Um jovem perguntou: “somos nós que nos perdemos ou foi a Igreja que nos perdeu”? A pergunta expressa o desejo de uma Igreja na qual as pessoas possam encontrar Jesus Cristo. Mas, para poder ser “o espaço” para um encontro de fé com o Senhor, a Igreja deve aprender de novo de Jesus, a ser discípula e mestra da escuta da Palavra.
A Igreja deve aprender a humildade de Jesus. A força e o poder de Deus estão no esvaziamento do Filho, no amor que é crucificado, mas que salva deveras porque é esvaziamento de si pelos outros.
A Igreja é chamada a imitar o respeito de Jesus por cada pessoa humana. Ele defendeu a dignidade de todos, sobre tudo de quantos são descuidados e desprezados pelo mundo. Amando os seus inimigos ele afirmou a dignidade dos mesmos como pessoa humana.
A Igreja deve descobrir a força do silencio. Confrontada com o sofrimento, com as duvidas e incertezas das pessoas, não pode fingir que oferece soluções simples. Em Jesus o silencio torna-se a vida da escuta atenta, da compaixão, da oração. É caminho para a verdade.
As sociedades aparentemente indiferentes e desinteressadas, em relação à Igreja, estão deveras à procura de Deus. A humildade, o respeito e o silêncio da Igreja poderiam revelar de modo mais claro o rosto de Deus em Jesus. O mundo se alegra pelo simples facto de testemunharmos Jesus manso e humilde de coração.
Evangelização e vocação são inseparáveis. Necessitamos de uma pastoral vocacional, de uma cultura vocacional que promova os valores da dignidade da vida, da confiança em si e no próximo, da interioridade, da convivência da presença de Deus, da busca do bem dos outros, da atitude de serviço e de gratuidade, da coragem de sonhar e desejar o melhor, do amor aos pobres. A pastoral vocacional deve privilegiar os jovens. Os pastores devem ser guias espirituais dos jovens. Evangelizar requer discípulos autênticos, mensageiros humildes, vida coerente, ânimo missionário.
O Papa pede impulso renovado da opção pelos pobres a partir do pobre Lazaro. O consumismo é depredador e dissipador. Precisamos colocar os pobres no centro da evangelização. Não é possível uma Nova Evangelização sem o anuncio da libertação integral, do pecado e suas consequências. Não pode haver opção autentica pelos pobres, sem o compromisso firme em favor da justiça e mudança das estruturas de pecado. Nossa proximidade com os pobres não é necessária só para tornar credível a nossa pregação, mas também para a tornar cristã e para que a Igreja não seja “um bronze que soa ou um címbalo que retine” (I Cor 13, 1). Quem colocar as crianças e pobres em segundo plano transforma a Boa Nova em palavras vazias e melancólicas, sem vitalidade, sem esperança.
+ Dom Orlando Brandes