações presenciais. Reconhecem agradecidos que as famílias têm sido espaço privilegiado da vivência da fé e da solidariedade. “Elas têm encontrado nas iniciativas de nossas comunidades, através de subsídios e celebrações online, a possibilidade de vivenciarem intensamente a Igreja doméstica. Unidos na oração e no cuidado pela vida, superaremos esse momento”.

 

Os bispos afirmam que os três poderes da República têm, cada um na sua especificidade, a missão de conduzir o Brasil nos ditames da Constituição Federal, que preconiza a saúde como “direito de todos e dever do Estado” e que o momento exige competência e lucidez. “São inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito”, afirmam.

 

Fazem, ainda, um forte apelo à unidade das Igrejas, entidades, movimentos sociais e todas as pessoas de boa vontade, em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil: “Assumamos, com renovado compromisso, iniciativas concretas para a promoção da solidariedade e da partilha. A travessia rumo a um novo tempo é desafiadora, contudo, temos a oportunidade privilegiada de reconstrução da sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça e da paz, trilhando o caminho da fraternidade e do diálogo. Como nos animou o Papa Francisco: “o anúncio Pascal é um anúncio que renova a esperança nos nossos corações: não podemos dar-nos por vencidos!”.

 

Confira o texto na íntegra:

 

MENSAGEM DA 58ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB AO POVO BRASILEIRO

Esperamos novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça. (2Pd 3,13)

 

Movidos pela esperança que brota do Evangelho, nós, Bispos do Brasil, reunidos, de modo online, na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, de 12 a 16 de abril de 2021, neste grave momento, dirigimos nossa mensagem ao povo brasileiro.

Expressamos a nossa oração e a nossa solidariedade aos enfermos, às famílias que perderam seus entes queridos e a todos os que mais sofrem as consequências da Covid-19. Na certeza da Ressurreição, trazemos em nossas preces, particularmente, os falecidos. Ao mesmo tempo, manifestamos a nossa profunda gratidão aos profissionais de saúde e a todas as pessoas que têm doado a sua vida em favor dos doentes, prestado serviços essenciais e contribuído para enfrentar a pandemia.

O Brasil experimenta o aprofundamento de uma grave crise sanitária, econômica, ética, social e política, intensificada pela pandemia, que nos desafia, expondo a desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira. Embora todos sofram com a pandemia, suas consequências são mais devastadoras na vida dos pobres e fragilizados.

Essa realidade de sofrimento deve encontrar eco no coração dos discípulos de Cristo[1]. Tudo o que promove ou ameaça a vida diz respeito à nossa missão de cristãos. Sempre que assumimos posicionamentos em questões sociais, econômicas e políticas, nós o fazemos por exigência do Evangelho. Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada[2].

Louvamos o testemunho de nossas comunidades na incansável e anônima busca por amenizar as consequências da pandemia. Muitos irmãos e irmãs, bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas, cristãos leigos e leigas, movidos pelo autêntico espírito cristão, expõem suas vidas no socorro aos mais vulneráveis. Com o Papa Francisco, afirmamos que “são inseparáveis a oração a Deus e a solidariedade com os pobres e os enfermos”[3]. As iniciativas comunitárias de partilha e solidariedade devem ser sempre mais incentivadas. É Tempo de Cuidar!

Somos pastores e nossa missão é cuidar. Nosso coração sofre com a restrita participação do Povo de Deus nos templos. Contudo, a sacralidade da vida humana exige de nós sensatez e responsabilidade. Por isso, nesse momento, precisamos continuar a observar as medidas sanitárias que dizem respeito às celebrações presenciais. Reconhecemos agradecidos que nossas famílias têm sido espaço privilegiado da vivência da fé e da solidariedade. Elas têm encontrado nas iniciativas de nossas comunidades, através de subsídios e celebrações online, a possibilidade de vivenciarem intensamente a Igreja doméstica. Unidos na oração e no cuidado pela vida, superaremos esse momento.

Na sociedade civil, os três poderes da República têm, cada um na sua especificidade, a missão de conduzir o Brasil nos ditames da Constituição Federal, que preconiza a saúde como “direito de todos e dever do Estado”[4]. Isso exige competência e lucidez. São inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito. É necessária atenção à ciência, incentivar o uso de máscara, o distanciamento social e garantir a vacinação para todos, o mais breve possível. O auxílio emergencial, digno e pelo tempo que for necessário, é imprescindível para salvar vidas e dinamizar a economia[5], com especial atenção aos pobres e desempregados.

