Perguntas e respostas sobre a CNBB. Dom Fernando Arêas Rifan, bispo católico brasileiro, esclarece dúvidas dos fiéis a respeito da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Dom Fernando é atual ordinário da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, bispo titular de Cedamusa e antes sacerdote tradicionalista aliado à Fraternidade Sacerdotal São Pio X.

Veja na íntegra:

A CNBB: Esclarecimentos

Dom Fernando Arêas Rifan

+ Dom Fernando Arêas Rifan

“O Espírito Santo instituiu os Bispos para governar a Igreja de Deus” (São Paulo, em Atos 20,28)

A respeito da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), têm surgido ultimamente entre os católicos muitos questionamentos,alguns, justificados pela retidão e merecedores de explicação, outros, agressivos, carentes de espírito católico e respeito, que perdem assim toda a credibilidade. Reunida recentemente em sua 56ªAssembleia Geral (56ª AG), a própria CNBB fez diversos pronunciamentos, que cito entre aspas, procurando elucidaralgumas dúvidas, às quais acrescento algumas elucidações, dirigidas aos católicos de boa vontade.

O QUE NÃO É A CNBB:

Uma Conferência Episcopal, como a CNBB, não faz parte da hierarquia da Igreja como tal, que é formada pelo Papa e pelos Bispos em comunhão com ele. A Conferência, instituição eclesiástica, não existe para anular o poder dos Bispos, instituição divina. Não confundir Conferência Episcopal com o Episcopado ou Colégio dos Bispos, sucessor do Colégio Apostólico, de instituição divina.

A Conferência Episcopal não tem poder hierárquico sobre os Bispos. Quem tem poder sobre eles é o Papa, que se comunica com eles através da Nunciatura Apostólica.

O Papa emérito Bento XVI, quando Cardeal, falou sobre um dos “efeitos paradoxais do pós-concílio”: “A decidida retomada (no Concílio) do papel do Bispo, na realidade, enfraqueceu-se um pouco, ou corre até mesmo o risco de ser sufocada pela inserção dos prelados em conferências episcopais sempre mais organizadas, com estruturas burocráticas frequentemente pesadas. No entanto, não devemos esquecer que as conferências episcopais… não fazem parte da estrutura indispensável da Igreja, assim como querida por Cristo: têm somente uma função prática, concreta”. É, aliás, continua, o que confirma o Direito Canônico, que fixa os âmbitos de autoridade das Conferências, que “não podem agir validamente em nome de todos os bispos, a menos que todos e cada um dos bispos tenham dado o seu consentimento”, e quando não se trate de “matérias sobre as quais haja disposto o direito universal ou o estabeleça um especial mandato da Sé Apostólica”. E recorda o Código e o Concílio: “o Bispo é o autêntico doutor e mestre da Fé para os fiéis confiados aos seus cuidados”. “Nenhuma Conferência Episcopal tem, enquanto tal, uma missão de ensino: seus documentos não têm valor específico, mas o valor do consenso que lhes é atribuído pelos bispos individualmente”.

“O grupo dos bispos unidos nas Conferências depende, na prática, para as decisões, de outros grupos, de comissões específicas, que elaboram roteiros preparatórios. Acontece, além disso, que a busca de um ponto comum entre as várias tendências e o esforço de mediação dão lugar, muitas vezes, a documentos nivelados por baixo, em que as posições precisas são atenuadas”. E ele recorda que, em seu país, existia uma Conferência Episcopal já nos anos 30: “Pois bem, os textos realmente vigorosos contra o nazismo foram os que vieram individualmente de prelados corajosos. Os da Conferência, no entanto, pareciam um tanto abrandados, fracos demais com relação ao que a tragédia exigia” (Ratzinger, A Fé em crise, IV).

Portanto, não se pode nem se deve atribuir à CNBB responsabilidade e poderes que ela não tem.

ENTÃO, O QUE É A CNBB? QUE IDEIA DEVEMOS FAZER DELA?

“A Conferência dos Bispos, organismo permanente, é a reunião dos Bispos de uma nação…, que exercem conjuntamente certas funções pastorais em favor dos fiéis do seu território, a fim de promover o maior bem que a Igreja proporciona aos homens, principalmente em formas e modalidades de apostolado devidamente adaptadas às circunstâncias de tempo e lugar, de acordo com o Direito” (C.D.C. cânon 447).Por isso, por ser uma obra da Igreja, merece o nosso especial respeito e consideração.

“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é a instituição permanente que congrega os Bispos da Igreja Católica no País…; nela, conjuntamente, eles exercem funções pastorais e dinamizam a missão evangelizadora… Respeitadas a competência e responsabilidade de cada membro, quanto à Igreja universal e à própria Igreja particular, cabe à CNBB, como expressão peculiar do afeto colegial, fomentar a comunhão entre os membros…, ajudar os Bispos no seu ministério para o benefício de todo o povo de Deus, concretizar o afeto colegial e facilitar o relacionamento de seus membros, sendo espaço de diálogo, ajuda fraterna e de encorajamento recíproco.., estudar assuntos de interesse comum, promover a ação evangelizadora, exercer o magistério doutrinal e a atividade legislativa, segundo as normas do direito…, representar o Episcopado brasileiro junto a outras instâncias, inclusive a civil” (Estatutos art. 1º e 2º).

A natureza das conferências episcopais foi exposta na Carta Apostólica Apostolossuos, de S. João Paulo II, onde cita o decreto Christus Dominus do Concílio Vaticano II, que considera “muito conveniente que, em todo o mundo, os Bispos da mesma nação ou região se reúnam periodicamente em assembleia, para que, da comunicação de pareceres e experiências, e da troca de opiniões, resulte uma santa colaboração de esforços para bem comum das Igrejas”. Ensina ele que “a união colegial do Episcopado manifesta a natureza da Igreja… Assim como a Igreja é una e universal, assim também o Episcopado é uno e indiviso, sendo tão extenso como a comunidade visível da Igreja e constituindo a expressão da sua rica variedade. Princípio e fundamento visível dessa unidade é o Romano Pontífice, cabeça do corpo episcopal”.

“Nós, Bispos da Igreja Católica, sucessores dos Apóstolos, estamos unidos entre nós por uma fraternidade sacramental e em comunhão com o sucessor de Pedro; isso nos constitui um colégio a serviço da Igreja (cf. Christus Dominus, 3). O nosso afeto colegial se concretiza também nas Conferências Episcopais, expressão da catolicidade e unidade da Igreja. O Concílio Vaticano II, na Lumen Gentium, 23, atribui o surgimento das Conferências à Divina Providência e, no decreto Christus Dominus, 37, determina que sejam estabelecidas em todos os países em que está presente a Igreja” (56ª AG – Mensagem ao Povo de Deus).

O respeito devido aos Bispos, sucessores dos Apóstolos, se estende também, de certa maneira, à Conferência dos Bispos.

No dia da ordenação dos Bispos, foi dirigida ao povo de Deus essa exortação: “Deveis honrá-lo como ministro de Cristo e dispensador dos mistérios de Deus… Lembrai-vos das palavras de Cristo aos Apóstolos: “quem vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, a mim despreza, e quem me despreza, despreza aquele que me enviou”.

A CNBB É UM GRUPO IDEOLÓGICO, UMA ONG, FAVORÁVEL A ALGUM PARTIDO POLÍTICO?

Não. “A CNBB não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político. As ideologias levam a dois erros nocivos: por um lado, transformar o cristianismo numa espécie de ONG, sem levar em conta a graça e a união interior com Cristo; por outro, viver entregue ao intimismo, suspeitando do compromisso social dos outros e considerando-o superficial e mundano (cf. Gaudete et Exsultate, n. 100-101)”.

