Entrevista do Papa Francisco à mídia vaticana sobre ser genitores em tempo de Covid e o testemunho de São José, exemplo de força e ternura para os pais de hoje.

 

O Ano especial sobre São José se concluiu em 8 de dezembro passado, mas a atenção e o amor do Papa Francisco por este Santo não se esgotaram; pelo contrário, se desenvolveram ulteriormente com as catequeses que, desde 17 de novembro passado, está dedicando à figura do Padroeiro universal da Igreja. Da nossa parte, L’Osservatore Romano publicou uma coluna mensal no decorrer de todo o ano de 2021, que foi proposta também no site do Vatican News, sobre a Patris Corde, dedicando cada artigo a um capítulo da Carta Apostólica sobre São José. Esta coluna que falou de pais, mas também de filhos e de mães em diálogo ideal com o Esposo de Maria, suscitou em nós o desejo de poder nos confrontar com o Papa precisamente sobre o tema da paternidade em suas mais diversas facetas, desafios e complexidades. Assim nasceu esta entrevista, em que Francisco responde às nossas perguntas mostrando todo o seu amor pela família, a sua proximidade por quem experimenta o sofrimento e o abraço da Igreja aos pais e mães que hoje devem enfrentar inúmeras dificuldades para dar um futuro aos próprios filhos.

 

Santo Padre, o senhor convocou um Ano especial dedicado a São José, escreveu uma carta, a Patris Corde, e está realizando um ciclo de catequeses dedicado à sua figura. Que representa São José para o senhor?

Nunca escondi a sintonia que sinto em relação à figura de São José. Creio que isto provenha da minha infância, da minha formação. Desde sempre cultivei uma devoção especial a São José porque creio que a sua figura represente, de maneira bela e especial, o que deveria ser a fé cristã para cada um de nós. Com efeito, José é um homem normal e a sua santidade consiste precisamente em ter-se feito santo através das circunstâncias boas e ruins que teve que viver e enfrentar. Porém, não podemos nem mesmo esconder o fato de que encontramos São José no Evangelho, sobretudo nas narrações de Mateus e Lucas, como um protagonista importante do início da história da salvação. De fato, os eventos que viram o nascimento de Jesus foram eventos difíceis, repletos de obstáculos, de problemas, de perseguições, de escuridão, e Deus, para ir ao encontro do Seu Filho que nascia no mundo, colocou ao seu lado Maria e José. Se Maria é aquela que deu ao mundo o Verbo feito carne, José é quem o defendeu, quem o protegeu, quem o nutriu, quem o fez crescer. Nele, poderíamos dizer que existe o homem dos tempos difíceis, o homem concreto, o homem que sabe assumir sua responsabilidade. Neste sentido, em São José se unem duas características. De um lado, a sua acentuada espiritualidade, que é traduzida no Evangelho através das histórias dos sonhos; essas narrações testemunham a capacidade de José de saber escutar Deus que fala ao seu coração. Somente uma pessoa que reza, que tem uma intensa vida espiritual, pode ter também a capacidade de saber distinguir a voz de Deus em meio às muitas vozes que nos habitam. Ao lado desta característica, há depois outra: José é o homem concreto, isto é, o homem que enfrenta os problemas com extrema praticidade, e diante das dificuldades e dos obstáculos, ele jamais assume uma postura de vitimismo. Coloca-se, ao invés, sempre na perspectiva de reagir, de corresponder, de entregar-se a Deus e de encontrar uma solução de maneira criativa.

 

Esta renovada atenção a São José neste momento de tão grande provação assume um significado particular?

O tempo que estamos vivendo é um tempo difícil, marcado pela pandemia do coronavírus. Muitas pessoas sofrem, muitas famílias estão em dificuldade, tantas pessoas são assediadas pela angústia da morte, de um futuro incerto. Pensei que em um momento tão difícil tínhamos necessidade de alguém que pudesse nos encorajar, nos ajudar, nos inspirar, para entender qual é o modo correto para saber enfrentar esses momentos de escuridão. José é uma testemunha luminosa em tempos sombrios. Eis porque era correto dar-lhe espaço neste momento, para poder encontrar o caminho.

