Desafios são possibilidades de crescimento. O desafio é um apelo, um sinal, um chamado à superação dos problemas, dificuldades, fraquezas. Focalizemos aqui dez desafios na missão da Igreja.
- Busca os afastados. É preciso ir ao encontro da ovelha perdida. Lamentar o afastamento dos fieis não resolve nada. O que importa é atrair e reencontrar os afastados.
- Os espaços vazios. Quantos espaços vazios que precisam ser evangelizados. Estes espaços são geográficos, culturais, existenciais. Quem é atento aos espaços vazios transforma-se num missionário ardoroso.
- Sair da zona de conforto. Não podemos nem devemos ser cristãos, católicos acomodados, promotores da rotina e da mesmice, ocupados só com a conservação e a manutenção da Igreja. Não podemos continuar pescando no aquário, nem nos contentar com o óbvio. O mandato é: sair.
- Superar a sacramentalização e o devocionismo. É mais fácil ir a missa que fazer uma hora de lectio divina. Muitos católicos são batizados e crismados, mas não evangelizados. A sacramentalização e o devocionismo não se importam com o reino, com a opção pelos pobres, com a visitação das casas, com as pastorais sociais, com o pelo profetismo, com o diálogo e o ecumenismo.
- Evitar a amargura. Mexerico, azedume, murmuração, cansaço, pessimismo são entraves e muros que impedem ou enfraquecem a missão. Nossas guerras, brigas, discórdias fracassam o reino. Infelizmente temos o mau hábito de falar mal de nós mesmos, da nossa Igreja, de nossos padres. Assim perdemos o encanto e a alegria de ser católicos evangelizadores.
- O mal do radicalismo. Uns querem a volta do latim, outros esperam radicalização social e a politização da religião. De um lado somos escravos do fundamentalismo e do fanatismo. De outro lado queremos reavivar as lutas dos anos 70 e 80. Isso gera guerras entre nós. Parece que esquecemos nossa vocação à santidade e perdemos o sentido do pecado. Não basta o “fazer” é preciso “ser”.
- O esquecimento escatológico. Quando esquecemos a glória, a coroação, a vida eterna, a ressurreição, a esperança, perdemos a bússola e o élan missionário. Missão é para a salvação eterna, mas, que supõe a promoção humana, a transformação do mundo, a elevação do irmão. Sem as certezas últimas, somos dignos de lástima.
- O excesso de mundanização. Percebemos uma descristianização da sociedade, uma mundanização da Igreja, uma banalização da moral, uma desertificação da fé. A resposta a estes problemas está na ousadia, criatividade e comoção missionária. Uma primeira condição para a missão é a conversão pessoal, pastoral e institucional.
- A soberba espiritual. Há grupos, movimentos, associações, pastorais que se colocam acima dos outros, os julgam, difamam e excluem. Voltou o velho vício da existência dos iluminados e ilibados. Para eles os outros são maus, imorais, filhos das trevas. Quanto perigo de novos cismas. Temos a tendência de complicar, dividir, excluir. Só uma espiritualidade de comunhão sustenta a missão. É preciso optar pela descomplicação e pela simplificação.
- O sufoco das estruturas. É mais fácil ser administrador que pastor e missionário. As estruturas nos prendem e a burocracia nos leva ao reducionismo missionário, ao afastamento do povo e a agir por obrigação, a cumprir papéis. Nossa fé é uma opção pessoal, nunca, porém, obrigação, tradição, imposição. Para ser missionária a Igreja não pode ser escrava e vítima das estruturas. Missão é questão de convicção, de gratidão, de coragem de carne.
Dom Orlando Brandes
Foto: Gisele Bonetta de Freitas
muito bom o seu artigo