Tão preciosa como uma jóia é a vida de missionário do padre Lino Stahl
“Pra que parar? Enquanto eu puder trabalhar vou continuar. Sempre dá uma alegria poder transmitir as coisas de Cristo”. Essa foi a resposta do padre Lino Stahl quando questionado se, aos 93 anos de idade e 60 de sacerdócio, não tem vontade de parar. E se o superior o mandar amanhã para a Ásia? “Estou pronto pra ir”. A reposta-atitude parece descrever o querido pároco da Paróquia Pessoal Nipo-Brasileira Imaculada Conceição, padre Lino Stahl, há mais de 30 anos em Londrina à frente da Comunidade Nipo. Homem forte que conduz a Paróquia com carinho e liderança de pai.
Quem diria que aquele menino que aos 12 anos levantou a mão ao ser questionado se queria ser padre iria chegar aonde está hoje? Deus diria, porque é ao Senhor que o próprio padre incumbe a responsabilidade por aquele gesto.
Padre Lino nasceu em abril de 1923. Viveu sua infância no Rio Grande do Sul e, em 1937, foi internado no seminário em Salvador do Sul-RS. Lá, começou a vida de sacerdócio. Foi ordenando na Alemanha em 1956 e queria voltar ao Brasil para ser missionário, porém foi enviado ao Japão. Aprendeu sobre a cultura nipônica, os costumes, a língua. Quando achou que ficaria na terra do sol nascente, foi enviado novamente ao Brasil, a pedido do cônsul do Rio Grande do Sul, com a missão de evangelizar entre os imigrantes japoneses que aqui haviam vindo morar. Achou que ficaria no Rio Grande do Sul, mas quando chegou soube que viria para Londrina, cidade até então desconhecida para ele. Como bom missionário, acatou as ordens dos superiores, e está aqui há mais de 30 anos. “Até hoje estou aguardando o chamado de retorno para o Japão”, brinca.
Em Londrina, padre Lino continuou o trabalho com os japoneses e assumiu a Paróquia Pessoal Nipo-Brasileira Imaculada Conceição. “Foi difícil no começo, estranhei um pouco”, revelou. Hoje, três décadas depois, tem uma agenda lotada e é visto como amigo indispensável pela comunidade. Sua rotina inclui rezar missas, estudos, visitas aos enfermos, dar catequeses e dirigir. Ele descansa nas terças-feiras e gosta de ir à zona rural, visitar amigos. “Antigamente eu gostava de ir pescar, mas não sou pescador não” (risos).
O padre também desenvolve um trabalho com o Centro de Educação Infantil Irmãs de Betânia, no Jardim Nossa Senhora da Paz. O CEI foi fundado pelo padre Lino em parceria com irmãs japonesas, que estavam em missão no Brasil. Hoje, o amor pela creche é traduzido nas suas próprias palavras: “eu sabia que tinha aquela favela chamada de ‘lugar quente’. Muita gente tinha medo de entrar lá. Eu via muita miséria e tentei ajudar o povo, construímos casas. Olhando agora o resultado, foi bom, uma porção de famílias saiu de lá, e uma delas até formou um padre. Valeu a pena porque um grupo encontrou a preparação para a vida e hoje leva uma vida positiva. Claro que a gente não consegue salvar todo mundo, uma porção deles morreu por causa das drogas, mas valeu a pena, hoje em dia a creche vai muito bem. Eu não sou presidente nem nada, mas quando vou lá, todo mundo olha pra mim”.
Sábio, carismático, alegre… padre Lino é hoje muito querido por todos que o conhecem. Exemplo de obediência e zelo apostólico, comemorou o jubileu de diamante de ordenação sacerdotal no dia 30 de julho e, por ele, não há previsão de parar: “é a missão que me move a continuar. A gente não pode dizer chega, é a nossa maneira jesuíta. Enquanto Deus permitir a gente vai”.
Os 60 anos de ordenação sacerdotal foram comemorados com uma missa em ação de graças, na Paróquia Nossa Senhora Rainha do Universo, seguida por almoço festivo. A missa entra pra conta das mais de 32.600 missas celebradas pelo padre Lino. As comemorações contaram com a presença de familiares, amigos, sacerdotes membros da Companhia de Jesus, Pastoral Nipo Brasileira (PANIB), e da Arquidiocese de Londrina. Padre Lino recebeu diversas homenagens, incluindo do Vaticano. A maioria das cerca de 600 presentes receberam o caloroso abraço do padre Lino, que andou de mesa em mesa entregando a lembrança dos seus 60 anos de sacerdócio.
Angela Ota – Paróquia Nipo-Brasileira Imaculada Conceição
Juliana Mastelini – PASCOM Arquidiocesana