Os bispos do Brasil estiveram reunidos no Santuário Nacional de Aparecida, de 19 a 28 de abril, para a 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Na pauta, uma análise da caminhada da entidade nos últimos anos e assuntos da vida da Igreja. Os bispos também elegeram a nova presidência da CNBB, além de presidentes das comissões episcopais e representantes da CNBB no CELAM e no Sínodo dos Bispos. O arcebispo de Londrina e presidente do Regional Sul 2 da CNBB, dom Geremias Steinmetz, comenta os principais assuntos da assembleia, a dinâmica das votações e os frutos que a assembleia traz para a arquidiocese.
A 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) elegeu o bispo de Campo Mourão (PR), dom Bruno Elizeu Versari, para presidir a Comissão Episcopal para a Vida e a Família até 2027. Membro da Comissão e referencial no Regional Sul 2 durante o quadriênio de 2019 a 2023, dom Bruno foi eleito na tarde desta quarta-feira, 26 de abril.
Ao ser perguntado se aceita o ofício confiado pelo episcopado, dom Bruno respondeu:
“Eu agradeço os votos, espero corresponder e digo sim!”
Biografia Dom Bruno Elizeu Versari nasceu no dia 30 de maio de 1959, na cidade de Cândido Mota (SP). Ainda na sua infância, a família migrou para o Paraná. No ano de 1980, marcado pelo testemunho de São João Paulo II, entrou no Seminário Propedêutico em Maringá. Estou Filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Curitiba, e Teologia no Instituto Teológico Paulo VI, em Londrina, entre os anos 1984 e 1987. Foi ordenado presbítero em 3 de janeiro de 1988, na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, na cidade de Floresta (PR).
No exercício do seu ministério presbiteral atuou como vigário; colaborou na formação dos seminaristas no Seminário de Filosofia Nossa Senhora da Glória, em Maringá; pároco; ecônomo arquidiocesano; vigário geral; membro do Colégio de Consultores e do Conselho de Presbíteros; e diretor da Rádio Colméia de Maringá.
Dom Bruno tem especialização em Educação Especial; pós-graduação em Teologia Bíblica, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Maringá, e em Teologia Bíblica – Novo Testamento, pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Maringá.
No dia 19 de abril de 2017, foi nomeado bispo coadjutor da diocese de Campo Mourão. Recebeu a ordenação em 25 de junho do mesmo ano, tomando posse em 9 de julho de 2017. Meses depois, em 6 de dezembro de 2017, com a aceitação da renúncia de dom Francisco Javier ao governo pastoral de Campo Mourão, dom Bruno assumiu oficialmente a função de bispo diocesano.
Em 2019, foi escolhido pelo Conselho Permanente da CNBB membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família. No período, colaborou na produção e revisão dos materiais produzidos pela Comissão, foi responsável pelo acompanhamento administrativo da Secretaria Nacional da Pastoral Familiar (Secren/CNPF) e aplicou na diocese o Itinerário Vivencial de Acompanhamento Personalizado para o Sacramento do Matrimônio sendo ele mesmo o catequista de dois casais de noivos.
Os bispos do Brasil seguem reunidos em sua 60ª Assembleia Geral, até a próxima sexta-feira, 28 de abril, em Aparecida (SP).
A Comissão A Comissão Episcopal para a Vida e a Família tem como atribuição promover e defender a vida em todas as suas etapas e dimensões e os valores da pessoa, do matrimônio e da família. Ela também é a responsável pela organização e estrutura da Pastoral Familiar no Brasil. Sua missão é a evangelização e a promoção integral da pessoa e da família, através da Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF), da Secretaria Executiva Nacional da Pastoral Familiar (SECREN) e do Instituto Nacional da Família e da Pastoral Familiar (INAPAF).
Uma data notável para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2023 a entidade celebra a edição de número 60 das suas assembleias gerais, iniciadas em agosto de 1953, em Belém (PA), simultaneamente ao VI Congresso Eucarístico Nacional.
Nas palavras do arcebispo emérito de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da conferência entre 2009 e 2011, uma longa história marcada pelo clima de ação de graças. “Uma bênção de Deus para a Igreja do Brasil. É um momento bonito, principalmente na expressão da comunhão eclesial”.
