Irmãs claretianas atuam na Península de Zamboanga, no sul das Filipinas, região de perseguição aos cristãos

 

“Os cristãos são minorias nessa região e são perseguidos, de modo especial missionários estrangeiros, ou de congregações estrangeiras, visando um retorno econômico. Então, não é nem questão de fé. Só vivendo lá eu entendi.” Irmã Dulcinéa Ribeiro de Almeida, supervisora geral das claretianas em Londrina, viveu por oito anos nas Filipinas, de 2002 a 2010. O país é de maioria cristã (90%), porém apresenta uma região ao sul onde os muçulmanos rebeldes são maioria e perseguem os cristãos como forma de mostrar força. Em entrevista ao JC, irmã Dulcinéa conta sua experiência e o que mantém os missionários no trabalho, mesmo em situação de tensão e perigo constantes.

 

Presença das claretianas nas Filipinas

A comunidade das claretianas está presente nas Filipinas há 25 anos. É um país formado por ilhas e cada uma tinha uma religião. Quando o país se unificou, unificou-se como cristão. É considerado um país de maioria cristã. Mas o sul do país tem mulçumanos fundamentalistas. A nossa comunidade está na Península de Zamboanga. Nessa parte, os muçulmanos nunca aceitaram pertencer a um país denominado católico. Eles querem  a independência, porque as raízes deles são muçulmanas. Então,mesmo sendo de maioria católica, no sul é difícil continuar. Nesses conflitos existem perseguições, sequestros frequentes, inclusive padres claretianos, sobretudo estrangeiros. Os cristãos são minorias nessa região sul e são perseguidos, de modo especial missionários estrangeiros, ou missionários de uma congregação estrangeira. Visando um retorno econômico. Então não é nem questão de fé. Só vivendo lá eu entendi. Não é uma perseguição pela fé, mas política, porque são rebeldes.

 

Estrangeiros perseguidos

As irmãs vivem uma realidade vigiada. Por exemplo, ali onde a gente está não temos mais a comunidade permanente, porque as jovens filipinas são ainda estudantes, não poderiam permanecer sozinhas, e as irmãs mais velhas, por serem estrangeiras, eram mais perseguidas. A embaixada, os países não queriam que a gente permanecesse lá, porque o sequestro de uma missionária estrangeira se torna um caso internacional. 

 

Dia a dia vigiado

Na nossa casa, as irmãs iam o mínimo possível na cidade, porque ali é um povoado pequeno que todo mundo se conhece e protege as irmãs. Mas quando a irmã vai para a cidade, a mais ou menos 40 km, tem que passar nesse território onde facilmente tem os rebeldes, onde acontecem sequestros, perseguição. Então as irmãs vivem uma liberdade vigiada, mesmo quando recebe visitas. A partir das 17h não se sai mais de casa.

Me lembro a última vez que fui. Ia acompanhar uma irmã brasileira que estava indo morar lá. Como a gente chegou do aeroporto já era quase noite, fomos direto para casa. Passamos nos lugares de blocos de política que controlam quem chega e sai, como num lugar que tem guerra. Passamos, eles olharam o carro e pronto, autorizaram ir para casa. E fomos para casa pensando que no outro dia iríamos na delegacia para anunciar, dar os dados da irmã que chegou. Só que nós fomos na missa cedo, às 6h da manhã, daí 7h estávamos tomando café quando chegou um carro da polícia. Eles falaram que viram que tinha irmã estrangeira, porque ela é branquinha, eu eles pegavam sempre por filipina por causa da cor da pele. Daí eles queriam saber quem era porque iam vigiar. 

Às vezes estava tão acostumada com a liberdade que estava indo na igreja ou visitar uma família, falavam: “irmã, é hora de voltar para casa”. 

 

Na lista para serem sequestrados

Uma das nossas irmãs é brasileira, de Londrina, morou na Austrália, é bem branca, era formadora das estudantes. Num período ela frequentava a universidade. E funciona assim, quando a gente vai nos lugares, não pode passar na mesma rua, fazer o mesmo percurso sempre, tem algumas advertências. E como ela ia com certa frequência nessa universidade, começaram a persegui-la, descobriram que ela tinha cidadania australiana e começaram a persegui-la. Ela e um padre espanhol estavam na lista para serem sequestrados. As famílias que a gente conhece nos avisaram.

