O protagonismo do leigo

De 26 de Novembro de 2017 a 25 de Novembro de 2018 a Igreja no Brasil celebra o Ano do Laicato. O tema que anima a mística do Ano do Laicato é: “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino” e o lema: “Sal da Terra e Luz do Mundo”, Mt 5,13-14. Segundo o bispo de Caçador (SC), dom Severino Clasen, presidente da Comissão Episcopal Especial para o Ano do Laicato, pretende-se trabalhar a mística do apaixonamento e seguimento a Jesus Cristo. “Isto leva o cristão leigo a tornar-se, de fato, um missionário na família e no trabalho, onde estiver vivendo”.
Há muitas formas de trabalhar a compreensão do laicato na Igreja e no Mundo. O Papa Francisco, na sua Evangelii Nuntiandi, sugere alguns critérios que nos iluminam na resposta aos apelos da Nova Evangelização: Primeiramente mostra que a ação evangelizadora inclui sempre a Igreja, a sociedade e cada sujeito individual. Esse critério geral exige que toda a ação do Povo de Deus, sujeito coletivo que evangeliza, considere esses três espaços tanto como lugares e destinatários concretos da evangelização. Observa ainda que é essencial o discernimento das realidades concretas. O mundo é uma realidade a ser constantemente discernida. Este discernimento vincula a Igreja ao mundo. Não deve ocorrer uma assunção ou rejeição do mundo de maneira automática. Este discernimento precisa ser feito a partir do Reino de Deus.

Outro ponto lembra que “a ação é preferível à estabilidade e à estagnação” (EG, 20). Todos somos convidados a sair da própria comodidade e a alcançar as periferias que precisam da luz do Evangelho. Mais adiante o Papa chama atenção: Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças (EG 49). A ação evangelizadora precisa ter um foco: a opção pelos pobres. É mandato do próprio Jesus a solidariedade e a defesa da vida humana, sobretudo onde ela é negada. Esta espiritualidade encarnada brota do imperativo da encarnação (EG 24). É determinante para a nossa fé e a nossa ação que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).

Outro aspecto fundamental lembrado pelo Santo Padre Francisco é o diálogo. O diálogo com os mais diferentes setores, seja social, cultural, religioso e ecumênico deve promover a cultura do encontro e a inclusão do outro na vivência da fraternidade (cf. EG 238). Não serve mais pensar a Igreja, o mundo, a sociedade de maneira isolada. Ninguém mais cresce isoladamente ou prescindindo do diálogo. Mas em todos os aspectos a ação deve considerar a “primazia do humano”, antes de qualquer outra, sob o risco de cair em idolatrias (EG 55). Esta é sempre a finalidade ou o objetivo da ação evangelizadora que provoca os leigos a serem protagonistas na Igreja e no mundo. Aliás, são o mundo no coração da Igreja e a Igreja no coração do mundo.

Que o laicato da Arquidiocese de Londrina se sinta incentivado a acreditar na própria vocação como sujeitos de uma missão específica. “A sociedade humana em construção e a Igreja em missão precisam de cristãos convencidos da própria responsabilidade, dispostos a acolher desafios, alegres em abrir caminhos novos na construção do Reino do Senhor Jesus, reino da verdade e da vida, reino de justiça, do amor e da paz” (Prefácio da Festa de Cristo Rei).

Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo de Londrina

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A Igreja no Brasil celebra, no período de 26 de novembro de 2017 (Solenidade de Cristo Rei) à 25 de novembro de 2018, o “Ano do Laicato”. Na última reunião do Conselho Permanente deste ano, que é realizada na sede provisória da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, entre terça e quinta-feira, foram definidas ações e orientações metodológicas de como cada regional da Conferência pode se preparar para celebrar a solenidade.

O tema escolhido para animar a mística do Ano do Laicato é “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na Igreja em saída, a serviço do Reino” e o lema: “Sal da Terra e Luz do Mundo”. Segundo o bispo de Caçador (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, dom Severino Clasen, a intenção é que com a celebração possa se dar um novo impulso e estímulo aos leigos do Brasil.

“Sabemos que na Igreja há uma grande participação, intervenção e presença do laicato, mas por vezes isso é esquecido e pouco valorizado, por isso, nós como Comissão Episcopal queremos que tenhamos um período forte, um ano dedicado aos nossos queridos leigos e leigas”, afirma o bispo.

A Comissão Episcopal Especial para o Ano do Laicato organizou as atividades em quatro eixos: eventos; comunicação, catequese e celebração; seminários temáticos nos regionais e publicações.  Nos regionais da CNBB, por exemplo, as preparações para a vivência do Ano já começaram, como é o caso do Sul 2, que compõe o Estado do Paraná. O arcebispo de Londrina e vice-presidente do regional, dom Geremias Steinmetz afirmou que por lá cada diocese vai implementar ações de maneira particular.

dom geremias cnbbO bispo enfatizou também o trabalho do Conselho Regional de Leigos que, de acordo com ele, tem a supervisão do bispo emérito de Foz do Iguaçu, dom Laurindo Guizzardi e é responsável por pensar atividades para o Ano do Laicato. À nível de regional, o bispo citou ainda o 14º Intereclesial das Cebs, que acontecerá em janeiro de 2018, em Londrina (PR) e terá como um dos principais objetivos celebrar a caminhada, as conquistas e as lutas das pequenas comunidades.

“O trabalho todo é feito pelo laicato, então são certamente milhares de pessoas que nesse sentido estão no trabalho da evangelização, levando para frente esse tema tão interessante do Ano do Laicato que é exatamente o leigo, colocando-o como sujeito eclesial em que eles vão assumindo a responsabilidade, assumindo também o discernimento da fé acompanhados pelos pastores. Eles estão assumindo o ‘ser igreja’ em que são sujeitos eclesiais”, finalizou dom Geremias.

Igreja em saída

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Dom José Belisário da Silva

No regional Nordeste 5, correspondente ao Estado do Maranhão, do qual o arcebispo do Maranhão, dom José Belisário da Silva é presidente, o Ano do Laicato será focado na questão da Igreja missionária. “Nós vamos focar na importância do leigo no mundo, pois aonde ele está, ele deve testemunhar os valores do evangelho”, afirmou o bispo. Dom Belisário considerou ainda que o Ano do Laicato será sugestivo para o regional, uma vez que irá pautá-los em várias atividades nas quais deverão ter a marca dos leigos.

“Na história da Igreja do Brasil realmente nós não podemos desconhecer a importância da família e do leigo e da leiga, pois sem a família e sem o leigo a Igreja desapareceria, então para a transmissão da fé a gente tem que realmente levar em consideração que os leigos são importantíssimos”, finalizou o bispo.