Os Encontros Intereclesiais das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), de acordo com o Documento 92 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) intitulado “Mensagem ao povo de Deus sobre as comunidades eclesiais de base” são definidos como patrimônio teológico e pastoral da Igreja no Brasil. Desde a realização do primeiro, em 1975, em Vitória (ES) reúnem-se diversas dioceses para troca de experiências e reflexão teológica e pastoral sobre a caminhada das CEBs. O evento congrega bispos, religiosos, assessores e animadores das comunidades.

Com o tema “CEBs e os desafios no mundo urbano” e o lema “Eu ouvi os clamores do meu povo e desci para libertá-los” (Ex 3,7), o 14º Intereclesial das CEBs ocorrerá em Londrina (PR), nos dias 23 a 27 de janeiro de 2018. O evento pretende reunir representantes de todas as regiões do Brasil, de países da América e de outros lugares para celebrar a diversidade e a beleza de viver o Evangelho de Jesus de Nazaré. Nele também se objetiva a expressão da comunhão entre os fiéis e seus pastores.

Segundo o arcebispo de Londrina, dom Geremias Steinmetz, anfitrião do próximo encontro, a iniciativa já conta com mais de duas mil pessoas inscritas. Para ele, a temática do evento, que trata a questão da realidade urbana, é necessária e urgente e, por isso, atraiu um grande número de participantes. “Hoje já temos um percentual de mais de 80% dos brasileiros vivendo em cidades, os que nelas não habitam vivem a cultura urbana de qualquer jeito, seja através da televisão, do rádio, da internet, e isso está tomando conta do nosso país”, afirma.

Para dom Geremias, a Igreja vem de encontro à temática, uma vez que quer debater junto à sociedade a questão dos direitos. “Queremos debater o assunto para que de fato o povo que vive nas cidades possa ter a sua dignidade humana respeitada e acima de tudo possa viver bem e para que isso aconteça entra a questão de uma série de direitos a ser conquistados, como é o caso do acesso à educação, ao transporte, à segurança pública, então são essas as questões que nós estamos enfrentando hoje”, complementa.

Subsídios

Rumo ao 14º Intereclesial das CEBs, o secretariado do evento apresentou os subsídios que irão animar a caminhada das comunidades em 2018. O texto-base que tem como título “CEBs e os Desafios do Mundo Urbano” é dividido no método ver, julgar e agir e, como o próprio nome indica, oferece uma reflexão sobre os desafios vividos no mundo urbano.

O primeiro capítulo do livro traz uma abordagem do processo de urbanização no Brasil, contextualizando a origem das cidades brasileiras, suas dinâmicas e culturas. No segundo capítulo, o texto-base traz uma fundamentação teológica para a ação das CEBs em relação aos desafios da cidade. Já no último capítulo são apontados os problemas mais graves ou mais urgentes pelos animadores de CEBs no Brasil, como a questão da moradia, violência, saúde, educação.

Além do texto-base, também já estão disponíveis para download o cartaz do evento, o cancioneiro e a oração que conduzirá o 14º Intereclesial. Confira no site www.cebsdobrasil.com.br.

CNBB

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A Igreja no Brasil celebra, no período de 26 de novembro de 2017 (Solenidade de Cristo Rei) à 25 de novembro de 2018, o “Ano do Laicato”. Na última reunião do Conselho Permanente deste ano, que é realizada na sede provisória da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, entre terça e quinta-feira, foram definidas ações e orientações metodológicas de como cada regional da Conferência pode se preparar para celebrar a solenidade.

O tema escolhido para animar a mística do Ano do Laicato é “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na Igreja em saída, a serviço do Reino” e o lema: “Sal da Terra e Luz do Mundo”. Segundo o bispo de Caçador (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, dom Severino Clasen, a intenção é que com a celebração possa se dar um novo impulso e estímulo aos leigos do Brasil.

