Quermesses juninas e julinas organizadas por paróquias carregam a tradição e a fé

Bandeirinhas, fogueira, comidas típicas. Junho e julho costumam trazer isto e muito mais todos os anos. O período de festas juninas e julinas são esperadas por grande parte da população e muitos destes eventos estão ligados a paróquias e comunidades. Na Arquidiocese de Londrina, dezenas promoveram e outras ainda irão realizar quermesses. Uma das mais tradicionais da região Norte do Estado é a da Paróquia Santo Antônio, em Cambé. A festa acontece desde 1930. Ano que antecede a emancipação da cidade, que aconteceu em 1947.

A festa de Cambé, assim como outras de paróquias da arquidiocese, carrega lembranças e nostalgia sobre seu desenvolvimento durante os anos. A aposentada Aparecida Pascuetto sabe bem o que é isso. Ela ajuda na organização da festividade de Santo Antônio há 58 anos e guarda boas histórias. “Trabalhei oito anos na organização da rainha e do rei da festa. Muitas crianças participavam e ganhavam aquelas que vendiam mais números. Fazíamos a coroação. Isso me marcou muito”, relembra.

Cidinha, como é conhecida, recorda que no passado as barracas eram montadas nas ruas e a alimentação era baseada em assados. “Nesta época era mais difícil, fazíamos tudo no fogo à lenha. O forte era o frango e leitoa assados. As italianas trabalhavam muito, a festa foi crescendo”, conta. Com a inauguração do centro de eventos, ao lado da igreja, as barracas passaram a funcionar dentro do novo espaço. “O centro de eventos de Cambé tem oito pavilhões e todos são usados durante o mês de junho para a festa. Ficam lotados e até falta lugar para o povo sentar”, ressalta.

Gratidão
Se autodenominando como a relações públicas do evento, ela destaca que nunca presidiu a comissão organizadora, mas sempre fez questão de ajudar. Cidinha também relata que mais atividades foram sendo incorporadas ou melhoradas no decorrer dos anos. “Temos o leilão de gado que fazíamos na praça onde atualmente é o centro de eventos. Hoje ainda está na programação, mas em outro lugar. Há uns nove anos começamos a fazer o churrasco fogo de chão que antigamente não tinha”, afirma.

Com 73 anos, e ajudando desde os 14, ela não pensa em parar de colaborar. “Não canso porque é um trabalho voluntário que faço com muito amor. Sinto a presença de Deus e sempre disse que Ele está no comando. Tenho muita gratidão à paróquia. Meus filhos foram batizados e depois casaram nela. Tenho gratidão por Santo Antônio e vou ajudar até quando Deus quiser”, projeta.

Orações
Na Paróquia Santo Antônio de Cambé, a tradicional quermesse junina é uma parte de toda festa, que em 2018 teve início no dia 31 de maio, sendo encerrada em 1º julho. A parte espiritual também é presente durante todo o mês de comemoração. Trezenário, missas e procissão fizeram parte da programação. Segundo o padre Cristiano de Jesus, pároco da paróquia, a primeira festa que aconteceu, e precisa receber atenção, é a espiritual.

“Este trezenário é um exemplo. Em 2018 refletimos sobre Santo Antônio, o santo da caridade, do amor e da família. Antes de todas as festas nós levamos o povo a meditar, no caso a vida do santo, a sua doação total a Deus e atenção aos pobres. A primeira festa que celebramos é aquela em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia”, destaca. No dia 13 de junho, dia do santo, foram vendidos 15 mil bolos, com mais de cinco mil com o recheio extra da medalha, que carrega a simbologia do casamento para os solteiros. Uma junção da devoção e da celebração. “Vi que o povo tem uma fé muito grande e bonita”.

Família
Durante o meio da semana aconteceram os momentos de oração e aos finais a festa, que ainda contou com churrasco fogo de chão e show de grupos musicais. “A confraternização e a quermesse são um prolongamento do que iniciamos na mesa da eucaristia. Muito interessante como as pessoas participam de todos os momentos e só depois começam a festa social”.

Santo Antônio é um defensor da família e do matrimônio. Hoje, nesta sociedade que difunde a cultura da não família, olhar o exemplo dele é uma oportunidade para que as famílias possam fazer uma reflexão em torno disso

O sacerdote aponta que este tipo de evento promovido pela igreja é uma maneira de reunir as famílias e reforçar a importância desta instituição para a sociedade. “Santo Antônio é um defensor da família e do matrimônio. Hoje, nesta sociedade que difunde a cultura da não família, olhar o exemplo dele é uma oportunidade para que as famílias possam fazer uma reflexão em torno disso. Para que vejam sua verdadeira vocação, de ser o sinal da presença de Deus neste mundo”, elenca ele, que participou pela primeira vez da festa à frente da paróquia.

Pedro Marconi 
JC – Pascom Arquidiocesana

FOTOS: Pascom Paróquia Santo Antônio