Tem muitas famílias que são famílias tranquilas, mas que são contratadas, como se fosse um trabalho, para vigiar e dar a notícia. Um dia ela estava na universidade e foram avisar que ela não podia voltar para casa. Ela tinha que ir para o aeroporto e sair da ilha. Mas ela era responsável pelas formandas, então foram com o carro pegar e foi direto para casa. Daí ficou dentro de casa, não saia, montaram guarda com pessoas armadas do lugar mesmo. Ela ficou bastante tempo em casa com as formandas porque ela tinha que terminar o ano. Só que ela quase não ia na cidade. Uma vez ou outra que ela ia e andava sempre com o guarda costa. 

Em casa, ela e as formandas dormiam todas vestidas, prontas para fugir se ouvissem algum barulho. Foi mais ou menos um mês que viveram essa situação. No povoado, os homens faziam turno, para vigiar se tinha algum movimento. Se tornou uma situação muito constrangedora.

 

Comunidades periódicas

Tínhamos uma casa de formação com  jovens indianas e filipinas. Vendo essa situação que ela não podia continuar, pois por causa dela estavam em perigo outras jovens também, a gente decidiu que se transferisse todo mundo para a capital. Temos comunidades periódicas lá. Vai uma, vive pouco tempo quando está mais tranquilo, sempre com essa liberdade vigiada.

 

Formamos um grupo de leigos no lugar, que ficam lá acompanhando as famílias, levando a frente a missão, inclusive tem a nossa casa que é colocada à disposição para os encontros, para tudo. Construímos também um salão polivalente, vai uma médica com alguns enfermeiros da cidade para atender o povo pobre. 

 

As noites não são tranquilas

A gente continua a missão, mas não conseguimos ter uma comunidade estável, as irmãs vão. Eu sei que tem uma irmã nossa agora que está lá. Vai, fica um mês, dois meses. Orientando, vivendo a missão, orientando os leigos que estão, encontrando as famílias. As famílias que a gente ajuda são famílias muito pobres. E você tem que viver uma liberdade controlada, eu mesmo ia com frequência lá, às vezes um pouco para deixar as irmãs mais tranquilas, passava um mês, dois meses com elas, porque minha missão era no norte, mas confesso que a noite não é tranquila. De dia sim, você está em casa, não sai muito, as irmãs, por exemplo, só na região próxima são impedidas de ir nas zonas rurais um pouco mais distante.

 

Como reconhecer a casa de um cristão

Parece brincadeira, mas a gente reconhece a casa dos cristãos se tem um porquinho no quintal, aí é cristão e também eu aprendi lá que o porco afasta cobra, então diz aqui é casa de cristão. Mas se você vê um cabritinho no quintal, você já sabe que naquela casa mora muçulmano. Eles não comem carne de porco.

Lá nas irmãs tinha um chiqueiro, parece brincadeira, mas elas falavam, que se chegasse gente aqui a primeira coisa que a gente iam fazer era se refugiar no chiqueiro, porque porco afasta, na religião deles, não pode se aproximar.

 

Pagos para colaborar com os sequestros

Por causa da pobreza da população, alguns muçulmanos, mesmo que não pertençam a grupos rebeldes, são pagos para, por exemplo, fazer espia. E a gente conhece muitas pessoas, famílias, que algum familiar se tornou guardião nos sequestros, não foi quem sequestrou, mas ganhou dinheiro vigiando. 

Eu trabalhei em Manila, numa prisão feminina, e a coisa que mais me fazia impressão, que entre as pessoas que estavam detidas tinha um certo número que tinha participado de seqüestro, ou para cuidar, acompanhar, disfarçar. É uma situação não só das Filipinas.

 

Ataques de bombas em festas religiosas

Outra questão que acontece muito é em período de Quaresma, Semana Santa, como aconteceu no Sri Lanka. É comum nas Filipinas, bombas na porta da igreja, na multidão, sobretudo no período das celebrações. As ameaças eram contínuas. Uma tensão, porque tem multidão, isso acontece nas cidades maiores das Filipinas. 

No período em que estive lá, tinha ameaça de bomba na capital. Uma igreja famosa que os cristãos frequentam muito era ameaçada. Essa irmã que era perseguida no sul estava para pegar o visto para ir para a Itália. Ela tinha ido na estação de ônibus para pegar o visto na embaixada num dia, no outro dia jogaram uma bomba lá. Então, já tinha medo do sul e chegou também na capital. Depois eu me acostumei.

