Iluminada pela Campanha da Fraternidade 2018 (Fraternidade e superação da violência), a Romaria da Terra deste ano tem como lema: “Com direito, justiça e paz, supera-se a violência no campo”. A 31ª Romaria da Terra no Paraná será no dia 19 de agosto na cidade de Barbosa Ferraz, na Diocese de Campo Mourão.
Organizada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), está atenta às “situações de constantes ameaças de despejos, de acampamentos, dos mais diversos grupos e modo de ser camponês e de povos originários, na luta e busca de garantir seu direito à terra e seus territórios”, apresenta a cartilha da romaria.
“Para discutir superação da violência no campo, precisamos ter um olhar sobre a realidade que nos encontramos. Só para ter uma ideia, nesta semana (de 22 a 28 de julho) foram encontrados quatro mortos na cidade de Pinhão. Existe uma situação de violência, não só questão de assassinatos, mas ameaças de despejos, a violência do cotidiano, a questão do machismo entre outras”, explica padre Dirceu Fumagalli, coordenador regional e assessor arquidiocesano da Pastoral da Terra.
Padre Dirceu explica que a romaria consegue mobilizar bastante gente e espalhar o debate, não dependendo de um grupo de reflexão centralizado. Ele destaca ainda o prosseguimento que o tema dá à discussão da Campanha da Fraternidade deste ano, já que é importante existir tanto um desdobramento da reflexão quanto do comprometimento das comunidades e da Igreja com relação ao desafio apresentado pela campanha.
A sociedade pode contribuir com o tema, apresenta o padre, no caminho de exigir que se cumpra alguns instrumentos, como a reforma agrária, prevista em lei, e a regulação territorial. “Se isso não for feito, nós teremos dificuldades de manter e instaurar a questão da paz no campo. Assim como no direito, se não houver descentralização e efetivação de políticas públicas do campo em relação ao transporte, saúde, educação, moradia.”
Tem-se a ideia errada hoje em dia de que quem produz a maioria dos alimentos que chegam à nossa mesa é o agronegócio, explica o padre. “Isso não é verdade. A sociedade precisa também reconhecer que quem produz, quem garante a alimentação e a qualidade da alimentação nas nossas mesas não é o agronegócio propriamente dito, e sim os pequenos produtores. E aí entra o papel dos assentamentos, onde nessa romaria queremos explicitar também já a grande produção e a grande contribuição que eles dão através da sua produção e do seu modo de produzir”, fala padre Dirceu.
BARBOSA FERRAZ
Padre Dirceu explica que a escolha da cidade de Barbosa Ferraz para acolher a romaria deve-se à violência sistêmica que a população do campo tem vivido naquele local, com constantes ameaças de despejos. “Barbosa Ferraz tem o pré-assentamento Dorothy Stang. Eles estão lá há 12 anos, mas constantemente são ameaçados de despejos e no ano passado ele praticamente foi marcado para ser despejado. Só não foi por causa das articulações inclusive da própria Igreja do Paraná, dos bispos, do poder local, dos movimentos. É nesse contexto que, a partir dali, a gente quer refletir a realidade do Paraná.”
ROMARIA
As caravanas de Londrina sairão entre 4h30 e 5 horas da manhã e se encontram com as outras caravanas em frente ao Santuário Santa Rita de Cássia, em Barbosa Ferraz. A partir das 6h30 será servido um café e segue com as atividades até as 16 horas. A organização pede para levar chapéu, sombrinha e caneca. “Contamos com a presença de todos na romaria. Os que não puderem ir que entrem em sintonia, rezando, principalmente pelos ameaçados, para que de fato o direito e a justiça se instaure para superar a violência no campo. O que refletirá em todas as outras comunidades urbanas”, convida padre Dirceu.
Juliana Mastelini Moyses
PASCOM Arquidiocesana