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Todos os anos a ação evangelizadora da Igreja no Brasil tem como marco característico o mês de setembro ser dedicado à Bíblia. Em cada ano, um dos livros da Sagrada Escritura é lido, estudado e rezado. O 17º Plano de Ação Evangelizadora de nossa arquidiocese nos apresenta na terceira Urgência a Igreja como lugar de animação bíblica da vida e da pastoral. A comunidade que tem como missão assumir-se como casa da Palavra.

 

O Mês da Bíblia de 2019 tem como tema “Para que n’Ele nossos povos tenham vida – Primeira Carta de João”. É o quarto e último ano do ciclo do tema “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”. Já refletimos a Profecia de Miqueias, a Primeira Carta aos Tessalonicenses, o livro da Sabedoria e por fim a Primeira Carta de João.

 

A palavra-chave da Primeira Carta de João é o verbo amar. Por isso o lema escolhido para o Mês da Bíblia 2019 é “Nós amamos porque Deus primeiro nos amou” (1Jo 4,19). O amor vem de Deus e chega a todos. Deus nos faz um convite e toda vez que somos convidados precisamos dar uma resposta, amar. A resposta ao amor de Deus é amor aos irmãos. Vamos nas próximas linhas conhecer um pouco mais essa carta no contexto histórico, literário e teológico.

 

A Primeira Carta de João faz perceber sua origem como uma homilia escrita. O autor se dirige de forma afetiva aos seus interlocutores, chamando-os de amamos e filhinhos. A tradição da Igreja apresenta como autor da Carta João, filho de Zebedeu, um dos doze e o mesmo autor das outras duas cartas e do Evangelho segundo João.

 

Sobre a teologia da carta encontramos duas fundamentais afirmações sobre Deus. Primeiramente que “Deus é Luz” (1Jo 1,5) depois “Deus é amor” (1Jo 4, 8.16). João apresenta que Deus é Luz e nEle não há trevas. Mais ao final percebemos que quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Aparecem os verbos crer, conhecer e permanecer, verbos importantes e muito presentes em todos os escritos de João. Podemos agrupar as afirmações “Deus é Luz” e “Deus é Amor” pois o amor é luz e quem não ama está nas trevas.

 

Do início ao fim da Primeira Carta de João aparece a pessoa de Jesus Cristo. A Carta é aberta e Ele é apresentado como Palavra da Vida já no primeiro versículo: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam da Palavra da Vida” (1Jo 1,1). O tema da encarnação vai ao longo da Carta se tornando mais presente e mais polêmico.

 

O centro do conflito que está na raiz da Carta são aqueles que negam a encarnação. Esses são chamados de anticristos. Esse termo aparece por cinco vezes Novo Testamento e todas elas nos escritos de João. A melhor forma de compreendermos seu significado está em lermos a Segunda Carta onde o autor diz: “Acontece que se espalharam pelo mundo muitos enganadores, que não confessam Jesus Cristo vindo na carne. Está aí o enganador, o Anticristo” (2Jo 7).

 

Uma riqueza da Primeira Carta de João é a forma como o autor se utiliza para exprimir o agir cristão: o verbo caminhar. Uma forma simples e pedagógica de toda Sagrada Escritura. Agir segundo a verdade é caminhar na luz, agir de forma mentirosa é caminhar nas trevas, e assim as expressões vão exprimindo o modo agir do cristão.

 

Que o Mês da Bíblia deste ano nos motive ao conhecimento da Primeira Carta de João. Ao ouvirmos que “Deus é Luz” nos encorajemos a permanecer e irradiar essa Luz. Podemos também nos questionar: é possível existir amor a Deus sem amor ao próximo? Assim, ao mesmo tempo a afirmação que “Deus é amor” deve nos ajudar a permanecer no amor e, desta forma, amarmos porque Deus primeiro nos amou.

Pe. Djonh Denys
Pároco Paróquia Nossa Senhora Aparecida – Rolândia PR

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