 

Mídia internacional não noticia

Eu fico indignada porque não sai na imprensa mundial. A gente está aqui pensa que lá está tudo tranquilo, enquanto essas coisas são frequentes, entre as notícias são essas a respeito de bombas. O maior medo são as bombas onde tem multidões ou celebrações e a segunda preocupação são os sequestros. 

 

Leitura errada da religião

São países que têm essa situação de perseguição, mas, pessoalmente, a gente sabe que não é questão de religião. Embora tenha uma leitura errada da religião, porque quem mata um cristão ou se faz explodir é mártir, como se fizesse uma coisa boa para Deus na interpretação radical do Corão, que não é exata.

 

Fé e dedicação

A gente tem lá pessoas humanas, eles também se arriscam pela fé e precisam de assistência. A gente não pode pensar só em salvar a própria vida e certamente, eu digo isso, os missionários que estão lá estão lá por fé e dedicação. É uma missão que realmente comporta riscos. Como na África o maior risco para quem é missionário é a saúde, digo por experiência. Mas se tem todo esse risco, porque estão lá? É o amor de Deus, para servir, para ajuda.

 

Atendimento religioso e social

Nós temos nesses países não só questão da religião. Eles são pobres que precisam de evangelização, de pastoral, de visita, de consolo, de assistência, mas a pobreza é muito grande, é uma região pobre das Filipinas, não há recursos. Então, atende-se nos dois campos, social e religioso. É muito trabalho. Em certo aspecto até mais o social do que o religioso.

 

O trabalho social é aberto a todos. Por exemplo, o nosso centro de saúde onde atuam voluntários, médicos da cidade, vem pessoas do povoado, das montanhas em volta, colinas. Ninguém pergunta se é cristão ou não, vem por motivo de saúde e são assistidos. No social é a pessoa.

 

Perseguição aos cristãos no mundo

Em agosto a Igreja celebrou o dia de oração pelos cristãos perseguidos, no dia 6. <Clique aqui> para saber mais. 

 

 

Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana

Matéria publicada na edição de setembro de 2019 do Jornal da Comunidade (JC), da Arquidiocese de Londrina

 

“Tudo por amor e nada fora do amor” (Madre Leônia Milito)

 

Ajude a missão das Irmãs Claretianas de Madre Leônia a ajudar povos carentes em Moçambique na África.

 

Chá beneficente – Eis me aqui Moçambique

Data: 24/08 (sábado)
Horário: 14h às 17h45
Local: Espaço Dom Bosco – Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (Decanato Centro)
Endereço: Rua Dom Bosco, 55 (esquina com Av. Maringá)
Informações: (43) 3339-0808 / 3337-7175 ou  pelo Whatsapp (43) 99673-8611

 

 

 

Entre os dias 1 e 6 de julho, acadêmicos de três campi da PUCPR participam de ações voluntárias que visam construir uma sociedade mais justa e fraterna

 

Neste ano, acontece a 11ª Edição da Missão Universitária Irmão Henri Vergés. Entre os dias 1 e 6 de julho, acadêmicos da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR), Câmpus de Londrina, Maringá e Toledo estarão na cidade de Jesuítas (PR) para compartilharem experiências de fé, solidariedade, espiritualidade. Ao todo serão 45 estudantes que estarão em Jesuítas durante alguns dias do período de férias acadêmicas. Eles serão divididos em grupos e irão participar de diversas atividades junto às instituições sociais e educacionais do município.

 

“Para desenvolver este projeto partimos da convicção de que o jovem universitário possui grande dinamismo e vontade de construir um mundo diferente daquele no qual se insere”, destaca o analista de Pastoral da PUCPR de Toledo, Alcione José Feix. “Essa vontade de transformação revela um ímpeto de querer envolver-se em experiências humanitárias que o desafiem a superar cada vez mais as suas limitações culturais e históricas”, completa.

 

A Missão Universitária Irmão Henri Vergès propõe ser uma experiência propulsora de reflexão sobre a dignidade humana que visa a educação para a vida e para os valores sociais. Sua principal motivação está na possibilidade de desenvolvimento de ações com a aplicação dos conhecimentos acadêmicos. Os alunos passam por um processo de seleção e 15 são selecionados entre os candidatos. Em Maringá, o maior grupo é o dos alunos do curso de Direito e os participantes têm entre 17 e 21 anos.

