Milhares de fiéis visitaram as relíquias da santa das rosas durante os três dias em que esteve na cidade. Oportunidade de prestar homenagens e conhecer a pequena via da infância espiritual
“Estou muito impressionado pela qualidade com que as pessoas tratam essa questão das relíquias de Santa Teresinha”, comentou o arcebispo dom Geremias Steinmetz minutos antes de iniciar a Santa Missa no domingo de manhã, com a Catedral lotada. A celebração fez parte da peregrinação das relíquias de Teresa de Lisieux em Londrina, que passou por aqui nos dias 17, 18 e 19 de fevereiro. Londrina foi a primeira cidade do Sul do país a receber as relíquias, que passarão ainda por mais de 20 cidades dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Outras 70 cidades brasileiras estão no cronograma da peregrinação que comemora aos 150 anos de nascimento de Santa Teresinha (em 2023) e os 100 anos de canonização (em 2025).
Desde a chegada da urna ao Aeroporto José Richa no sábado à tarde, 17, a passagem pela Catedral no domingo (18) até a segunda-feira, 19, quando a peregrinação seguiu com destino a Paranavaí, milhares de pessoas visitaram as relíquias. Cerca de seis mil só na Catedral durante o domingo. “Nunca imaginava que Santa Teresinha tivesse tanta gente que tem tanto amor para com ela”, destaca frei Avelino Pertile, OCD, superior dos carmelitas em Londrina. “Santa Teresinha queria ser missionária em todo o mundo, e aqui ela encontrou realmente gente com sede de Deus. O fato de virem aqui demonstra que ela, pelo que foi: uma santa que teve tanto amor por Jesus e Maria, aqui encontrou muita gente que é fascinada por ela.”
“Eu gostaria que todo mundo fosse devoto de Santa Teresinha, especialmente aqueles que querem se salvar” – Frei Avelino
Gente disposta a conhecer mais profundamente a vida, a história e a espiritualidade de Santa Teresinha. “Muitas pessoas, e pessoas que às vezes a gente pensava que não tinham nenhuma ligação ou nenhum interesse”, observa o arcebispo, “mas estão aqui hoje e a gente fala alguma coisa, falam de Santa Teresinha com propriedade. Significa que leram, que refletiram, prepararam-se para estar aqui, e a gente espera que de fato também essa evangelização, essa reflexão [atinja] mais no fundo das pessoas, no coração das pessoas, que não seja uma evangelização simplesmente de verniz”, afirma o arcebispo.
Frei Everton Berny Machado, OCD, padre provincial dos carmelitas do Sul do Brasil, conta que por onde passam, as relíquias estão suscitando grande comoção e mobilização social. “As pessoas se sentem tocadas e acolhem como que realmente [acolhendo] a visita de Santa Teresinha”, relata o frei, que vai acompanhar todo trajeto das relíquias nas cidades do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estados que formam a Província Nossa Senhora do Carmo.
“Ela, que tinha um grande ideal, que era percorrer toda a terra para anunciar o nome de Cristo, ela que também disse que passaria o seu céu fazendo o bem sobre a terra, e que o amor não é inativo, continua sempre em movimento. Ela continua esse movimento, essa missão de espalhar o amor de Deus”, explica frei Everton.
As próprias relíquias que estão peregrinando, um fêmur e ossos do pé, simbolizam o movimento missionário desejado por Santa Teresinha. “São ossos bastante simbólicos e peregrinam pelo mundo inteiro, então essa urna já esteve e certamente estará em muitas partes do mundo. Teresinha continua com a missão de percorrer a Terra e anunciar a Cristo.”
“Teresinha continua com a missão de percorrer a Terra e anunciar a Cristo” – Frei Everton
E o que Santa Teresinha quer nos dar e nos presentear com essa peregrinação? “É ensinar-nos a pequena via, esse caminho da infância espiritual, no qual nós temos acesso a Deus, um caminho de confiança, de abandono nos braços de Deus, então Teresinha está aqui para nos aproximar mais de Deus e fazer a experiência do seu amor misericordioso”, conclui o frei Everton.
Estar perto de Santa Teresinha
Cada uma das milhares de pessoas que visitaram as relíquias tem sua própria história com Teresinha. Uns devotos viram na presença das relíquias a possibilidade de estar perto de uma intercessora e amiga querida no céu. Outros, simplesmente, sentiram-se atraídos pela peregrinação.
Com os olhos cheios d’água, Ana Maria Silva conta que estar na Catedral, visitar as relíquias e participar da Santa Missa foram momentos muito emocionantes. “Eu nunca imaginei que Santa Teresinha, as relíquias dela pudessem chegar aqui tão pertinho da gente. É muito emocionante poder estar aqui, juntinho, e agradecer a ela por todas as bênçãos e intercessão dela”.
Devota de Santa Teresinha, Ana encontrou nela uma forte intercessora no céu. “Eu passei por uma depressão, e ela foi uma intercessora forte por mim no céu. Ela intercedeu muito por mim, eu tenho certeza que foi por causa da intercessão dela que Jesus me curou.” Com a pequena Teresa de Lisieux, Ana aprende, a cada dia, “a amar, a oferecer meu nada a Deus, e saber que Ele me ama, mesmo sendo tão pequenininha”.
