Neste ano de 2018 a Campanha da Fraternidade, realizada durante o período da quaresma, tratará da FRATERNIDADE E A SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA com o lema: VÓS SOIS TODOS IRMÃOS (Mt 23,8). Desde o ano de 1985 a temática tem obedecido à reflexão da Igreja que se volta para situações existenciais do povo brasileiro… Nesta fase, a Igreja, com a realização das Campanhas da Fraternidade, tem contribuído ao evidenciar situações que causam sofrimento e morte em meio ao povo brasileiro, nem sempre percebidas por todos, quando o Brasil reencontra seu longo caminho rumo à construção de uma sociedade democrática, capaz de integrar todos os seus filhos e filhas. Neste tempo a CF tratou sobre alguns temas relevantes: biomas brasileiros e a defesa da vida; Igreja e sociedade; tráfico humano; juventude; saúde pública; economia e vida; segurança pública; defesa da vida; pessoas idosas; indígenas; pessoas com deficiências; a mulher; o mundo do trabalho; o menor; o negro; a política; etc.

Dentro do espírito quaresmal somos provocados a aprofundar o nosso seguimento de Jesus Cristo e nos convoca à conversão, à mudança de vida. As práticas comuns na espiritualidade deste tempo: jejum, esmola e oração, são tentativas para nos abrirmos à graça divina. O jejum abre nossa pessoa para a receptividade, para a liberdade da vida em Cristo. A esmola nasce da alegria de ter encontrado o tesouro escondido, a pérola preciosa (Mt 13,44-46). O amor, a misericórdia busca o outro. A oração mostra que tocados pelo dom do anúncio, apercebidos da valiosa experiência do cuidado amoroso e misericordioso de Deus em Jesus Cristo, necessitamos de palavra e silêncio para agradecer e suplicar. “Os quarenta dias desse tempo precioso são de graça e de bênção. Iluminados pela Palavra de Deus buscamos uma nova relação com as criaturas, os irmãos e as irmãs, e com Deus” (Texto Base, 12). “A CF nos pede atenção e conversão. Desperta para uma cultura de fraternidade, apontando os princípios de justiça, denunciando ameaças e violações da dignidade e dos direitos, abrindo caminhos de solidariedade” (Texto Base, 14).

O Objetivo Geral da CF – 2018 é: Construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência. Como que desdobrando este, os objetivos específicos mostram o grande realismo do tema: Analisar as múltiplas formas de violência, especialmente as provocadas pelo tráfico de drogas considerando suas causas e consequência na sociedade brasileira; identificar o alcance da violência, nas realidades urbana e rural de nosso país, propondo caminhos de superação, a partir do diálogo, da misericórdia e da justiça, em sintonia com o Ensino Social da Igreja; valorizar a família e a escola como espaços de convivência fraterna, de educação para a paz e de testemunho do amor e do perdão; apoiar centros de direitos humanos, comissões de justiça e paz, conselhos paritários de direitos e organizações da sociedade civil que trabalham para a superação da violência.Sendo um tempo forte de evangelização é preciso anunciar a Boa Nova da fraternidade e da paz, estimulando ações concretas que expressem a conversão e a reconciliação no espírito quaresmal.

Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo Metropolitano de Londrina

cartaz cf 2018 site
Cartaz oficial da CF 2018

 

[dropcap]N[/dropcap]ós habitamos em um mundo violento, por isso conclamou o papa Francisco, na mensagem do Dia Mundial da Paz, de 01 de janeiro de 2017: “Nesta ocasião, desejo deter-me na não-violência como estilo duma política de paz, e peço a Deus que nos ajude, a todos nós, a inspirar na não-violência as profundezas dos nossos sentimentos e valores pessoais. Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais. Quando sabem resistir à tentação da vingança, as vítimas da violência podem ser os protagonistas mais credíveis de processos não-violentos de construção da paz”.

O tema da Campanha da Fraternidade proposto para o ano de 2018, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil é “Fraternidade e superação da violência” e o lema, “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). Devido ao seu alto grau de complexidade, o tema da violência foi discutido, refletido e aprofundado em um seminário que aconteceu no dia 09 de dezembro de 2016, na sede da CNBB em Brasília.