A Igreja fundada por Cristo é mistério de comunhão: “povo reunido na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (São Cipriano). Como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (cf. Ef 5,25), assim devemos amá-la e por ela nos doar. Por isso, não é possível compreender a Igreja simplesmente a partir de categorias sociológicas, políticas e ideológicas, pois ela é, na história, o povo de Deus, o corpo de Cristo, e o templo do Espírito Santo” (56ª AG – Mensagem ao Povo de Deus).

POR QUE A CNBB TEM MENSAGENS POLÍTICAS E SOCIAIS?

“A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política… não pode nem deve se colocar no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça. Deve inserir-se nela pela via da argumentação racional e deve despertar as forças espirituais, sem as quais a justiça… não poderá firmar-se nem prosperar” (Papa Bento XVI, Deus caritas est, n. 28).

“Em sua missão evangelizadora, a CNBB vem servindo à sociedade brasileira, pautando sua atuação pelo Evangelho e pelo Magistério, particularmente pela Doutrina Social da Igreja. “A fé age pela caridade” (Gl 5,6); por isso, a Igreja, a partir de Jesus Cristo, que revela o mistério do homem, promove o humanismo integral e solidário em defesa da vida, desde a concepção até o fim natural. Igualmente, a opção preferencial pelos pobres é uma marca distintiva da história desta Conferência. O Papa Bento XVI afirmou que “a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para enriquecer-nos com a sua pobreza”. É a partir de Jesus Cristo que a Igreja se dedica aos pobres e marginalizados, pois neles ela toca a própria carne sofredora de Cristo, como exorta o Papa Francisco”.

“Ao assumir posicionamentos pastorais em questões sociais, econômicas e políticas, a CNBB o faz por exigência do Evangelho. A Igreja reivindica sempre a liberdade, a que tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades sociais, sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et Spes, 76). Isso nos compromete profeticamente. Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada. Se, por este motivo, formos perseguidos, nos configuraremos a Jesus Cristo, vivendo a bem-aventurança da perseguição (Mt 5,11)”(56ª AG – Mensagem ao Povo de Deus).

MAS BISPOS DA CNBB TOMAM ÀS VEZES POSIÇÕES E ATITUDES NÃO CONDIZENTES COM A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA!

“A Conferência Episcopal, como instituição colegiada, não pode ser responsabilizada por palavras ou ações isoladas que não estejam em sintonia com a fé da Igreja, sua liturgia e doutrina social, mesmo quando realizadas por eclesiásticos” (56ª AG – Mensagem ao Povo de Deus).

O mesmo se diga dos organismos ou instituições não episcopais, vinculadas à CNBB para lhe prestar colaboração específica: essas instituições “podem pronunciar-se ou agir tão somente em nome próprio, não em nome da CNBB, sempre em consonância com eventuais pronunciamentos da CNBB” (Estatutos art. 12 §2º).

E O QUE DIZ A CNBB SOBRE OS ABUSOS LITÚRGICOS QUE ACONTECEM EM VÁRIAS IGREJAS DO BRASIL?

Dom Armando Bucciol, presidente da Comissão Episcopal Pastoral de Liturgia da CNBB, falando em nome da Conferência, explicou: “Antes de tudo, o que mais precisa a respeito da liturgia é entender seu sentido teológico e espiritual para torna-la momento forte, marcante e transformador na vida do cristão”, reforçando que quem viver a liturgia iluminado pela presença e força do Espírito Santo não precisa procurar expressões do que ele chamou de “criatividade selvagem”. “Ninguém é dono da liturgia, mas seu servidor”. “Bastar viver com intensidade e autenticidade a nobre beleza do rito liturgia latina que nós celebramos”.

No pronunciamento oficial da Comissão para a Liturgia – “Reflexões e orientações sobre Liturgia e Evangelização, com o objetivo de tornar as nossas celebrações litúrgicas ‘simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força’ (SC 10) e verdadeiros momentos de evangelização e autênticas experiências de encontro com Jesus Cristo” – declarou:

“A Evangelização consiste em propor caminhos para que as pessoas se encontrem com Jesus Cristo, morto e ressuscitado, e participem do evento da Páscoa do Senhor. Ser Igreja e estar na Igreja é possível somente por ele e para ele…A expressão consagrada na SC 9, ‘liturgia ápice e fonte da vida cristã’, não é retórica nem modismo, mas afirmação basilar que não permite que a liturgia seja instrumentalizada ou banalizada. Liturgia não é ‘mídia’, não está a serviço de outra realidade que não seja o Mistério Pascal que fundamenta a nossa fé… A sagrada liturgia não esgota toda a ação da Igreja, porque os homens, antes de poderem participar na liturgia, precisam ouvir o apelo à fé e à conversão” (SC 9).

“Um dos sinais mais eloquentes da manifestação do sagrado serão as comunidades reunidas em oração, para celebrar a Liturgia e para louvar e agradecer ao Senhor. O Papa Bento XVI reconheceu que ‘a melhor catequese sobre a Eucaristia é a própria Eucaristia bem celebrada. Por sua natureza, a liturgia possui uma eficácia pedagógica própria para introduzir os fiéis no conhecimento do mistério celebrado’ (SacramentumCaritatis, 64)”.

“Nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, escreve-se que vivemos envolvidos num ‘mundanismo sob vestes espirituais e pastorais’, com ‘celebrações litúrgicas que tentem mais à exaltação da subjetividade do que à comunhão com o Mistério… Por isso, nós pastores…devemos avaliar, com sabedoria e competência, e discernir se os ritos que se celebram em nossas comunidades – e o modo como são celebrados – facilitam ou dificultam a Evangelização… Não podemos supor que o povo seja ainda profundamente cristão (se é que tenha sido no passado). Porém, recusamos acreditar que o ‘remédio’ consista em enfeitar – para não dizer mascarar –  as celebrações litúrgicas para torna-las mais charmosas e chamativas…”

“O caminho mais seguro é … tornar as nossas celebrações dignas, bonitas, coerentes e fiéis ao espírito da liturgia” (Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia  – pronunciamento na 56ª AG 2018).

E A ACUSAÇÃO DE QUE A CNBB ESTARIA FAVORECENDO O ABORTO?

A posição da CNBB quanto ao aborto é claríssima, a mesma do Magistério da Igreja, já manifestada em diversas e numerosas ocasiões. Por exemplo:

NOTA DA CNBB PELA VIDA CONTRA O ABORTO – “Não matarás, mediante o aborto, o fruto do seu seio” (Didaquê, século I).      “A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através da sua Presidência, reitera sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural. Condena, assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil”.

“O direito à vida é incondicional. Deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana. O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu….”

“A defesa incondicional da vida, fundamentada na razão e na natureza da pessoa humana, encontra o seu sentido mais profundo e a sua comprovação à luz da fé…”

“Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se empenhado na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos empobrecidos. A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de proteção. Com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar”.

“O direito à vida é o mais fundamental dos direitos e, por isso, mais do que qualquer outro, deve ser protegido. Ele é um direito intrínseco à condição humana e não uma concessão do Estado. Os Poderes da República têm obrigação de garanti-lo e defendê-lo. O Projeto de Lei 478/2007 – “Estatuto do Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado. Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; ‘causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto’. São imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto” (11 de abril de 2017).

Não cabe, pois, a menor dúvida sobre a posição doutrinária da CNBB com relação ao aborto.

