Estamos na semana de oração pela unidade dos cristãos, que antecede a festa de Pentecostes. Que se apresse o dia da completa união dos que crêem em Cristo. Refletiremos hoje sobre a questão do ecumenismo. Para alguns a palavra ecumenismo é ainda muito difícil, mas quer dizer a unidade dos cristãos, dos que foram batizados e acreditam em Cristo e na Santíssima Trindade que Ele revelou (Jo 17, 21). Trata-se da superação das divisões entre as religiões cristãs. Todo esforço em prol da unidade, é ecumenismo.
As razões para o esforço pela unidade dos cristãos são muitas, a saber, a vontade de Deus, o mandato de Jesus (Jo 17, 21), o Concílio Vaticano II, o testemunho de tantos mártires do nosso século em favor da unidade. É preciso abater o muro da divisão e desconfiança, superar obstáculos e preconceitos. Este caminho é difícil, mas rico de alegrias.
Não podemos ignorar as divergências doutrinais, as incompreensões, os equívocos, os preconceitos, a inércia, a indiferença, o insuficiente conhecimento recíproco, mas o amor, a coragem da verdade e a vontade sincera de perdão, ajudam a acreditar no ecumenismo.
O empenho ecumênico deve fundar-se na conversão do coração, na oração e na purificação da memória histórica. A Igreja Católica reconhece e confessa as fraquezas dos seus filhos, as traições e obstáculos à unidade, mas ao mesmo tempo reconhece a graça do Senhor e por isso, o Novo Milênio é uma “hora excepcional” em prol da unidade. Estamos vivendo uma “época ecumênica”.
Não é possível estarem divididos aqueles que pelo batismo formam um só corpo. A divisão contradiz a vontade de Deus, é escândalo para o mundo, prejudica a pregação do evangelho. A Igreja assume o ecumenismo com um imperativo da consciência cristã e esta esperança da unidade tem sua fonte na Palavra e na unidade da Trindade. Estas verdades iluminam a compreensão do coração e o desejo de união, pois foi na hora de sua Paixão que Jesus pediu: “Pai, que todos sejam um” (Jo 17,21). O profeta Ezequiel (Ez 37, 16-28) já aludira à unidade com o símbolo das duas varas separadas e depois unidas e o evangelho de João (Jo 11, 51-52) vê na morte de Jesus a razão da unidade: “trazer à unidade os filhos de Deus dispersos”. A carta aos Efésios (Ef. 2, 14-16) acena à mesma verdade dizendo que o sangue de Cristo; “destruindo o muro da iniqüidade que os separava”…, isto é, alude à unidade entre o que estava dividido.
Diante destas verdades, o ecumenismo não é acessório, nem elemento secundário na Igreja, pelo contrário, é uma urgência pastoral fundamentada nas Escrituras e no dever das religiões darem testemunho de comunhão, reconciliação, unidade e fraternidade para o bem da humanidade. A comunhão dos cristãos é manifestação da comunhão trinitária. Acreditar em Cristo é querer a unidade, querer a comunhão que corresponde ao desígnio eterno do Pai.
Quando se fala em ecumenismo, é preciso lembrar sempre uma verdade ensinada no Concílio Vaticano II que: “fora da Igreja Católica se encontram elementos de santificação e de verdade, os quais impelem para a unidade”. Estes elementos de santificação e de verdade estão presentes nas diferentes Comunidades Cristãs e constituem a base objetiva da comunhão. Portanto, a única Igreja de Cristo está presente nas outras Comunidades Cristãs através dos elementos de santificação e de verdade que são: a Sagrada Escritura, o batismo, sendo que alguns têm o episcopado, a Eucaristia, a devoção à Maria e a oração. Que esta semana de oração pela unidade, contribua para o crescimento do ecumenismo.
+ Dom Orlando Brandes