[dropcap]N[/dropcap]o dia 7 de Setembro, data na qual oficialmente se comemora a independência do Brasil, será realizado em todo país o 24º Grito dos Excluídos.O Grito dos Excluídos é um conjunto de ações articuladas pelos movimentos sociais em todo o Brasil. É o desejo de constituir um espaço onde as pessoas se sintam capazes de lutar pela mudança, através da organização, mobilização e resistência popular. Este ano será trabalhado o lema “Desigualdade gera violência: BASTA DE PRIVILÉGIOS!” e o tema “Vida em primeiro lugar”. Com mais esta edição quer-se chamar atenção da sociedade para a questão da desigualdade social, cada vez maior, entre os poucos endinheirados e os milhões de despossuídos. “Este sistema não permite que a vida esteja em primeiro lugar, porque privilegia o capital”, diz a coordenação nacional do movimento. A primeira edição aconteceu em 1995.
O comentário de Dom Eduardo vieira dos Santos, Bispo Auxiliar de São Paulo, é de que vivemos numa sociedade excludente. “Uma grande camada da sociedade vive à margem dessa mesma sociedade, sem direito à moradia, sem direito à alimentação adequada, sem direito à saúde, ao trabalho, e todos esses aspectos fazem parte da vida e da dignidade humana. Enquanto tivermos uma parcela, que seja um da sociedade que passe por essa situação, há sim sentido no Grito dos Excluídos, ainda que esse excluído não seja o que grite, mas os seus irmãos devem gritar por ele”, afirmou o bispo. Ainda segundo dom Eduardo, a base do cristianismo é a solidariedade: “Aquele que se omite diante do sofrimento do irmão, aquele que recua em defender o seu irmão diante do sofrimento ele não está vivendo o Evangelho, não está seguindo a Cristo”.
Em entrevista coletiva, o economista Plínio de Arruda Sampaio Filho disse:“a violência que mata 62 mil pessoas por ano no Brasil é o resultado da administração da barbárie, com a crescente exploração dos mais pobres e da militarização. As vítimas são os mais pobres e 70% deles são negros”. Ainda segundo o economista, a desigualdade social que existe, é resultado de um sistema que não enxerga e não pauta as necessidades de sua população e sim a manutenção do sistema atual que exclui e promove a barbárie aos mais pobres. “Na economia, essa barbárie, é o chamado ajuste fiscal, o ataque à previdência, à política pública. Por que nenhum candidato [à presidência da República] tem a coragem de pautar a Dívida Pública?”.
O cartaz do 24º Grito dos Excluídos é de autoria de Nivalmir Santana, artista plástico formado pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo e Unesp. Ele trabalha há mais de 28 anos com arte sacra em igrejas espalhadas por todo o Brasil. Atua como músico no curso de verão na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, desde 1991. De acordo com o autor, o cartaz retrata a união dos marginalizados e do povo sofrido que luta por vida mais digna. “Esse povo unido caminha para o sol, que ilumina todas as classes. O sol para o qual esse povo se volta é Cristo, que pela páscoa dissipa todas as trevas e clareia todas as coisas”, explica. A mulher como figura principal retrata a geração da vida, que une as forças e luta com o povo sofrido, especialmente na atual conjuntura que vive o povo brasileiro.
A Arquidiocese de Londrina, em sintonia com a CNBB, através das Pastorais sociais, dos movimentos sociais e organizações populares realiza este evento também por aqui. O objetivo é promover a reflexão e a denúncia em relação às situações de desigualdades que geram violência em nosso país, contribuindo para a promoção e o anúncio da esperança de um mudo justo, valorizando e construindo práticas que fortaleçam e mobilizem as pessoas e denunciando a estrutura opressiva e excludente da sociedade.
A programação em Londrina é a seguinte: No dia 03.09 (segunda feira) às 19:30 hs, no Centro Arquidiocesano de Pastoral Jesus Bom Pastor acontecerá o Seminário: Desigualdade gera violência: Basta de privilégios!. Contará com a presença dos Professores Elve Miguel Cenci e Jolinda de Moraes Alves. No dia 07 de Setembro, a partir das 08:30, na Praça Dom Pedro, o Grito dos Excluidos. A causa defendida é real e é de todos. Participe!
Dom Geremias Steinmetz
Arcebispo de Londrina