Dom Geraldo Lyrio, que participa desde a 23ª edição, em 1985, destaca que a assembleia geral é o evento mais significativo da Igreja no Brasil, porque nela se definem as linhas comuns da ação da Igreja no país. Para isso, os bispos não olham apenas para dentro da Igreja, “mas mantém também os olhos abertos para o mundo, para a realidade, especialmente para a realidade nacional. Uma Igreja voltada para o mundo”, explica.
Nesses anos, mudou a fisionomia da conferência, o modo de tratar as questões, os meios, que foram aperfeiçoados e facilitam o trabalho, fala dom Geraldo. “[Mudaram] coisas acidentais. E o que permanece: o essencial. Há uma linha condutora que marca todas as assembleias, e que se chama comunhão eclesial”, continua.
Por isso, na visão de dom Geraldo Lyrio, a Igreja em saída é a característica mais marcante da assembleia. “Olhos voltados para a nossa realidade, olhos voltados para o contexto social, político, econômico do nosso país. Olhos voltados para a realidade de nossas famílias, para a juventude, para as classes dirigentes, para as classes trabalhadoras. Olhos voltados para os povos indígenas, para os negros, para os afrodescendentes de modo geral.” Enfim: “olhos voltados para a vida. Para a vida concreta e como ela vai se desenrolando no momento atual”.
Por isso, desde a primeira assembleia, em 1953, que tratou sobre a responsabilidade em face da imigração, os bispos tem o cuidado pastoral de escolherem temas de importância para as comunidades do país. Um olhar que não é apenas de uma espécie de associação, e sim dos sucessores dos apóstolos no Brasil. “Esta assembleia é muito peculiar, porque é no clima de fé que nós nos encontramos. Marcados pela esperança de vermos a Igreja no Brasil realizando sempre de modo cada vez melhor a sua própria missão, e num clima de amor fraterno e comunhão que deve sempre caracterizar o encontro entre os pastores.”
A assembleia reúne todos os membros da conferência, ou seja, todos os bispos que estão na ativa, tanto titular como auxiliares. Podem ser convidados os bispos eméritos e bispos não-membros da entidade, de qualquer rito, mas em comunhão com a Santa Sé com residência no Brasil.
Locais onde foram realizadas
Depois de 1953, as assembleias foram realizadas em cidades diferentes, seis capitais brasileiras e no Distrito Federal, e em Roma, durante os trabalhos do Concílio Vaticano II. A partir da 14ª, os bispos passaram a se reunir no Mosteiro de Itaici, município de Indaiatuba (SP). E a partir da 49ª edição, em 2011, são realizadas no Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida (SP).
“No casarão da Vila Kostka [em Itaici], os jesuítas sempre nos acolheram com espírito eclesial e nos serviram com dedicação e amor. Acertada foi a decisão de virmos nos reunir aos pés da Padroeira do Brasil. Acolhidos sob seu manto materno, experimentaremos o fervor dos romeiros que acorrem ao Santuário Nacional, e aqui poderemos vivenciar experiência semelhante à dos Apóstolos que, com Maria, mãe de Jesus, estavam reunidos no cenáculo de Jerusalém aguardando a vinda do Paráclito”, falou dom Geraldo Lyrio Rocha na abertura da 49ª Assembleia Geral.
Assembleia no Jubileu dos 500 anos do Brasil Marcando o jubileu do ano 2000, a 38ª assembleia foi realizada em Porto Seguro, berço do descobrimento do Brasil em 1500. Ao final, os bispos enviaram uma carta ao povo intitulada “Brasil – 500 anos: Diálogo e Esperança”. Na carta, os prelados recordaram o passado e a ação dos missionários que iluminaram esta terra com valores cristãos. Abordaram a situação da época, tocando nos efeitos negativos da globalização, o aumento da violência e a permissividade moral. Por outro lado, expressaram as virtudes do nosso povo, que sabe acolher, ser solidário e enfrentar as vicissitudes quotidianas.
A mensagem também convida a um olhar para os tempos futuros, destacando que compete à Igreja colaborar com as demais forças vivas da sociedade, para que todos tenham vida digna. Na parte final, os bispos convocam as comunidades a renovar a esperança em Jesus Cristo, presente no meio de nós, e a assumir, com ardor, a nova evangelização, à luz da exortação apostólica “Igreja na América”. Em sintonia com o pontífice da época, Papa São João Paulo II, incentivam os cristãos a um encontro com Cristo, caminho de conversão e santidade, de comunhão fraterna, solidariedade e zelo missionário e diálogo ecumênico e inter-religioso.