O tenente do Corpo de Bombeiros, Arthur Borges foi um dos militares que ajudaram no traslado das relíquias na chegada ao aeroporto sábado à tarde, e do Monte Carmelo até a Catedral, no domingo. “Foi uma honra, um prazer para nós estarmos junto dela por um bom tempo, levamos nossas famílias para estar ali aos pés de Santa Teresinha rezando por todos nós.”
“Pedir a todos que talvez não conheçam a história dela, procurem saber, é uma grande santa, uma santa recente da nossa Igreja que tem muito a nos ensinar.” – Tenente do Corpo de Bombeiros Arthur Borges
Para o tenente, cuja família é devota de Santa Teresinha, um momento de servir a Igreja. “Essa palavra é muito bonita, servir, o militar serve em muitas coisas a sociedade, e a oportunidade de servir na Igreja é ímpar, foi um prazer enorme… Agradeço a oportunidade que Deus nos permitiu de estar perto dela. E pedir a todos que talvez não conheçam a história dela, procurem saber, é uma grande santa, uma santa recente da nossa Igreja que tem muito a nos ensinar.”
Alex Gonzaga da Silva veio de Santo Antônio da Platina, a 160 km de Londrina, com três amigos para visitar as relíquias. “O nosso setor diocesano da juventude tem como padroeira Santa Teresinha, então é uma alegria muito grande estar diante da nossa padroeira, que cuida dessa juventude muito querida para nós.”
O jovem revela que não é muito devoto da santa, mas que tem um apreço muito grande pelo exemplo que ela é para a juventude. “Que a gente possa ser no coração da Igreja, assim como Santa Teresinha, o amor. Que a gente possa levar o amor que ela tinha pela juventude, pela missão, e que ela possa ser um exemplo para todos nós”, conclui.
Segundo os organizadores da peregrinação, foram acolhidos fiéis de toda região norte do Paraná e interior de São Paulo, como Cambé, Ibiporã, Rolândia, Apucarana, Arapongas, Astorga, Maringá, Sarandi, Japira, Mauá da Serra, Bandeirantes, Assaí, Uraí, Lins (SP) e Presidente Prudente (SP).
Mesmo não sendo devota de Santa Teresinha, Giseli Aparecida Betiate desejou muito estar ali. “A missa [das 10h30 na Catedral] me tocou muito, muito mesmo, não esperava que tivesse tanta gente aqui, é uma surpresa. Eu nunca tive a oportunidade de visitar uma relíquia, realmente quero conhecer mais [Santa Teresinha]. Acho que Deus está querendo falar alguma coisa.”
Em sua oração, Giseli pediu também pelas pessoas que passaram pela Catedral durante o dia. “Quero que o Senhor acolha no altar dEle todas as preces que essas pessoas estão fazendo aqui, as pessoas que como eu não são devotas de Santa Teresinha ainda, mas especialmente aquelas que vêm aqui para venerar essas relíquias e que já são amigas de Santa Teresinha, que Deus, na Sua infinita misericórdia, acolha cada pedido, cada pessoa que está sendo representada aqui, cada família que veio, uma pessoa que veio orar pela família inteira e pedir graças por pessoas que não estão aqui, pessoas que estão doentes e não puderam estar aqui. Que o Senhor acolha no coração dEle cada prece, cada oração que será feita ao longo deste dia.”
Valquíria da Silva Ângelo, da Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares (OCDS) e da equipe organizadora da peregrinação, conta que o que mais impressiona em Santa Teresinha é que ela não tem um público específico. “Desde o mais velho até o mais novinho, todos amam muito Santa Teresinha”, comenta Valquíria.
Para ela, receber a peregrinação das relíquias na Arquidiocese de Londrina é uma emoção maior do que visitar o Santuário de Santa Teresinha na França. “Eu tive a graça de muito tempo atrás ir para Lisieux [onde estão os restos mortais de Santa Teresinha], mas quando fiquei sabendo que ela viria para a minha arquidiocese, falei: ‘glória a Deus, que coisa mais linda, maior alegria ainda’”.
“Teresinha está aqui para nos aproximar mais de Deus e fazer a experiência do seu amor misericordioso” – Frei Everton
O desejo que fica, expressa frei Avelino, é que todos sejam devotos de Santa Teresinha. “Eu gostaria que todo mundo fosse devoto de Santa Teresinha, especialmente aqueles que querem se salvar, porque Santa Teresinha disse que não descansará até conseguir ver todos os que foram redimidos com o sangue de Jesus na pátria definitiva, na casa do Pai. Portanto, que todos sejam devotos de Santa Teresinha, que assim terão um caminho aberto para o céu”, conclui o frei.
Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana
Foto de destaque: Ernani Roberto
Fotos: Daniel Kanki, Desiele Dias Mendes, Eliseu de Almeida, Ernani Roberto, Juliana Mastelini Moyses, Paloma da Silva Guardivir, Terumi Sakai, Wellington Ferrugem
MISSA COM AS RELÍQUIAS DE SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS NA CATEDRAL DE LONDRINA
Transmissão TV Evangelizar e Pascom Arquidiocesana