[dropcap]A[/dropcap]contecerá no mês de Outubro de 2018 mais uma Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, no Vaticano. O tema será “Os jovens, a fé e o discernimento espiritual”. O tema foi estabelecido após uma consulta às Conferências Episcopais, às Igrejas Orientais Católicas, a União dos Superiores Gerais e a sugestão dos padres da última Assembleia Sinodal. Reúne, num único tema, as preocupações de Bispos, Padres, religiosos e religiosas e, até, as Igrejas Orientais que representam um grande número de homens e mulheres preocupados com a evangelização dos jovens. Percebe-se que a evangelização e orientação dos jovens é uma preocupação de todos. O grande objetivo é acompanhar os jovens no seu caminho existencial rumo à maturidade, para que, através de um processo de discernimento “possam descobrir o seu projeto de vida e realiza-lo com alegria, abrindo-se ao encontro com Deus e com os homens, participando ativamente da edificação da Igreja e da sociedade” (Comunicado Oficial da Santa Sé). É um tema que vem para completar dois grandes momentos sinodais de 2014 e 2015 sobre a família e o matrimônio.
O Documento Preparatório inicia dizendo que “através dos jovens, a Igreja poderá ouvir a voz do Senhor que ressoa inclusive nos dias de hoje. (…)Ouvindo as suas aspirações, podemos entrever o mundo de amanhã que vem ao nosso encontro e os caminhos que a Igreja é chamada a percorrer”. Para cada pessoa a vocação no amor adquire uma forma concreta na vida cotidiana, através de uma série de escolhas que estruturam a condição de vida, profissão, compromisso social, estilo de vida, etc. O Documento traz como inspiração o texto de Jo 1,36-39. Na busca do sentido a dar à própria vida, dois discípulos de João Batista ouvem Jesus dirigir-lhes uma pergunta: “O que procurais?”. Eles responderam “Mestre onde moras?”. Segue-se a resposta convite de Jesus: “Vinde e vede” (v. 38-39). “Jesus chama-os a um percurso interior e, ao mesmo tempo, a uma disponibilidade a colocar-se concretamente em movimento, sem saber bem onde é que isto os levará. Será um encontro memorável a tal ponto que se recorda da hora em que teve lugar (v. 39). Trata-se de uma experiência vocacional e, certamente, descobrir e realizar a própria vocação é garantia de felicidade.
A Primeira parte trata dos Jovens no Mundo de Hoje, mundo que se transforma rapidamente em todos os sentidos. Este mundo que é multicultural e multirreligioso. Por ser de diferentes tradições religiosas representa um desafio e uma oportunidade: pode aumentar a desorientação e a tentação ao relativismo mas, ao mesmo tempo, cresce a possibilidade de confronto fecundo e de enriquecimento recíproco. A questão da multiculturalidade aparece nas chamadas “segundas gerações”, ou seja, jovens que crescem numa cultura diferente daquela em que cresceram seus pais. É o forte movimento migratório pelo mundo afora. Aos olhos da fé, parece que este é um sinal do nosso tempo, o qual exige um crescimento na cultura da escuta, do respeito e do diálogo, enfim, da cultura do encontro. Outras elementos de análise que o texto sugere: Como vivem os jovens nas diversas partes do mundo?; como é trabalhada a inclusão dos jovens?. Grande desafio representa o grande número de jovens que “nem estudam, nem trabalham, nem se educam para uma profissão”. Quais são as referências para os jovens que sejam próximas, credíveis, honestas?
O Santo Padre lançou um enorme desafio para a Igreja e para o Sínodo dos Bispos. Este é um pequeno comentário da primeira parte do Documento Preparatório. Desde já fico na torcida que o sínodo projete luzes para compreendermos mais profundamente os muitos aspectos relevantes do mundo dos jovens e, assim, podermos levar a eles o Evangelho.