E A ACUSAÇÃO DE QUE, COM A CAMPANHA DA FRATERNIDADE, A CNBB TERIA AJUDADO UMA ONG ABORTISTA?

A Campanha da Fraternidade, que acontece na Quaresma, tem como finalidade unir as exigências da conversão, da oração e da penitência com algum projeto social, na intenção de renovar a vida da Igreja e ajudar a transformar a sociedade, a partir de temas específicos, tratados sob a visão cristã, convocando os cristãos a uma maior participação nos sofrimentos de Cristo, vendo-o na pessoa do próximo, especialmente dos mais necessitados da nossa ajuda.

 Da coleta para a Campanha da Fraternidade, feita no Domingo de Ramos, 60% fica nas Dioceses, para as suas próprias obras sociais (Fundo Diocesano de Solidariedade).

40% desta coleta ajuda a formar o Fundo Nacional de Solidariedade, criado para prestar um serviço à caridade, financiando projetos beneficentes, que lhe são apresentados, com a recomendação de um Bispo, e examinados pelo Conselho Gestor.

“O Fundo Nacional de Solidariedade é fruto da Campanha da Fraternidade, iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que, desde 1964, convida os católicos, no período quaresmal, a refletir e agir sobre a situação dos mais pobres e vulneráveis, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja… O gesto de colaborar com a Coleta no Domingo de Ramos foi uma expressão de sua espiritualidade quaresmal. Assim, sua vivência dos valores do Evangelho se materializou em recursos para o financiamento de projetos sociais em nosso país. Queremos, pois, em nome de todos os que serão beneficiados por essa coleta, expressar-lhes nossa gratidão, ao mesmo tempo em que nos dispomos a lhes prestar alguns esclarecimentos” (Conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) Declaração feita na 56ª AG da CNBB).

“Anualmente, é publicado um edital, com as exigências que devem ser observadas por aqueles que apresentam projetos. O edital dos anos anteriores está disponível no site. (fns.cnbb.org.br). Os projetos para o FNS podem ser apresentados por Regionais da CNBB, por Dioceses, Paróquias, Grupos organizados, Associações, Pastorais, Entidades Sociais sem fins lucrativos etc” (Conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS)Declaração feita na 56ª AG da CNBB).

Neste ano, por exemplo, a 56ª Assembleia Geral da CNBB aprovou a proposta de destinar a Diocese de Roraima 40% dos recursos do FNS, para os trabalhos que envolvem a acolhida dos refugiados venezuelanos.

Sobre o projeto aprovado para a ABONG: Dentre os 237 projetos aprovados com os recursos da Campanha da Fraternidade de 2017, um deles foi apresentado pela Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais – ABONG. Essa entidade reúne organizações da Sociedade Civil, sem fins lucrativos, para o fortalecimento da base associativa. Em nome de cerca de cem organizações – dentre as quais, várias ligadas à Igreja -, a ABONG pediu recursos para a realização do V Encontro dessas entidades, em São Paulo. Esse Encontro tinha como finalidade única e exclusiva discutir o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, que é uma agenda política ampla, que tem o objetivo de aperfeiçoar o ambiente jurídico e institucional relacionado às Organizações da Sociedade Civil e suas relações de parceria com o Estado. Assim, a ajuda dada não se destinou a apoiar projetos movidos por ideais divergentes dos valores da fé cristã católica, como por exemplo o aborto. Temos no arquivo do FNS a prestação de contas do evento em questão, bem como todas as notas fiscais, fotografias e a lista de presença do evento” (Conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) (Declaração feita na 56ª AG da CNBB).

Como qualquer um pode ser enganado ao dar esmolas, o FNS reconhece que realmente pode não ter sido boa coisa ajudar essa associação, que congrega entidades que, fora da nossa intenção, podem usar essa ajuda para coisas más, como, no caso, o aborto. Mas a ajuda não foi dada para isso, mas apenas para o Encontro que visou discutir a situação jurídica das entidades afiliadas. Por isso o FNS declara: “Comprometemo-nos a analisar mais atentamente os projetos que forem apresentados, bem como a prestar maior atenção aos objetivos das entidades proponentes. O Regulamento do FNS está sendo revisto e aprimorado para ser apresentado ao Conselho Permanente da CNBB. Reafirmamos nosso compromisso com Jesus Cristo e sua Igreja. Daí nossa disposição de continuar trabalhando de acordo com a Moral Católica e a Doutrina Social da Igreja, para que ‘todos os povos tenham vida’ (Jo 10,10).Renovamos nossos agradecimentos a todos os que colaboraram com a CF-2018. Cresça, cada vez mais, nosso compromisso com os mais necessitados, segundo o critério apontado por Jesus. A Virgem Maria, Mãe da Caridade, nos ensine a seguir os passos de Jesus no serviço ao próximo” (Conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS)Declaração feita na 56ª AG da CNBB).

E SOBRE A IDEOLOGIA DE GÊNERO?

A CNBB protesta sempre seguir a doutrina católica e o ensinamento pontifício a esse respeito.Além dos dados da ciência e da lei natural, a doutrina católica ensina sobre o nosso dever em relação à própria identidade sexual: “Deus criou o ser humano, homem e mulher, com igual dignidade pessoal e inscreveu nele a vocação do amor e da comunhão. Cabe a cada um aceitar a própria identidade sexual, reconhecendo sua importância para a pessoa toda, a especificidade e a complementaridade” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 487). Com a ideologia de gênero, “deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da criação: ‘Ele os criou homem e mulher’ (Gn 1, 27)…O homem contesta a sua própria natureza… E torna-se evidente que, onde Deus é negado, dissolve-se também a dignidade do homem” (Bento XVI, discurso à Cúria Romana, 21/12/2012). O Papa Francisco tem falado da “beleza do matrimônio”, com a “complementaridade homem-mulher, coroação da criação de Deus que é desafiada pela ideologia do gênero” (Disc. aos Bispos porto-riquenhos, 8/6/2015).

Quaisquer expressões que possam soar ambíguas sobre esse ponto devem ser interpretadas segundo a doutrina católica acima mencionada.

QUAL A MENSAGEM DA CNBB AOS FIÉIS LEIGOS, SOBRE A ATITUDE QUE DEVEM TOMAR?

“Neste Ano Nacional do Laicato, conclamamos todos os fiéis a viverem a integralidade da fé, na comunhão eclesial, construindo uma sociedade impregnada dos valores do Reino de Deus. Para isso, a liberdade de expressão e o diálogo responsável são indispensáveis. Devem, porém, ser pautados pela verdade, fortaleza, prudência, reverência e amor “para com aqueles que, em razão do seu cargo, representam a pessoa de Cristo(LG 37). Para discernir a verdade, é preciso examinar aquilo que favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que, ao invés, tende a isolar, dividir e contrapor” (Papa Francisco, Mensagem para o 52º dia Mundial das Comunicações de 2018)”

“Vivemos um tempo de politização e polarizações que geram polêmicas pelas redes sociais e atingem a CNBB. Queremos promover o diálogo respeitoso, que estimule e faça crescer a nossa comunhão na fé, pois, só permanecendo unidos em Cristo podemos experimentar a alegria de ser discípulos missionários” (56ª AG – Mensagem ao Povo de Deus).

