Arcebispo presidiu celebrações da Semana Santa na Catedral. Vigília Pascal, no cair da tarde de Sábado, relembrou história de Deus com seu povo e a vitória de Cristo sobre a morte

Depois de um período em que a Igreja mantém o silêncio, o recolhimento e a penitência, desde o Sábado Santo, os cristões vivem a alegria da ressurreição. “Noite de alegria verdadeira”, canta o a Proclamação da Páscoa na Vigília Pascal, “que uniu de novo o céu e a terra inteira”. Cristo ressuscitou. Aleluia! A páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a ‘festa das festas’, ‘solenidade das solenidades’, explica o Catecismo da Igreja Católica.

Como as demais celebrações da Semana Santa, o arcebispo dom Geremias Steinmetz presidiu a Vigília Pascal, no Sábado Santo, 8 de abril, na Catedral de Londrina. A celebração relembra o cair da tarde de sábado em que as mulheres vão ao túmulo e o encontram vazio. “[Esta] é uma noite memorável, central para a nossa fé, também para nossa esperança porque nos traz presente a história da salvação”, explicou dom Geremias.

As leituras da vigília relembram toda história da salvação, começando pelo Antigo Testamento, com a criação do mundo, a aliança de Deus com Abraão, a libertação do povo eleito, os profetas, até chegar em Jesus, a nova e eterna aliança. “Isso é Páscoa, a ressurreição é a história de Deus com a humanidade, em vista de tomá-la para Si, levá-la para perto do Seu coração misericordioso”, explicou o arcebispo.

Noite de assombro

Na homilia, dom Geremias falou que estamos tão acostumados com a narração do Evangelho da ressurreição que muitas vezes não compreendemos o assombro daquela noite. “Eu imagino, meus irmãos e irmãs, o que isso significou na vida das mulheres, na vida dos discípulos, dos seguidores de Jesus. Porque dois dias antes, eles todos viram Jesus cortado, Jesus praticamente com a pele toda em pedaços, Jesus morto na cruz, Jesus recebido pela sua mãe, Jesus enterrado. Certamente com o enterro de Jesus, as esperanças também foram embora, as esperanças foram esvaindo pouco a pouco”, falou dom Geremias.

“Mas agora, aparece Ele mesmo dizendo: ‘ressuscitei’, ou como diz exatamente o texto: ‘vocês estão procurando Jesus, aquele que foi crucificado? Aquele que morreu na cruz não está mais aqui não, Ele ressuscitou’. Essa palavra é assombrosa! Chega a me dar um calafrio ao tentar dizer a vocês o que isso significou na vida daquele povo, na vida daquela comunidade”, fala o arcebispo.

Os apóstolos, continua dom Geremias, ficaram meio incrédulos face a boa notícia daquelas mulheres. “Eles tinham sido testemunhas oculares de tudo que acontecera com Jesus, da morte, sepultura, na Sexta-feira Santa. Por isso as palavras das mulheres pareceram-lhes até mesmo um desvario, uma loucura, talvez até pensassem assim: ‘elas devem estar com muita saudade’, porque falar que Jesus está vivo, isto não é possível.”

Eles precisam verificar “com seus próprios olhos” e precisavam observar pessoalmente a realidade do túmulo vazio. “Entretanto, Pedro se pôs a caminho e foi ver o sepulcro. Quantos sinais de Jesus vivo, quantas amostras, quantos sinais de que, de fato, Ele estava entre eles vivo. E diante do túmulo vazio, diante do anúncio do anjo, pouco a pouco aquilo que parecia impossível, um desvario, um sonho, passou a ser causa de admiração e de fé”, explicou o arcebispo.

E por isso, pouco tempo mais tarde, o núcleo da pregação apostólica será o anúncio da morte e da ressurreição de Jesus. “Quantas vezes podemos ver nos Atos dos Apóstolos, sobretudo Pedro pregando, anunciando, até profetizando e denunciando: esse Jesus, dizia ele falando aos judeus, que vós matastes, Jesus está vivo, está entre nós, e é por causa dEle, em seu nome, que nós realizamos o que realizamos, não é mérito nosso, mas é mérito dEle que ressuscitou.”

É essa fé que recebemos dos apóstolos e hoje também nós professamos, com especial vigor no Sábado Santo. “Nós que aqui estamos hoje, neste dia 8 de abril de 2023, somos convidados a renovar a nossa fé em tudo isso que nós acabamos de ouvir, desde o Gêneses até o Evangelho, até Paulo, até tantos e tantos que já entregaram a sua vida por causa da fé. Renovaremos as promessas do nosso batismo e faremos mais uma vez a nossa profissão de fé na morte e na ressurreição de Jesus”, falou dom Geremias.

O arcebispo exortou os fiéis a, imbuídos de grande alegria, renovarem as promessas do batismo, renovando também o mandado do anjo e de Jesus: Não tenhais medo. “Quando respondermos às perguntas que serão feitas pelo presidente da celebração, que os nossos lábios pronunciem com entusiasmo e júbilo estas palavras: sim, creio. Eu creio que tudo isso é verdade. Eu quero aderir a essa verdade que o mundo ainda não conhece, mas que nós temos o privilégio de conhecer e poder viver.” Concluindo a homilia, dom Geremias pediu uma salva de palmas a Jesus ressuscitado.

Batismo

Dentro da celebração da Vigília Pascal, o arcebispo também batizou quatro jovens da comunidade. O batismo na Vigília Pascal traduz a realidade da Páscoa: a morte para o pecado e o renascimento na vida nova em Cristo.

Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana

Fotos: Maikon Manfre