No dia 25 de maio, a Pastoral Afro-Brasileira do Regional Sul 2 da CNBB reuniu-se em Curitiba (PR) para um encontro de formação sobre a Campanha da Fraternidade de 2019. O tema do encontro foi “Políticas públicas com enfoque na causa negra”. Participaram membros da pastoral das Arqui/Dioceses de Curitiba, Maringá, Londrina, Apucarana e Guarapuava. O bispo de Guarapuava e referencial para a Pastoral Afro-Brasileira, Dom Antonio Wagner da Silva, também participou do encontro.
A coordenadora diocesana da Pastoral Afro em Curitiba e vice coordenadora no Paraná, Cristina Oliveira, dirigiu o encontro, que teve por facilitadores:
Daniel Monteles Soares, acadêmico em comunicação social, candomblecista e participante do coletivo frente negra e a afropretinhosidade. Daniel falou sobre o genocídio da juventude negra, dados estatísticos que mostram que a população jovem negra está sofrendo a violência e a morte em maior número. “Todos os dias perdemos nossos jovens negros (as). Queremos viver. Precisamos nos posicionar e lutar para a garantia e melhorias das políticas afirmativas, cotas e fazer valer a lei 10.639/03”, afirmou Daniel.
Tânia Pacífico, pedagoga e membro do grupo “Irê ya” e da secretaria da promoção da igualdade racial e combate ao racismo, tratou sobre a importância da mulher negra na sociedade brasileira. “Temos muitos desafios e precisamos ocupar os espaços de poder nas universidades e na política. A luta contra o racismo é muito dura, precisamos cuidar de nossas crianças e ajudarmos umas às outras”, disse Tânia.
Paulo Borges, coordenador e idealizador do curso “Branquitute e Negritude” do CEPAT é filosofo católico. Na sua exposição afirmou que “necessitamos proteger as nossas ancestralidades, a nossa história e as nossas raízes. Somos um povo resistente”. Paulo trouxe referencias como Tomás de Aquino e Santo Agostinho. Também as ialorixás, que são em sua essência, a verdadeira transcendência do sagrado.
João Santiago, teólogo militante e coordenador da Campanha da Fraternidade 2019. fez a mediação dos facilitadores sobre o tema das Políticas públicas. Trouxe em sua fala grande admiração dado a importância da atual conjuntura que vivemos no país. “A união entre todos os povos e necessária para o equilíbrio do planeta terra e a garantia da vida humana, com todos os seus saberes e costumes”, disse João.
Durante o encontro, houve testemunhos de pessoas que, em alguns momentos de suas vidas, foram alvo de preconceito. Eles revelaram que o racismo machuca a alma e o coração, mas com o passar do tempo houve uma guinada na vida e foi superado a exclusão e o preconceito tão atual e insistente na sociedade.
Os participantes almoçaram no “Quintal da Maria”, espaço de cultura Afro, local referência na cidade pela decoração e o público que a frequenta. A Maria, dona do estabelecimento, é mulher negra, pessoa alegre e muito forte. Recebeu a todos, juntamente com a sua família, e contou sua história: era empregada doméstica e seu sonho era ter um bar com muito samba e alegria para receber seus amigos. Começou vendendo espetinho na frente de um terreno abandonado e sujo de entulhos, que hoje é o “Quintal da Maria”.
Na segunda parte do encontro, aconteceu a missa inculturada afro, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, localizada no centro histórico de Curitiba. Dom Antônio Wagner presidiu a celebração, concelebrada pelo padre Danilo e todo o povo negro. Em sua homilia, Dom Antônio Wagner motivou a todos: “a alegria do povo negro é contagiante. Não percamos nunca a nossa alegria, é ela que nos fará companhia nas horas de luta”.
Cristina Oliveira e Amauri Farias
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Fotos Amauri Farias