É preciso assegurar maiores investimentos em saúde pública e a devida assistência aos enfermos, preservando e fortalecendo o Sistema Único de Saúde – SUS. São inadmissíveis as tentativas sistemáticas de desmonte da estrutura de proteção social no país. Rejeitamos energicamente qualquer iniciativa que intente desobrigar os governantes da aplicação do mínimo constitucional do orçamento na saúde e na educação.

A educação, fragilizada há anos pela ausência de um eficiente projeto educativo nacional, sofre ainda mais no contexto da pandemia, com sérias consequências para o futuro do país. Além de eficazes políticas públicas de Estado, é fundamental o engajamento no Pacto Educativo Global, proposto pelo Papa Francisco[6].

Preocupa-nos também o grave problema das múltiplas formas de violência disseminada na sociedade, favorecida pelo fácil acesso às armas. A desinformação e o discurso de ódio, principalmente nas redes sociais, geram uma agressividade sem limites. Constatamos, com pesar, o uso da religião como instrumento de disputa política, justificando a violência e gerando confusão entres os fiéis e na sociedade.

Merece atenção constante o cuidado com a casa comum, submetida à lógica voraz da “exploração e degradação”[7]. É urgente compreender que um bioma preservado cumpre sua função produtiva de manutenção e geração da vida no planeta, respeitando-se o justo equilíbrio entre produção e preservação. A desertificação da terra nasce da desertificação do coração humano. Acreditamos que “a liberdade humana é capaz de limitar a técnica, orientá-la e colocá-la ao serviço de outro tipo de progresso, mais saudável, mais humano, mais social, mais integral”[8].

É cada vez mais necessário superar a desigualdade social no país. Para tanto, devemos promover a melhor política[9], que não se submete aos interesses econômicos, e seja pautada pela fraternidade e pela amizade social, que implica não só a aproximação entre grupos sociais distantes, mas também a busca de um renovado encontro com os setores mais pobres e vulneráveis[10].

Fazemos um forte apelo à unidade da sociedade civil, Igrejas, entidades, movimentos sociais e todas as pessoas de boa vontade, em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil. Assumamos, com renovado compromisso, iniciativas concretas para a promoção da solidariedade e da partilha. A travessia rumo a um novo tempo é desafiadora, contudo, temos a oportunidade privilegiada de reconstrução da sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça e da paz, trilhando o caminho da fraternidade e do diálogo. Como nos animou o Papa Francisco: “o anúncio Pascal é um anúncio que renova a esperança nos nossos corações: não podemos dar-nos por vencidos!”[11]

Com a fé em Cristo Ressuscitado, fonte de nossa esperança, invocamos a benção de Deus sobre o povo brasileiro, pela intercessão de São José e de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

Brasília, 16 de abril de 2021.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG

Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler, OFM
Arcebispo de Porto Alegre – RS

1º Vice-Presidente

Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima – RR

2º Vice-Presidente

Dom Joel Portella Amado
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro – RJ

Secretário-Geral da CNBB

 

[1] cf. Gaudium et Spes, 1.
[2] cf. CNBB, Mensagem ao Povo de Deus, 2018.
[3] Papa Francisco, Mensagem para o IV Dia Mundial dos Pobres, 2020.
[4] Constituição Federal, art. 196.
[5] cf. CNBB, OAB, C.Arn´s, ABI, ABC e SBPC, O povo não pode pagar com a própria vida,10 de março de 2021.
[6] cf. Papa Francisco, Mensagem para o lançamento do Pacto Educativo Global, 12 de setembro 2019.
[7] Papa Francisco, Laudato Si´, 145.
[8] Papa Francisco, Laudato Si´, 112.
[9] Papa Francisco, Fratelli Tutti, Cap. V.
[10] cf. Papa Francisco, Fratelli Tutti, 233.
[11] Papa Francisco, Mensagem 58ª. AG CNBB.

O caminho percorrido para a formulação do “Novo Estatuto da CNBB” foi o primeiro assunto a ser discutido pelo episcopado brasileiro neste terceiro dia da 58ª Assembleia Geral da CNBB, 14 de abril. A exposição do tema foi realizada pelo bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado.

 

O atual Estatuto e Regimento da Conferência é do ano de 2002 e o seu processo de reforma foi iniciado no ano de 2017. Em 2019 foi realizada uma alteração, com a inserção de mais um membro na presidência, o 2ª vice-presidente. Em 2020, por fim, iniciou-se o processo de elaboração para o que foi chamado de “Novo Estatuto”. Uma necessidade sentida pelo episcopado para dar respostas novas e encontrar novos modos de exercer a missão, com mais assertividade e eficiência.