 

Seu ministério petrino começou precisamente em 19 de março, dia da festa de São José…

Sempre considerei uma delicadeza do céu poder iniciar meu ministério petrino em 19 de março. Creio que de alguma forma São José quis me dizer que continuaria a me ajudar, a estar ao meu lado, e eu poderia continuar a considerá-lo um amigo a quem posso recorrer, em quem posso confiar, a quem pedir para interceder e rezar por mim. Mas certamente essa relação que se dá na comunhão dos Santos não é reservada somente a mim, penso que poderá ser de ajuda para muitos. Eis porque espero que o ano dedicado a São José tenha despertado no coração de muitos cristãos o valor profundo da comunhão dos Santos, que não é uma comunhão abstrata, mas uma comunhão concreta que se expressa em uma relação concreta e tem consequências concretas.

 

Na coluna sobre a Patris Corde, apresentada pelo nosso jornal durante o ano especial dedicado a São José, entrelaçamos a vida do Santo com a dos pais, mas também com a dos filhos de hoje. O que os filhos de hoje, ou seja, os pais de amanhã, podem receber do diálogo com São José?

Não nascemos pais, mas certamente todos nascemos filhos. Esta é a primeira coisa que devemos considerar, isto é, cada um de nós, para além do que a vida lhe reservou, é antes de tudo um filho, foi confiado a alguém, vem de uma relação importante que o fez crescer e que o condicionou no bem e no mal. Ter essa relação, e reconhecer a sua importância na própria vida, significa entender que um dia, quando tivermos a responsabilidade pela vida de alguém, ou seja, quando tivermos que exercer uma paternidade, levaremos conosco antes de tudo a experiência que tivemos em nível pessoal. E, portanto, é importante poder refletir sobre essa experiência pessoal para não repetir os mesmos erros e valorizar as coisas belas que vivemos. Estou convencido de que a relação de paternidade que José tinha com Jesus influenciou de tal modo sua vida, a ponto de a futura pregação de Jesus estar repleta de imagens e referências retiradas precisamente do imaginário paterno. Jesus, por exemplo, diz que Deus é Pai, e esta afirmação não nos pode deixar indiferentes, sobretudo pensando no que foi a sua experiência humana pessoal de paternidade. Isso significa que José foi um pai tão bom, que Jesus encontrou no amor e na paternidade deste homem a mais bela referência a dar a Deus. Poderíamos dizer que os filhos de hoje que se tornarão os pais de amanhã, deveriam perguntar-se que pais tiveram e que pais querem ser. Não devem deixar que o papel paterno seja fruto do acaso ou simplesmente da consequência de uma experiência feita no passado, mas que conscientemente possam decidir como querer bem alguém, como assumir a responsabilidade por alguém.

 

O último capítulo da Patris Corde fala de José como um pai na sombra. Um pai que sabe como estar presente, mas deixa seu filho livre para crescer. Isso é possível em uma sociedade que parece recompensar apenas aqueles que ocupam espaço e visibilidade?

Uma das mais belas características do amor, e não apenas da paternidade, é precisamente a liberdade. O amor sempre gera liberdade, o amor nunca deve se tornar uma prisão, uma posse. José nos mostra a capacidade de cuidar de Jesus sem nunca tomar posse dele, sem nunca querer manipulá-lo, sem nunca querer distrai-lo da sua missão. Creio que isto seja muito importante como um teste à nossa capacidade de amar e também à nossa capacidade de saber dar um passo atrás. Um bom pai é assim quando sabe se retirar no momento certo para que seu filho possa emergir com a sua beleza, com a sua singularidade, com as suas escolhas, com a sua vocação. Neste sentido, em todo bom relacionamento, é necessário renunciar ao desejo de impor do alto uma imagem, uma expectativa, uma visibilidade, para preencher a cena completamente e sempre com um protagonismo excessivo. A característica de José de saber se colocar de lado, sua humildade, que é também a capacidade de ocupar um lugar secundário, talvez seja o aspecto mais decisivo do amor que José demonstra por Jesus. Neste sentido, ele é um personagem importante, ousaria dizer essencial na biografia de Jesus, justamente porque em determinado momento ele sabe como se retirar de cena para que Jesus possa brilhar em toda sua vocação, em toda sua missão. Na imagem de José, devemos nos perguntar se somos capazes de saber dar um passo atrás, de permitir que outros, e sobretudo aqueles que nos são confiados, encontrem em nós um ponto de referência, e nunca um obstáculo.

