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A questão vocacional sempre foi um mistério para mim. Sempre há um mistério de amor de Deus por nós. E eu entendo que a nossa vocação, sobretudo a vocação sacerdotal, é sempre a história de Deus conosco. Desde pequeno eu vejo sinais vocacionais em mim, sobretudo no modo como eu via a vida, diferentemente de outros jovens. Por exemplo, quando meus pais ou meus tios contavam algum causo e na história tinha um padre, a figura do sacerdote me chamava à atenção.

Quando eu via uma novela, por exemplo ‘As pupilas do senhor reitor’, que tem um sacerdote, a figura daquele sacerdote me chamava à atenção. Filmes, livros de literatura universal, enfim, sempre que tinha um sacerdote me chamava à atenção. Isso é algo que fica muito forte na minha memória.

Também a beleza da Liturgia da Basílica de São Pedro nas Missas do Galo fazia meu coração vibrar de um modo diferente, sobretudo com o Papa Bento XVI quando eu já era adolescente. Mas antes disso, na minha casa tinha um quadro da Basílica de Aparecia que também tinha o Papa João Paulo II. Eu ficava olhando para a Basílica, para o Papa, e aquilo despertava algo diferente em mim.

Outras influências importantes na minha história vocacional. Exemplos de padres que passaram pela minha paróquia de origem, como o padre Jean Mário Peregrinelli, que foi muito próximo da minha família, me ajudaram muito a despertar para a vocação sacerdotal.

Também as histórias da vida dos santos me marcaram bastante, sobretudo São Francisco de Assis, um exemplo muito grande de entrega total a Deus, de desprendimento, de alguém que tem como o único foco na vida a busca da amizade com Deus, da intimidade com Deus. Tanto que o primeiro lugar que procurei para aprofundar o discernimento vocacional foi com os capuchinhos. Depois de alguns encontros acabei percebendo que não era para ser frade capuchinho o meu chamado.

Mais tarde conheci Santa Tereza d’Ávila e São João da Cruz, que foram dois santos carmelitas que me abriram para o horizonte da vida espiritual. Como a espiritualidade carmelita é muito rica, a partir de Santa Tereza, São João da Cruz, e também Santo Afonso Maria de Ligório, fui aprofundando minha vida espiritual, a vida sacramental, isso foi me ajudando a reconhecer cada vez mais a ação de Deus na minha vida.

Iniciei, então, um processo de conversão mais profundo, de oração, de vida sacramental, de estudo da doutrina da Igreja, decidi dar catequese, começar um grupo de jovens com alguns amigos na paróquia. Tudo isso foi fazendo amadurecer aos poucos esses pequenos sinais que eu já via desde pequeno.

A vida de comunidade na minha paróquia também foi algo marcante. Atuei como ministro de música litúrgica, como catequista, como participante e coordenador do grupo de jovens, onde fazíamos também visitas aos que precisavam. Tudo isso foi me despertando mais ainda para o cuidado da vida espiritual e a formação das pessoas.

Também nesse processo conheci São João Maria Vianney, que, para o clero diocesano é uma grande referência, e ele me ajudou muito, sobretudo por toda a seriedade com o ministério sacerdotal, com o cuidado na salvação da alma das pessoas, o cuidado com a confissão, a austeridade dele, toda a sua profundidade e simplicidade ao mesmo tempo. Aquilo me encantou.

Então eu decidi, depois de fazer uma consagração a Nossa Senhora (consagrei a ela minha vida inteira e também a minha vocação), ingressar no seminário da arquidiocese para aprofundar meu discernimento vocacional. Nesse período eu já tinha 19 – 20 anos e estava no terceiro ano do curso de Física.

Durante todo o período de seminário, Deus foi me confirmando que Ele me queria para continuar a missão que é do próprio Cristo. E eu, como um companheiro de viagem d’Ele, como um amigo d’Ele, aceitei estar junto nesta missão e fazer tudo pra ser útil à salvação das pessoas e para a glória de Deus.

Diácono Juniar Aparecido Padilha
Catedral Metropolitana de Londrina

Foto: Terumi Sakai

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