Desde a quarta-feira de cinzas, estamos vivendo o tempo santo da Quaresma, tempo forte de conversão. “Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação ” (2Cor 6, 1-2) . Até a quinta-feira santa, quando se inicia o Tríduo Pascal, a Igreja vive 40 dias de um período penitencial. Quarenta dias que recordam o tempo em o Senhor Jesus permaneceu no deserto, em jejum , após seu Batismo.
A tradição bíblica e cristã nos apresenta três práticas que são intensificadas nesse tempo, as quais nos conduzem a uma experiência de Deus: oração, jejum e esmola (Mt 6,1-6.16-18).
“Que perfeição queres tu encontrar porventura sem a oração?”, afirma Santo Afonso de Ligório. “Esta é a bela escola, em que se aprende a bela ciência dos santos.” Não há santidade sem uma verdadeira intimidade com Deus, nosso Criador, cultivada pela oração.
Ao jejuar, conforme nos ensina o Catecismo, o realizamos “para nos fazer adquirir o domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração”. Fortalecemos o espírito com essa prática penitencial, a qual acompanhamos da abstinência de carne, bem como de outras mortificações que podem ser realizadas, como pequenas renúncias. Contudo, que seja realizado não apenas como mera formalidade, mas na busca de uma sincera conversão. “Que a boca também jejue de falar coisas vergonhosas e de ficar reclamando.”, afirmou com veemência São João Crisóstomo. “Pois que ganhas se te absténs de pássaros e peixes, e mesmo assim mordes e devoras teu próximo?”
A esmola consiste em gestos concretos de caridade. É ver Cristo na pessoa do irmão que sofre, do necessitado, do enfermo e do empobrecido. De modo especial, neste Ano Santo, somo exortados a colocar em prática as tradicionais obras de misericórdia, espirituais e corporais. “Tive fome e me deste de comer…” (Mt 25, 35), diz o Senhor. Coração aberto para o próximo, com generosidade.
Meditando o mistério da cruz do Redentor, somos chamados a morrer para o pecado e obter vida nova. Tudo isso passa pela ascese, pelo espírito penitencial, pelo reconhecimento de nossos pecados e empenho em renovar-se interiormente. Questões que a liturgia quaresmal nos apresenta com grande sabedoria, nos apontando, à luz das Escrituras, um caminho de conversão.
Por Padre Evandro Delfino – Paróquia Santa Margarida de Cortona – Bela Vista do Paraíso PR