“Sabemos que na Igreja há uma grande participação, intervenção e presença do laicato, mas por vezes isso é esquecido e pouco valorizado, por isso, nós como Comissão Episcopal queremos que tenhamos um período forte, um ano dedicado aos nossos queridos leigos e leigas”, afirma o bispo.

A Comissão Episcopal Especial para o Ano do Laicato organizou as atividades em quatro eixos: eventos; comunicação, catequese e celebração; seminários temáticos nos regionais e publicações.  Nos regionais da CNBB, por exemplo, as preparações para a vivência do Ano já começaram, como é o caso do Sul 2, que compõe o Estado do Paraná. O arcebispo de Londrina e vice-presidente do regional, dom Geremias Steinmetz afirmou que por lá cada diocese vai implementar ações de maneira particular.

dom geremias cnbbO bispo enfatizou também o trabalho do Conselho Regional de Leigos que, de acordo com ele, tem a supervisão do bispo emérito de Foz do Iguaçu, dom Laurindo Guizzardi e é responsável por pensar atividades para o Ano do Laicato. À nível de regional, o bispo citou ainda o 14º Intereclesial das Cebs, que acontecerá em janeiro de 2018, em Londrina (PR) e terá como um dos principais objetivos celebrar a caminhada, as conquistas e as lutas das pequenas comunidades.

“O trabalho todo é feito pelo laicato, então são certamente milhares de pessoas que nesse sentido estão no trabalho da evangelização, levando para frente esse tema tão interessante do Ano do Laicato que é exatamente o leigo, colocando-o como sujeito eclesial em que eles vão assumindo a responsabilidade, assumindo também o discernimento da fé acompanhados pelos pastores. Eles estão assumindo o ‘ser igreja’ em que são sujeitos eclesiais”, finalizou dom Geremias.

Igreja em saída

dom belisario
Dom José Belisário da Silva

No regional Nordeste 5, correspondente ao Estado do Maranhão, do qual o arcebispo do Maranhão, dom José Belisário da Silva é presidente, o Ano do Laicato será focado na questão da Igreja missionária. “Nós vamos focar na importância do leigo no mundo, pois aonde ele está, ele deve testemunhar os valores do evangelho”, afirmou o bispo. Dom Belisário considerou ainda que o Ano do Laicato será sugestivo para o regional, uma vez que irá pautá-los em várias atividades nas quais deverão ter a marca dos leigos.

“Na história da Igreja do Brasil realmente nós não podemos desconhecer a importância da família e do leigo e da leiga, pois sem a família e sem o leigo a Igreja desapareceria, então para a transmissão da fé a gente tem que realmente levar em consideração que os leigos são importantíssimos”, finalizou o bispo.  

“Apesar de tudo, é preciso vencer a tentação do desânimo”, afirma CNBB em Nota sobre momento nacional

Por meio de nota, divulgada nesta quinta-feira, 26, em coletiva de imprensa na sede provisória da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), a presidência da CNBB manifestou mais uma vez sua apreensão e indignação com a grave realidade político-social vivida pelo país, que afeta tanto a população quanto as instituições brasileiras. No texto, a entidade repudia a falta de ética que se instalou nas instituições públicas, empresas, grupos sociais e na atuação de inúmeros políticos que “traindo a missão para a qual foram eleitos, jogam a atividade política no descrédito”.

A Conferência criticou também a apatia e o desinteresse pela política, que cresce cada dia mais no meio da população brasileira, inclusive nos movimentos sociais. Apesar de tudo, a entidade diz que é preciso vencer a tentação do desânimo, pois só uma reação do povo, consciente e organizado, no exercício de sua cidadania é capaz de purificar a política e a esperança dos cidadãos que “parecem não mais acreditar na força transformadora e renovadora do voto”.

