Igreja demonstra preocupação para a região amazônica
O Dia da Amazônia, celebrado anualmente em 5 de setembro, foi criado com o propósito de conscientizar as pessoas sobre a importância da maior floresta tropical do mundo e da sua biodiversidade para o planeta. O dia remete a 1850, quando o príncipe D. Pedro II decretou a criação da Província do Amazonas (atual Estado do Amazonas). A data remete aos brasileiros um alerta. A floresta amazônica tem sido vítima de constantes desmatamentos ilegais e queimadas, afetando diretamente a fauna e a flora da região, causando desequilíbrios e crises ambientais em nível global.
Numa preocupação com o tema, a Igreja retoma a célebre frase do Papa Paulo VI “Cristo aponta para a Amazônia” e realiza em Roma, Itália, de 6 a 27 de outubro de 2019, o Sínodo da Amazônia, cujo nome oficial é Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica. A assembleia sinodal, convocada pelo Papa Francisco em outubro de 2017, terá como tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Etimologicamente, a palavra sínodo vem do grego syn, que significa “juntos” e hodos, que significa “caminho”, numa junção que expressa a ideia de “caminhar juntos”.
Pan-Amazônia
Durante o encontro com povos indígenas de quase todos os países da Pan-Amazônia, em Porto Maldonado, Peru, em 2018, o Papa Francisco falou sobre a riqueza dos saberes e da diversidade indígena, sobre a necessidade de defender a Amazônia e seus povos e também sobre as ameaças que esses povos enfrentam em função dos interesses econômicos em seus territórios. De acordo com o documento preparatório, o sínodo refletirá sobre os novos caminhos de evangelização que devem ser elaborados para e com o povo de Deus que habita na região amazônica: habitantes de comunidades e zonas rurais, de cidades e grandes metrópoles, ribeirinhos, migrantes e deslocados e, especialmente, para e com os povos indígenas. As reflexões do Sínodo para a Pan-Amazônia superam o âmbito estritamente eclesial amazônico, por serem relevantes para a Igreja universal e para o futuro do planeta.
O processo preparatório do Sínodo, concluído em junho com a publicação do instrumentum laboris ou Instrumento de trabalho, consistiu em um amplo processo de escuta, que teve como primeiros interlocutores os povos indígenas e as comunidades que vivem na Amazônia, além de diversas instâncias, como conferências episcopais, especialistas, entre outros. O documento servirá de base para a discussão da assembleia sinodal. A partir das contribuições advindas do sínodo o papa redigirá um novo documento, denominado exortação apostólica pós-sinodal.
Casa comum
Quase um terço (32%) da Amazônia fica fora do território brasileiro, dividido entre outros oito países (Bolívia, Colômbia, Peru, Guiana, Venezuela, Suriname, Equador e Guiana Francesa (território francês). Em agosto, em entrevista ao Jornal Italiano La Stampa-Vatican Insider, o Papa Francisco afirmou que o sínodo será uma resposta à emergência ambiental planetária.
Porém, é um evento da Igreja e terá uma dimensão evangelizadora. Explicou ainda sobre a escolha de fazer um Sínodo para a Amazônia. “É um lugar representativo e decisivo, contribui de modo determinante para a sobrevivência do planeta. Grande parte do oxigênio que respiramos é proveniente dali. Eis o motivo porque o desmatamento significa matar a humanidade.”
“Além disso, efetivamente, a Amazônia envolve nove países. Portanto, não diz respeito a uma única nação”, concluiu. Ainda na entrevista concedida ao jornal italiano, Francisco diz temer o desaparecimento da biodiversidade, novas doenças letais e uma devastação da natureza que poderiam levar à morte da humanidade.
Sínodo
O Sínodo dos Bispos é um órgão permanente da estrutura da Igreja Católica instituído pelo Papa Paulo VI em 1965, no contexto do Concílio Vaticano II. Nessa 11ᵃ assembleia especial, bispos reunidos com o papa terão a oportunidade de trocarem informações e compartilhar experiências, com o objetivo de buscar soluções pastorais que tenham aplicação universal. A Santa Sé define o Sínodo, em termos gerais, como uma assembleia de bispos que representa o episcopado católico e tem como tarefa ajudar o papa no governo da Igreja universal dando-lhe seu conselho.
Nas palavras do pontífice, o intuito é “identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta. Que os novos Santos intercedam por este evento eclesial para que, no respeito da beleza da Criação, todos os povos da terra louvem a Deus, Senhor do universo, e por Ele iluminados, percorram caminhos de justiça e de paz”.
Luciana Maia Hessel
Pascom Arquidiocesana
Com informações dos sites: CNBB, Gazeta do Povo, A12 Redação, INPE.
Foto destaque: Rio amazonas (JohnnyLye/iStock)