CONCLUSÃO: “Enquanto Cristo ‘santo, inocente, imaculado’, não conheceu o pecado, e veio expiar unicamente os pecados do povo, a Igreja, que reúne em seu seio os pecadores, é ao mesmo tempo santa, e sempre necessitada de purificação, sem descanso dedica-se à penitência e à renovação. A Igreja continua o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus, anunciando a paixão e a morte do Senhor, até que ele venha. No poder do Senhor ressuscitado encontra a força para vencer, na paciência e na caridade, as próprias aflições e dificuldades, internas e exteriores, e para revelar ao mundo, com fidelidade, embora entre sombras, o mistério de Cristo, até que no fim dos tempos ele se manifeste na plenitude de sua luz” (Lumen Gentium, 8).

Foto destaque: 56ª Assembleia Geral da CNBB

A Comissão instituída pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para refletir sobre as orientações da celebração da Palavra esteve reunida durante essa semana na sede da entidade, em Brasília (DF), com uma proposta de texto para um documento atualizado. Antes composta por um grupo que estudava a temática do “Ministério” e outro que estudava a questão da “Celebração da Palavra”, agora eles se uniram e formam um só.

Dom Geraldo Lyrio Rocha, atual presidente da comissão justifica que essa mudança se fez necessária por questões de integração entre os dois temas. “Essa decisão foi tomada durante a 55ª Assembleia Geral da CNBB, realizada em 2017. Lá o episcopado achou por bem integrar os dois grupos e transformá-lo em um só, resultando na formação de uma única Comissão”, argumenta.

Para o bispo de Itaituba (PA), dom Wilmar Santin, a atualização se faz necessária uma vez que trará uma base sólida para a formação dos ministros. “Vai ser uma ajuda inestimável para todos os ministros tanto da eucaristia, como da celebração da Palavra”, comenta. Para ele, o Documento é uma orientação segura de como fazer as celebrações. “É fundamental onde não há missa que se faça a celebração da Palavra”, garante.A atualização das orientações para a celebração da Palavra tem como base o Documento 52 da CNBB, aprovado durante a 32ª Assembleia Geral da CNBB, em 1994. Nele, a celebração da Palavra é definida como um ato litúrgico reconhecido e incentivado pela Igreja. “Nosso objetivo é atualizar o Documento e aprofundar a reflexão sobre o ministério confiado a leigos e leigas para o anúncio e a celebração da Palavra de Deus”, afirma dom Geraldo.

Ato sacramental

O Documento 52 da CNBB afirma que as celebrações da Palavra de Deus não são uma criação das últimas décadas, mas fazem parte da tradição da Igreja. No texto é possível identificar uma de suas finalidades: a de  assegurar às comunidades cristãs a possibilidade de se reunir no domingo e nas festas, tendo a preocupação de inserir suas reuniões na celebração do ano litúrgico e de as relacionar com as comunidades que celebram a Eucaristia.

Comissão reunida na sede da CNBB, em Brasília (DF). Foto: Matheus de Souza/CNBB

O bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA), dom Armando Bucciol define liturgicamente a celebração da Palavra como um ato sacramental. “Antes de tudo a celebração da Palavra tem um valor sacramental, isto é, uma experiência de encontro com Jesus Cristo vivo, com Deus que fala ao seu povo, portanto, celebrar a Palavra é uma experiência de comunhão profunda com Deus”, garante o bispo. “A Palavra deve ser escutada com muita atenção, em silêncio e com uma abertura não só mental, mas espiritual para ouvir o que Deus tem a nos dizer a cada hora”, completa dom Armando.

Entre os próximos passos da Comissão está o de levar as considerações feitas pelos membros para a apreciação do Conselho Permanente da CNBB. “Somente o Conselho Permanente poderá aprovar as atualizações feitas por nós. Nosso trabalho tem sido intenso”, garante dom Geraldo Lyrio Rocha.

CNBB

Querido Povo de Deus da Arquidiocese de Londrina, padres, religiosos e religiosas, Pastorais e Movimentos!!!

Quero partilhar com todos a carta que acabo de receber da CNBB Nacional sobre a situação dos refugiados venezuelanos em Roraima e um pedido insistente de ajuda, especialmente financeira, para que as organizações de lá possam ajudar este nossos irmãos necessitados ao extremo. A carta já traz todas as informações necessárias para o andamento da campanha.

Deus abençoe toda a generosidade, por pequena que possa ser, com vida em plenitude e muita paz. Ele não se deixa vencer em generosidade.

Londrina, 09 de Março de 2018.

Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo Metropolitano de Londrina


Confira, abaixo, a carta na íntegra:

Brasília-DF, 05 de março de 2018
P – Nº. 0129/18

Aos Irmãos no Episcopado,

“Eu era estrangeiro e me acolhestes” (Mt 25,35)

Tendo ouvido o relato de Dom Mário Antônio da Silva, Bispo de Roraima e Presidente do Regional Norte 1, sobre a dramática situação dos irmãos e irmãs venezuelanos que ali aportam, fugindo da gravíssima crise que assola o seu país, o Conselho Permanente da CNBB, reunido, entre os dias 21 a 23 de fevereiro pp, decidiu enviar a todos os irmãos no episcopado o pedido de socorro, em favor daquela gente sofrida e dos que estão tentando acolhê-los.

A Diocese de Roraima, o Regional Norte 1, as entidades parceiras e outras igrejas, naquela região, não reúnem as condições necessárias para atender, sozinhos, a demanda por alimento, moradia, medicamento. Estão no extremo da preocupação e do esforço. Precisam de nós: dos Regionais, das dioceses, das paróquias, das comunidades, das ordens e congregações religiosas, das pastorais e movimentos. Enfim, das forças vivas da nossa Igreja. Das pessoas de boa vontade.

Para atender à urgência desse apelo, seguem os dados bancários, para o depósito da sua generosa oferta, em nome da Diocese de Roraima:

BANCO DO BRASIL S. A.
Agência 2617-4
Conta Corrente: 20.355-6
CNPJ: 05.936.794 / 0001-13

Para informações complementares:

Bispo de Roraima
Dom Mário Antônio da Silva – e-mail: 
mario.mas@uol.com.br
Cúria Diocesana – curiarr@yahoo.com.br
Fone (95) 3224-3741

“Acolher o outro requer um compromisso concreto, uma corrente de apoios e beneficência, uma atenção vigilante e abrangente, a gestão responsável de novas situações complexas que, às vezes, se vêm juntar a outros problemas já existentes em grande número, bem como recursos que são sempre limitados”. (Papa Francisco, 51º Dia Mundial da Paz – 1º de janeiro de 2018).

Deus os recompense por essa caridade!

Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília-DF
Presidente da CNBB

 Dom Murilo S.R. Krieger
 Arcebispo de São Salvador-BA
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário-Geral da CNBB


Fotos dos imigrantes venezuelanos

Fotos Rede Católica de Rádios

A conferência solicita ajuda para manter ações de apoio aos migrantes. O principal desafio é oferecer alimentação às famílias que procuram a Diocese de Roraima, que depende de doações e projetos

Atendendo aos apelos do bispo de Roraima, dom Mário Antônio da Silva, uma comitiva, composta por 19 pessoas e coordenada pela Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) visitou o estado de Roraima, entre os dias 1 e 4 de março, para conhecer a realidade dos migrantes venezuelanos, principalmente nas cidades Boa Vista e Pacaraima, que, devido à crise política e econômica da Venezuela, buscam apoio em território brasileiro.

Segundo o bispo, nos primeiros meses de 2018, estima-se que   entraram no Brasil cerca de 18 mil migrantes venezuelanos, cerca de 400 novas pessoas por dia cruzando a fronteira Venezuela Brasil. Hoje, estima-se a presença de cerca de 50 mil venezuelanos em Roraima, segundo dados da Polícia Federal sobre pedidos de Residência Temporária e Solicitações de Refúgio, aponta reportagem publicada pelo site da CNBB: cnbb.net.br.