Confira, abaixo, a nota na íntegra:

Nota da CNBB sobre o atual momento político

“Aprendei a fazer o bem, buscai o que é correto, defendei o direito do oprimido” (Is 1,17)

 A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através de seu Conselho Permanente, reunido em Brasília de 24 a 26 de outubro de 2017, manifesta, mais uma vez, sua apreensão e indignação com a grave realidade político-social vivida pelo País, afetando tanto a população quanto as instituições brasileiras.

Repudiamos a falta de ética, que há décadas, se instalou e continua instalada em instituições públicas, empresas, grupos sociais e na atuação de inúmeros políticos que, traindo a missão para a qual foram eleitos, jogam a atividade política no descrédito. A barganha na liberação de emendas parlamentares pelo Governo é uma afronta aos brasileiros. A retirada de indispensáveis recursos da saúde, da educação, dos programas sociais consolidados, do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), do Programa de Cisternas no Nordeste, aprofunda o drama da pobreza de milhões de pessoas. O divórcio entre o mundo político e a sociedade brasileira é grave.

A apatia, o desencanto e o desinteresse pela política, que vemos crescer dia a dia no meio da população brasileira, inclusive nos movimentos sociais, têm sua raiz mais profunda em práticas políticas que comprometem a busca do bem comum, privilegiando interesses particulares. Tais práticas ferem a política e a esperança dos cidadãos que parecem não mais acreditar na força transformadora e renovadora do voto. É grave tirar a esperança de um povo. Urge ficar atentos, pois, situações como esta abrem espaço para salvadores da pátria, radicalismos e fundamentalismos que aumentam a crise e o sofrimento, especialmente dos mais pobres, além de ameaçar a democracia no País.

Apesar de tudo, é preciso vencer a tentação do desânimo. Só uma reação do povo, consciente e organizado, no exercício de sua cidadania, é capaz de purificar a política, banindo de seu meio aqueles que seguem o caminho da corrupção e do desprezo pelo bem comum. Incentivamos a população a ser protagonista das mudanças de que o Brasil precisa, manifestando-se, de forma pacífica, sempre que seus direitos e conquistas forem ameaçados.

Chamados a “esperar contra toda esperança” (Rm 4,18) e certos de que Deus não nos abandona, contamos com a atuação dos políticos que honram seu mandato, buscando o bem comum.

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, anime e encoraje seus filhos e filhas no compromisso de construir um País justo, solidário e fraterno.

Brasília, 26 de outubro de 2017

cada comunidade uma nova vocacao

A Igreja do Paraná, atenta à indicação de Jesus: “Pedi ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe” (Mt 9,38), iniciará uma ação evangelizadora inédita em prol de vocações para a Igreja.

A proposta é que cada comunidade, e são mais de 9.000 no Paraná, coloque-se em oração, como um único corpo, pedindo ao Senhor, por intercessão de Nossa Senhora, uma nova vocação para a Igreja.

A vocação para o sacerdócio, a vida consagrada, a família, a missão… é um dom concedido somente por Deus, mas também é fruto da comunidade que reza. O Papa Francisco acredita nisso: “Jesus nos disse que o primeiro método para obter vocações é a oração e nem todos são convencidos disso”. Além da oração, outro elemento essencial é o testemunho. Os jovens precisam ver testemunhos bonitos de pessoas que se dedicam inteiramente ao Senhor com alegria, para que possam se sentir motivados a apostar sua vida nesse mesmo caminho. “É verdade que o jovem sente o chamado do Senhor, mas o chamado é concreto e, na maioria das vezes, é: Quero me tornar como ele ou ela. Existem testemunhos que atraem os jovens. Os testemunhos dos bons sacerdotes e das boas religiosas”, disse também o Papa Francisco.

Desta forma, a Ação Evangelizadora: Cada comunidade uma nova vocação vai se desenvolver a partir de dois eixos:

1º Rezar pelas vocações: Em todos os encontros/reuniões da Igreja começar ou terminar com uma dezena do rosário pelas vocações. Ex. Assembleias dos Bispos, Reuniões de Clero, Conselhos de Pastoral, Encontros da Catequese, Movimentos e Organismos… É importante recordar às pessoas a intenção da oração: pelas vocações.