 

Para Marcos Tonassi, analista de Pastoral da PUCPR em Londrina, a experiência é marcante porque coloca os jovens em contato com uma realidade desconhecida para eles. O destino é escolhido para que as comunidades mais necessitadas recebem apoio, por isso ao chegar eles realizam diferentes trabalhos como ações de conscientização, visitas às famílias e apoiam ações solidárias da própria comunidade. “O envolvimento com as atividades, com outras pessoas de diferentes idades e realidades sociais, ajuda a moldar o caráter com uma postura mais solidária, mais humana. Ao retornarem da missão muitos se tornam líderes em suas comunidades, nas atléticas, centros acadêmicos e multiplicam essa nova visão de mundo”, avalia.

 

Os alunos irão ministrar palestras em escolas municipais e estaduais, visitar algumas famílias, realizar atividades com as crianças na praça e com os idosos em parceria com o CRAS, entre outras iniciativas. O grupo ficará hospedado na Paróquia Santo Inácio de Loyola, base para as ações comunitárias da missão.

PUCPR

 

Fotos Gustavo Ciolli

A arquidiocese sediou no domingo, dia 16 de junho, a assembleia do Conselho Missionário Provincial (COMIPRO), reunindo os conselhos missionários das dioceses que compõem a Província Eclesiástica de Londrina: Londrina, Jacarezinho e Apucarana.

 

No encontro, com participação de 50 pessoas, o coordenador do Conselho Missionário Regional (COMIRE), Odaril José da Rosa, apresentou as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2019 – 2023, aprovadas na 57ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida, no início de maio.

Cada diocese também apresentou os projetos missionários desenvolvidos nas suas comunidades.

 

PASCOM Arquidiocesana

 

 

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Fotos Marcio Vendrametro

Cerca de 800 pessoas participaram no domingo, dia 26 de maio, da concentração da Infância e Adolescência Missionária (IAM) da arquidiocese. A concentração foi no Santuário de Nossa Senhora Aparecida na Vila Nova.

O encontro abriu as comemorações do Jubileu dos 25 anos da IAM na arquidiocese. Também foi feito o envio da cruz missionária que vai percorrer todas as paróquias em comemoração ao ano jubilar do IAM. A missa de encerramento foi presidida pelo arcebispo dom Geremias.

PASCOM Arquidiocesana

 

Fotos Egon Silva

 

 

 

 

Irmã Elza Brogeato, missionária xaveriana no Chade (África) conta sobre o interesse da juventude na conversão ao cristianismo e os desafios de evangelizar em um país de maioria mulçumana

Considerado um dos países mais pobres da África e de maioria mulçumana, a República do Chade, na região Centro-Norte africana, está vivendo um aumento da população cristã, principalmente católica, um fenômeno que vem se replicando pelo continente africano, segundo o Anuário Pontifício 2018 (leia mais na página 10). Mas também tem sido motivo de preocupação pelas religiosas e padres missionários que atuam no país.

“A preocupação é como acompanhar esse pessoal que está se batizando. Quando eram menos pessoas, o acompanhamento era mais adequado, individual”, comentou a irmã Elza Brogeato, Xaveriana Missionária de Maria. A espiritualidade da população ainda é arraigada nas crenças dos antepassados de espíritos malignos e feitiçarias.

Por isso, no Chade, para ser batizada, a pessoa tem que passar por quatro anos de preparação. “Não se batiza crianças. Só a partir dos 12 anos, porque o ambiente lá ainda não é cristão. Como batizar uma criança se o pai ainda é totalmente envolvido na cultura deles? Então vai ser devagar”, disse a irmã.

Irmã Elza é missionária desde 2012 na comunidade de Beren, distante 400km da capital Jamena. Ela já esteve em missão lá em 1991 e 2004. De férias em Londrina, a missionária conversou com o JC sobre a sua missão e os desafios de evangelizar em um lugar tão diferente da realizada brasileira. 

