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Os índices do IBGE de 2018 apontam que o Brasil ainda está muito longe de ser uma democracia racial, por isso uma pastoral inclusiva que leve informação aos negros deve ser compromisso de todos.

 

A falta de atendimento mínimo à população negra no Brasil é fruto do processo histórico desumano sofrido pela raça no país. Foi a partir desta realidade e de um longo processo de conscientização e atuação de negros e negras na Igreja que surgiu a Pastoral Afro-brasileira.

 

No final da década de 1970, depois de dois encontros feitos pela Igreja na América Latina, se percebeu a necessidade de uma atenção pastoral maior para com os grupos culturais indígenas e afro-americanos. Durante a Conferência dos Bispos da América Latina na cidade de Puebla, no México, em 1979, foram dados passos importantes que mostraram a atenção para com os mais pobres, entre eles, os negros que vivem discriminados e em situações desumanas.

 

Em 7 de setembro de 1981, foi criado o Grupo de União e Consciência Negra e, durante uma celebração eucarística na Catedral da Sé, em São Paulo (SP), um grupo de padres pediu a criação da Pastoral Afro-Brasileira que hoje integra a Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz e as demais Pastorais Sociais da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

 

Em Londrina, a pastoral atua, principalmente, junto às entidades e a população negra da cidade e de Cambé. Segundo Amauri Farias, coordenador da pastoral na arquidiocese, o objetivo da pastoral é sensibilizar a Igreja para o conhecimento das questões afro-brasileiras, animar os grupos negros católicos existentes, incentivar o surgimento de novos grupos que buscam sua identidade numa sociedade e Igreja plurais.

 

INTEGRAÇÃO

Em nível nacional, a Pastoral Afro busca levar os negros a encontrarem um lugar na Igreja e conhecer seus direitos, apesar das feridas do escravismo. Além de buscar apoio na luta pelos seus direitos, procuram, por meio da pastoral, inserir na Igreja seus valores e riquezas culturais.
Farias conta que, em Londrina e Cambé, há uma tentativa de integração, por meio de ações, que levam os grupos negros católicos a resgatarem sua verdadeira história e se integrarem. A pastoral ainda procura promover a integração e articulação dos grupos e das iniciativas, respeitando as particularidades de cada um.
No entanto, ainda existe muito preconceito e discriminação na própria Igreja, por isso, um dos maiores desafios é sensibilizar as comunidades para o conhecimento das questões afro-brasileiras.
Outro desafio é incentivar o surgimento de novos grupos que busquem sua identidade nesta sociedade e nesta igreja tão diversificada, além de animar os grupos negros católicos existentes. A Pastoral Afro-brasileira tem buscado, também a solidariedade e o diálogo com as instâncias da sociedade civil que representam o povo negro na recuperação da dignidade dos afro-brasileiros. A luta pela cidadania é ainda um desafio presente.

MISSA
Uma das atividades da Pastoral é fazer a integração das comunidades por meio da missa afro. A celebração reúne elementos da cultura africana que tanto influenciou a cultura brasileira, mas segue e respeita o ritual católico romano. Este ano, a missa foi celebrada no dia 3 de novembro, na Paróquia Nossa Senhora dos Migrantes, Decanato Cambé. A festividade faz parte das comemorações do dia da Consciência Negra

Flora Neves
PASCOM Arquidiocesana

Matéria publicada na edição de novembro do Jornal da Comunidade – JC – da Arquidiocese de Londrina

 

Fotos: Divulgação

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