A violência sempre foi uma das preocupações da Igreja como pode ser constatado no Compendio da Doutrina Social: “A violência nunca constitui uma resposta justa”. A Igreja proclama, com a convicção da sua fé em Cristo e com a consciência de sua missão, “que a violência é um mal, que a violência é inaceitável como solução para os problemas, que a violência não é digna do homem. A violência é mentira, pois que se opõe à verdade da nossa fé, à verdade da nossa humanidade. A violência destrói o que ambiciona defender: a dignidade, a vida, a liberdade dos seres humanos” (DSI 460).

Os problemas ligados à violência são numerosos, complexos e de natureza distinta, então pode-se perguntar: O que é a violência? É toda ação cometida ou omitida que implique a morte de uma ou mais pessoas ou que lhes inflige, de maneira intencional ou não, sofrimento, lesões físicas, psíquicas ou morais contra a sua vontade.

A violência está ligada à dimensão relacional da existência, por isso ela envolve três elementos constitucionais: ações, pessoas e situações. Convém, nesse sentido, fazer alguns questionamentos racionais a nós mesmos: Por que agimos de forma violenta? Por que somos, em princípio, contra a violência e, em certas ocasiões, a praticamos? Em que situações a violência pode ser praticada? Podem existir uma fundamentação racional e uma justificação moral da violência?

Ela é um fenômeno que desestrutura o ser humano psiquicamente, assim como também horroriza, constrange, envergonha, inquieta, aterroriza e revolta. Cotidianamente, é comum pensar a violência a partir de efeitos físicos: torturas, agressões, maus-tratos, mutilações, homicídios, lesões corporais, sofrimento, roubos, ferimentos e mortes. No entanto, ela precisa ser percebida também, como um produto social que tem os seus efeitos nas relações sociais: a fragmentação do espaço urbano, a degradação da vida nas grandes cidades, a miséria econômica, a marginalização social, desemprego, acesso desigual a terra, concentração fundiária, estruturas arcaicas de poder, violação dos direitos civis dos trabalhadores rurais, milícias armadas por latifundiários, precarização das relações de trabalho, tiroteios, grupos de extermínio, violência policial, violência doméstica, abuso sexual, tráfico para fins de exploração sexual, violência no trânsito, violência da imprensa sensacionalista, droga e racismo.

A violência não é uma fenômeno novo, nova é esta diversidade de formas que assume na atualidade. Pode-se constatar esta visão consciente na mesma mensagem do Papa Francisco: “Não é fácil saber se o mundo de hoje seja mais ou menos violento que o de ontem, nem se os meios modernos de comunicação e a mobilidade que caracteriza a nossa época nos tornem mais conscientes da violência ou mais rendidos a ela”.

Por isso que a Campanha da Fraternidade 2018 trabalhará essas modalidades violentas a partir do capítulo Violência e algumas manifestações na sociedade,  do Texto Básico, no qual se enumeram:
a) Drogas;
b) Processo de criminalização institucional (negligência do Estado em relação às políticas sociais; justiça punitiva);
c) Sujeitos violentados – juventude pobre e negra; povos indígenas, mulheres (feminicídio); exploração sexual e tráfico humano, mundo do trabalho;
d) Violência no contexto urbano e rural (conflito pela terra);
e) Intolerância (raça, gênero e religião);
f) violência verbal;
g) violência no trânsito;

h) violência doméstica.

Em comunhão com a Campanha da Fraternidade 2018, o 14º Intereclesial das CEBs (dias 23 a 27 de janeiro, em Londrina – PR), que tem como tema “CEBs e os desafios no mundo urbano”,  trabalhará  a violência como um dos desafios do mundo urbano, na dimensão do AGIR.

Para materializar o objetivo geral da Campanha da Fraternidade deste ano que é “Construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência”, é necessário trabalhar o seu tema a partir das nossas relações como um todo, mas atentos à proposta do Papa Francisco, na mensagem do Dia Mundial da Paz, de 01 de janeiro de 2017: “Por isso, as políticas de não-violência devem começar dentro das paredes de casa para, depois, se difundir por toda a família humana”.