 

O senhor já denunciou várias vezes que a paternidade hoje está em crise. O que pode ser feito, o que a Igreja pode fazer para restaurar a força da relação pai-filho, que é fundamental para a sociedade?

Quando pensamos na Igreja, sempre pensamos nela como Mãe, e isto certamente não está errado. Ao longo dos anos, eu também tenho tentado insistir muito nesta perspectiva porque a maneira de exercer a maternidade da Igreja é através da misericórdia, ou seja, é aquele amor que gera e regenera a vida. Não é o perdão, a reconciliação, um modo através do qual somos recolocados em pé? Não é uma maneira através da qual recebemos novamente a vida porque recebemos outra chance? Não pode existir uma Igreja de Jesus Cristo a não ser através da misericórdia! Mas creio que devemos ter a coragem de dizer que a Igreja não deve ser apenas materna, mas também paterna. Ou seja, ela é chamada a exercer um ministério paterno, não paternalista. E quando digo que a Igreja deve recuperar este aspecto paterno, estou me referindo precisamente à capacidade inteiramente paterna de colocar os filhos em condições de assumir suas próprias responsabilidades, de exercer a própria liberdade, de fazer suas escolhas. Se por um lado a misericórdia nos cura, nos consola e nos encoraja, por outro o amor de Deus não se limita simplesmente a perdoar e curar, mas o amor de Deus nos leva a tomar decisões, a tomarmos o nosso caminho.

 

Às vezes, o medo, ainda mais neste momento de pandemia, parece paralisar este impulso…

Sim, este período da história é marcado por uma incapacidade de tomar grandes decisões na própria vida. Nossos jovens muitas vezes têm medo de decidir, de escolher, de se envolver. Uma Igreja é Igreja não só quando diz sim ou não, mas sobretudo quando encoraja e possibilita grandes escolhas. E toda escolha tem sempre consequências e riscos, mas às vezes por medo das consequências e riscos, ficamos paralisados e somos incapazes de fazer algo ou escolher algo. Um verdadeiro pai não diz a você que tudo vai sempre correr bem, mas que mesmo se você se encontrar em uma situação em que as coisas não vão bem, você será capaz de enfrentar e viver com dignidade esses momentos, também os fracassos. Uma pessoa madura se reconhece não por suas vitórias, mas pela forma como sabe viver um fracasso. É precisamente na experiência da queda e da fraqueza que se reconhece o caráter de uma pessoa.

 

Para o senhor, a paternidade espiritual é muito importante. Como os sacerdotes podem ser pais?

Dizia antes que a paternidade não é algo óbvio, não se nasce pai, no máximo torna-se pai. Do mesmo modo, um sacerdote não nasce já padre, mas deve aprender um pouco de cada vez, começando, antes de tudo, por se reconhecer como filho de Deus, mas depois também como filho da Igreja. E a Igreja não é um conceito abstrato, é sempre o rosto de alguém, uma situação concreta, algo a quem podemos dar um nome preciso. Recebemos sempre a nossa fé através de uma relação com alguém. A fé cristã não é algo que se possa aprender nos livros ou através de simples raciocínios, mas é sempre uma passagem existencial que passa através de relações. Assim, a nossa experiência de fé nasce sempre do testemunho de alguém. Devemos, portanto, perguntar-nos como vivemos a nossa gratidão para com estas pessoas e, sobretudo, se conservamos a capacidade crítica para sermos capazes de discernir o que não é bom daquilo que elas nos transmitiram. A vida espiritual não é diferente da vida humana. Se um bom pai, humanamente falando, é pai porque ajuda o seu filho a tornar-se si mesmo, tornando possível a sua liberdade e encorajando-o a tomar grandes decisões, igualmente um bom pai espiritual é pai não quando se substitui à consciência das pessoas que confiam nele, não quando responde às perguntas que essas pessoas carregam em seus corações, não quando domina a vida daqueles que lhe são confiados, mas quando de forma discreta e ao mesmo tempo firme é capaz de mostrar o caminho, fornecer diferentes chaves de interpretação e ajudar no discernimento.