 

“Nós precisamos, com nosso Estatuto, dar uma resposta às mudanças no mundo e também àquilo que tem acontecido na Igreja nos últimos anos, a fim de tornar a nossa Conferência mais adaptada ao momento histórico em que vivemos”, afirmou dom Joel.

 

Novo Estatuto será elaborado em 7 etapas
O caminho de formulação desse Novo Estatuto será realizado em 7 etapas. A primeira delas, já realizada, foi a produção de um material de reflexão, elaborado por uma Comissão constituída. A segunda etapa, que é o ponto em que está a produção, é a reflexão realizada por blocos regionais (Sul, Leste, Nordeste, Centro-Oeste e Norte). Após essa segunda etapa, que está sendo concluída nesses dias de Assembleia, com a contribuição dos bispos de todo o Brasil, o material será enviado para a formulação Jurídico-Canônica, que constitui a terceira etapa.

 

Após essa redação, a quarta etapa será a apresentação da proposta estatutária e regimental aos bispos, com nova participação dos blocos regionais. A quinta etapa será o aprimoramento redacional jurídico-canônico e a prévia aprovação no Conselho Permanente. A sexta etapa, será a discussão final e aprovação na próxima Assembleia Geral da CNBB. Por fim, a sétima e última etapa será a aprovação por parte da Sé Apostólica.

 

Missão e sinodalidade: mística presente no Novo Estatuto
Neste caminho de reflexão e elaboração, que se iniciou, efetivamente, em setembro de 2020, dom Joel destacou que houve uma preocupação quanto à mística que o documento deve conter. “Antes de pensar na organização, nós precisamos pensar no que o Espírito Santo está pedindo à Igreja hoje. Desde o início, percebemos que apareceram as seguintes palavras: sinodalidade e missão”, disse dom Joel.

 

Dessa forma, sinodalidade e missão, constituem como uma grande moldura de todo trabalho de formulação desse Novo Estatuto, que também contempla três eixos: formação integral, gestão pastoral e diálogo com a sociedade.

 

Formação integral: uma questão a ser considerada não somente na formação dos futuros sacerdotes, mas de todo batizado e batizada. Pois todos precisam estar preparados para enfrentar os desafios atuais e dar as razões da esperança cristã.

Gestão pastoral: que vai desde os bens temporais até a gestão pastoral das igrejas. Considerar as exigências novas e as compreensões legais que se transformam, como a relação entre Igreja e Estado. Neste eixo, considera-se também as relações entre CNBB e as Igrejas Particulares.
Diálogo com a sociedade: Um processo que começou a ser desenvolvido com a comunicação institucional, mas que precisa ser discernido e ampliado. Os bispos identificam a necessidade de que a palavra dita à sociedade, como Conferência Episcopal, tenha a força da unidade e do testemunho.

“É importante que o nosso Estatuto permita que os batizados e batizadas se preparem para enfrentar os desafios de hoje, que a nossa gestão corresponda às exigências de hoje e que possamos ser uma Igreja em diálogo com a sociedade”, concluiu dom Joel.

 

O caminho percorrido até aqui para a elaboração do Novo Estatuto da CNBB foi coordenado e executado pelo Instituto Nacional de Pastoral Pe. Alberto Antoniazzi (INAPAZ) que, desde setembro de 2020, realizou consultas, escutou os arce/bispos por blocos regionais, os assessores das comissões, os secretários executivos dos regionais, coordenadores de organismos relacionados e vinculados, peritos e colaboradores de instâncias, que constituem os diversos atores da Conferência Episcopal.

 

O Instituto também promoveu uma série de eventos virtuais, transmitidos pelo Canal do Youtube da Conferência. Ao todo, foram abordados 6 temas gerais sobre os critérios: missão e sinodalidade e os eixos: gestão pastoral, formação integral e diálogo com a sociedade, que estão norteando a elaboração do Novo Estatuto.

 

Ao final da exposição, o secretário-geral recordou aos bispos que este é “o documento máximo para a administração da Conferência”. Sendo assim, neste momento é necessário manter o foco para que, juntos, formulem um estatuto que responda aos desafios do tempo presente.

 

CNBB

Foi aberta nesta manhã a 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O encontro que reúne todo o episcopado brasileiro ocorre, pela primeira vez na história, de forma virtual, por conta da pandemia da Covid-19, um desafio imposto pelo contexto atual e que exige aprendizado de ferramentas e suporte técnico para os ajustes que se fazem necessários no início dessa experiência nova. O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, abriu oficialmente o encontro às 8h, no horário de Brasília.

 

“Este caminho é de grande importância, é o ponto alto do coração do serviço eclesial prestado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Somos desafiados a abrir o coração e a vivenciarmos esse caminho sob as luzes de Cristo ressuscitado, guiados e movidos pela ação do seu Espírito Santo”, motivou dom Walmor.