– Evangelizar pelas Redes Sociais. Publicar vídeos breves, densos de vida cristã-presbiteral-religiosa-laical (todas as vocações) nos meios de comunicação, interagindo com os Regionais, Arqui/Dioceses, Paróquias, Pastorais, Movimentos Eclesiais etc.

Essa iniciativa já foi acolhida, com entusiasmo, por todos os bispos do Regional Sul 2 e terá o seu marco inicial na próxima Quinta-feira Santa (dia da instituição do sacerdócio), 29 de março de 2018, passando pelo Sínodo, tendo na Jornada Mundial da Juventude (22 e 27 de janeiro de 2019, no Panamá) um momento forte, e um aprofundamento no Ano Vocacional de 2019 juntamente com o Congresso Vocacional Nacional e indo além, sem ter uma data oficial de fechamento.

Em breve, será lançado um site oficial e cada comunidade receberá materiais para a animação dessa Ação. Contamos com a sua oração e ajuda para que essa Ação Evangelizadora gere frutos sem precedentes para a vida Igreja!

Confira, no vídeo abaixo, uma breve apresentação da Ação evangelizadora: Cada comunidade uma nova vocação.

Confira também uma apresentação mais completa, realizada no dia 28 de junho para os religiosos que participavam de um evento da vida consagrada, em Curitiba (PR).

Regional Sul 2

No Colégio Dom Bosco, em Brasília-DF entre os dias 07 a 09 de setembro de 2017, aconteceu II Encontro Nacional de Revitalização da Pastoral Juvenil da CNBB. O encontro contou com a participação de cerca de 300 pessoas. Os jovens e assessores tiveram a oportunidade de ver a caminhada da juventude nos diversos regionais, e a partir da realidade juvenil diagnosticar o caminho percorrido até aqui. As Santas Missões Populares Jovem, nosso Setor Juvenil, estava representado pelo Diácono Dirceu Júnior dos Reis (assessor e coordenador arquidiocesano), Guilherme Woitas (vice coordenador arquidiocesano) e Ivan Taiatele (formador arquidiocesano).

encontro nacional juventude
Diácono Dirceu, Guilherme e Ivan (Arquidiocese de Londrina)

Em muitos regionais a força jovem sustenta os trabalhos. Foram discutidos também a importância da vocação ao Ministério da Assessoria, perfil dos assessores adultos e o investimento nas causas da Juventude. Constatou-se que essas linhas de ação ainda são uma urgência Pastoral e o Doc. 85 que está completando 10 anos de história precisa ser um livro de cabeceira para quem realiza esse trabalho de acompanhamento juvenil. Foram divididos os grupos por regionais para debater e suscitar as novas propostas nas áreas: social, ecológica e políticas públicas. Dom Vilsom Basso, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, deu as orientações práticas, destacou também o tema da Campanha da Fraternidade em 2019 sobre as Políticas Públicas e lançou desafios que incentivam, iluminam e animam a evangelização da juventude.

Entre as propostas levantadas pelo Regional Sul 2 estavam a criação de um conselho da juventude envolvendo o estudo e a presença da Igreja também nesses espaços para buscar melhorias; proporcionar aos jovens mais oportunidades para estudar a Doutrina Social da Igreja, para incentivar que gostem de política e também para que entendam a diferença entre política e “politicagem”; e a realização anual do “Mês Verde”, uma grande oportunidade do Setor Juvenil de todas as arquidioceses e dioceses realizarem ações sobre a relação da juventude com o Mãe Terra. O II Encontro Nacional de Revitalização da Pastoral Juvenil da CNBB foi um momento muito especial para nossa caminhada na Arquidiocese de Londrina. Uma grande alegria para todos  foi perceber que nossa arquidiocese está caminhando com a CNBB e tem sido sinal de luz e esperança para dioceses que iniciam a reestruturação do Setor Juvenil.