 

O que é hoje mais urgente para dar força a esta dimensão espiritual da paternidade?

A paternidade espiritual é muitas vezes um dom que nasce sobretudo da experiência. Um pai espiritual pode partilhar não tanto os seus conhecimentos teóricos, mas sobretudo a sua experiência pessoal. Só desta forma pode ser útil a um filho. Há uma grande urgência neste momento histórico de relações significativas que poderíamos definir como paternidade espiritual, mas – permitam-me dizer – também maternidade espiritual, porque este papel de acompanhamento não é uma prerrogativa masculina ou apenas dos sacerdotes. Há muitas boas religiosas, muitas consagradas, mas também muitos leigos e leigas que têm uma bagagem de experiência que podem partilhar com outras pessoas. Neste sentido, a relação espiritual é uma daquelas relações que precisamos redescobrir com mais força neste momento histórico, sem nunca a confundir com outros caminhos de natureza psicológica ou terapêutica.

 

Entre as dramáticas consequências da Covid está também a perda do emprego de muitos pais. O que gostaria de dizer a estes pais em dificuldade?

Sinto-me muito próximo ao drama daquelas famílias, daqueles pais e mães que estão vivendo uma dificuldade particular, agravada sobretudo pela pandemia. Acredito que não seja um sofrimento fácil de ser enfrentado, o de não conseguir dar pão aos filhos e de se sentir responsável pela vida dos outros. Neste sentido, a minha oração, a minha proximidade, mas também todo o apoio da Igreja é para estas pessoas, para estes últimos. Mas também penso em tantos pais, tantas mães, tantas famílias que fogem das guerras, que são rejeitadas nas fronteiras da Europa e não somente, e que vivem em situações de dor, de injustiça e que ninguém leva a sério ou ignora deliberadamente. Gostaria de dizer a estes pais, a estas mães, que para mim eles são heróis, porque encontro neles a coragem daqueles que arriscam as suas vidas por amor aos seus filhos, por amor às suas famílias. Também Maria e José experimentaram este exílio, esta provação, tendo de fugir para um país estrangeiro por causa da violência e do poder de Herodes. Esse sofrimento deles os torna próximos destes irmãos e irmãs que hoje sofrem as mesmas provações. Estes pais se dirigem com confiança a São José, sabendo que, como pai, ele viveu a mesma experiência, a mesma injustiça. E a todos eles e às suas famílias, gostaria de dizer que não se sintam sós! O Papa sempre se lembra deles e, na medida do possível, continuará a dar-lhes voz e a não se esquecer deles.

Andrea Monda – Alessandro Gisotti
Vatican News

“Ali está ele, eternamente, um sacerdote, a verdadeira figura do Filho de Deus” (Hb 7,3).

Na primeira live do mês vocacional recebemos alguns padres da Arquidiocese de Londrina para partilharem o seu testemunho de Vocação Sacerdotal.

Mediação:
Pe. Paulo Alencar – Pároco da Paróquia São João Batista, Bela Vista do Paraíso

Participação:
Pe. Paulo Rorato – Reitor do Seminário Teológico São Paulo VI
Pe. Sebastião Benedito de Souza – Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Luz, Decanato Oeste
Pe. Valdomiro Rodrigues – orientador espiritual dos Seminários
Pedro Antônio de França Junior – Seminarista da Diocese de Paranavaí

 

De 17 a 27 de fevereiro, o arcebispo dom Geremias Steinmetz, juntamente com os bispos do Paraná, fará a Visita Ad Limina Apostolorum, em Roma. Nesses dias, os bispos estarão às portas das Basílicas dos Apóstolos para celebrar junto ao Sepulcro de São Pedro e São Paulo e visitar o  o Papa Francisco, sucessor de Pedro, bispo de Roma. Sinal de unidade com a Igreja de Jesus Cristo. Os bispos também visitarão os vários dicastérios do Vaticano, que são departamentos de ajuda ao Papa.

