Londrina acolhe quatro novos padres que abraçaram a vocação na vida adulta
Em sintonia com o 3º Ano Vocacional, a Arquidiocese de Londrina celebra a graça do sim de quatro neossacerdotes. Em fevereiro, foram ordenados os padres Jefferson Bassetto, Ricardo Vicente Campanuci e Sidnei de Jesus Izzo Júnior, e em março, Juniar Aparecido Padilha.
São quatro vocacionados que exemplificam o lema do Ano Vocacional “Corações ardentes, pés a caminho” (Lc 24, 32-33). As suas vocações foram amadurecidas ao longo do caminho, mas a semente foi plantada no início das suas iniciações à vida cristã.
O padre Sidnei de Jesus Izzo Júnior conta que sua primeira Eucaristia foi um encontro pessoal com Jesus. “Foi o despertar da vocação, de que Deus existia. Eu deveria ter uns dez anos”, recorda. Mas pelos planos de Deus, esse chamado teve que ficar em espera, pois com 12 para 13 anos ele perdeu o pai e precisou ajudar em casa. “A vocação ficou adormecida”, afirmou.
A vocação ficou adormecida, mas não a missão de servir a Deus. Participou de grupos de adolescentes e jovens, fazia as leituras nas missas. E aos 18 anos, entrou para a Renovação Carismática Católica (RCC) e ali o chamado à vocação sacerdotal começou a ficar mais forte.
“Fiz faculdade, trabalhava, namorava, mas nada disso preenchia. Tinha um vazio dentro de mim. Então decidi fazer um ano de adoração ao Santíssimo. Uma vez por semana eu ficava com Jesus e ali também começou um grande amor por Nossa Senhora. Comecei a estudá-la”, contou o neossacerdote.
Ele recorda que um dia estava adorando Jesus, quando começou a chorar e sentiu uma grande necessidade de se confessar. Neste processo entendeu que era um chamado para fazer os encontros vocacionais. E aos 29 anos, padre Júnior entrou para o seminário.
“A vocação vai brotando e junto com Jesus fui tendo o discernimento. Entrei no seminário com a certeza que queria ter mais intimidade com Jesus. Foi uma decisão fácil, preparei minha família. Vi como um processo de Deus para me preparar para ser o primeiro religioso da família”, disse.
Padre Júnior quer ser um bom pastor para as pessoas. “Aquele que é pai, que ama, corrige, que tem misericórdia, que quer ser moldado pelo Senhor e sua comunidade”, afirmou. O neossacerdote será vigário na Paróquia Nossa Senhora Rainha do Universo (Decanato Centro).
O primeiro chamado do padre Jefferson Bassetto para uma vida mais próxima a Jesus, à vocação sacerdotal ocorreu na catequese. “As catequistas Neusa e Tânia, a Irmã Marina e o padre Paulo Brincat que me acompanhavam na época deram um estímulo, mas eu digo sempre que ‘fingi que não era comigo’”, falou o sacerdote.
Por vários anos o padre “fingiu que a vocação não era com ele”. Mas chegou um momento que não pôde mais “fingir e, com quase 40 anos, aceitou o chamado. “Com mais discernimento na questão vocacional e disposto a seguir o processo formativo, em fevereiro de 2017 me apresentei para realizar esse meu sonho na cidade onde nasci e construí minha história de vida e ingressei no Seminário Arquidiocesano Dom Albano Cavalin, da Arquidiocese de Londrina”, contou.
Padre Jefferson
Padre Jefferson Bassetto cresceu em um lar católico praticante. “Uma das minhas tias paternas, Irmã Lourdes Bassetto, é claretiana há mais de 50 anos”, disse. Quando criança conviveu com Madre Lêonia Milito e dom Geraldo Fernandes. Estudou em escolas católicas, fez faculdade e mestrado, estudou nos Estados Unidos. Foi um profissional de sucesso.
“Mas pode-se perguntar, o que faz um homem, na época com quase 40 anos, com uma carreira profissional em ascensão, desejar mudar radicalmente sua vida e se tornar sacerdote?”, indaga o padre.
Ele responde que em 2013, quando fez uma peregrinação para a Terra Santa sentiu fortemente o chamado para abandonar tudo e buscar discernir sobre sua vocação, servindo a Jesus Cristo de forma plena no exercício do sacerdócio. “Várias confirmações foram acontecendo em 2014, junto com meu diretor espiritual na época, padre Giovanni Mezzadri, que me acompanhava há vários anos”, disse.
O padre decidiu participar da comunidade Dois Corações, em Sorocaba (SP), onde participou de retiros e reciclagens. O tempo que ficou ali foi de amadurecimento e aprendizado. Entrou no curso de Filosofia na Uniso e foi quando o chamado se consolidou.