Ela conta que há pouco tempo eram adultos e idosos que queriam ser batizados. Em média 30 batizados por ano. Hoje, são jovens. “Este ano, 500 jovens se inscreveram para fazer o catecumenato”, disse.  Eles fazem catequese nos vilarejos e sessões de formação nas paróquias. A catequese também é diferente do método brasileiro. “É uma catequese diferente, pela tradição oral. Proclama-se o Evangelho ou quando eles sabem ler o Evangelho é lido, a Palavra é refletida e pensada como vivenciar. Lá é tudo rude, tudo direto”, relata a irmã. O batizado ocorre no Sábado de Aleluia.

Outro fenômeno que está ocorrendo no Chade é a ida de protestantes para a Igreja Católica. “Cada missa, o padre apresenta uns dois ou três protestantes que estão vindo para a Igreja

Católica. Também há os católicos que mudaram para os 

protestantes e agora estão voltando”, comentou.

As religiosas ainda não conseguiram identificar o que tem fomentado essa busca pela fé cristã.

 

Uma realidade totalmente diferente

O pequeno país africano vive da agricultura e, recentemente, começou a exploração de petróleo. As condições climáticas, falta de infraestrutura e a cultura ainda freiam o desenvolvimento do país.

Ao longo do ano são oito meses sem chuva, energia elétrica ainda não chegou aos povoados e a população ainda acredita que uma pessoa bem-sucedida é um “comedor de almas”.

A irmã Elza Brogeato, Xaveriana Missionária de Maria, afirma que a realidade cultural no país é tão diferente da brasileira ou européia que há até uma certa dificuldade de entender o conceito de pobreza.  Ela conta que quando as Irmãs de Madre Tereza, que trabalham com os pobres mais pobres, chegaram no país, tinham dificuldade de identificar quem eram esses pobres.

“Tem que olhar pela cultura. Uma mulher que não tem filhos não vale nada. É excluída. Uma pessoa que tenha alguma deficiência física também é excluída e é taxada de feiticeira. Quando sentem essa etiqueta aí é que está a pobreza. É outro estilo, não é a aparência”, explica irmã Elza.

As crenças também dificultam o crescimento financeiro pessoal. “Quando alguém melhora de vida, eles dizem que a pessoa é feiticeiro “comedor de almas”, por isso ele ficou rico. Daí as pessoas têm medo”, conta a irmã.

Essa é uma questão difícil dos missionários abordarem. “A gente respeita, porque é inútil falar. Eles são amarrados com essas ideias, mesmo as pessoas que foram para universidade. Isso só vai mudar quando eles forem se aprofundando no cristianismo”, afirma a missionária.

Outro ponto que também emperra a evolução pessoal, segundo a irmã, é que quem é funcionário e ganha salário também precisa sustentar a família toda – pai, mãe, filhos, esposas, sobrinhos. “Eles são atormentados pela família e isso não estimula o crescimento da pessoa. Cria barreiras”, diz a missionária. 

Apesar de ser um país de maioria mulçumana, irmã Elza afirma que a convivência com eles é tranquila e respeitosa. Eles convidam as missionárias para suas festas religiosas e participam das celebrações especiais das irmãs. 

 

Aline Machado Parodi
Pascom Arquidiocesana

Reportagem publicada na edição de abril de 2019 no Jornal da Comunidade (JC).

Fotos: Arquivo Pessoal

No domingo, dia 26 de agosto, foi realizada a 19° Festa Missionária em Ibiporã. O dia festivo iniciou com a Santa Missa na Paróquia Nossa Senhora da Paz, presidida por dom Pedro Zilli, bispo brasileiro na Diocese de Bafatá, Guiné Bissau, na África.
Nesta missa, o padre missionário do PIME Mateus Didonet foi enviado em missão para a Índia. Após a Missa, foi servido o tradicional almoço “Fogo de chão”. Toda arrecadação do almoço foi em prol das missões na África.

PASCOM Arquidiocesana

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Fotos Vilson Oliveira

 

 

Os participantes do 4º Congresso Missionário Nacional aprovaram no final do evento, na manhã deste domingo, 10, uma mensagem enviada às Comunidades eclesiais do Brasil. Na mensagem, os congressistas reafirmam o compromisso com uma Igreja sinodal, de comunhão e em saída, que leva a alegria do Evangelho a todos os povos.

“Impulsionados pela Santíssima Trindade, viveremos esta nossa vocação na sinodalidade e na comunhão, comprometidos com a Igreja em saída que promove o encontro e anuncia a alegria do Evangelho a todos”, diz um dos trechos da mensagem.