Um capítulo especial: o Documento de Aparecida No início de maio de 2007, a 45ª assembleia foi em vista da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, realizada em Aparecida, de 13 a 31 de maio de 2007. Inaugurada pelo Papa Bento XVI, a Conferência de Aparecida recorda que “os discípulos, que por essência são também missionários em virtude do Batismo e da Confirmação, são formados com um coração universal, aberto a todas as culturas e a todas as verdades, cultivando a capacidade de contato humano e de diálogo” (DAp 377).
Destaque para a participação do então cardeal Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Bueno Aires, hoje Papa Francisco. Desde a fundação da CNBB, há 70 anos, e a realização de 60 Assembleias Gerais, o Brasil recebeu a visita de três Papas: João Paulo II (1980, 1991, 1997); Bento XVI (2007) e Francisco (2013).
2021: primeira assembleia on-line Dentre os momentos históricos da Assembleia Geral, em 2021 aconteceu a primeira assembleia virtual, em razão da pandemia de COVID-19. Em 2020 a reunião não aconteceu. “A 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) entrou para a história como a primeira a ser realizada totalmente de forma virtual, numa plataforma on-line”, descreveu o site da conferência. “Os bispos conectados de Norte a Sul do Brasil, enfrentando as dificuldades com sistemas e a rede, encarando as novidades impostas pelos tempos de pandemia, mas no desejo de aumentar o espírito fraterno e a unidade na diversidade em vista do anúncio de Jesus Cristo”, descreveu.
Em 2021, aconteceu a primeira edição da assembleia no formato totalmente on-line em função da pandemia. | Foto: print.
60ª AG CNBB eletiva
O tema central deste ano é a avaliação global da caminhada da CNBB nos últimos quatro anos. Ao encerrar o quadriênio iniciado em 2019, a atual presidência apresenta o relatório das atividades realizadas e encaminha as eleições dos seus novos membros (presidente, 1º e 2º vice-presidentes e secretário-geral) e dos presidentes das 12 Comissões Episcopais Permanentes.
Dom Geraldo Lyrio recorda que, a assembleia mesmo sendo eletiva e com um episcopado numeroso, é conduzida no clima de comunhão eclesial, diálogo, compreensão e fraternidade. “Não está em jogo interesse particular de ninguém, o que está na mira de todos nós é o bem da Igreja. Isso faz a diferença, e grande diferença!”, destaca.
Manter a comunhão na diversidade é a marca registrada da CNBB ao longo da sua história e ao longo do período de realização das 60 assembleias, fala dom Geraldo. “Esta deve ser sempre a característica de todas as iniciativas na vida da Igreja, manter a comunhão na diversidade, na liberdade, mas sem romper a caridade”, finaliza dom Geraldo.
Exposições fazem memória das Assembleias A 60ª AG CNBB faz memória desta data com duas exposições sobre a história das assembleias. Uma no saguão do Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, no Santuário, e outra no subsolo, onde os bispos fazem o lanche no intervalo das sessões. Depois de encerrada a assembleia, a exposição ficará no Santuário Nacional.
O episcopado brasileiro elegeu, nesta terça-feira, 25 de abril, em segundo escrutínio, o novo primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O arcebispo de Goiânia (GO), dom João Justino de Medeiros Silva, irá desempenhar a função durante os próximos quatro anos, no quadriênio 2023 a 2027. A votação foi realizada na manhã deste que é o sétimo dia da 60ª Assembleia Geral da CNBB.
Perguntado pelo arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, segundo o estatuto, se aceita a função confiada pela Assembleia, dom João Justino respondeu:
“Agradeço a confiança, conto com o apoio e orações. Aceito”.
Biografia Dom João Justino de Medeiros Silva nasceu no dia 22 de dezembro de 1966, em Juiz de Fora (MG). Ingressou no Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, em Juiz de Fora, em 1984, onde cursou Filosofia e Teologia. Graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora e em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF). É doutor e mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma.
Foi ordenado padre em 13 de dezembro de 1992. Na arquidiocese de Juiz de Fora, atuou como pároco solidário nas paróquias Nossa Senhora da Conceição (Benfica) e Bom Pastor. Foi vigário paroquial da paróquia São Pedro e vigário episcopal para a Cultura, Educação e Juventude. Atuou como secretário do Colégio de Consultores e foi membro do Conselho Presbiteral por vários mandatos. Foi professor e coordenador do curso de Teologia do CES/JF. Foi vice-reitor do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio de 1998 a 2002 e reitor do mesmo Seminário de 2004 a 2011.