“Sabemos que é uma realidade delicada, uma situação emergente, humanitária e de muita necessidade de acolhida, como nos ensina o papa Francisco. É nossa obrigação estender a mão, acolher e fazer aquilo que o Evangelho nos aconselha, como o próprio Jesus nos pediu: ‘Amar uns aos outros, como Ele nos amou’”, disse o bispo.

Situação dos venezuelanos

Foto: Amazônia Real/Yolanda Simone | Indígenas warao da Venezuela nas ruas de Boa Vista
Foto: Amazônia Real/Yolanda Simone | Indígenas warao da Venezuela nas ruas de Boa Vista

Em Pacaraima e Boa Vista, cerca de 1500 pessoas estão abrigados provisoriamente em dois ginásios esportivos, um deles um pouco mais estruturado para atendimento de indígenas. O outro ginásio é precário e sem estrutura para ser considerado abrigo, apresentando falta de água, de alimentação e de acomodação segura, cabendo à sociedade civil e à Igreja a manutenção e alimentação dos migrantes.

“Fora estes que estão, bem ou mal, abrigados, existe uma multidão de pessoas que alugam pequenas casas (quitinetes) de quarto, sala e cozinha, onde ficam entre 15 e 20 pessoas, que se alternam para o descanso, pois a casa não cabe todos ao mesmo tempo. Outras vezes, mulheres e crianças ficam dentro da casa e homens dormem fora. Outra realidade é daqueles que se encontram em situação de rua. São famílias inteiras que chegam diariamente à cidade e não encontram nenhum abrigo, nenhuma referência, nenhum amparo. Vivem, exclusivamente, de bicos e da generosidade de pessoas que vão às praças e sinais de trânsito para lhes fornecer alimento, alguma roupa, itens de higiene, etc”, descreve a reportagem.

Ajuda das paróquias

CNBB/reprodução | Dom Mário Antônio da Silva
CNBB/reprodução | Dom Mário Antônio da Silva

A Igreja tem sido um suporte importante para os migrantes. A Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Pacaraima, oferece 900 cafés da manhã por dia, de segunda a sábado. A ação é coordenada pelo padre Jesus Lopes Fernadez de Bobadilla. Para muitas pessoas, esta é a única refeição do dia. A paróquia também abriu o Centro de Pastoral dos Imigrantes, que faz o atendimento diário às pessoas que chegam, distribuindo cestas básicas, orientando questões de documentação e encaminhamentos necessários. Aos domingos, a celebração é em espanhol para atender os imigrantes, explica a reportagem.

Em Boa Vista, a Paróquia Nossa Senhora da Consolata oferece cerca de 300 refeições quatro vezes na semana, além de acolher e encaminhar as pessoas de acordo com as necessidades. A partir deste mês, uma sala será cedida para o trabalho das Irmãs Scalabrinianas com mulheres imigrantes.

Ações

Dom Mario Antônio explica que o maior desafio da Diocese de Roraima é a manutenção econômica das ações desenvolvidas, já que a diocese não dispõe de recursos suficientes devido à alta demanda. Outro desafio é o atendimento humano, que carece de estrutura para os atendimentos, armazenamento e distribuição de doações.

Mas o principal aspecto é oferecer alimentos às famílias que buscam ajuda. “Temos uma demanda diária e não conseguimos atender, visto que dependemos de doações e projetos, que não suprem as necessidades.
Mais um desafio é a incidência junto ao Poder Público, em busca da implementação de Políticas Públicas que atendam à realidade que estamos vivendo.
Recursos financeiros são o maior desafio, afinal. Embora busquemos projetos que sustentem tantas ações, muitas vezes nos falta a possibilidade de concretizar os projetos, por falta de recursos.

Nossas ações concretas serão a busca de parcerias para a continuidade de todo o trabalho, bem como o início das atividades da Pastoral do Migrante, que está sendo implementada na Diocese. Nossa missão é transformar a sociedade, superando a violência contra o imigrante que, como o Papa Francisco afirma, “não é um perigo, mas está em perigo”. Continuaremos despertando as comunidades para o desempenho de seu papel como cristãs”, afirmou dom Mário.

(com informações de: cnbb.net.br) 

Juliana Mastelini
PASCOM Arquidiocesana


Para doações em dinheiro, a diocese disponibilizou uma conta:

DIOCESE DE RORAIMA
CNPJ 05.936.794/0001-13
BANCO DO BRASIL
Agência: 2617-4
Conta Corrente: 20.355-6


Foto destaque: Amazônia Real/Yolanda Mêne | Migrantes venezuelanos dormem ao relento na Praça Simón Bolívar em Boa Vista (RR)

NOTA DE ESCLARECIMENTO 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB esclarece que, ao contrário do que se veicula em redes sociais, não financiou projeto algum de “ONGs abortistas”, nem de “grupos terroristas”, com recursos do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), constituído pela coleta da Campanha da Fraternidade-2017. Um dos projetos financiados em 2017 foi o V Encontro dos Signatários da Plataforma por um Novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil, realizado em São Paulo, no mês de outubro de 2017.

O referido projeto foi apresentado pela Plataforma que, por não possuir CNPJ, recorre às organizações da sociedade civil que compõem sua Secretaria Executiva a fim de firmar acordos para a execução de seus projetos que implicam doação de recursos financeiros. Seguindo essa prática, a Plataforma indicou a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), uma de suas entidades signatárias, para assinar a parceria com o Fundo Nacional de Solidariedade, constando, apenas por isso, o nome da ABONG no site do Fundo como entidade responsável pelo projeto. O financiamento, portanto, foi para a Plataforma no valor de R$ 40.500,00 (quarenta mil e quinhentos reais) e não para a ABONG, conforme se tem divulgado, por má fé ou desinformação.

Plataforma foi constituída em 2010 e reúne mais de cem instituições não governamentais e religiosas como a Associação Nacional de Educação Católica (ANEC), Caritas Brasileira, a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese), a Pastoral da Criança, a Pastoral da Pessoa Idosa. Trata-se de um fórum de articulação de entidades, formado com o objetivo de construir, em diálogo com o Estado, um marco regulatório que favoreça a atuação das Organizações da Sociedade Civil, num ambiente legalmente favorável e adequado às suas realidades.

Fruto dessa articulação é a Lei 13.019/2014, conhecida como Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, que regulamenta as parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, inclusive as instituições religiosas que prestam serviços nas áreas da educação, da saúde e de assistência social.

A CNBB continuará cumprindo rigorosamente os critérios que determinam a aplicação dos recursos do Fundo Nacional de Solidariedade que, em 2017, financiou 237 projetos, num valor total de R$ 5.886.475,39 (cinco milhões, oitocentos e oitenta e seis reais e trinta e nove centavos). Na oportunidade, a CNBB expressa seu agradecimento a todos que, generosamente, com sua doação, tornam possível a realização de inúmeros projetos na defesa e promoção da vida em todas as suas expressões, com uma particular atenção aos mais necessitados.

Brasília-DF, 21 de fevereiro de 2018

Assessoria de Imprensa da CNBB

Esta semana será movimentada na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), onde acontecerão em sequência as reuniões do Conselho Episcopal Pastoral e do Conselho Permanente da entidade.

Na tarde desta segunda-feira, estarão reunidos a Presidência da CNBB e os presidentes das 12 Comissões Episcopais Pastorais para tratar da Campanha da Fraternidade 2019, que abordará “Políticas Públicas” e das ações para o Dia do Pobre deste ano em consonância com a Campanha da Fraternidade 2018, cujo tema é “Fraternidade e superação da violência”.

