Nesta quarta-feira, 8 de março, terceiro dia da etapa continental do Sínodo dos Bispos, os grupos de trabalho se concentraram nos números 57 a 70 do documento-base, que trata da comunhão, participação e corresponsabilidade na Igreja. O arcebispo dom Geremias Steinmetz é um dos participantes do encontro e destaca alguns elementos discutidos. Dentre eles o clericalismo e o desejo de repensar a participação das mulheres na Igreja diocesana na perspectiva dos carismas, vocações e ministérios, e também da sinodalidade, o caminhar juntos da comunidade eclesial, que vai tomando forma pouco a pouco, explica dom Geremias.

O arcebispo destaca a ideia de uma Igreja mariológica, que busque no estudo sobre Maria entender o papel das mulheres na Igreja. “[É preciso] explicitar melhor o aporte feminino na qualidade do trabalho de evangelização”, ou seja, “deixar mais clara a compreensão da Igreja sobre o trabalho das mulheres”. Também inserir boas práticas na inclusão das mulheres e dos joven, aponta dom Geremias. “São grandes questões que certamente o Sínodo deverá se debruçar para poder apontar soluções ou pistas de soluções para a Igreja como um todo”, finaliza.

Pascom Arquidiocesana

Foto: Fabrício Preto

Grupo de trabalho da etapa continental do Sínodo

O arcebispo dom Geremias Steinmetz participa nesta semana da etapa continental do Sínodo dos Bispos, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Brasília. Dom Geremias é um dos 183 representantes da Igreja dos países do Cone Sul: Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai; na assembleia que visa dar o olhar e as contribuições da América Latina para as próximas etapas do Sínodo.

Nesta terça-feira, 7 de março, segundo dia da assembleia, os grupos debateram sobre três questões, utilizando a metodologia “Conversa Espiritual”, cujo objetivo final é indicar para os padres que participarão da última fase do Sínodo, que estarão reunidos em Roma: quais assuntos de fato eles deveriam se debruçar para pensar a Igreja do futuro.

Dom Geremias integra o grupo com outros três brasileiros, três argentinos, dois chilenos e uma uruguaia. Como os outros grupos, eles conversaram sobre as seguintes questões: 1) Depois de ter lido o documento da etapa continental em ambiente de oração, quais intuições ecoam de modo mais intenso com as experiências e as realidades concretas da Igreja no vosso continente? Quais as experiências vos parecem novas ou iluminadoras? 2) Quais tensões ou divergências substanciais surgem como particularmente importantes na perspectiva do continente latino-americano? e 3) Quais as questões que deveriam ser enfrentadas e levadas em consideração nas próximas fases deste processo sinodal?

Seguindo a metodologia, primeiro o grupo faz uma rodada de partilha: “aquilo que mais nos impressiona, a partir de uma escuta ativa, enquanto alguém fala, todos estão em oração, em silêncio, ouvindo, não se provocam discussões”, comenta dom Geremias. A seguir, em uma segunda rodada vem o refletir: “o que mais me impressionou em tudo aquilo que eu ouvi, aquilo que eu mesmo disse e aquilo que os outros disseram.” E uma terceira rodada de conversa é o escutar o que o Espírito Santo diz, para onde Ele conduz.

Questões

Nas discussões sobre aquilo que responde às necessidades da Igreja na América Latina,  dom Geremias diz que foi levanta a questão da Palavra de Deus e do diálogo e participação dos fiéis. “Quando cada indivíduo compreende que ele tem um lugar reservado e é considerado na Igreja, aí ele se motiva para colaborar com a Igreja com alegria, com perseverança.”

Outros aspectos levantados foram a respeito de um laicato maduro, consciente e livre; a ideia da opção preferencial pelos pobres; uma Igreja como casa ou tenda que precisa sempre mais alargada; o cuidado com a Casa Comum; e a formação. “A partir daí vamos ter muitas propostas, por exemplo, uma espiritualidade eclesial centrada na pessoa de Jesus; a ideia de alargar a tenda na questão de acolhida, da misericórdia; as juventudes; o laicato; as mulheres; a comunicação e o mundo digital; são todas questões que estão surgindo com força nos grupos”, finaliza.

Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana

Foto: Fabrício Preto