 

Trata-se de uma atividade, prevista pelo Código de Direito Canônico (399-400), que os bispos, organizados por regionais ou países, realizam a cada cinco anos, a fim de manifestar a comunhão com o Papa e revigorar a fé e a própria responsabilidade de sucessores dos Apóstolos. A última visita Ad Limina dos bispos do Paraná, no entanto, aconteceu há quase 10 anos, de 3 a 13 de novembro de 2010. Colaborou para que esse intervalo de tempo entre as visitas fosse maior, a troca dos pontífices, em 2013, e tantos outros compromissos e situações da vida eclesial. 

 

Nesse período, a Igreja do Paraná também passou por diversas mudanças no pastoreio de suas dioceses, por isso, para 10 dos 22 bispos que realizarão a visita, será a primeira vez. Entre eles, o arcebispo de Londrina e presidente do Regional Sul 2, dom Geremias Steinmetz, que foi ordenado bispo em maio de 2011, e diz ser um momento de grande expectativa. “Primeiro pelo encontro com o Papa. Depois, por voltar às raízes da fé, aos locais onde os apóstolos entregaram a vida por causa da fé, sendo martirizados. Foi nesses lugares que a fé floresceu nos primeiros tempos da Igreja e a partir dali que nós tivemos a possiblidade de receber a fé”, disse dom Geremias. O arcebispo de Londrina, como presidente do Regional Sul 2 da CNBB, será o responsável pela saudação e fala ao Papa Francisco em nome dos bispos.

 

 

A preparação 

Os dez dias de visita Ad Limina são precedidos por um longo período de preparação. Ao longo do ano de 2019, cada bispo se dedicou à tarefa de preparar um relatório sobre a caminhada de sua diocese, desde a última visita. Tal relatório já foi enviado, seis meses antes da visita, para a Congregação dos Bispos, que o apresentará ao Santo Padre para que possa tomar conhecimento sobre a realidade de cada Igreja particular. 

 

O relatório não é uma prestação de contas do bispo ao Papa sobre a diocese, mas sim um instrumento precioso para que o Papa, junto aos seus assistentes mais próximos, conheça a realidade da Igreja em todo o mundo e assim possa continuar a presidi-la na caridade. Além disso, preparar tal relatório serve até mesmo para o próprio bispo avaliar a caminhada de sua Igreja particular e auxiliar em sua programação pastoral. Para este trabalho de elaboração de um relatório de vários anos, o bispo conta com a ajuda de colaboradores competentes e de confiança. 

 

Além disso, a primeira e melhor preparação para a Visita Ad Limina é a espiritual. O “Diretório da Visita Ad Limina” a define como “um ato que todo bispo cumpre para o bem de sua própria diocese e de toda a Igreja, para favorecer a unidade, a caridade, a solidariedade na fé e no apostolado”. Diante disso, é necessário envolver toda a comunidade na reflexão e na oração por esse evento. 

 

“A visita Ad Limina tem como base a unidade, a comunhão e a sinodalidade, que significa caminhar juntos. Somos uma Igreja que fazemos um caminho juntos, não só os pastores com o pastor maior, o Papa, mas como povo de Deus a caminho. Com certeza levaremos todo o povo de Deus conosco, nas orações, nas partilhas, na exposição para o Papa Francisco sobre a caminhada das dioceses e contamos que todo o povo de Deus também nos acompanhará com a oração. Essa é a beleza da Igreja: estamos juntos e juntos vamos nos fortalecendo na fé, na esperança e na caridade”, explicou dom Amilton Manoel da Silva, bispo auxiliar de Curitiba e secretário do Regional Sul 2.

 

Três momentos da Visita Ad Limina 

A programação nos dez dias de visita será extensa, seguindo os três momentos fundamentais, prescritos em diretório: a peregrinação ao túmulo dos Príncipes dos Apóstolos (Pedro e Paulo), o encontro com o Santo Padre e os contatos com os Dicastérios da Cúria Romana. 

