“Lá vai São Francisco… pelo caminho… de pé descalço… tão pobrezinho…” a canção de Vinícius de Morais fulgura um imaginário popular de como vivia o santo de Assis, que com sua simplicidade, serviu em sua totalidade a Deus Criador. A inspiração do Poetinha o fazia acreditar: “para São Francisco você adota o tom simples”. Vale destacar a forma carinhosa e terna descrita pelo autor no poema que remete ao Pobrezinho de Assis, quando nos faz viajar com as palavras “lá vai São Francisco… pelo caminho… levando ao colo… Jesus Cristinho…”; quanta singeleza no termo “Jesus Cristinho”, na originalidade daquele que tem familiaridade com o que canta e reza, e que acaba se encantando pelo Pobrezinho de pé descalço, pois, em São Francisco de Assis transborda a ternura e o amor.

A vida de São Francisco encanta até aos nossos dias, e resvalamos em muitos temas preciosos para Francisco de Assis, a criação, a ecologia, a fraternidade universal – o Irmão Sol, a Irmã Lua, a Irmã Morte… o mistério de Deus revelado ao Cavaleiro medieval é luminoso. São Francisco era um grande artista inspirado pelo Espírito, e uma de suas maiores obras foi o Presépio em Greccio, concretizar sua visão interior de forma dramatizada.

Um dos escritores da biografia de São Francisco atesta que Francisco chamou um amigo e lhe disse: “se você quiser que nós celebremos o Natal em Greccio, é bom começar a preparar diligentemente e desde já o que eu vou dizer. Quero lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto em uma manjedoura – in praesepio, ver com os próprios olhos como ficou em cima da palha entre o boi e o burro” (1Cel 84).

O doutor Seráfico, São Boaventura, também ajuda a contemplar esse mistério. Três anos antes da morte, São Francisco resolveu celebrar com a maior solenidade possível a festa do Nascimento do Menino Jesus, ao pé da povoação de Greccio, a fim de estimular a devoção daquela gente.

Mas para que um tal projeto não fosse tido por revolucionário, pediu para isso licença ao Sumo Pontífice, que lhe concedeu. Mandou preparar uma manjedoura com palha e trazer um boi e um burrito. Convocaram-se muitos irmãos; vieram inúmeras pessoas; pela floresta ressoaram cânticos alegres… Essa noite venerável revestiu-se de esplendor e solenidade, iluminada por uma infinidade de tochas a arder e ao som de cânticos harmoniosos.

O homem de Deus estava de pé diante do presépio, cheio de piedade, banhado em lágrimas e irradiante de alegria. O altar dessa missa foi a manjedoura. Francisco, que era diácono, fez a proclamação do Evangelho. Em seguida dirigiu a palavra à assembleia, contando o nascimento do pobre Rei, a quem chamou, com ternura e devoção, o Menino de Belém” (LM 10, 7).

Contemplar o presépio criado em suas imagens e estilo por São Francisco e mergulhar na profundeza do Mistério da Encarnação dado a conhecer através dessa arte tão simples, rústica e bela, na candura de uma criança – o Menino de Belém.

A representação plástica da Encarnação do Verbo Divino, após esse ensejo de Francisco de Assis, começa a ganhar maior visibilidade. O Santo com essa devocional representação impulsiona o aspecto da humanidade de Cristo, como ensina uns dos prefácios natalinos: no instante que Jesus assume a vida humana a “natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos”, um verdadeiro e “admirabile commercium” de um Deus que se faz humano e assim alça toda a humanidade à divindade.Celebrar os 800 anos dessa magnífica obra é relembrar o estilo de vida do artista-inspirador, é viajar no tempo em um vai e vem, ir até Francisco e evocar a imagem do presépio, contemplar o presépio e ser arrebatado a CRISTO, por isso é possível cantar “lá vai São Francisco…”.