Louvamos a Deus pelo nosso arcebispo, Dom Geremias Seteinmetz, pelos decanos, párocos, coordenadores arquidiocesanos, decanais e paroquiais que juntos estão construindo um novo tempo de evangelização da juventude alimentada pelo encontro, alegria, fé e missão. Nossa gratidão pela representação em Brasília -DF por meio do Diácono Dirceu, Guilherme Woitas e Ivan Taiatele,

Santas Missões Populares Jovem – SMP Jovem
ARQUIDIOCESE DE LONDRINA – Setor Juvenil

 

O episcopado brasileiro, reunido em sua 55ª Assembleia Geral, em Aparecida (SP), emitiu nessa última quinta feira (03/05) uma Nota Oficial sobre o momento que o Brasil atravessa nos últimos tempos. A Nota destaca que o Brasil é “um País perplexo diante de agentes públicos e privados que ignoram a ética e abrem mão dos princípios morais, base indispensável de uma nação que se queira justa e fraterna”. No texto, os bispos advertem: “Urge retomar o caminho da ética como condição indispensável para que o Brasil reconstrua seu tecido social. Só assim a sociedade terá condições de lutar contra seus males mais evidentes: violência contra a pessoa e a vida, contra a família, tráfico de drogas e outros negócios ilícitos, excessos no uso da força policial, corrupção, sonegação fiscal, malversação dos bens públicos, abuso do poder econômico e político, poder discricionário dos meios de comunicação social, crimes ambientais”.

 

Confira na íntegra a nota da CNBB:

 

O GRAVE MOMENTO NACIONAL

 

“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33)

 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil–CNBB, por ocasião de sua 55ª Assembleia Geral, reunida em Aparecida-SP, de 26 de abril a 5 de maio de 2017, sente-se no dever de, mais uma vez, apresentar à sociedade brasileira suas reflexões e apreensões diante da delicada conjuntura política, econômica e social pela qual vem passando o Brasil. Não compete à Igreja apresentar soluções técnicas para os graves problemas vividos pelo País, mas oferecer ao povo brasileiro a luz do Evangelho para a edificação de “uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação” (Bento XVI – Caritas in Veritate, 9).

O que está acontecendo com o Brasil? Um País perplexo diante de agentes públicos e privados que ignoram a ética e abrem mão dos princípios morais, base indispensável de uma nação que se queira justa e fraterna. O desprezo da ética leva a uma relação promíscua entre interesses públicos e privados, razão primeira dos escândalos da corrupção. Urge, portanto, retomar o caminho da ética como condição indispensável para que o Brasil reconstrua seu tecido social. Só assim a sociedade terá condições de lutar contra seus males mais evidentes: violência contra a pessoa e a vida, contra a família, tráfico de drogas e outros negócios ilícitos, excessos no uso da força policial, corrupção, sonegação fiscal, malversação dos bens públicos, abuso do poder econômico e político, poder discricionário dos meios de comunicação social, crimes ambientais (cf. Documentos da CNBB 50– Ética, Pessoa e Sociedade – n. 130)

O Estado democrático de direito, reconquistado com intensa participação popular após o regime de exceção, corre riscos na medida em que crescem o descrédito e o desencanto com a política e com os Poderes da República cuja prática tem demonstrado enorme distanciamento das aspirações de grande parte da população. É preciso construir uma democracia verdadeiramente participativa. Dessa forma se poderá superar o fisiologismo político que leva a barganhas sem escrúpulos, com graves consequências para o bem do povo brasileiro.

