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[dropcap]O[/dropcap] Papa Francisco conquistou o mundo com as suas palavras, com seus gestos, suas atitudes, seus desafios, sua franqueza, seu sorriso, sua alegria, suas expressões, etc. Uma destas expressões é, justamente, a “cultura do encontro”. Em artigo publicado pela revista O Mensageiro de Santo Antonio (Nov. 2013), Moisés Sbardelotto discorre sobre esta expressão buscando-lhe, inclusive, a gênese. Inicia dizendo que na primeira manifestação do Papa ao povo, no dia da sua eleição, fez um verdadeiro gesto de encontro quando, antes de dar a Bênção Urbi et Orbi, inclinou-se e pediu que o povo rezasse por ele. O Papa vê e percebe o “outro” que está à sua frente e é o seu interlocutor. “O ‘outro’ multitudinário, pessoas diferentes dele mesmo, que também têm algo a oferecer, que demandam uma atitude de escuta, abertura e acolhida”. O autor continua dizendo que ao encerrar a noite, Francisco disse um simples e natural “Boa noite e bom descanso!”, estabelecendo um diálogo direto e humano entre pessoas que compartilham os mesmos desejos e necessidades, como dormir e descansar.

A ideia da “cultura do encontro” foi abordada pelo papa principalmente em duas ocasiões, em contraponto à “cultura da exclusão”, do “descartável”, da “globalização da indiferença”. Na JMJ  27 de julho de 2013, afirmou: “O encontro e o acolhimento de todos, a solidariedade (…) e a fraternidade são elementos que tornam a nossa civilização verdadeiramente humana. Temos de ser servidores da comunhão e da cultura do encontro”. E, na sua primeira Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do refugiado, o papa defendeu a cultura do encontro como “a única capaz de construir um mundo mais justo e fraterno, um mundo melhor”. O autor continua falando de outras oportunidades em que Francisco explica a expressão em questão.

A cultura do encontro, tão necessária e tão minada em nossos dias, é exigência do viver em sociedade. Ninguém é uma ilha. Todos nos relacionamos. Num sentido específico, o cristianismo, poderíamos dizer, é um acontecimento do encontro. A própria revelação de Deus, na vida e história de Jesus de Nazaré, é um acontecimento de encontro, encontro na encruzilhada do corpo e da palavra humana. Certamente todos já entendemos que a paz, a alegria, a felicidade passam pelos nossos “encontros” com o “outro”, especialmente o mais necessitado e, também o OUTRO, que é o próprio Deus, razão da existência e da realização do ser humano. Estamos no Tempo de Advento e Natal. É um tempo, basicamente, de muitos “encontros” entre as pessoas, famílias, comunidades, colegas de trabalho, grupos de serviço, formaturas, confraternizações etc. Que eles se reproduzam nos nossos relacionamentos. Precisamos urgentemente da “cultura do encontro” nas famílias, entre pais e filhos, entre grupos, etc. Precisamos superar a violência nos relacionamentos familiares, entre jovens, entre cidades. Precisamos vencer a violência institucional, do trânsito, a violência contra as mulheres. A cultura do encontro é a cultura da paz.

 

dom geremiasDom Geremias Steimetz
Arcebispo de Londrina

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