Queridos jovens da Arquidiocese de Londrina! Paz e Bem!
Por conta dos múltiplos desafios que envolvem a vida dos jovens, desejo falar-lhes sobre alguns grandes acontecimentos dos próximos meses que envolvem a vossa vida e a vossa existência como jovens cristãos. O mês de outubro deste ano será rico em reflexões e proposições no tocante à evangelização dos jovens. Aqui em Londrina acontecerá a 2ª Jornada Missionária da Juventude com o tema: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38) e o lema: “Eis que estou à porta e bato” (Ap 3,20). O desejo é falar do chamado de Jesus a cada jovem pessoalmente, e o exemplo de Maria na resposta dada ao Senhor. Esta é a maior concentração de jovens e adolescentes da arquidiocese porque propõe reunir todos os grupos, carismas, movimentos e expressões juvenis, demonstrando a unidade da Igreja.
“A juventude mora no coração da Igreja e é fonte de renovação da sociedade” (Publicações da CNBB, n.03). Os jovens de todos os tempos e lugares buscam a felicidade. A Igreja continua olhando com amor para os jovens, mostrando-lhes o verdadeiro Mestre – Caminho, Verdade e Vida – que os convida a viver com Ele. Mas a Igreja sabe que “no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (Bento XVI – Encíclica Deus é Amor, n. 1). Assim, estão em jogo duas questões importantes na vida do jovem: O encontro pessoal com Jesus Cristo e a aceitação de um projeto de vida baseado no seu Evangelho. Diante das muitas opções colocadas diante de vós, há também aquela de entregar a vossa vida a Jesus Cristo, bem ao estilo dos discípulos de Jesus quando provocados pelo Mestre – “também vós quereis ir embora?” – foram liderados por Pedro para responder: “a quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna!” (Jo 6, 68).
Neste sentido de reproposição da fé, de opção pessoal e consciente por Jesus Cristo, de opção fundamental de vida é que acontecerá também o Sínodo dos Bispos sobre a Juventude. O tema será “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Este foi estabelecido após uma consulta às Conferências Episcopais, às Igrejas Orientais Católicas, à União dos Superiores Gerais e à sugestão dos padres da última Assembleia Sinodal. Reúne, num único tema, as preocupações de bispos, padres, religiosos e religiosas e, até, as Igrejas Orientais que representam um grande número de homens e mulheres preocupados com a evangelização dos jovens. O grande objetivo é acompanhar os jovens no seu caminho existencial rumo à maturidade, para que, através de um processo de discernimento “possam descobrir o seu projeto de vida e realizá-lo com alegria, abrindo-se ao encontro com Deus e com os homens, participando ativamente da edificação da Igreja e da sociedade” (Comunicado Oficial da Santa Sé). É um tema que vem para completar dois grandes momentos sinodais de 2014 e 2015 sobre a família e o matrimônio. Aqui de Londrina houve uma ótima participação dos jovens nas respostas ao questionário enviado a todo o mundo pela Secretaria do Sínodo. Que bom! As vossas respostas estão inseridas no texto preparatório ajudando a levar a Igreja toda a pensar em como continuar transmitindo a fé aos jovens.
Observando toda a proposta do Sínodo, percebe-se que a “vivência dos jovens” não é simplesmente um desafio, mas é um verdadeiro “lugar teológico”. Justifica-se o que diz o Documento Preparatório: “através dos jovens, a Igreja poderá ouvir a voz do Senhor que ressoa inclusive nos dias de hoje. (…) Ouvindo as suas aspirações, podemos entrever o mundo de amanhã que vem ao nosso encontro e os caminhos que a Igreja é chamada a percorrer”. Para cada pessoa a vocação no amor adquire uma forma concreta na vida cotidiana, através de uma série de escolhas que estruturam a condição de vida, profissão, compromisso social, estilo de vida, etc. O Documento traz como inspiração o texto de Jo 1,36-39. Na busca do sentido a dar a própria vida, dois discípulos de João Batista ouvem Jesus dirigir-lhes uma pergunta: “O que procurais?”. Eles responderam “Mestre onde moras?”. Segue-se a resposta convite de Jesus: “Vinde e vede” (v. 38-39). “Jesus chama-os a um percurso interior e, ao mesmo tempo, a uma disponibilidade a colocar-se concretamente em movimento, sem saber bem onde é que isto os levará. Será um encontro memorável a tal ponto que se recorda da hora em que teve lugar (v. 39). Trata-se de uma experiência vocacional e, certamente, descobrir e realizar a própria vocação é garantia de felicidade.
Lembro-me com carinho dos tempos de adolescente em que li um livro chamado “Vocação acertada, Futuro Feliz”, do Pe. Roque Schneider. Como me fez bem! Depois disso, todos os dias, rezava, devotamente, pedindo a Deus o discernimento necessário para acertar a escolha da minha vocação. Da resposta de Deus eu esperava a possibilidade da minha realização pessoal assim como a realização da vontade de Deus a meu respeito. Esta, creio, é a síntese para ser feliz a vida toda.
Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo de Londrina