Organizado pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM), em parceria com a Comissão Episcopal Pastoral para Animação Missionária da CNBB e a arquidiocese de Olinda e Recife, o Congresso teve início na quinta-feira, 7, em Recife (PE), e reuniu 700 pessoas de todo o Brasil. Leia, abaixo, a íntegra da mensagem.

confresso nacional pom

 


MENSAGEM DO 4º CONGRESSO MISSIONÁRIO NACIONAL ÀS COMUNIDADES ECLESIAIS DO BRASIL

Vocês serão minhas testemunhas até os confins da terra (cf. At 1,8).

Reunidos no 4º Congresso Missionário Nacional, de 7 a 10 de setembro de 2017, no Colégio Damas, em Recife (PE), nós, os 700 missionários e missionárias, vindos de todas as regiões do Brasil, fomos fortemente desafiados a testemunhar “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída”. A Arquidiocese de Olinda e Recife, com calorosa e fraterna acolhida, levou nosso Congresso para as ruas, antes mesmo de ele ser aberto, com a realização da Semana Missionária, nos seus oito vicariatos, atitude pioneira que enriqueceu nosso encontro. Seremos sempre agradecidos a esta Arquidiocese pela generosidade e disponibilidade que nos dispensou, nesses dias, no autêntico espírito de serviço amoroso e gratuito.

Aprendemos com o Papa Francisco que “a alegria é o bilhete de identidade do cristão”. Essa alegria foi o espírito que marcou os quatro dias em que estivemos juntos. Ela nasce do Evangelho que liberta e salva; expressa-se na sinodalidade e na comunhão que impulsionam a vida e a missão da Igreja; anima o testemunho e o profetismo que, a partir da cruz de Cristo, apontam para o nosso compromisso de discípulos missionários e missionárias.

Contemplar a realidade com o olhar de discípulo missionário
O exemplo dos mártires e profetas, como Dom Helder Câmara, ajudou-nos a olhar para o Brasil, mergulhado numa profunda crise que fere, no coração e na alma, a nós e a tantos irmãos e irmãs empobrecidos, excluídos e descartados.

Como se estivesse anestesiada, a população brasileira assiste ao fortalecimento de políticas neoliberais que retiram direitos e agravam a situação dos trabalhadores/as, dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores e dos que vivem em outras periferias geográficas e existenciais. As reformas trabalhista, previdenciária, política e da educação, bem como a retomada das privatizações mostram que o governo e o Congresso Nacional viraram as costas ao povo. A corrupção e a falta de ética, que atingem tanto a classe política, quanto empresarial e outros setores da sociedade, têm levado o desencanto e a desesperança aos brasileiros e brasileiras.

Causam-nos indignação a devastação da Amazônia, a degradação da natureza e a violência que ceifa a vida de lideranças, como o assassinato do casal Terezinha Rios Pedrosa e Aloísio da Silva Lara, ocorrido no Mato Grosso nesta semana, e o massacre de indígenas, em agosto deste ano, no Vale do Javari, Amazonas, divulgado enquanto acontecia o Congresso. O decreto do governo que extingue a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) é um duro golpe nos direitos dos povos indígenas e no bioma amazônico.

Essa realidade, longe de nos desanimar, cobra-nos uma ação missionária vigorosa, transformadora, libertadora. Revigorados pelo espírito da Conferência de Medellín que, há 50 anos, deu à Igreja Latino-americana o rosto de uma Igreja em saída, pobre, missionária e pascal, somos motivados a vencer a tentação da indiferença, do comodismo, do desencanto, do desânimo e do clericalismo presentes em muitas de nossas comunidades. Somos guiados pela fé e pela esperança cristãs capazes de reacender, no coração de todos, a chama do amor pela vida, pela justiça e pela paz.

Discernir os caminhos da missão que gera alegria
A palavra de Deus é luz, sabedoria e força que nos tornam discípulos missionários e missionárias ousados e criativos, mais capazes de colaborar com a transformação de estruturas caducas e a construção de uma nova sociedade, que seja sinal do Reino de Deus em nosso meio. Os documentos da Igreja são também fonte salutar que nos ajudam a compreender melhor a natureza missionária da Igreja. Nesse particular, destacamos as palavras e gestos do Papa Francisco, base do conteúdo deste Congresso. É surpreendente como ele se coloca à nossa frente, a passos largos e rápidos. Ele é, verdadeiramente, um profeta missionário que nos anima na caminhada.

