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No dia 23 de Fevereiro de 2020, durante a Visita Ad Limina dos bispos do Regional Sul II, tive a alegria de acompanhar um grupo de bispos do Paraná em visita ao Santuário de São Padre Pio de Pietrelcina, em San Giovanni Rotondo, na Itália. Como era um domingo de folga dos compromissos oficiais da visita, saímos de Roma às 7h planejados para chegar em tempo para a celebração da Eucaristia no Santuário por volta de 11h30. A viagem foi muito tranquila e divertida, regada a boas conversas com os companheiros de viagem. Na chegada no santuário antigo nos apresentamos ao reitor e fomos imediatamente orientados a celebrar a Eucaristia com peregrinos que quisessem participar na cripta onde está uma representação do corpo do Padre Pio.

 

Coube a mim presidir a Celebração Eucarística. Na homilia percebi as pessoas muito atentas porque, como nós, estavam em peregrinação. Expliquei que éramos um grupo de bispos brasileiros em Visita Ad Limina e que estávamos admirados pela grandeza do ambiente em todos os sentidos. 

 

Disse ainda que em nossas dioceses há muitos devotos do Pe. Pio. Nas conversas com os peregrinos após a missa percebemos a presença de pessoas de várias regiões da Itália. Falei também com pessoas da Áustria, Tchecoslováquia, etc. Todos muito gentis e respeitosos. O frei capuchinho que nos acolheu convidou-nos para o almoço com a comunidade dos capuchinhos que cuida dos trabalhos no santuário: confissões, celebrações, peregrinações, administração, livrarias, lojas de souvenirs, etc. 

 

O almoço com os freis foi interessante. Além da comida saborosa e do bom vinho produzido por eles, conhecemos ali alguns freis que ainda conviveram com o Pe. Pio e relataram alguns fatos, especialmente do final da vida dele. Para ser fiel nos dados biográficos, fui buscá-los no site dos Franciscanos da Imaculada Conceição do Brasil – OFM:  

Nasceu em Pietrelcina no dia 25 de maio de 1887. Chamava-se Francisco Forgione. O nome de Frei Pio de Pietrelcina recebeu-o em 1903, quando entrou na Ordem dos Capuchinhos. Foi ordenado sacerdote a 10 de agosto de 1910. Viveu uma vida de exigência pessoal. Venceu os maus instintos. Foi rigoroso na luta contra os vícios, simples no vestir e na comida e extremamente cuidadoso em evitar atos que pudessem ofender a Deus, aos irmãos ou a qualquer pessoa. 

Frei Pio é considerado um grande místico por todas as pessoas a quem chegou a sua ação e influência. Nisto consistiu a radicalidade profunda e original da sua espiritualidade, que o faz ter admiradores em todos os continentes. Assim como aconteceu com São Francisco de Assis, o Senhor crucificado quis partilhar com ele as dores da sua Paixão concedendo-lhe a graça dos estigmas, a 20 de setembro de 1915. Este foi o acontecimento místico mais marcante na vida do Frei Pio, mas há outros que importa, pelo menos, enumerar: o dom da profecia, o dom do discernimento dos espíritos, o dom da bilocação, o dom das curas, o dom das conversões, o dom dos perfumes.

O que mais atraiu as multidões de todos os continentes ao Convento de São Giovanni Rotondo durante a sua vida, foi a celebração da Eucaristia, o heróico atendimento de confissões e a direção espiritual (a quem recorreu muitas vezes o Papa São João Paulo II, então estudante de Teologia em Roma). Morreu no dia 23 de setembro de 1968. Foi canonizado em 16 de junho de 2002 e a sua festa litúrgica é celebrada dia 23 de setembro.

 

Na parte da tarde daquele domingo o frei nos mostrou todas as coisas relativas ao Pe. Pio e que o acompanharam durante sua vida e seu ministério: o pequeno quarto, a cama, a mesa onde escrevia e lia, o confessionário, o altar onde normalmente celebrava a Eucaristia. Tudo isto está na casa e na igreja onde viveu e atuou como padre. A casa onde viveu é hoje um museu. 

 

 Em seguida fomos ver e visitar o suntuoso novo santuário. É muito bem construído. Chama atenção pelas grandes dimensões, pela bela arquitetura, pelo planejamento em vista da pastoral. O detalhe teológico que mais me chamou atenção é o conceito de “inserção no Mistério de Cristo”. 

 

Há uma coluna que parte do andar térreo, onde está a sala de confissões, até o terceiro piso onde a coluna é a base para o altar central do santuário. Na sala de confissões há um nicho, construído na própria coluna, onde estão depositados os restos mortais do Pe. Pio. Representa justamente a mais autêntica compreensão da teologia dos santos: Viver e morrer inseridos no Mistério de Cristo. Concluo dizendo que tudo o que Pe. Pio fez em sua vida foi para testemunhar este Mistério central da fé.

Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo de Londrina

 

Artigo publicado na Revista Comunidade edição setembro 2021
Foto destaque: Pe. Lawrence Lew O.P.

 

Fotos:  Arquivo pessoal

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