 Pe. José Cristiano Bento dos Santos
Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida km9

campanha da fraternidade

Tema: “Fraternidade e superação da violência,
Lema: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8)

Data: 03 de dezembro de 2017;

Horário: 08h às 12h;

Local: Capela Mãe da Divina Providência;
Endereço: Rua José Nogueira Franco, 435 – Parque Res. Alcântara. Londrina PR.

Principais participantes:

  • Coordenação das Pastorais Sociais;
  • Coordenadores do CPP;
  • Coordenação das SMP;
  • Coordenação Paroquial da CF;
  • Assessores e formadores paroquias da CF.

Para mais informações: Secretariado da Ação Evangelizadora
Fone: (43) 3371-3141

Email: pastorallondrina@gmail.com

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Desejo me unir a vocês na Campanha da Fraternidade que, neste ano de 2017, tem como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, lhes animando a ampliar a consciência de que o desafio global, pelo qual toda a humanidade passa, exige o envolvimento de cada pessoa juntamente com a atuação de cada comunidade local, como aliás enfatizei em diversos pontos na Encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado de nossa casa comum.

O criador foi pródigo com o Brasil. Concedeu-lhe uma diversidade de biomas que lhe confere extraordinária beleza. Mas, infelizmente, os sinais da agressão à criação e da degradação da natureza também estão presentes. Entre vocês, a Igreja tem sido uma voz profética no respeito e no cuidado com o meio ambiente e com os pobres. Não apenas tem chamado a atenção para os desafios e problemas ecológicos, como tem apontado suas causas e, principalmente, tem apontado caminhos para a sua superação. Entre tantas iniciativas e ações, me apraz recordar que já em 1979, a Campanha da Fraternidade que teve por tema “Por um mundo mais humano” assumiu o lema: “Preserve o que é de todos”. Assim, já naquele ano a CNBB apresentava à sociedade brasileira sua preocupação com as questões ambientais e com o comportamento humano com relação aos dons da criação.

O objetivo da Campanha da Fraternidade deste ano, inspirado na passagem do Livro do Gênesis (cf. Gn 2,15), é cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho. Como “não podemos deixar de considerar os efeitos da degradação ambiental, do modelo atual de desenvolvimento e da cultura do descarte sobre a vida das pessoas” (LS, 43), esta Campanha convida a contemplar, admirar, agradecer e respeitar a diversidade natural que se manifesta nos diversos biomas do Brasil – um verdadeiro dom de Deus – através da promoção de relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles vivem. Este é, precisamente, um dos maiores desafios em todas as partes da terra, até porque as degradações do ambiente são sempre acompanhadas pelas injustiças sociais.

Os povos originários de cada bioma ou que tradicionalmente neles vivem nos oferecem um exemplo claro de como a convivência com a criação pode ser respeitosa, portadora de plenitude e misericordiosa. Por isso, é necessário conhecer e aprender com esses povos e suas relações com a natureza. Assim, será possível encontrar um modelo de sustentabilidade que possa ser uma alternativa ao afã desenfreado pelo lucro que exaure os recursos naturais e agride a dignidade dos pobres.

Todos os anos, a Campanha da Fraternidade acontece no tempo forte da Quaresma. Trata-se de um convite a viver com mais consciência e determinação a espiritualidade pascal. A comunhão na Páscoa de Jesus Cristo é capaz de suscitar a conversão permanente e integral, que é, ao mesmo tempo, pessoal, comunitária, social e ecológica. Reafirmo, assim, o que recordei por ocasião do Ano santo Extraordinário: a misericórdia exige “restituir dignidade àqueles que dela se viram privados” (Misericordia vultus, 16). Uma pessoa de fé que celebra na Páscoa a vitória da vida sobre a morte, ao tomar consciência da situação de agressão à criação de Deus em cada um dos biomas brasileiros, não poderá ficar indiferente.

Desejo a todos uma fecunda caminhada quaresmal e peço a Deus que a Campanha da Fraternidade 2017 atinja seus objetivos. Invocando a companhia e a proteção de Nossa Senhora Aparecida sobre todo o povo brasileiro, particularmente neste Ano mariano, concedo uma especial Bênção Apostólica e peço que não deixem de rezar por mim.

Vaticano, 15 de fevereiro de 2017

PAPA FRANCISCO.