Em cada presépio visualizamos São Francisco com todo amor a Jesus Cristinho. O presépio deixou a humanidade mais sensível, pois, existem muitos presépios no nosso cotidiano não feito com imagens de cera, argila ou resina, mas, em carne e osso – humanos. Nas esquinas, nas praças, nas casas, nos shoppings, nas portas das igrejas…

Como é verdadeiro que Cristo deveria nascer em cada coração… lugar super apropriado. Mas, peça no seu coração: “Menino mais lindo de Belém, nasce no meu coração!” Ou, faça ressoar no mais profundo do ser: “Jesus Cristinho mora no meu coração”. Daí poderemos cantar genuinamente: “Belém é aqui, aqui é Natal, Belém é aqui, aqui onde estou…”.

Frei Wainer José de Queiroz fmm
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Piedade

Igreja do Decanato Oeste de Londrina está confiada aos freis franciscanos, que comemoram os 800 anos da criação do presépio por São Francisco de Assis, em Greccio, na Itália

Em comemoração aos 800 anos da criação do presépio por São Francisco de Assis, em Greccio, na Itália, em 1223, o Papa Francisco concedeu aos católicos, neste Natal, a graça da “Indulgência do Presépio”. Receberão indulgência plenária todos os fiéis que rezarem diante do presépio em uma igreja confiada a frades franciscanos de todo mundo e cumprirem as demais condições. A indulgência pode ser recebida entre 8 de dezembro (Solenidade da Imaculada Conceição) a 2 de fevereiro (Festa da Apresentação de Jesus no Templo).

Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa. Ou seja, toda vez que um fiel se confessa com o padre, ele é perdoado dos seus pecados, pela graça de Deus, porém, mesmo perdoado, permanece uma pena temporal pelo dano que aquele pecado causou. Esta pena é remida quando o fiel obtém a indulgência.

Para alcançá-la, é sempre necessário cumprir algumas ações que a Igreja indica: ter se confessado com o sacerdote, participar da Santa Missa e receber a comunhão eucarística, rezar pelas intenções do Papa e rejeitar todo apego ao pecado. Além disso, para obter a indulgência na comemoração dos 800 anos do Natal de Greccio, é preciso rezar diante do presépio de uma igreja confiada aos freis franciscanos.

Em Londrina, os fiéis podem obter indulgência na Paróquia Nossa Senhora da Piedade (Decanato Oeste), confiada aos Frades Menores Missionários. Abrindo o período da indulgência, a paróquia terá a bênção do presépio, na sexta-feira, 8 de dezembro, durante a Santa Missa, às 19h, com a presença do arcebispo dom Geremias Steinmetz, que estará em visita pastoral na comunidade.

O que é indulgência plenária?
A indulgência plenária é uma graça concedida pela Igreja Católica através dos méritos de Jesus Cristo para eliminar a pena temporal merecida pelos pecados já perdoados em relação à culpa.

Como obter a indulgência plenária
O fiel deve visitar uma igreja franciscana e rezar diante do presépio ali existente. Por isso, todos os presépios franciscanos permanecerão montados até a Festa da Apresentação de Jesus, em 2 de fevereiro, e não até a Festa da Epifania, em 6 de janeiro.

Condições para receber a indulgência
Além disso, é preciso seguir os outros requisitos da Igreja para se obter as indulgências plenárias, ou seja:
• confissão sacramental, rejeitando qualquer apego ao pecado;
• comunhão eucarística, preferencialmente na Santa Missa;
• oração nas intenções do Papa, por exemplo, um Pai Nosso e uma Ave Maria, mas podendo ser outras orações conforme a piedade e devoção.

Pascom Arquidiocesana

Fotos: Divulgação

Montar o presépio é uma bonita tradição nas famílias e comunidades. Nas paróquias e capelas as equipes de ornamentação se organizam, com criatividade e dedicação, para representar a cena da natividade de Nosso Senhor em Belém, um gesto que, como o Papa Francisco disse, “equivale a anunciar, com simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus” (Carta “Admirável sinal” – sobre o significado e o valor do presépio).

“De fato, o Presépio é como um Evangelho vivo que transvaza das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do Natal, somos convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d’Aquele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo o homem, e a descobrir que nos ama tanto, que Se uniu a nós para podermos, também nós, unir-nos a Ele”, acrescenta o Sumo Pontífice.

A seguir trazemos fotos de presépios de comunidades da nossa arquidiocese, que nos recordam a espera do Menino Jesus.