 

Durante a abertura da Assembleia, dom Walmor reforçou a comunhão e a “irrestrita fidelidade” do episcopado brasileiro ao Papa Francisco; saudou os participantes, entre bispos, administradores diocesanos, assessores, secretários executivos de regionais, representantes dos Organismos do Povo de Deus; falou sobre o contexto e propósito do encontro e da tarefa educativa da Igreja, reconhecendo humildemente a condição também de aprendizes. O presidente da CNBB também recordou o Santuário Nacional de Aparecida, que acolhe as assembleias da CNBB há alguns anos, e homenageou os pobres, os mortos, os enlutados. Os bispos dedicaram a abertura da Assembleia também para rezarem as Laudes e invocarem o Espírito Santo com o “Veni, Creator”.

 

 

 

Comunhão com o Papa

“Nossa comunhão filial e irrestrita fidelidade ao Santo Padre, o Papa Francisco, unidos e missionariamente empenhados da árdua e insubstituível tarefa da evangelização, a razão de ser de nossa Igreja no mundo a caminho do reino, deixando ecoar forte, neste tempo pascal o forte mandato do Senhor Jesus Ressuscitado dirigindo aos discípulos operários da primeira hora ‘como o Pai me enviou, assim também eu vos envio’”.

 

Vos escolhi e vos enviei

“Ao abrirmos esse itinerário, nesse exercício da comunhão e colegialidade, com exercícios concretos de sinodalidade em vista da missão dada pelo Senhor Jesus, nos emoldura aquela sua palavra do capítulo 15 do Evangelho de João: ‘Não fostes voz que me escolhestes, fui eu que vos escolhi e vos enviei para irdes e produzirdes frutos que permaneçam’. Assim, sua misericordiosa compaixão para conosco nos disponha o coração e a mente para o propósito que nos congrega aqui, pensando sempre nossa responsabilidade primeira com a missão de nossa amada Igreja”.

 

Pandemia

“Olhando a humanidade e a nós mesmos, chegamos nessa 58ª Assembleia Geral da CNBB com os pés cansados e os joelhos enfraquecidos. Adiada essa 58ª Assembleia Geral duas vezes, abril e agosto de 2020, a pandemia nos vem exigindo aprendizagens e qualificados discernimentos de rumos em vista de ações assertivas e novas respostas. É irrenunciável a tarefa educativa da Igreja no mundo.

Nossas fragilidades e do mundo expostas nos pedem retorno a fontes e unção de comunhão com os sofrimentos na pele nossa e do nosso povo, especialmente dos enlutados e dos enfermos.

Com humildade, temos que aceitar que somos aprendizes de muitas coisas, também do tesouro de nossa fé, a Palavra de Deus, a nossa Tradição. O encontro nacional de 25 de novembro de 2020 foi uma estação de aprendizagens, precedido de muitas práticas e uso de novos recursos com muitos desafios espirituais e existenciais.

O relatório do presidente trará uma ligeira mostra da intensidade e da grandeza missionária de nossa Igreja. É encantador o encaminhamento que cura e fortalece, basta escancarar o coração à misericórdia de Deus, a fonte inesgotável.”

 

Auxílio do Espírito Santo

“Invocamos o Espírito Santo, que ele venha para esse exercício de cinco dias de Assembleia Geral, pedindo de nós 35 horas de trabalhos, para nos trazer benção, serenidade, discernimentos, escolhas e paixão maior pela missão, ajudando o mundo a ter um novo estilo de vida ao sabor do Evangelho de Jesus.”

[…]

“Estamos aqui para nos ungir com a fraternidade entre nós, na força da fé no Ressuscitado, na consolação que vem do Espírito, conscientes do quanto precisamos estar fortalecidos pela comunhão e pela colegialidade, pela sinodalidade e pela missionariedade, porque a Igreja tem um grande, importante e insubstituível papel como bem sabemos. Seja muito abençoado este caminho e que o Espírito Santo venha em nosso auxilio”.

 

Aparecida, mãe de consolação e misericórdia

“Essa sala virtual da 58ª Assembleia Geral Ordinária da CNBB nos fará lembrar saudosos a casa da Mãe Aparecida. A saudade e as gratas lembranças do tempo vivido ali, e que esperamos voltarmos muito em breve, nos encharquem com a certeza de sua intercessão e proteção. Inspirando-nos sempre como mãe de consolação e misericórdia, lembrando-nos dos pobres, enlutados, dos nossos falecidos, por isso, um instante de silêncio em reverência.”

CNBB