A partir desta terça-feira, somam-se aos membros do Consep os presidentes dos 18 regionais da Conferência, para tratar de uma pauta ampla até quinta-feira, 22. Também participam desta reunião representantes de organismos da Igreja.

consep 2018 1Durante o Conselho Permanente, os bispos irão definir a grade da 56ª Assembleia Geral da CNBB, que será de 11 a 20 de abril, em Aparecida (SP). O tema central deste encontro anual dos bispos “Diretrizes para a Formação de Presbíteros” também está na pauta da reunião desta semana.

Ainda no âmbito dos temas eclesiais, os bispos terão momentos para tratar do Ano Nacional do Laicato, em curso desde novembro passado; e do Sínodo dos Bispos, marcado para outubro, com o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

Atentos à realidade social, os bispos farão a análise de conjuntura, apresentada a partir da preparação de uma equipe designada pela Presidência; iniciarão os debates a respeito das Eleições 2018, já tendo em vista os subsídios preparados para oferecer aos eleitores de todo o país; abordarão o tema “segurança alimentar”, entre outras temáticas na pauta da sociedade.

CNBB

Os grupos saíram de Porto Velho (RO), na noite de terça-feira (16), 100 pessoas. E de Rio Branco (AC), quarta-feira (17) pela manhã, 45 lideranças indígenas com destaque à presença das mulheres e jovens. lan Imaek, liderança jovem que está indo representar a juventude shanenawa, huni kui, ashaninka e madha, diz: “Queremos que o papa tenha um olhar para nós juventude, não só nós juventude indígena, mas ribeirinha também. Queremos ganhar nossos espaços e assegurar os direitos já conquistados, mas que estão nos tirando”.

Edileuda Shanenawa, representante das mulheres shanenawa, do município de Feijó, no Acre, conta: “É um momento importante para os povos indígenas, para a história. Queremos um olhar atento às mulheres indígenas, à demarcação e o respeito à nossa cultura”, declara. 

Indígenas brasileiros se preparam para encontrar Francisco.
Indígenas brasileiros se preparam para encontrar Francisco.

Representantes da presidência da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), também já se encontra em Puerto Maldonado desde a manhã da quarta-feira (17) para reuniões em vista do Sínodo Pan-Amazônico que será realizado em outubro de 2019, em Roma e para o encontro com o papa. Dom Cláudio Hummes, presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia (CEA) da Conferencia Nacional do Bispos do Brasil (CNBB) e da Repam, destaca: “A decisão do papa Francisco de encontrar os indígenas da Pan-Amazônia, em Puerto Maldonado, é um dos gestos mais significativos do seu pontificado porque é um forte apelo em favor dos povos originários da Amazônia e também um renovado empenho seu no cuidado pela nossa casa comum”.

O cardeal afirma que esta 22ª Viagem Apostólica Internacional do pontificado de Francisco, visitando inicialmente o Chile e em seguida o Peru “acena também com esperança para a importância dos indígenas no contexto do Sínodo para a Pan-Amazônia”, diz dom Cláudio.

Somam-se à caravana que saiu de Porto Velho, com os povos indígenas e agentes de pastoral, o arcebispo da Arquidiocese de Porto Velho, dom Roque Paloschi; da Diocese de Juína (MT), dom Neri José Tondello; da diocese São Gabriel da Cachoeira (AM), dom Edson Taschetto Damian e da diocese de Humaitá (AM), dom Francisco Merkel.

Dom Roque Paloschi, expressa gratidão ao papa pela visita à Pan-Amazônia e diz: “O santo padre vem justamente num caminho de escuta, ouvir os povos originários desta região, tão sofridos, tão machucados, tão dizimados”. O arcebispo, que também é presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), afirma que os povos indígenas estão muito agradecidos por esse encontro. “É um momento de grande responsabilidade para nós que precisamos ouvir o clamor de Deus através do grito dos pobres e da criação, esta casa comum, que hoje temos a responsabilidade de zelar e cuidar para que verdadeiramente a vida se torne um grande hino de louvor das criaturas ao criador”, afirma dom Roque.

“Os povos indígenas ocupam um lugar especial no coração papa”, lembra dom Edson Taschetto Damian. Para o bispo, a mensagem de Francisco nessa viagem apostólica “é incisiva e esperançosa, forte para a Igreja e a sociedade”, e lembra que começa a “aterrissar” o Sínodo para a Pan-Amazônia com a presença do papa no Peru e seu encontro com os povos originários da região. “É um incentivo à evangelização da Amazônia de forma inculturada, que reconhece a Boa-Nova das culturas indígenas que acolhe a Boa-Nova de Jesus”, assegura dom Edson.

O bispo, recorda ainda, ser a presença do papa na Amazônia peruana um compromisso na defesa dos povos indígenas, principalmente “nesta nossa Amazônia brasileira em que os grandes projetos são colonialistas, são impostos à força, não levam em conta a presença dos povos originários e muito menos àquilo que eles têm a nos ensinar”, conclui o bispo de São Gabriel da Cachoeira, município com maior predominância de indígenas no Brasil. Nove, entre dez habitantes, são indígenas. Foram reconhecidas, por lei municipal, como línguas oficiais no município, ao lado do português, três idiomas indígenas: o nheengatu, o tucano e o baníua.

A convocação para o Sínodo e o chamado do papa para o encontro com os povos indígenas, segundo dom Neri José Tondello, “foi uma surpresa exuberante que vem boa hora para nos ajudar de maneira mais universal a nossa ação pastoral e evangelizadora dentro de nossas dioceses, mas sobretudo, dentro de um contexto amazônico com olhar atento aos povos indígenas”, garante o bispo.

Caravana segue ao encontro do papa.
Caravana segue ao encontro do papa.

Para dom Neri, o Sínodo ajudará a olhar o futuro da região com mais esperança e compromisso do ponto de vista pastoral, teológico e da espiritualidade própria da relação com a natureza. “Será um momento de rever a própria dimensão dos ministérios, da formação, rever a forma de olhar para o martírio histórico de nossa Amazônia”, afirma. O bispo, lembra ainda, que a Amazônia tem um bioma fundamental para a vida deste planeta. “Precisamos pensar como o mundo pode colaborar para que este bioma amazônico possa ser preservado e possa continuar a contribuir com a salvação do planeta”, sublinha do Neri.

Amanhã, quinta-feira (18), o papa visitará Iquique, terceira e última cidade visitada no Chile Nesta ele preside a missa no Campus Lobito. Em seguida almoça na casa de retiros dos padres oblatos no Santuário Nossa Senhora de Lourdes. Após a cerimônia de despedida, o segue às 17h para a segunda etapa de sua viagem apostólica: Lima, capital do Peru.

Francisco percorrerá quase 4 mil quilômetros para visitar Lima, Puerto Maldonado e Trujillo, entre os dias 18 e 21. Essa será a terceira vez que um papa visita o Peru, depois das viagens de João Paulo II em 1985 e 1988.

Por irmã Osnilda Lima 
Assessora de Comunicação da Repam Brasil

Caminhada de comunhão, participação e projetos pastorais inovadores. Estas são características que o regional Sul 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que compreende o estado do Paraná, carrega como identidade. Fundado em 1964, na terceira fase do Concílio Vaticano II, tem sede em Curitiba (PR), tem a missão de articular a Ação Evangelizadora no âmbito local, em sintonia com o objetivo definido pela CNBB Nacional.

