A Paróquia São Vicente de Paulo tem na sua história uma enorme fonte de graças e bênçãos. Muito antes de ser pensada como é hoje algumas pessoas santas já enxergavam o potencial daquele lugar ermo e distante do centro da cidade. O que havia era muita terra vermelha e quando chovia muito barro. Algumas chácaras, sítios e uma pequena vila vicentina, que eram pequenas casas onde se acolhiam os pobres e pessoas que não tinham família. Estamos no ano de 1957. Foi neste lugar que tudo começou.
Em agosto daquele ano, madre Leônia e madre Eucarística chegam na cidade e são acolhidas por Dom Geraldo Fernandes – o primeiro bispo de Londrina. E foi nesta área rural, na vila vicentina, que as irmãs se estabeleceram. Por ali moravam famílias tradicionais, como as famílias Massaro, Rezende, Giroldo, Palhano e Superbi.
A partir daí começa a trajetória das irmãs e da futura Paróquia São Vicente de Paulo. Em muitos momentos as histórias se misturam e se entrelaçam. Em 19 de março de 1958 é fundada a Congregação das Missionárias de Santo Antônio Maria Claret, por Dom Geraldo Fernandes e madre Leônia, com a aprovação do papa Pio XII.
“O asfalto terminava no colégio Vicente Rijo. As irmãs andavam de charrete para ir até o centro da cidade. No dia de São José, apesar da chuva forte, madre Leônia tinha tanta certeza que chegaria o cartão com a autorização para fundação da congregação, que Dom Geraldo Fernandes que estava em Roma enviaria assim que estivesse tudo certo, que enviou madre Eucarística para buscar a correspondência. Enquanto isso, ficou tocando no órgão “Magnificat” agradecendo a benção recebida. Madre Leônia sabia, em oração, que o cartão chegaria naquele dia”, lembrou irmã Aparecida de Lourdes Arado.
Como ela mesma descreve, alguém que teve o privilégio de conviver alguns anos ao lado de madre Leônia. É assim que a irmã Aparecida se descreve. Mesmo sendo na época uma jovem ela conta entusiasmada como tudo começou.
Desde que chegaram aqui em Londrina, madre Leônia, madre eucarística e outras irmãs já se dedicaram a evangelização. “Muitas jovens da região eram “Filhas de Maria” e frequentavam a casa. Tinha catequese com as crianças e a Primeira Comunhão na Festa de Cristo Rei. A partir de 1964, com a inauguração desta casa, aqui ficou o centro desta região. Tinha missa diária na capela – hoje o Santuário – formação de coroinhas, jovens, ministros da Eucaristia, catequese, tudo acontecia aqui”, completou irmã Aparecida.
Entre 1972 e 1975, Dom Geraldo trabalhou com os Vicentinos a doação do terreno onde hoje está construída a Paróquia São Vicente de Paulo. E começou a construção de um barracão de madeira, onde hoje é o Centro Pastoral. E nós, irmãs Claretianas, éramos responsáveis por toda vida litúrgica. “As celebrações dominicais – na então Capela da Paróquia Coração de Maria – eram de responsabilidade dos padres Claretianos”, comentou.
Durante a conversa, a irmão Aparecida lembrou que elas estiveram no início de quase todas as paróquias da cidade. Mas, na visão dela, o trabalho das irmãs é um trabalho no anonimato. “Se formos procurar, em nenhum livro tombo das paróquias está o nome de alguma irmã. Mas elas estavam lá. A gente sempre esteve no início das paróquias”, frisou.
E assim foi com a Paróquia São Vicente de Paulo. Mas, no neste caso, de uma forma ainda mais evidente já que continuamos bem perto, auxiliando e oferecendo suporte sempre que solicitado, frisou com irmã Aparecida.
De 1975 até 1991 o barracão de madeira foi o local onde tudo acontecia. Com a construção da nova paróquia quase concluída entre em cena Dom Geraldo Magela, então bispo de Londrina.
E em 1991 acontece o desmembramento da Capela da Paróquia Coração de Maria, passando a ser denominada a partir daquela data como “Paróquia São Vicente de Paulo”.
Mesmo sem ter presente todos os fatos na memória, Dom Geraldo Mangela fez questão de lembrar que apesar da distância, na época, onde foi pensada a paróquia a região era próspera e já havia uma movimentação de pessoas no local. “As pessoas construíram uma comunidade na fé, contando com a boa vontade de todos”, disse Dom Geraldo.
“Naturalmente, 25 anos é uma data que merece muita comemoração. O resultado desses anos pode ser visto a olho nu. A Paróquia São Vicente de Paulo é uma benção, assim como tantas outras. É admirável. Não ficou parada no tempo”, concluiu Dom Geraldo Magela.
Para a irmã Aparecida de Lourdes, assim como a vocação de Dom Geraldo Fernandes, madre Leônia e da própria Congregação das Missionárias de Santo Antônio Maria Claret, que buscam evangelizar em todos os lugares dentro e fora do país, assim também está se moldando a vocação da Paróquia São Vicente de Paulo: uma comunidade em saída.
“É preciso audácia e visão. Assim foi desde o início com madre Leônia, que nunca se contentou em ficar em um único lugar. A missão missionária universal é muito natural para a gente. E agora estamos juntas com a paróquia nas Santas Missões”, comentou.
Para encerrar, irmã Aparecida lembrou que nossa paróquia deveria ter uma consciência maior do privilégio de ter nascido de duas pessoas tão santas, tão missionárias, tão apostólicas e tão eclesiais como Dom Geraldo Fernandes e Madre Leônia. “Você saber que tem no “quintal” um alicerce Eucarístico, Mariano, missionário, como este, num local tão abençoado, onde viveu esta santa – Madre Leônia – é um grande privilégio. Devemos ter mais integração sabendo de tudo isto. É lindo”, concluiu irmã Aparecida de Lourdes.
Cecília Fraga
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