O Papa Bento XVI o nomeou bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte no dia 21 de dezembro de 2011. Na arquidiocese, foi o bispo referencial da região episcopal Nossa Senhora da Piedade (Rensp), que abrange oito municípios, coordenando a ação evangelizadora e pastoral, o funcionamento e a infraestrutura da Cúria Regional. Também supervisionou e orientou trabalhos no Tribunal Eclesiástico, na Secretaria Geral de Relações Sociais (SGRS) e na Secretaria Geral de Relações Eclesiais (SGRE). Acompanhou a vida, a administração e a ação evangelizadora dos santuários da arquidiocese, coordenando o Conselho Arquidiocesano de Reitores.
Coordenou a administração da Mitra nos respectivos santuários, incentivando projetos evangelizadores e de infraestrutura. No Serviço de Animação Vocacional, orientou a equipe de coordenação, articulando o Conselho Arquidiocesano de Movimentos e Novas Comunidades (Camenc), além de outras instâncias para a promoção e a animação das vocações.
Em 2015, foi eleito presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da CNBB, integrando o Conselho Episcopal Pastoral (Consep). Em 2019, foi reeleito para a mesma função. Foi secretário das Edições CNBB, de 2015 a 2019. Também foi presidente da Comissão para a Educação do Regional Leste 2 da CNBB, de 2015 a 2019.
Em março de 2016, dom João Justino foi nomeado membro da Comissão de Cultura e Educação do Setor Universidades do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) e responsável pelas pastorais de Educação e Cultura no Cone Sul.
Em 22 de fevereiro de 2017, o Papa Francisco o nomeou arcebispo coadjutor de Montes Claros, missão que assumiu no dia 13 de maio de 2017. Tornou-se arcebispo de Montes Claros em 21 de novembro de 2018.
Em 2019, foi indicado pelo Conselho Permanente da CNBB como membro titular do Conselho para o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida e, também, membro titular do Conselho Econômico da CNBB. Em 9 de dezembro de 2021, recebeu nova missão, sendo transferido pelo Papa Francisco para a arquidiocese de Goiânia. A posse foi em 16 de fevereiro de 2022.
O arcebispo de Porto Alegre (RS) e atual primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, foi eleito 14º presidente da CNBB nesta segunda-feira, 24 de abril. Ele estará à frente da Presidência da entidade de 2023 a 2027.
A eleição foi realizada na segunda sessão na manhã desta segunda-feira. Dom Jaime foi eleito em terceiro escrutínio, por maioria simples. O anúncio foi feito no início da sessão reservada, no auditório Noé Sotillo, no período da tarde.
Pronunciamento de dom Jaime após o anúncio da eleição como presidente da CNBB/Foto: Juliana Mastelini Moyses
Perguntado pelo atual presidente, dom Walmor Oliveira de Azevedo, se aceita a função a ele confiada pelo episcopado brasileiro, conforme prevê o Estatuto, dom Jaime respondeu:
“Com humildade, simplicidade, temor e tremor, mas sobretudo na fé, em espírito de comunhão e colaboração, sim!”
Biografia e trajetória eclesial Dom Jaime Spengler nasceu em 6 de setembro de 1960, em Gaspar (SC). Ingressou na Ordem dos Frades Menores, também conhecida por Ordem de São Francisco (Franciscanos) em 20 de janeiro de 1982, pela admissão no Noviciado na cidade de Rodeio (SC). Cursou Filosofia no Instituto Filosófico São Boaventura, de Campo Largo (PR), e Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ), concluindo-o no Instituto Teológico de Jerusalém, em Israel.
Foi ordenado sacerdote em 17 de novembro de 1990, na sua cidade natal. Fez doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, e atuou dentro da Ordem dos Frades Menores em diversas missões e cidades do país até 2010, quando foi nomeado pelo Papa Bento XVI como bispo auxiliar da arquidiocese de Porto Alegre. A ordenação episcopal, presidida por dom Lorenzo Baldisseri, núncio apostólico no Brasil na ocasião, ocorreu dia 5 de fevereiro de 2011, na paróquia São Pedro Apóstolo, em Gaspar.