A missão constitui verdadeiro kairòs, tempo propício de salvação na história. Somos provocados a sair de nós mesmos, deixar nossa terra, tirar as sandálias para “pisar” o solo sagrado do outro, como hóspedes, aqui e além-fronteiras. A proximidade e a reciprocidade levam ao encontro com o outro que faz contemplar o horizonte escatológico do Reino de Deus.

Na missão, animam-nos o testemunho e o profetismo de tantas mulheres e homens que encontraram sua alegria no Evangelho e a partilharam com os prediletos de Deus na radicalidade da doação de sua vida. Os profetas e mártires são exemplo de coragem e de fidelidade a Cristo e ao Evangelho até o extremo de entregar a própria vida: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15, 13). Sustentados pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, os missionários e missionárias têm, hoje e sempre, a responsabilidade de não deixar morrer a profecia, lembrando que “o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”.

Na missão, Aquele que chama e envia, bem como a mensagem enviada e seu destinatário são maiores que o enviado, isto é, o missionário. Sem este, no entanto, não há quem seja enviado e a mensagem do amor de Deus não chega a seus destinatários. O missionário, porém, só cumpre autenticamente a missão se caminhar junto com outros missionários, vencendo a tentação do monopólio da Boa Nova, reconhecendo a riqueza da unidade na diversidade e ultrapassando os estreitos limites da Igreja particular para lançar-se ao mundo. No cumprimento da missão, os evangelizadores se lembrem de que sua alegria não está nos prodígios que possam realizar, no sucesso que venham a alcançar, mas em saber que seus nomes estarão inscritos na “memória afetiva de Deus” por terem sido fieis mensageiros do Evangelho (cf. Lc 10,17-20).

Comprometer-se com Jesus Cristo e o Reino de Deus para uma Igreja sem saída
O 4º Congresso Missionário Nacional foi o encontro de irmãs e irmãos que partilharam sua fé, suas lutas, suas angústias, seus sonhos, suas esperanças. Durante todo o tempo, sentimos agir em nós o Espírito Santo, protagonista da missão, reforçando nossa convicção de que ser missionário é uma graça e uma responsabilidade. Por isso, renovamos nosso compromisso com a Infância e Adolescência Missionária e com a Juventude Missionária, em união com as demais expressões juvenis, a fim de que crianças, adolescentes e jovens sejam protagonistas da missão onde quer que estejam.

Reafirmamos a vocação dos cristãos leigos e leigas como sujeitos na missão. Confirmamos o testemunho das consagradas e consagrados, dos seminaristas, dos ministros ordenados – diáconos, padres e bispos – que cada vez mais assumem a missão como resposta ao chamado de Deus. Impulsionados pela Santíssima Trindade, viveremos esta nossa vocação na sinodalidade e na comunhão, comprometidos com a Igreja em saída que promove o encontro e anuncia a alegria do Evangelho a todos. Assumimos a tarefa de apostar, cada vez mais, nos espaços que nos ajudam a ser uma Igreja sinodal, fortalecendo os organismos e conselhos missionários em todas as instâncias.

Para a vivência da missionariedade é imprescindível a atitude da escuta. Contribui para isso a formação missionária contínua que alimenta nossa espiritualidade, cria a cultura da missão e contribui para que todos os batizados assumam sua vocação missionária. Assim, onde estivermos iremos ecoar o refrão que ficou gravado em nossos corações: “Tudo com missão, nada sem missão”.

Deixemos arder em nosso peito o apelo do Papa Francisco: “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! (…) Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’ (Mc 6, 37)” (EG, 49).

Maria, Mãe Aparecida, comunicadora da alegria do Evangelho, caminhe conosco!

Recife, 10 de setembro de 2017 
Participantes do 4º Congresso Missionário Nacional.


A Arquidiocese de Londrina esteve representada pelas delegadas da SMP e Comidi: Ir. Dirce Gomes  Silva, Lucidalva Maria Martiniti, Ir. Maria do Carmo pela Congregação Claretiana e  Ir. Catarina da Silva, Xaveriana convidada pela organização do congresso.