“Nós, Igreja no Paraná, sentimo-nos impulsionados a proclamar a mensagem do Evangelho para todos os povos e, consequentemente, o compromisso para com a vida”.
Trecho do objetivo geral do regional Sul 2

O arcebispo de Cascavel (PR), dom Mauro Aparecido dos Santos, que preside o regional Sul 2 da CNBB, fala com satisfação da caminhada da Igreja no Paraná, que está dividida em 14 dioceses 4 arquidioceses, uma eparquia e uma arquieparquia dos ucranianos.

“A gente fica muito contente com a caminhada da Igreja no Paraná, que é muito bonita nesse sentido de participação. Os leigos e leigas procuram sempre estar presentes nas reuniões propostas, como também os bispos. Nós nos sentimos irmãos, cada um se preocupa com o outro, existe sempre essa acolhida muito forte”, comenta.

Dom Mauro ainda ressalta a iniciativa recente no regional de realizar a tradicional Assembleia do Povo de Deus em âmbito local. Considerando a diversidade de cada região paranaense, foi proposto que nos anos pares, a reunião seria em uma região do Paraná com todas as dioceses e suas lideranças leigas e coordenações regionais. Já nos anos ímpares, a indicação é que as reuniões sejam realizadas nas quatro províncias, para que assim possa ter a participação do maior número de leigos, leigas, consagrados, consagradas, presbíteros e os bispos. “Neste ano fizemos esta primeira experiência e a avaliação foi excelente”, conta dom Mauro.

Planos Pastorais
De 1967 até 1987 vigoraram planos de Pastoral, num total de sete. As propostas evangelizadoras contavam com prioridades, como Ação Catequética, Liturgia, Apostolado dos Leigos, unidade, Igreja de base e processo permanente de conversão.

Foto: CNBB Sul 2/reprodução

Em 1987 foi constatada a capacidade de as dioceses elaborarem os próprios planos com prioridades, cabendo ao regional apresentar as Diretrizes Gerais. A partir das diretrizes propostas pela CNBB, o regional formulou as Diretrizes Regionais da Ação Pastoral da Igreja no Paraná. Nesta dinâmica, foram elaborados planos bienais, posteriormente substituídos pelo Plano das Pastorais e organismos eclesiais do regional Sul 2.

De 1996 a 2000, o regional preparou suas diretrizes e projetos para o quinquênio que culminaria no Jubileu do Ano 2000. A partir do objetivo geral da CNBB e do projeto Rumo ao Novo Milênio, foram estabelecidas diretrizes para cada uma das quatro exigências da evangelização: testemunho, serviço, diálogo e anúncio. Desde então, o regional aplica as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) em âmbito local com projetos específicos.

A última assembleia do povo de Deus, realizada nos dias 23 e 24 de setembro, tratou da Iniciação à Vida Cristã com a motivação para que seja implementada onde não acontece e alargado o que já é feito em vista de formar discípulos missionários nas comunidades, Pastorais, Movimentos e Organismos.

Foto: CNBB Sul 2/reprodução

As províncias e Igrejas particulares
Província de Curitiba: arquidiocese de Curitiba e as dioceses de São José dos Pinhais, Paranaguá, União da Vitória, Ponta Grossa e Guarapuava.

Província de Londrina: arquidiocese de Londrina e dioceses de Cornélio Procópio, Apucarana e Jacarezinho.

Província de Cascavel: arquidiocese de Cascavel e diocese de Foz do Iguaçu, Palmas-Francisco Beltrão e Toledo.

Província de Maringá: arquidiocese de Maringá e dioceses de Paranavaí, Campo Mourão e Umuarama

Eparquia Ucraniana Católica: Metropolia Católica Ucraniana São João Batista e Eparquia Imaculada Conceição

Presidentes
Foram os presidentes do regional Sul 2: dom Jaime Luís Coelho (1964), dom Manoel da Silveira D’Elboux (1964-1967), dom Pedro Fedalto (1968-1995), dom Murilo Krieger (1995-2002), dom Lúcio Ignácio Baumgaertner (2002-2007), dom Moacyr José Vitti (2007-2011), dom João Bosco Barbosa de Sousa (2011-2014) e dom Mauro Aparecido dos Santos (desde 2014).

Os desafios

Foto: Reprodução/Cáritas

O Paraná é um estado com municípios predominantemente agrícolas, com agronegócio forte, de acordo com dom Mauro. Entretanto, a população dessas regiões tem deixando o ambiente rural e seguido para grandes centros urbanos, como a grande São Paulo e a região metropolitana de Curitiba, que atualmente soma mais de 3,5 milhões de pessoas. Esse êxodo rural, com novas realidades urbanas e baixo grau de escolarização e profissionalização tem se apresentado como desafio evangelizador para a Igreja no estado.

A migração também é uma realidade que merece atenção. Milhares de haitianos chegaram ao estado nos últimos anos em busca de reconstrução de suas vidas.

 

Alguns eventos e acontecimentos importantes da caminhada da Igreja desde a criação do regional no Paraná:

  • 1964 – Criação do regional Sul 2 e sua instalação em 1965;
  • 1964 – Cruzada do Terço em família – Curitiba;1970 – Criada a província eclesiástica de Londrina;1972 – Instalação jurídica da CNBB, regional Sul 2;
  • 1977 – No dia 30 de julho, o Papa Paulo VI declara Nossa Senhora do Rocio, Padroeira do Paraná;
  • 1979 – Criadas as províncias eclesiásticas de Cascavel e Maringá;
  • 1982 – Compra da sede do Secretariado Regional, Rua Paula Gomes, 733, Curitiba (PR);
  • 1983 – Fundação da Pastoral da Criança, em Florestópolis (PR). A médica sanitarista e pediatra Zilda Arns Neumann e o então arcebispo de Londrina, hoje cardeal emérito, dom Geraldo Majella Agnelo, foram os idealizadores da Pastoral da Criança. Hoje, este organismo de ação social da CNBB se faz presente em todos os estados brasileiros e em outros 11 países da África, Ásia, América Latina e Caribe.
  •  1985 – Início das Romarias da Terra no Paraná;
  • 1989 – 1995 – Projeto igrejas Irmãs: Paraná e Rondônia / Paraná e Mato Grosso;
  • 1996 – Início da Escola Fé e Política;
  • 1997-1999 – Peregrinação da imagem de Nossa Senhora do Rocio nos 399 municípios do estado;
  • 1998 – Inauguração da nova sede do Regional, Rua Saldanha Marinho, 1266, Curitiba;
  • 1999 – Inaugurado o Projeto Solidário Paraná – Moçambique, diocese de Guruè;
  • 2000 – No dia 26 de novembro, concentração do Povo de Deus do Paraná, em Foz do Iguaçu, por ocasião do Jubileu dos 2000 anos do nascimento de Jesus;
  • 2000 – O Paraná torna-se o primeiro regional da CNBB a oficializar a Pastoral do Surdo e a Pastoral da Cultura;
  • 2001 – Início do processo de inovações tecnológicas no campo da evangelização pela Internet;
  • 2002 – Nas comemorações dos 150 anos de emancipação política do estado, lançado o projeto da publicação da “História da Igreja no Paraná”;
  • 2012 – O regional Sul 2, através do Conselho Missionário Regional (Comire) estreitou contatos com a diocese de Bafatá, em Guiné Bissau. A pedido de dom Pedro Zilli, bispo brasileiro à frente da diocese africana, o regional assumiu o compromisso de abrir uma nova região de missão naquela Igreja Particular;
Missao-sul2-Guine-Quebo - dom zilli
Foto: CNBB Sul 2/reprodução

semana do pobre (3)

A Igreja realiza de 12 a 19 de novembro, a Jornada Mundial dos Pobres, com o tema: “Não amemos com palavras, mas com obras”. Trata-se, segundo mensagem do papa Francisco, publicada dia 17 de junho deste ano, de um convite dirigido a todos, independente de sua crença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade.