Dom Jaime Spengler é arcebispo metropolitano de Porto Alegre desde 18 de setembro de 2013, quando foi nomeado pelo Papa Francisco que, concomitantemente, recebeu o pedido de renúncia de dom Dadeus Grings. Escolheu como seu lema episcopal “Gloriar-se na Cruz” (Cl 6,14) – In Cruce Gloriari.
No quadriênio de 2011 a 2015, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenado e a Vida Consagrada da CNBB. Em 2015, foi eleito presidente desta comissão. Entre os destaques de sua atuação à frente do colegiado, consta a aprovação das novas Diretrizes para a Formação de Presbíteros da Igreja no Brasil, em 2018.
Em maio de 2019, foi eleito primeiro vice-presidente da CNBB. Também é o bispo referencial da CNBB para o Colégio Pio Brasileiro, em Roma. Exerce ainda as funções de vice-presidente da Comissão Especial para o Acordo Brasil-Santa Sé da CNBB e bispo referencial CNBB – Regional Sul 3 para Vida Consagrada e Ministérios Ordenados.
No terceiro dia de 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sábado, 22 de abril, a Comissão Episcopal para a Juventude apresentou aos bispos os encaminhamentos da Igreja do Brasil para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que será realizada em Lisboa de 1 a 6 de agosto.
A assessora da comissão, irmã Valéria Andrade Leal, destacou que a jornada é o principal evento católico do mundo e por isso o Vaticano tem um apreço especial por ele, incentivando a participação de jovens do mundo todo. Até agora, do Brasil se inscreverem 23 bispos, 161 voluntários, 12.269 peregrinos e 111 pessoas para o Festival Vocacional.
Para os jovens que não irão para a JMJ, a comissão incentiva iniciativas nas dioceses de unidade em torno do evento e do Papa. “Sabemos que pouquíssimas pessoas vão para a jornada. Por isso pensamos em criar espaços de comunhão e de formação integral nas dioceses”, explicou.
A proposta é que antes da jornada as dioceses utilizem os materiais para encontros orantes e catequéticos oficiais no site da JMJ (lisboa2023.org), mensagens do Papa para as Jornadas Diocesanas da Juventude (JDJ), testemunho dos patronos da JMJ, concurso do Hino da jornada e o terço no dia 13 de Maio, dia de Nossa Senhora de Fátima, padroeira de Portugal.
Para os dias de jornada, os jovens que não irão a Lisboa terão um subsídio preparado pela coordenação nacional e a equipe de comunicação dos Jovens Conectados para vivência da JMJ nas dioceses em três dias: um dia da reconciliação, com via sacra; um dia mariano; e um dia missionário, com missa de envio e ação concreta. O material ainda será divulgado.
Comissão apresenta Plano de Pastoral Juvenil da Igreja do Brasil Na sequência, os bispos da comissão apresentaram o novo Plano de Pastoral Juvenil da Igreja no Brasil “Ao seu lado”. Fundamentado nos discípulos de Emaús, o plano extrai a mística da Eucaristia e da Palavra de Deus para vivência da Pastoral Juvenil.
O documento é dividido em quatro eixos: formação; vocação e missão; estruturas de acompanhamento e assessoria; cidadania: casa comum e dignidade humana. “Torna-se prioridade de nosso Plano Pastoral Nacional da Pastoral Juvenil, preparar os agentes para iluminar a noite que envolve os jovens, fazendo-os sair do desânimo para a esperança; cativando-os com a beleza do Evangelho de tal modo que, em vez de se mostrarem fartos, peçam também como os discípulos de Emaús: ‘fica conosco’”, destaca o bispo de Valença (RJ) e presidente da Comissão Episcopal para a Juventude, dom Nelson Francelino, na apresentação do documento.
“O que marca mais é a expressão de colegialidade, a gente trabalha em conjunto. E de diocesaneidade, nós somos uma Igreja ligada ao Papa, ligada à Igreja Universal. Nós não estamos construindo uma mensagem própria, nós estamos construindo uma mensagem de salvação que vem desde Jesus Cristo”.
Assim resume as assembleias gerais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo emérito de Coari (AM), dom Gutemberg Freire Régis. Das 60 assembleias, ele participou de quase 50.
Dom Gutemberg: “A CNBB cresceu muito”. | Fotos: Luiz Lopes – Comunicação 60ª AG CNBB.