É sempre mais necessária uma profunda reforma do sistema político brasileiro. Com o exercício desfigurado e desacreditado da política, vem a tentação de ignorar os políticos e os governantes, permitindo-lhes decidir os destinos do Brasil a seu bel prazer. Desconsiderar os partidos e desinteressar-se da política favorece a ascensão de “salvadores da pátria” e o surgimento de regimes autocráticos. Aos políticos não é lícito exercer a política de outra forma que não seja para a construção do bem comum. Daí, a necessidade de se abandonar a velha prática do “toma lá, dá cá” como moeda de troca para atender a interesses privados em prejuízo dos interesses públicos.

Intimamente unida à política, a economia globalizada tem sido um verdadeiro suplício para a maioria da população brasileira, uma vez que dá primazia ao mercado, em detrimento da pessoa humana e ao capital em detrimento do trabalho, quando deveria ser o contrário. Essa economia mata e revela que a raiz da crise é antropológica, por negar a primazia do ser humano sobre o capital (cf. Evangelii Gaudium, 53-57). Em nome da retomada do desenvolvimento, não é justo submeter o Estado ao mercado. Quando é o mercado que governa, o Estado torna-se fraco e acaba submetido a uma perversa lógica financista. Recorde-se, com o Papa Francisco, que “o dinheiro é para servir e não para governar” (Evangelii Gaudium 58).

O desenvolvimento social, critério de legitimação de políticas econômicas, requer políticas públicas que atendam à população, especialmente a que se encontra em situação vulnerável. A insuficiência dessas políticas está entre as causas da exclusão e da violência, que atingem milhões de brasileiros. São catalisadores de violência: a impunidade; os crescentes conflitos na cidade e no campo; o desemprego; a desigualdade social; a desconstrução dos direitos de comunidades tradicionais; a falta de reconhecimento e demarcação dos territórios indígenas e quilombolas; a degradação ambiental; a criminalização de movimentos sociais e populares; a situação deplorável do sistema carcerário. É preocupante, também, a falta de perspectivas de futuro para os jovens. Igualmente desafiador é o crime organizado, presente em diversos âmbitos da sociedade.

Nas cidades, atos de violência espalham terror, vitimam as pessoas e causam danos ao patrimônio público e privado. Ocorridos recentemente, o massacre de trabalhadores rurais no município de Colniza, no Mato Grosso, e o ataque ao povo indígena Gamela, em Viana, no Maranhão, são barbáries que vitimaram os mais pobres. Essas ocorrências exigem imediatas providências das autoridades competentes na apuração e punição dos responsáveis.

No esforço de superação do grave momento atual, são necessárias reformas, que se legitimam quando obedecem à lógica do diálogo com toda a sociedade, com vistas ao bem comum. Do Judiciário, a quem compete garantir o direito e a justiça para todos, espera-se atuação independente e autônoma, no estrito cumprimento da lei. Da Mídia espera-se que seja livre, plural e independente, para que se coloque a serviço da verdade.

Não há futuro para uma sociedade na qual se dissolve a verdadeira fraternidade. Por isso, urge a construção de um projeto viável de nação justa, solidária e fraterna. “É necessário procurar uma saída para a sufocante disputa entre a tese neoliberal e a neoestatista (…). A mera atualização de velhas categorias de pensamentos, ou o recurso a sofisticadas técnicas de decisões coletivas, não é suficiente. É necessário buscar caminhos novos inspirados na mensagem de Cristo” (Papa Francisco – Sessão Plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais – 24 de abril de 2017).

O povo brasileiro tem coragem, fé e esperança. Está em suas mãos defender a dignidade e a liberdade, promover uma cultura de paz para todos, lutar pela justiça e pela causa dos oprimidos e fazer do Brasil uma nação respeitada.

A CNBB está sempre à disposição para colaborar na busca de soluções para o grave momento que vivemos e conclama os católicos e as pessoas de boa vontade a participarem, consciente e ativamente, na construção do Brasil que queremos.

No Ano Nacional Mariano, confiamos o povo brasileiro, com suas angústias, anseios e esperanças, ao coração de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Deus nos abençoe!

Aparecida – SP, 3 de maio de 2017.

Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB

Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB