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  “Meu reino não é deste mundo. Nasci e vim ao mundo para dar testemunho da
verdade.
Sim, eu sou rei” (cf Jo. 18,36-39).

Celebramos mais uma vez a festa de Cristo Rei. Jesus triunfa sobre a morte, a lei, a carne, o
pecado. Esta é a festa da centralidade de Jesus. A Ele o louvor, a honra, a glória, a ação de
graças, a adoração. Ele é o rei dos pecadores, dos pobres, dos últimos, dos pequenos, dos
que procuram a verdade. Muitos cristãos têm dificuldade de entender e aceitar a festa de
Cristo Rei do Universo, porque os reis, os imperadores, os chefes de Estado quase sempre
foram grandes pecadores.

Jesus mesmo resolve o problema quando afirma: “Meu reino não é deste mundo. Nasci e
vim ao mundo para dar testemunho da verdade. Sim, eu sou rei” (cf Jo. 18,36-39). Sim
Jesus é rei pelo fato de ser Filho de Deus, de ser o Salvador do mundo, de ser o Primeiro e
o Último, Alfa e Ômega, Começo e o Fim, Caminho, Verdade e Vida e de ter ressuscitado
dos mortos. Seu reino é o reino da verdade. Vamos agora refletir sobre os tronos de Cristo
Rei.

 

  1. O cosmos. Tudo foi criado em Cristo. O Verbo, se fez carne e assim inseriu-se no
    universo criado. Para executar seu plano de salvação, Deus dá o primeiro passo
    criando o céu e a terra. O cosmos é o primeiro trono de Cristo Rei, do “Cristo
    cósmico”, do “Evangelho de criação”. O mundo não procede do caos, nem do acaso,
    mas de uma decisão de amor. “É o amor que move o sol e as demais estrelas” (Dante
    Alighieri). É Jesus que entregará ao Pai todas as criaturas para que Deus seja “Tudo
    em todos” (cf I Cor.15,28).
  2. A manjedoura. Eis o outro trono de Cristo Rei. Os anjos, Maria e José, os pastores, os
    magos prostraram-se e adoram Jesus na manjedoura. Aos pequenos e pobres é
    dado o reino dos céus. A manjedoura abalou o trono de Herodes. Jesus é “chave, o
    centro, o fim de toda a história humana” (G. Spes 10). Ele não veio como militar, nem
    como Imperador, mas, como criança. Não escolheu o caminho dos palácios e das
    empresas, mas, “o caminho da família”, diz o Papa Francisco. Quem tiver um coração
    de criança entrará no reino de Deus.
  3. A cruz. Elevado na cruz, Jesus atraiu todos a si. Na cruz Ele foi glorificado. Eis o
    trono da sabedoria de Deus, a “ciência da cruz”. O crucificado, o Cordeiro que tira o
    pecado do mundo, é o Rei do Universo. “Se com Ele sofremos, com Ele reinaremos”
    (cf II Tim. 2,11). Diz Paulo Apóstolo: “é necessário entrar no reino de Deus por meio
    de muitas tribulações” (At. 14,22).
  4. O sacrário. Aqui encontramos Jesus vivo, ressuscitado, operante. Vinde adoremos,
    prostremos-nos por terra. Céus e terra bendizei ao Senhor. No despojamento
    eucarístico e na prisão do tabernáculo está o Ressuscitado, resplandecente de
    simplicidade e sublimidade. Ali está o Rei que fez um grande banquete. A Eucaristia
    é um “mistério de luz, remédio de imortalidade, raio de glória, antecipação de
    núpcias eternas do Cordeiro” (São João Paulo II). Lembremos as palavras do Senhor:
    “Quem comer deste pão viverá eternamente” (Jo. 6,51).
  5. O coração humano. Que Deus habita em nossos corações é uma verdade revelada.
    Santos e santas fizeram grandes experiências de encontro com Deus no íntimo da
    alma, no interior do coração. Somos templos da Santíssima Trindade. Nosso coração
    é um santuário, um sacrário, uma habitação, uma moradia, uma casa, um trono de
    Jesus Cristo, Rei do céu e da terra.
  6. O coração do pobre, do doente, do preso, do peregrino, do sedento, do nu.
    Nestes corações Jesus Cristo reina e promete que todos os que realizam obras de
    misericórdia em favor de todos estes irmãos e irmãs, tomarão posse do reino eterno.
    O reino de Deus tem como pilares a justiça, o direito, a vida, a verdade, a paz, o
    amor, a graça. Adorar Cristo Rei é antes de tudo serví-lo nos excluídos,
    empobrecidos, marginalizados. Longe de nós o racismo, a tortura, a fome, a
    prostituição que denigrem a dignidade da pessoa, templo do Espírito Santo.
  7. O universo, mundo, as nações, os povos são igualmente tronos do Senhor da
    História, do Salvador da humanidade.
    Encontramos nas culturas, nas religiões,
    nos povos as “sementes do Verbo”. A reta consciência é voz de Deus que ensina o
    fazer o bem e evitar o mal, a amar a Deus e ao próximo. “Em sua encarnação o Filho
    de Deus uniu-se de algum modo a todo homem” (GS.22). Nos corações de todos os
    homens de boa vontade a graça opera de modo invisível. A todos é oferecida a
    possibilidade de se associarem, de modo conhecido por Deus, ao mistério pascal.
    Jesus é o Rei da verdade para todo homem e os que o recebem se tornam filhos de
    Deus.

 

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Orlando Brandes

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