A primeira foi em 1974, antes ainda de ser ordenado bispo, como prelado da então Prelazia de Coari (AM). Dom Gutemberg conta que naquele ano foi a primeira vez que a assembleia foi realizada no Mosteiro de Itaici (SP). Com o tempo, o local foi crescendo, mas “a CNBB cresceu mais ainda” e a assembleia precisou ser transferida para um lugar maior, o Santuário Nacional de Aparecida.
Religioso redentorista, dom Gutemberg se sente em casa no santuário, que é administrado pela Congregação dos Missionários Redentoristas. “Aí fiz os votos, recebi batina aqui na Basílica Velha”, relembra. “Então essa é uma das grandes razões para que mesmo aposentado eu venha. Porque a gente não vota, não participa tanto diretamente, mas eu participo também porque eu tenho outras vantagens. Me hospedo no convento, nem volto para o hotel”, conta.
Primeira vez na Assembleia do Episcopado
Na outra ponta, o bispo auxiliar de Belém (PA), dom Paolo Andreolli, foi ordenado no último dia 15 de abril. Italiano, há 15 anos mora no Brasil, com trabalho no Estado do Pará. Dom Paolo participa da assembleia pela primeira vez e, assim como dom Gutemberg, vê no encontro dos bispos um sinal de unidade e sinodalidade. “É interessantíssimo, tem uma variedade muito grande entre norte, centro, sul, leste, mas a gente experimenta contemporaneamente essa riqueza, a unidade, estamos procurando coisas comuns, caminhar juntos”, destaca o bispo.
Como padre, dom Paolo precisava se preocupar com os problemas próximos, da paróquia. Como bispo, o horizonte é elevado. “A gente percebe que os problemas continuam, mas estão dentro de um contexto muito maior e para resolver precisamos trabalhar juntos para encontrar soluções”, ressalta. Apesar das diferentes realidades, “a gente percebe que a humanidade é a mesma, as necessidades existenciais do encontro com Cristo, os problemas sociais são mais ou menos os mesmos espalhados em vários lugares”, conta dom Paolo.
Grande família Com a diversidade de realidades, o bispo auxiliar de Belém se diz encantado com o respeito e a busca por caminhos para se trabalhar junto, em comunhão com o Papa Francisco e a Igreja. “A gente se percebe como uma grande família. O sonho do Conforti, meu fundador, é fazer do mundo uma só família e a gente percebe, sente esse clima de família, com tantos filhos que trabalham juntos, tantos irmãos que trabalham juntos para o bem comum”, destaca.
Para quem está chegando e para quem vem de uma caminhada de quase cinco décadas, a caminhada é sempre de aprendizagem. O próprio caminhar em unidade em meio a realidades diferentes é um processo de aprendizagem, destaca dom Gutemberg. “Porque o ser humano é pessoa que nasce e vai aprendendo: a andar, a comer, a falar. Esse processo de aprendizagem é natural. É isso a conferência, a CNBB, é o que a gente está tentando fazer juntos. Não como indivíduo, cada um querendo resolver por si, nenhuma paróquia sozinha, nenhuma diocese sozinha, mas em comunhão”, relata.
Dom Paolo complementa: “a gente experimenta que está dentro de uma caminhada muito grande e está entrando num trem em movimento. Então a gente pula dentro aprendendo coisas novas e tentando entender para dar a contribuição também dentro do processo”. Nessa caminhada, a ajuda de outras pessoas é fundamental. “Através das pessoas conhecidas a gente vai conhecer mais pessoas ainda e, assim, como aquele círculo que você joga uma pedra dentro de uma lagoa, ele vai se ampliando, a gente vai conhecendo um mundo bem maior, mais amplo”, conta dom Paolo.
E nesse ponto, a caminhada com os bispos mais velhos se encontra novamente. Todo mundo procura ajudar tanto um quanto outro, aponta dom Gutemberg. “Quando a gente chega como bispo novo, os outros estão muito afáveis e procuram ajudar, orientar quando precisa. E como bispo idoso, muitos procuram ajudar porque a gente já está esquecendo as coisas, já não consegue acompanhar o ritmo que às vezes é muito agitado. Eu já estou experimentando o outro lado, a ajuda do início e agora, então isso é bom”, finaliza dom Gutemberg.
