“E partindo deste trecho da Escritura, anunciou-lhe a Boa Nova de Jesus.” (At 8, 35)
No dia 23 de julho de 2020, promovemos uma transmissão ao vivo sobre um tema muito caro à Iniciação à Vida Cristã (IVC): o ministério dos introdutores. O objetivo da live era discorrer sobre o ministério do introdutor na IVC como um ministério de acolhida e de acompanhamento. Uma das nossas bases bíblicas é o encontro de Filipe com o eunuco no livro de Atos dos Apóstolos (Cap. 8, 26-40).
Quando falamos de IVC, não estamos tratando apenas da catequese, mas de toda a Paróquia, com todas as suas Pastorais, Grupos e Movimentos. O maior objetivo da Igreja é transmitir a herança da fé, isto é, iniciar as pessoas ao seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, tornando-os para Ele, discípulos missionários. Por isso solicitamos para assistir a live da formação, não somente os catequistas, introdutores, os catequizandos e os seus pais, mas também os coordenadores de CPP e CPC, juntamente com seus párocos e vigários, a fim de que, munidos de mais informações, possam articular na Paróquia a implantação desse ministério tão importante quanto imprescindível.
Convidamos também, para assistir, os agentes da Pastoral Familiar e da Pastoral do Batismo, pois já sabemos, nossa Arquidiocese de Londrina está ABANDONANDO a metodologia de cursos de noivos e os cursos de pais e padrinhos de Batismo, para assumir o método de acompanhamento querigmático, que consiste em encontros personalizados e celebrativos, com centralidade na Bíblia e no primeiro anúncio da Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Salvador da humanidade. Temos de admitir que, a maioria dos noivos e dos pais e padrinhos de Batismo, mesmo se tiveram recebidos todos os sacramentos da IVC, não foram devidamente iniciados. O conhecimento da Pessoa de Jesus e Sua Igreja são, muitas vezes, inexistentes ou muito deficientes. Não podemos mais pressupor a fé! O curso rápido e de “massa” está baseado na suposição da fé e, por isso, é sempre organizado em palestras com estilo de aula e na afloração da emotividade. Esse método foi durante muito tempo útil, quando vivíamos em sistema de cristandade, porém, com a crescente descristianização do mundo ocidental, não é mais possível permanecer nesse caminho. Nesse sentido se fala hoje em re-iniciação à vida cristã ou segundo anúncio. Na verdade, o Matrimônio ou o Batismo iniciarão com o primeiro contato na secretaria paroquial, passando por todo o processo do acompanhamento até a culminância na celebração dos sacramentos, com ressonância também depois de passada a celebração. Os agentes dessas duas pastorais se tornarão verdadeiros introdutores. Para tal, a Igreja nos propõe, a partir do Documento 107 da CNBB, a inspiração catecumanal como itinerário para nossa ação evangelizadora, a fim de formar discípulos missionários.
O ministério do introdutor para nós, hoje, é novo, porém, na Igreja já é muito antigo. Remonta ao tempo do Catecumenato, na Igreja dos primeiros séculos. Lá, após o anúncio do querigma, a pessoa se convertia e pedia para ingressar na comunidade cristã. A essa pessoa se dava o nome de catecúmeno. Ainda nesse período inicial do querigma, a comunidade cristã apresentava ao neo-convertido um membro da comunidade, já iniciado, cujo ministério recebeu o nome de introdutor ou ainda, acompanhante ou garante. A grande incumbência do introdutor era fazer o primeiro-anúncio, apresentar ao catecúmeno Nosso Senhor Jesus Cristo e Sua entrega para nossa salvação por amor de nós. A ação do introdutor era restrita a um período de três ou quatro meses, porque depois iniciaria a catequese propriamente dita, entrando em cena o ministro catequista, que teria de aprofundar o primeiro anúncio, através da Bíblia.
Em nossa Arquidiocese de Londrina, a proposta muda em um detalhe: o introdutor acompanhará o iniciando durante todo o processo da iniciação, seja na catequese, seja no acompanhamento dos noivos ou dos pais e padrinhos de Batismo.
Foram convidados para assistir, também os agentes da pastoral litúrgica, pois somos provocados a que todo esse processo seja marcado também pela mistagogia, isto é, conduzir as pessoas até o mistério, celebrando o Mistério Pascal de nossa salvação através dos ritos.
Essas orientações da Igreja sobre os introdutores poderiam também ser seguidas pelos membros dos Setores Juvenis dos Decanatos e das Paróquias, pois esses grupos têm papel fundamental após os jovens encerrarem seu período na IVC. Se tivermos grupos jovens maduros, com formações consistentes, atividades com objetivos claros e uma lógica de aprofundamento do discipulado missionário, teremos adultos engajados na comunidade, dispostos a entrega generosa e perseverante.
Vemos que a IVC envolve o inteiro conjunto paroquial: aqui está o que o Documento de Aparecida chama de conversão pastoral em uma mudança de época, pela volta às fontes da fé. Na verdade, o sucesso ou o fracasso da implantação desse ministério nas comunidades, servirá de termômetro para saber em que pé está a acolhida em nossa Igreja Particular. O que adianta evangelizar, se não há estrutura acolhedora?
Humildemente, desejamos que essa formação on-line possa ajudar na compreensão da natureza desse ministério!
Irmã Ângela Soldera e Pe. Rodrigo Favero Celeste
Animação Bíblico-Catequética da Arquidiocese de Londrina