Homilia de Dom Geremias Steinmetz na celebração da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, 02/04 realizada na Catedral de Londrina. Se inscreva no canal da arquidiocese!
Homilia de Dom Geremias Steinmetz na celebração da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, 02/04 realizada na Catedral de Londrina. Se inscreva no canal da arquidiocese!
Homilia de Dom Geremias Steinmetz na Santa Missa do Domingo de Ramos, 29/03 realizada na Catedral de Londrina.
Foto destaque: Douglas Estevam
Todo quarto domingo de Páscoa é dedicado ao tema do Bom Pastor. Embora o Evangelho de hoje não fale de “aparições” do Ressuscitado, não nos afastamos do tema pascal: a “Vida” é o verdadeiro tema pascal.
A fé pascal é isso: crer na vida. E quando dizemos “crer na vida”, não estamos falando em professar crenças, dogmas, doutrinas… Dizemos viver; dizemos confiar no potencial de vida em nós mesmos e nos outros; dizemos rebelar-nos contra todos os poderes que asfixiam a vida; dizemos fazer-nos presentes junto àqueles cujas vidas estão feridas; dizemos ser humilde fermento que transforma e levanta a história; dizemos respirar em paz e continuar caminhando cada dia, apesar do fracasso, da doença e da morte… Crer na Páscoa é uma maneira original de ser e de viver.
Evangelho é um contínuo chamado à Vida. Não qualquer vida, mas a Vida verdadeira, a Vida que deseja ser despertada para romper com tudo aquilo que a limita. Por isso, o relato do Bom Pastor é uma verdadeira catequese sobre o encontro com Aquele que é Vida e que é fonte de Vida em crescente amplitude.
Jesus de Nazaré “passou fazendo o bem”, não de qualquer modo. Como Bom Pastor, aproximou-se e cuidou, de forma preferencial, dos mais fracos, pequenos, necessitados…, deixando-se “tocar” e “tocando” as situações humanas mais rejeitadas, mais quebradas, mais dolorosas, mais sofredoras e marginalizadas…Bom Pastor, Jesus transbordou ternura sobre nossa humanidade ferida, despertando a vida atrofiada e escondida no interior de cada um(a).
Nem sempre sabemos viver de maneira intensa: conformamo-nos com uma vida estreita, estéril, fechada ao novo, carregada de “murmurações”, presa ao cotidiano repetitivo e “normótico”. O dinamismo do Seguimento de Jesus, no entanto, é gerar vida, possibilitar que o(a) discípulo(a) viva a partir da verdade mais profunda de si mesmo(a); ou seja, viver a partir do coração, do “ser profundo”.
A imagem de Jesus “Bom Pastor”, conduzindo e abrindo novos espaços para suas ovelhas nos ajuda a conhecer nossa própria interioridade (redil) e despertar nossa vida, arrancando-a de seu fatal “ponto morto”, de seus limites estreitos e constituindo-a como vida que se desloca em direção a novos horizontes.
Estamos aqui hoje para esta celebração de consagração do nosso querido Estado do Paraná a Nossa Senhora do Rocio, nossa Padroeira.
No Antigo Testamento a consagração estava expressa na Aliança. O Povo escolhido vive a sua relação com Deus a partir da Aliança que o torna um Povo consagrado ao Senhor, isto é, que pertence ao Senhor. No Novo Testamento, a santificação é uma iniciativa divina, assim os cristãos não se consagram por si mesmos, mas, em virtude do Batismo são consagrados a Deus. A figura da Virgem Maria está ligada de forma profunda à Aliança e à consagração do Povo de Deus. Maria é a consagrada por Deus que se doa inteiramente a Ele. É aquela que se coloca a serviço da Aliança com Deus em Jesus Cristo, que dá o seu sim para viver a Aliança com Deus.
Segundo Stefano de Fiores, a cena importante da entrega do discípulo a Maria e vice-versa (Jo 19, 25-27) nos dá o fundamento bíblico de uma relação direta com a mãe de Jesus, que também explicita o termo “consagração a Maria”. Trata-se de uma aceitação de fé, análoga à que foi demonstrada para com Jesus – Mas a todos os que o receberam, Ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. Tudo o que eles precisavam fazer era confiar nEle – (Jo 1,12), implicando abertura e disponibilidade diante de Maria, na sua maternidade. O discípulo recebe-a como mãe, abrindo-lhe espaço no ambiente vital de fé em Jesus, onde pôs a sua existência.
Dessa forma, a atitude de fé que recebe Maria na própria existência não pode ser minimizada. E, se se entender por consagração a Maria o reconhecimento filial de sua maternidade dentro da perspectiva aberta pela entrega na cruz, este fundamento é sólido e será vivido de diversas maneiras e expressões ao longo dos tempos, no âmbito da vida espiritual, conforme as circunstâncias.
Que este momento de oração do nosso Estado seja para revigorar a fé e a esperança em Deus que, certamente, não decepciona.
Dom Geremias Steinmetz
Homilia da Celebração de Consagração do Estado do Paraná à Padroeira Nossa Senhora do Rocio – Curitiba, 3 de maio de 2020
Foto de Destaque: Santuário Nossa Senhora de Guadalupe