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Formação está inserida no contexto de preparação para o Jubileu ordinário de 2025: peregrinos da esperança

Os padres da Arquidiocese de Londrina participaram nesta semana, de 17 a 19 de setembro, do curso do clero, que tratou sobre o Concílio Vaticano II e suas atualizações, assessorado pelo padre Manoel José de Godoy, na Casa de Retiros Emaús. Padre Manoel Godoy é mestre em Teologia Pastoral e foi assessor da CNBB por dez anos.

O assessor abordou com os padres as quatro constituições do concílio: Lumen Gentium, Sacrosanctum Concilium, Dei Verbum e Gaudium et Spes. “Eu privilegiei as constituições, porque ao todo são 16 documentos do concílio. Então: como ser padre hoje à luz do Concílio Vaticano II e as suas atualizações nesses 60 anos”, destacou padre Manoel Godoy.

Segundo padre André Luis de Oliveira, membro da Pastoral Presbiteral e pároco da Paróquia Cristo Redentor, a temática é atual e necessária para a vida da Igreja, das comunidades e para o modo de exercer o ministério presbiteral. “O Vaticano II é de uma riqueza imensa, de uma abertura ao tempo, de uma abertura à proximidade à vida das pessoas, então tem sido um relembrar e um atualizar extremamente importante”, destacou.

Voltando aos grandes temas do concílio, explica o arcebispo dom Geremias Steinmetz, os padres conseguiram olhar com tranquilidade sobre a realidade da Arquidiocese de Londrina, “questionando-nos sobre algumas coisas que na pastoral às vezes não são tão claras. Está sendo um momento muito interessante.”

Além das grandes constituições do concílio, padre Manoel Godoy tratou também da caminhada e dos documentos publicados posteriormente ao concílio, que trouxeram questões presentes no Vaticano II, mas que ainda precisavam ser esclarecidas, explica dom Geremias.

“Por exemplo, a Constituição Lumen Gentium fala da questão da santidade, todos somos chamados à santidade, um texto fundamental, mas pequeno, curto, digamos assim. Foi exatamente por isso que o Papa Francisco escreveu Gaudete et exsultate, falando justamente sobre a santidade, voltando ao texto do concílio, mas esclarecendo muito melhor as coisas para os cristãos e cristãs de hoje, para que possam viver a santidade nos nossos tempos.”

A questão da Palavra de Deus é outro exemplo de assunto tratado no concílio, mas retomado em documentos posteriores, continua o arcebispo. “A Dei Verbum tratou sobre a Palavra de Deus, falou muito bem e com muita clareza, mas uma ou outra coisa na história foi surgindo que precisou de alguns documentos, por exemplo, um deles, não é nem do Papa, mas é da Comissão Bíblica Internacional, falando justamente sobre a interpretação da Sagrada Escritura na Igreja, e o Papa Bento XVI que escreveu então a grande Verbum Domine, que é uma retomada do concílio, daquilo que foi dito na Dei Verbum”, destacou dom Geremias.

Padre César Braga, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, ainda aponta outros aspectos tratados pelo assessor, como a necessidade de todos conhecerem verdadeiramente Jesus Cristo, a centralidade da Palavra de Deus e o amor pela Liturgia, além da importância da missionariedade, “A necessidade de tomar consciência de que vivemos na Igreja que foi Jesus quem deixou para nós, e assim também a disponibilidade da missão que nós não podemos viver só para dentro, mas também fazer novos discípulos e que as pessoas possam conhecer melhor quem é Jesus”, apontou padre César.

Padre Altair Manieri, pároco da Paróquia Santa Cruz, lembra também que, principalmente na época de seminário, os padres já estudaram os documentos do concílio, e o curso, retomando os documentos leva-os a ressignificar o Vaticano II aplicando-o à ação pastoral de hoje. “A metodologia do padre Godoy é muito interessante, porque ele retoma os documentos, trazendo as chaves de leitura e dando abertura para que a gente possa debater e discutir, porque a maioria de nós já conhece esses documentos, já estudou alguma vez, mas agora a gente precisa sempre estar revisitando, para readaptar, aplicá-los à realidade dos dias de hoje”, considera padre Altair.

Possibilidade de diálogo

A partir da temática abordada, os padres da arquidiocese puderam discutir questões atuais da Igreja Particular de Londrina por perspectivas e realidades diferentes. Segundo padre Manoel Godoy, as discussões geraram bons diálogos entre os padres. “A participação dos padres tem sido excelente. Mesmo os padres com mentalidades tão diferentes, porque nós somos muito diferentes. Eu tenho visto a participação de todos, dos mais conservadores aos mais abertos. Todos têm direito a falar e eu vou fazendo as minhas provocações.”

Padre André Luis de Oliveira, membro da Pastoral Presbiteral, destaca ainda que as perguntas, intervenções e colocações dos padres enriqueceram o encontro. “Como o nosso clero tem inúmeras linhas teológicas e pastorais, o professor Manuel Godoy tem conseguido chegar a um ponto comum, tem conseguido apresentar modos de viver o Concílio Vaticano II no nosso tempo. Todo nosso clero, tanto os padres que já têm mais tempo de caminhada, os padres que estão começando, os padres, por assim dizer, de meia idade, todos têm tido e dado contribuições importantes que têm enriquecido também o nosso encontro”, ressalta padre André.

A caminho do Jubileu 2025

Segundo o arcebispo dom Geremias Steinmetz, o curso foi pensado no contexto da preparação para o Jubileu de 2025, atendendo a um pedido do Papa Francisco de se retomar especialmente as grandes constituições durante o ano de 2023. “Estamos aproveitando esse ano de 2024 ainda para darmos conta desse pedido do Santo Padre, para se voltar especialmente às quatro grandes constituições do concílio, que são a constituição litúrgica, a constituição sobre a Igreja, a constituição sobre a relação Igreja e sociedade, e também a questão da Palavra de Deus.”

Juliana Mastelini Moyses
Arquidiocese de Londrina

Fotos: Juliana Mastelini Moyses

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