Missa com os bispos de recente nomeação No final do segundo dia de assembleia, na quinta-feira, 20 de abril, dom Paolo concelebrou a missa que foi dedicada especialmente aos bispos de recente nomeação, uma experiência emocionante para ele. “Primeira vez que celebro como bispo naquele presbitério [do santuário] vendo que tem jovens bispos que foram eleitos [como eu]. É como uma família, quando nasce alguém é objeto de interesse, de cuidado, faz com que a gente se doe completamente”, destaca. Na sexta-feira, 21 de abril, a missa foi dedicada aos bispos eméritos.
O bispo de Paranaguá (PR) e presidente da Comissão Episcopal para a Liturgia, dom Edmar Peron, fala sobre a tradução brasileira da terceira edição do Missal Romano, concluída após 19 anos de trabalho.
Na tarde desta quinta-feira, 20 de abril, durante a segunda coletiva de imprensa da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o arcebispo de Santa Maria (RS), dom Leomar Antônio Brustolin, relatou o processo de como tem sido realizada a construção das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, que deve levar em consideração o Sínodo dos Bispos.
Dom Leomar destacou que, para a elaboração do texto das Diretrizes, está sendo realizado um processo de escuta, com o objetivo de traçar o caminho que a Igreja irá percorrer nos próximos quatro anos.
A proposta é que o documento seja publicado em 2025 e que o princípio da fé seja seu eixo principal. Reflexões sobre com qual linguagem deve-se anunciar a verdade, em momentos de pluralidade, serão levadas em consideração para a confecção do texto.
“Estamos identificando o que há de novo desde a publicação da anterior: primeiro o fascínio pelas novas tecnologias, que tanto aproximam quanto distanciam as pessoas; o drama crônico da pobreza e da desigualdade social; jovens não preocupados com o futuro; isso tudo são apelos para nós”, explicou dom Leomar.
Outros desafios, segundo o arcebispo, são o de como transmitir a fé às novas gerações (crianças e jovens); como superar a questão do individualismo, sinal dos novos tempos; e como reacender o senso de pertença eclesial.
Palavras-chaves O arcebispo de Santa Maria revelou que o texto das novas diretrizes terá como palavras-chaves as mesmas que caracterizam o processo do Sínodo dos Bispos – comunhão, participação e missão. A comunhão, segundo dom Leomar, envolverá o processo de como formar comunidades integradas na pluralidade de experiências; como fazer das paróquias casa e lugar de irmãos.
No quesito da participação, o texto deve apontar caminhos de como trabalhar o senso de pertença, os ministérios ordenados e o ministério de leigos. Já a dimensão missionária passará a ser uma transversalidade das diretrizes.
Perguntas
Durante a coletiva, algumas perguntas foram direcionadas a dom Leomar. Uma delas foi a de como pode-se resgatar a unidade diante da fragmentação, no texto das diretrizes.
Segundo dom Leomar, o primeiro ponto é que deve-se entender que “ser católico é aceitar formas diferentes de se pensar”.
“Não devemos mais esquecer que o nosso fundamento deve ser sempre a fé e que nada pode nos dividir. Integrar as diferenças, mas nada antepor a Jesus Cristo. As Diretrizes deverão buscar uma integração das diferenças”.
Outra questão respondida por dom Leomar foi a de que maneira as Diretrizes aperfeiçoam o modo de anunciar Jesus Cristo.
“Certamente nós podemos dizer que a Igreja existe para evangelizar. As diretrizes deverão incentivar uma experiência de iniciação à vida cristã; a unidade, a comunhão, o senso de pertença”.
Por último, dom Leomar respondeu como pode-se fomentar esse tipo de práticas (de escuta).
“A escuta pode ser seletiva, mas essa proposta de ampliar a escuta é indispensável. Escutar também o que não gostamos de ouvir. É fundamental escutarmos os que se afastam da Igreja, para ver qual é a percepção da presença pública da Igreja em uma sociedade como a nossa. E essa escuta precisa ser inclusiva e digital para que possamos ir ao encontro daqueles que estão em outros aerópagos”.
Outras participações Neste segundo dia da Assembleia participaram também da coletiva de imprensa, o dom Edmar Peron, bispo de Paranaguá (PR), que fez uma apresentação da tradução brasileira da terceira edição típica do Missal Romano, aprovada pela Santa Sé; e dom Pedro Cipollini, bispo de Santo André (SP), que realizou um balanço das atividades realizadas pela Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CNBB.