O neossacerdote assumiu como pároco da Paróquia São Luiz Gonzaga (Decanato Leste).
Padre Ricardo
Para o padre Ricardo Vicente Campanuci a vocação surgiu já na vida adulta. Durante sua infância e adolescência nunca pensou em ser padre. “Nunca fui coroinha, participava da Igreja, meus pais eram catequistas na Paróquia São José Operário”, recorda o padre.
O chamado ocorreu quando estava com quase 25 anos. Na época estava namorando, um relacionamento que durou cinco anos, coordenava o grupo de adolescentes, era catequista e ministro extraordinário da Sagrada Comunhão (MESC). “Acredito que foi fruto do trabalho na Igreja, o contato de fato com Jesus foi despertando o desejo”, falou.
Ele lembra que o padre Adriano Zandoná, seu amigo há mais de 20 anos, sempre falava que ele seria padre. E um tempo depois que o jovem Ricardo havia terminado seu relacionamento, o amigo sugeriu que fizesse um encontro vocacional. Ele fez três encontros e foi selecionado para ingressar no seminário.
Padre Ricardo não tinha contado para ninguém que estava fazendo os encontros vocacionais. “Entrar no seminário foi uma decisão difícil. A primeira dificuldade foi largar o emprego. Estava há cinco anos na empresa, com estabilidade e era eu quem pagava o aluguel da casa. Conversei com a minha mãe e a empresa, que me deram apoio”, contou. A paróquia ajudou a pagar o aluguel da mãe dele por um tempo. “Assim fui para o seminário mais tranquilo”, revelou.
Depois de um período no seminário, ele decidiu sair. Ficou quatro anos fora, mas o chamado de Deus foi mais forte. “Os dois primeiros anos foram difíceis, sem estabilidade financeira e emocional. Voltei a trabalhar e a namorar. Mas no fundo a gente sabe a vocação. Podemos fugir, enganar as pessoas, mas Deus sabe. Foi minha ex-namorada que falou para eu voltar para o seminário”, disse.
O neossacerdote, que será vigário na Paróquia São Luiz Gonzaga (Decanato Leste), afirma que sua experiência de vida, de trabalho e relacionamentos ajudaram a construir a sua personalidade e vão ajudar no seu ministério.
“A bagagem que eu já tinha ajudou muito no processo vocacional. A experiência de vida ajuda a compreender o que é a família, ajuda a entender o jovem na Igreja e na sociedade”, afirmou.
“Acredito que meu ministério que vai ser pautado em dois pilares: a confissão, quero atender bastante confissões, correspondendo ao que as pessoas buscam em um sacerdote, e uma boa homilia. A palavra de Deus é viva e eficaz e falar na homilia é falar de Deus, das leituras do Evangelho. Enfim, quero ser um padre que reza, que atende, que prepara a sua reflexão e vive a palavra”, disse padre Ricardo Vicente Campanuci.
Padre Juniar
Desde pequeno, histórias que traziam em seu enredo algum sacerdote chamavam a atenção do padre Juniar Aparecido Padilha. Essa e outras lembrança permanecem vivas em sua memória quando fala do seu chamado vocacional. As Missas do Galo na Basílica de São Pedro transmitidas na TV; histórias da vida dos santos que ele lia; padres que passaram pela sua paróquia de origem.
Mas o grande marco na sua caminhada foi quando conheceu Santa Tereza d’Ávila, São João da Cruz e Santo Afonso Maria de Ligório, que o guiaram na vida espiritual e ajudaram a aprofundar os sinais vocacionais que recebeu a vida toda. “Fui aprofundando minha vida espiritual, a vida sacramental, isso foi me ajudando a reconhecer cada vez mais a ação de Deus na minha vida”, conta o neossacerdote.
A vida de comunidade também colaborou com a sua caminhada vocacional. Ele atuou como ministro de música litúrgica, catequista, participante e coordenador de grupo de jovens.
Por volta dos 19, 20 anos, padre Juniar cursava a faculdade de Física na Universidade Estadual de Londrina (UEL), depois de fazer uma consagração a Nossa Senhora, resolveu ingressar no seminário da arquidiocese para aprofundar o discernimento vocacional. No seminário, Deus confirmou o chamado para continuar a missão de Cristo no mundo. “E eu, como um companheiro de viagem d’Ele, como um amigo d’Ele, aceitei estar junto nesta missão e fazer tudo pra ser útil à salvação das pessoas e para a glória de Deus”, conclui padre Juniar.
Aline Machado Parodi
(Colaborou: Juliana Mastelini Moyses)
Pascom Arquidiocesana
Foto: Ordenação do padre Jefferson Bassetto – Crédito: Guto Honjo