Foto de Destaque: Catedral Metropolitana de Londrina / Crédito: Guto Honjo

Fotos: Pascoms paroquiais

Presépio da Catedral Metropolitana de Londrina do Sagrado Coração de Jesus, Decanato Centro

Presépio da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, Decanato Centro
Presépio do Santuário Nossa Senhora Aparecida, Decanato Leste
Presépio da Paróquia Rainha do Universo
Presépio da Paróquia São Roque, de Tamarana
Presépio da Paróquia Santo Antônio, de Cambé
Presépio da Paróquia Pessoal Nipo-brasileira Imaculada Conceição, Decanato Centro
Presépio da Paróquia Nossa Senhora da Piedade
Presépio do Santuário Nossa Senhora do Silêncio, Decanato Leste
Presépio da Capela Nossa Senhora Aparecida, da Paróquia Santa Terezinha, de Sertanópolis
Presépio da Paróquia Santa Terezinha de Sertabópolis
Presépio da Paróquia São Francisco Xavier, de Cambé
Presépio da Quase-Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Decanato Oeste
Presépio da Paróquia São Vicente Pallotti, Decanato Cambé
Presépio da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Vila Cazoni, Decanato Leste
Presépio da Paróquia São José Operário, Decanato Oeste
Presépio da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, Decanato Leste
Presépio da Paróquia São João Batista de Bela Vista do Paraíso
Presépio da Paróquia Nossa Senhora da Paz, Decanato Leste
Presépio da Paróquia Santo Antônio, cafezal, Decanato Sul
Presépio da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, Decanato Norte
Presépio da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Decanato Leste
Presépio da Paróquia Nossa Senhora dos Migrantes, Decanato Cambé
Presépio da Paróquia Cristo Redentor, Jardim Piza, Decanato Leste
Presépio da Paróquia Nossa Senhora das Graças de Centenário do Sul
Presépio da Paróquia Coração de Maria, Decanato Centro
Presépio da Paróquia Nossa Senhora da Glória, Decanato Norte
Presépio da Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Jardim Igapó, Decanato Sul
Presépio da Capela Nossa Senhora da Esperança da Paróquia Rainha do Universo, Decanato Centro
Presépio da Capela São Clemente Maria, da Paróquia São Luiz Gonzaga, Decanato Leste

É costume entre as famílias montar decorações de Natal: árvores, enfeites pela casa e até o presépio, que remonta ao nascimento de Cristo. E também é tradição das pessoas desmontar tudo em uma determinada época do ano: a festa dos Reis Magos. Mas, por que? Qual o significado de tudo isso? “O dia dos Reis Magos é a última grande festa celebrada no ciclo de Natal. Por isso, convencionou-se guarda as decorações natalinas nesse período, que sempre cai no dia 6 de janeiro”, explica o padre Rodolfo Trisltz, pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, na Vila Nova em Londrina.

 

O ciclo do Natal, celebrado na Igreja Católica, tem início no final de novembro ou início de dezembro com o tempo do Advento, de preparação e reflexão para a data festiva. “É tempo de voltar nosso olhar para Deus e resgatar a verdadeira essência natalina”, diz o padre Rodolfo. Depois do Ano-Novo, uma data importante é o batismo de Jesus, sendo móvel no calendário. E, no dia 6, a lembrança dos reis magos. A simbologia do dia mostra a revelação do nascimento de Cristo ao mundo, aqui representado por Melchior, Gaspar e Baltazar. O dia 6 de janeiro também é conhecido como Epifania do Senhor, palavra que vem do grego e quer dizer, justamente, manifestação.

 

Portanto, de acordo com o padre Rodolfo, a desmontagem da decoração natalina também é repleta de significado e pode ser feita, inclusive, em família, assim como todos os preparativos para o Natal. “Se o dia dos reis magos simboliza o encontro de Cristo com os pagãos, para nós também significa nosso encontro com o Senhor. E com atitudes iguais aos dos personagens bíblicos: humildade e discernimento de reconhecer em Jesus nosso Deus”, avalia o sacerdote.

Santuário Nossa Senhora Aparecida de Londrina