A Comissão Episcopal para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresentou, no início deste segundo dia de 60ª Assembleia Geral, 20 de abril, o processo de adaptação da Igreja do Brasil à tradução brasileira da terceira edição do Missal Romano. Como foi decidido na última reunião do Conselho Permanente da CNBB, realizada em março, as comunidades de todo país têm até o Advento para começar a utilizar os novos textos nas celebrações da missa. “O uso dos textos da terceira edição serão facultativos até o primeiro domingo do Advento e depois será obrigatório”, explicou o bispo de Paranaguá (PR) e presidente da Comissão para a Liturgia, dom Edmar Peron.
Na missa de ontem, 19 de abril, primeiro dia de assembleia, os bispos já utilizaram os textos da tradução brasileira na Missa com Vésperas, na Basílica Nacional de Aparecida. A celebração marcou o início do uso da terceira edição do Missal Romano no Brasil, cujo processo de tradução e aprovação levou 19 anos.
Dom Edmar explicou que não se trata de um “novo missal” inaugurando uma nova forma de liturgia, como em 1965 pós Concílio Vaticano II, mas a tradução da terceira edição típica do Missal Romano, “o missal pós Concílio Vaticano II, também chamado Missal de Paulo VI”, ressaltou. A terceira edição foi promulgada em 2002 por São João Paulo II e revisada em 2008, com o objetivo de incorporar as disposições litúrgicas e canônicas desde a segunda edição típica, de 1975.
“A Igreja é dinâmica”, afirmou dom Edmar, e precisava incorporar essa dinâmica nos textos do missal. Mas o trabalho das conferências não foi apenas inserir coisas novas, ressaltou, mas principalmente revisar a tradução do missal.
Recepção nas comunidades Dom Edmar apresentou três aspectos fundamentais para a recepção do missal nas comunidades. O primeiro é ter claro que o livro por si só não basta, é preciso “passar do livro à celebração”. E aí o papel fundamental do bispo em promover uma educação litúrgica. “Nós somos, pela Cristus Dominus, moderadores, promotores e guardiães de toda vida litúrgica da nossa Igreja”, reforçou dom Edmar.
O segundo aspecto é rever o modo de bem celebrar a liturgia. Esta é, explica, um evento de salvação e não apenas rubricas a serem seguidas. “Não celebramos para observar rubricas, celebramos com elas o evento de salvação. Rito não é rubrica a ser observada, mas uma ação de Cristo e da Igreja a ser celebrada”, destaca dom Edmar.
Por fim, não haverá recepção autêntica do missal se este não se tornar fonte da vida espiritual. Segundo a Sacrossantun Conciliun, cita o bispo, a “plena e ativa participação de todo o povo” possibilita que a Liturgia seja, de fato a primeira fonte onde os fiéis vão beber o “espírito genuinamente cristão” (14). “A meditação contínua (uma “leitura orante”) dos textos do missal o tornarão novos e fonte de nossa vida espiritual”, concluiu dom Edmar.
Folhetos diocesanos Os textos do missal serão disponibilizados integralmente pelas Edições CNBB às dioceses que têm folhetos próprios das missas, em tempo hábil para atender a obrigatoriedade do uso no primeiro domingo do Advento. As dioceses podem entrar em contato com a editora para solicitar o material.
Relatório da Comissão para a Doutrina da Fé Ainda na primeira parte da manhã, a Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé apresentou um relato, como última contribuição aos bispos antes da nova eleição. O bispo da diocese de Santo André (SP) e presidente da comissão, dom Pedro Carlos Cipollini, partiu de uma análise da fé num momento de mudança de época para falar de luzes e sombras na vida de fé da Igreja. Dom Pedro apontou questões desafiadoras que exigem “reflexão e vigilância constante”.
“Muitos já separaram a vivência da fé, a prática da fé, da religião e da própria vida”, falou dom Pedro. “É preciso, portanto, retomar, recomeçar, a partir de Jesus Cristo (CELAM, Documento de Aparecida, 244-245). Voltar a Jesus Cristo, às origens é voltar ao essencial, retomar o ‘coração da fé’, ao Evangelho do Reino.” Por isso, é preciso transmitir “uma fé capaz de dar esperança para sustentar a vida do povo”. “Confiemos na ação do Espírito, enviado sobre os apóstolos em Pentecostes”, concluiu dom Pedro Cipollini.