“O 4° Congresso Missionário Nacional teve como objetivo impulsionar os batizados para uma Igreja em Saída no anúncio da alegria do Evangelho, através das conferências e oficinas foi um momento para confirmar e revitalizar nosso seguimento a Jesus Cristo a serviço de uma Igreja em saída. Foi um ensaio sinodal cujo marco foi o Papa Francisco. A comunhão não se esgota ela gera missão. Retorno consciente de que: se o coração não arder os pés não andam, que a missão se faz de forma circular. Por outro lado, inquieta de como ser uma Igreja em estado permanente de missão a partir dos desafios do mundo urbano. Missão na cidade” comenta Ir. Dirce.

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Participantes do Regional sul 2 no 4° Congresso Missionário Nacional.

[dropcap]E[/dropcap]ntre os dias 4 a 13 de agosto, a Paróquia Cristo Bom Pastor (Lindóia), no Decanato Ibiporã realizou sua semana missionária. Na sexta-feira (04) aconteceu Missa Solene de abertura da Semana Missionária presidida pelo pároco Pe. Francisco José Leite Jacó, CSJ. No sábado (05) foi o dia da compaixão, onde aconteceram visitas missionárias às casas das famílias do Conj. Lindóia. No domingo (06), foi o dia dedicado a ternura por meio da continuação a visita das casas das famílias.

Na segunda-feira (07) a paróquia viveu a mobilização pela paz pela visitação ao comércio local e às escolas. E, às 20h aconteceu a celebração da paz na Paróquia Cristo Bom Pastor. No dia (08), a paróquia celebrou o dia da vida e da saúde, das 6h às 7h foi oferecido um café aos pacientes/acompanhantes em frente ao posto de saúde do bairro. E, às 16h foi celebrada a santa missa na intenção dos enfermos, com a ministração do sacramento da Unção dos Enfermos. Às 20 h aconteceu uma procissão com os padroeiros de cada Grupo Bíblico de Reflexão saindo dos setores, seguido da oração do terço luminoso e a coroação de Nossa Senhora no campo.

Na quarta-feira (09), foi o dia dedicado a Eucaristia, das 8h às 20h aconteceu Adoração ao Santíssimo Sacramento em uma casa de cada setor dos GBR’s. Às 20h deu-se a procissão luminosa com o Santíssimo Sacramento saindo dos setores até a Igreja Matriz para a bênção. Nesse dia foi realizado o gesto concreto da doação de alimentos não perecíveis/bíblias para às pessoas carentes da comunidade.

Na quinta-feira (10), como de costume aconteceu o dia da palavra e dos grupos bíblicos de reflexão, só que com procissão luminosa até as casas escolhidas nos setores e no final aconteceram confraternizações. Na sexta-feira (11), foi o dia da misericórdia, durante todo o dia o pároco ficou disponível para o atendimento do sacramento da penitência. Às 5h aconteceu procissão luminosa da Igreja Matriz até a Pepsi onde aconteceu celebração eucarística. E, por fim às 20h procedeu-se com a Via-Sacra em frente da Matriz.

No sábado (12), aconteceu o retiro mirim e dos jovens. No domingo (13), findou-se a Semana Missionária com o Dia da Alegria, às 9h aconteceu a abertura da Semana Nacional da Família e encerramento da Semana Missionária. Logo após, teve um café da manhã partilhado e envio dos missionários para a missão permanente.

Seminarista Caio Matheus Caldeira da Silva
Coordenador da PASCOM Arquidiocesana

A ação missionária: Missão Palavra e Pão, realizada durante o ano de 2016, envolveu toda a Igreja do Paraná no objetivo de conseguir 20.000 Bíblias para o povo da Igreja católica da Guiné Bissau. O resultado superou imensamente as expectativas. Confira a reportagem produzida pela TV Evangelizar:

 

Prezados irmãos e irmãs,
A reportagem mostra sobre a Campanha  de 20 mil Bíblias para a Africa que com a sua doação foi realizada com sucesso.
Nossa gratidão a todos que colaboraram com esse gesto concreto em favor da missão. Deus os recompense!!!
Por favor façam chegar os agradecimentos a todas os Organismos, Pastorais, movimentos e serviços pela colaboração.
Onde for possível, por favor, passem o vídeo nas igrejas para o povo, como forma de gratidão e reconhecimento a todos.
Abraços

Irmã Dirce Gomes
Assessora de Coordenação Arquidiocesana de Pastoral – Londrina Pr.
Coordenadora das Santas Missões Populares, COMIDI e Ecumenismo da Arquidiocese de Londrina