Segundo o santo padre, o amor não admite álibes. “Quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir o seu exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres”, diz trecho do texto. Instituído pelo chefe da Igreja Católica na conclusão do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, o primeiro Dia Mundial dos Pobres será celebrado pela Igreja em todo mundo no próximo dia 19 de novembro, 33º domingo do Tempo Comum.

No Brasil, a animação e coordenação das atividades foi delegada à Cáritas Brasileira, um dos organismos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por sua experiência na realização Semana da Solidariedade. Para o bispo de Aracaju (SE), presidente da Cáritas Brasileira, dom João José Costa, as respostas sobre que fazer só virão se a Igreja e os cristãos se colocarem de forma próxima aos empobrecidos e sentir a sua dor. “A proximidade faz com que o Espírito Santo desperte em cada um de nós a criatividade para que possamos ter iniciativas concretas para transformar a realidade”, disse.

De acordo com estudo divulgado em fevereiro pelo Banco Mundial, o número de pessoas vivendo na pobreza no Brasil deverá aumentar entre 2,5 milhões e 3,6 milhões até o fim de 2017. Segundo o documento, a atual crise econômica representa uma séria ameaça aos avanços na redução da pobreza e da desigualdade. O Banco Mundial também atribuiu a ações sociais protetivas como o Bolsa Família, um papel fundamental para evitar que mais brasileiros entrem na linha da miséria. A pesquisa aponta ainda que o aumento da pobreza vai se dar principalmente em áreas urbanas, e menos em áreas rurais, isso porque nas áreas rurais essas taxas já são mais elevadas.

Objetivo e material da Jornada – O diretor-executivo da Cáritas Brasileira, Luiz Claudio Mandela, lembra que a Jornada Mundial dos Pobres, em comunhão com a Semana da Solidariedade, quer acima de tudo chamar atenção de forma organizada, reflexiva e também em oração para a grande condição de vulnerabilidade e desigualdade por que passa grande parte da população do mundo e do Brasil.

A Cáritas Brasileira preparou o cartaz e o subsídio com sugestões de ações para esta semana. A proposta, segundo o diretor-executivo da Cáritas, é que as comunidades, igrejas, escolas e toda sociedade realizem, por meio do que propõem a cartilha, as “Ruas Solidárias” e “Rodas de Conversa” cujo objetivo é proporcionar espaços, momentos e dinâmicas para que as pessoas, em suas mais várias localidades, possam refletir e olhar, em forma de oração, sobre esta realidade.

O presidente da Cáritas Brasileira convida cada um a dar a sua contribuição. “Se vamos mudar o mundo não sei, mas o importante é cada um fazer a sua parte”, disse. O bispo lembrou de madre Tereza de Calcutá que não desanimava quando se tratava de realizar obras em favor dos pobres. A religiosa, declarada santa pelo papa Francisco em 04/09/2016, dizia que somos uma gota d’água no oceano, mas que este seria menor sem aquela. “Que durante esta semana possamos fixar o nosso olhar nesta realidade que desafia todo nosso mundo para que se transforme na casa do Bem Viver, onde todas as pessoas sejam reconhecidas e acolhidas em sua dignidade”, concluiu dom João José.

Acompanhe e compartilhe as ações nas redes sociais da Cáritas Brasileira durante a Jornada Mundial dos Pobres – Semana da Solidariedade entre os dias 12 e 19 de Novembro.

Baixe a mensagem do papa Francisco aqui: https://w2.vatican.va

Baixe a Cartilha preparada pela Cáritas aqui:http://caritas.org.br

Baixe o cartaz da Jornada aqui:http://caritas.org.br

CNBB

[dropcap]I[/dropcap]númeras vezes a CNBB tem se pronunciado sobre diferentes momentos políticos, questões políticas mais relevantes e sobre problemas mais decisivos para a democracia, a justiça, os direitos dos mais pobres, etc. O necessário diálogo que a política sempre exige, supõe que se possa trabalhar com a verdade dos fatos, das análises, e também do interesse sincero pelo todo da nação que deve dirigir os interesses de todos. A nota à qual me refiro é do Conselho Permanente da CNBB que esteve reunido de 24 a 26 de Outubro, curiosamente no dia em que a Câmara dos Deputados, livrou, pela segunda vez o Presidente da República de ser investigado. A presidência da CNBB manifestou mais uma vez sua apreensão e indignação com a grave realidade político-social vivida pelo país, que afeta tanto a população quanto as instituições brasileiras. No texto, a entidade repudia a falta de ética que se instalou nas instituições públicas, empresas, grupos sociais e na atuação de inúmeros políticos que “traindo a missão para a qual foram eleitos, jogam a atividade política no descrédito”.

nota momento politico cnbb
Dom Murilo S. Krieger/Vice-Presidente, Cardeal Sergio da Rocha/Presidente, Dom Leonardo U. Steiner/Secretário-Geral

 A Conferência criticou a desilusão que vem, sistematicamente, tomando conta da população. Diz claramente: “A apatia, o desencanto e o desinteresse pela política, que vemos crescer dia a dia no meio da população brasileira, inclusive nos movimentos sociais, têm sua raiz mais profunda em práticas políticas que comprometem a busca do bem comum, privilegiando interesses particulares. Tais práticas ferem a política e a esperança dos cidadãos que parecem não mais acreditar na força transformadora e renovadora do voto. É grave tirar a esperança de um povo”. Manifesta a preocupação com o futuro político do país, especialmente com relação a “salvadores da pátria” e “radicalismos e fundamentalismos” que têm chão fértil em situações como a que estamos vivendo: “Urge ficar atentos, pois, situações como esta abrem espaço para salvadores da pátria, radicalismos e fundamentalismos que aumentam a crise e o sofrimento, especialmente dos mais pobres, além de ameaçar a democracia no País”.


“A apatia, o desencanto e o desinteresse pela política, que vemos crescer dia a dia no meio da população brasileira” CNBB.


Há, contudo, no olhar sobre o futuro, a responsabilidade de um chamamento para a esperança e o bom exercício da cidadania capaz de purificar a política e a esperança: “Apesar de tudo, é preciso vencer a tentação do desânimo. Só uma reação do povo, consciente e organizado, no exercício de sua cidadania, é capaz de purificar a política, banindo de seu meio aqueles que seguem o caminho da corrupção e do desprezo pelo bem comum”. Todos, enfim, são convocados a demonstrar o seu amor pela nossa pátria, participando dos momentos decisivos que teremos pela frente. Assim manifesta-se a CNBB: “Incentivamos a população a ser protagonista das mudanças de que o Brasil precisa, manifestando-se, de forma pacífica, sempre que seus direitos e conquistas forem ameaçados”. Cremos que nem todos são corruptos e que nem tudo está perdido, por isso continuamos manifestando a nossa esperança na nossa “amada pátria, Brasil!”: “Chamados a ‘esperar contra toda esperança’ (Rm 4,18) e certos de que Deus não nos abandona, contamos com a atuação dos políticos que honram seu mandato, buscando o bem comum”. Enfim, seja esta a razão da nossa torcida e objetivo do nosso trabalho.

dom geremiasDom Geremias Steinmetz
Arcebispo Metropolitano de Londrina