Arcebispo dom Geremias Steinmetz explica os desdobramentos da assembleia da Igreja do Paraná, realizada em Londrina de 22 a 24 de setembro
Caminhar juntos. Essa foi a ideia que perpassou todos os trabalhos da 43ª Assembleia do Povo de Deus do Paraná, realizada em Londrina de 22 e 24 de setembro, com o tema: “Paróquia Sinodal: Casa da Iniciação à Vida Cristã”, assessorado pelo arcebispo de Curitiba, dom José Antonio Peruzzo. Foi a primeira vez que a assembleia, em âmbito regional, foi realizada fora de Curitiba.
Foram cerca de 150 participantes, entre arcebispos e bispos do Paraná; padres que coordenam a Ação Evangelizadora nas dioceses; coordenadores regionais das pastorais, organismos e movimentos; coordenadores diocesanos do Sínodo dos Bispos; coordenadores diocesanos da animação bíblico-catequética; e coordenadores diocesanos dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística. A programação do evento contou com celebrações, palestras, partilhas em grupo e plenárias.
A assembleia foi realizada dentro do grande trabalho que o Papa Francisco está propondo para a Igreja: a sinodalidade, explicou dom Geremias Steinmetz, arcebispo de Londrina e presidente do Regional Sul 2 da CNBB. O método de trabalho dos grupos foi a conversa espiritual, o mesmo que será utilizado no Sínodo dos Bispos. “Trabalhamos em sinodalidade e conseguimos fazer um ótimo exercício no método da conversa espiritual, para mostrar que isso é possível, que a caminhada da Igreja não se dá simplesmente em discussões muito acaloradas, às vezes discussões que até provocam divisão, mas que o diferencial disso é que a gente pode conversar invocando o Espírito, falar pela força do Espírito em cada participante. Nós somos batizados e carregamos o Espírito de Deus em nós”, explicou.
A partir das temáticas debatidas nos grupos foi elaborada uma síntese da assembleia, que será analisada e homologada pelos bispos em reunião e a partir daí encaminhada para as dioceses incluírem no seu plano pastoral. Além dos temas tratados, destaque também para o método da conversa espiritual, que será levado para as dioceses. “Essa síntese está apontando para a Palavra de Deus, para a retomada também da iniciação à vida cristã sob inspiração catecumenal. Está apontando para a formação do povo de Deus, também para a necessidade de inserirmos mais a formação dos presbíteros nessa questão da sinodalidade”, destacou alguns pontos.
O arcebispo explica que objetivo das indicações da assembleia não é uniformizarem o trabalho em todas as dioceses do regional, mas serem uma inspiração. “Eu sempre digo que o Paraná tem tradição de diretrizes, mas que a pastoral não acontece de forma uniforme, isso nem é necessário, nós temos a possibilidade de que cada diocese tenha sua equipe de trabalho, seu modo de trabalhar, isso é muito importante, é mais sinodal que a uniformidade”, destaca.
Na Arquidiocese de Londrina, exemplifica dom Geremias, algumas questões levantadas na assembleia já estão em andamento, como a Iniciação à Vida Cristão; o destaque para a Palavra de Deus com o Dia da Palavra e os Grupos Bíblicos de Reflexão; o destaque para a juventude, para a Pascom e a valorização de todas as pastorais e movimentos. “Precisamos continuar valorizando o trabalho de todas as pastorais, de todos os movimentos, ninguém pode se sentir excluído, inclusive com todo o trabalho ao redor das Pastorais Sociais, conseguindo fazer uma boa leitura da realidade e assim certamente vamos também prosseguir a nossa jornada aqui na nossa arquidiocese”, finaliza.
Paróquia Sinodal
A temática “Paróquia Sinodal: Casa da Iniciação à Vida Cristã” fundamentou as discussões em grupo, que caminharam no sentido de como construir uma paróquia sinodal. Dom Peruzzo destacou que a Iniciação à Vida Cristã não é responsabilidade apenas da catequese, mas de todos os atores envolvidos numa comunidade. Por isso, a importância de se falar da sinodalidade, ou seja, da caminhada em conjunto. “A sinodalidade é como um caminho, o objetivo não é ela mesma, mas sem caminho eu não chego ao objetivo”, explicou dom Peruzzo.
O coordenador da Ação Evangelizadora da Arquidiocese de Londrina, padre Alexandre Alves Filho, destaca que é preciso entender, acima de tudo, que a sinodalidade perpassa a paróquia, por isso a paróquia precisa ser uma paróquia sinodal, acolhedora, aberta, que dialoga.
A partir disso, pensar numa paróquia como casa da iniciação cristã para aqueles católicos que foram batizados, mas que não foram devidamente evangelizados. “Atrair essas pessoas. O Papa Francisco destaca isso, a nossa fé é uma fé de atração, então a gente atrai para os valores cristãos, atrai para o Evangelho de Jesus Cristo, não tanto com doutrina, mas com a vivência do Evangelho.”
Segundo padre Alexandre, as ações na Arquidiocese de Londrina vão começar pela comissão da Iniciação à Vida Cristã, que já existe, mas que precisa ser reforçada. “A ideia é que não só a catequese, mas os ministros da Eucaristia, a Pastoral da Acolhida, a Pastoral da Pessoa Idosa, todas as pastorais, movimentos, serviços e organismos sejam acolhedores.”
A expectativa da irmã Angela Soldera, coordenadora da Animação Bíblico-catequética da Arquidiocese de Londrina, é que a partir dessa assembleia, sejam assumidos pontos em conjunto na Igreja do Paraná para caminhar em unidade e fortalecer a vivência cristã, especialmente no que diz respeito ao ministério do catequista, instituído pelo Papa Francisco. “Quando a gente fala do ministério do catequista, a compreensão da carta do Papa é que não é apenas para catequistas de crianças e adolescentes, mas também os catequistas da Pastoral do Batismo, dos noivos, tantas outras dimensões que estão aí na formação. Então, acho que esse é um projeto que devemos assumir em conjunto e delinear os caminhos para que aconteça”, destacou a irmã.
Para o secretário executivo do Regional Sul 2, padre Valdecir Badzisnki, essa assembleia teve um caráter original por acrescentar a metodologia do Sínodo. “Adotar o método da conversa espiritual para a nossa Assembleia trouxe algo novo às partilhas gerando maior participação, leveza e eclesialidade. Os participantes entraram na dinâmica sinodal, na qual não é a voz da maioria que prevalece, mas sim a voz do Espírito Santo. Dessa forma, percebo que a síntese final expressa, mais verdadeiramente, para o caminho que o próprio Deus está nos apontando”, disse o padre.
Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana
Fotos: Aparecida Felicidade Bonfim, Claudemiro Palogan, Ernani Roberto, Terumi Sakai e Wellington Ferrugem