“Hoje nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao céu; suba também com ele o nosso coração.” (Santo Agostinho)
Aos 40 dias da Páscoa do Senhor a Igreja celebra a solenidade de sua Ascenção. No Brasil, privilegiando a participação de um maior número de fiéis, esta celebração é transferida para o Domingo seguinte, o sétimo Domingo da Páscoa.
Expressão da dimensão da exaltação e glorificação da natureza humana de Jesus, não obstante sua humilhação na paixão, morte e sepultamento, a Ascenção é aspecto integrante do único mistério pascal. Jesus, o Filho de Deus, despoja-se da sua condição de ser Deus para tornar-se humano.
“E um humano que se despoja de todos os privilégios para ser pequeno e servir; que se doa, se abandona, se esvazia para encontrar o humano; que vai até as ultimas consequências, à loucura do lavar os pés e à cruz. E sendo, mesmo assim, totalmente Deus e totalmente humano” (Eduardo dos Santos e Prof. Dr. Donizete José Xavier, Revista de Cultura Teológica, v. 16, n. 62, jan/mar 2008, PUCSP, p. 119).
Depois de seu esvaziamento (cf. Fl 2,7) e um aparente fracasso, é elevado, por seu próprio poder, à altura dos céus, restabelecido em sua dignidade, que nunca perdera.
Com esta celebração somos chamados a adentrarmos no mistério do ressuscitado no santuário celeste. Com o canto do Santo podemos dizer que os céus e a terra estão cheios da glória de Deus. Na ascensão da humanidade do Filho de Deus repousa a glória de Deus Pai, adorada pelos anjos, somos nós unidos pela graça a este eterno louvor, no céu e na terra. Diz o Catecismo da Igreja Católica “Jesus Cristo, cabeça da Igreja, precede-nos no Reino glorioso do Pai, para que nós, membros do seu corpo, vivamos na esperança de estarmos um dia eternamente com Ele” (CIC 667).
O Cristo que subiu permanece conosco para que, permanecendo com ele, continuemos sua missão, como nos diz São Paulo “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres” (Cl 3,1-2).
Ao respondermos o chamado missionário, Cristo sem cessar continua a atuar no mundo para conduzir os seres humanos à sua Igreja e por ela uni-los mais estreitamente e torna-los partícipes de sua vida gloriosa. Pela missão, realizamos a obra que o Pai nos confiou e trabalhamos por nossa salvação (cf. Lumen Gentium 48).
Cada ser humano; de modo especial, aquele que pelo batismo está em Cristo; é chamado a esvaziar-se de si para se encontrar no próximo; abandonar-se e abandonar tudo para, saindo de si, ir ao encontro das outras criaturas, ao encontro com outros seres humanos e, por fim, ao encontro daquele que é mais próximo de nós que nós mesmos, nosso Deus e Criador.
Somente no sair de si, conforme nos convida o Papa Francisco (cf. A Alegria do Evangelho 21), realiza-se o mandato de Jesus (cf. At 1,8) de sermos suas testemunhas “até os confins da terra”.
Padre Almir Roberto Borges
PASCOM Arquidiocese de Londrina