 

A peregrinação e veneração ao túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo é uma devoção praticada desde os inícios do cristianismo. Tal prática foi assumida pelos bispos para expressar a unidade e a comunhão eclesial, dado que eles são, na Igreja hoje, os sucessores dos Apóstolos. “Em Roma, o apóstolo Paulo trabalhou na evangelização dos pagãos e Pedro, que foi para Roma ser um evangelizador, ali entregou a sua vida, morrendo crucificado. Esses dois baluartes da nossa fé precisam ser reverenciados ainda hoje por aqueles que os sucedem na condução da Igreja. Essa peregrinação nos leva à origem da fé”, afirma dom Geremias. 

 

O ponto alto da visita Ad Limina será o encontro com o Santo Padre, que os receberá em audiência na manhã do dia 24 de fevereiro. Na ocasião, antes de ouvirem o Santo Padre, o presidente do Regional Sul 2, dom Geremias Steinmetz, irá dirigir-lhe a palavra em nome de todos os bispos. “Num momento como este, para se dizer várias coisas é preciso que não se perca nenhuma palavra, nenhum gesto e, acima de tudo, nenhuma das boas intenções que temos aqui no Paraná para continuarmos servindo o Reino de Deus. É uma grande honra, nunca sonhei poder dirigir a palavra ao Santo Padre, ainda mais em nome dos bispos do Paraná”, diz dom Geremias. 

 

Por fim, os bispos irão celebrar nas Basílicas de Roma e visitar os vários dicastérios da Cúria Romana. Uma oportunidade de fortalecer a comunhão com a Santa Sé, conhecendo os direcionamentos da Igreja em seus diversos âmbitos de atuação. 

 

A comunhão da Igreja do Paraná 

A preparação e mesmo a própria visita é um evento que deve proporcionar a comunhão não só dos bispos com o Papa, mas também de toda a Igreja, todo o povo de Deus. Dessa forma, o Regional Sul 2 da CNBB quer envolver todos os fiéis de cada diocese na oração por seus pastores, pelo com êxito da Visita, a fim de que produza frutos de santidade para a Igreja. 

 

Neste período, os meios de comunicação, especialmente, as redes sociais digitais do Regional Sul 2, estarão concentradas em comunicar esse importante evento, a fim de fortalecer a comunhão e a unidade de toda a Igreja. Como primeiro ato, os bispos escreveram uma oração para que os fiéis rezem nas missas, encontros, reuniões e também individualmente por eles no tempo que antecede e que acontece a Visita. 

 

Bispos do Regional Sul 2 da CNBB (Foto Karina Carvalho)

 

 

Oração pela Visita Ad Limina dos bispos do Paraná

Ó Deus, Pastor eterno, nós vos agradecemos pelo
dom da Igreja una, santa, católica e apostólica,
que é no mundo  um sinal visível do vosso amor.
Unidos, pela fé, às pessoas de todas as nações,
formamos um único povo, renovados em Jesus Cristo.

Concedei ao nosso(s) Bispo(s) *dizer o nome*, a liderança do Bom Pastor,
para governar a nossa Diocese de *dizer o nome* em comunhão
com a Igreja de Roma, que a preside na caridade.

Pedimos as luzes do Espírito Santo para os Bispos do Paraná,
nesse tempo de graça que é a Visita Ad Limina Apostolorum.

Em comunhão com eles, peregrinamos, espiritualmente, até Roma,
para venerar o Sepulcro dos Apóstolos e encontrar o Santo Padre,
que é o sucessor de São Pedro, a quem Jesus confiou a Igreja.

Por Jesus Cristo, nosso Senhor, na unidade do Espírito Santo. Amém.

(Rezar um Pai nosso, três Ave Marias e um Glória ao Pai)

 

 

Convocado pelo Papa Francisco em setembro do ano passado, começou hoje (21) e vai até o dia 24 de fevereiro, o encontro “A proteção de menores da Igreja”, com o objetivo de conhecer o drama das vítimas de abuso sexual, saber como reagir ao problema e tomar medidas rápidas com responsabilidade e transparência. O Papa quer ajudar os bispos a entenderem claramente o que devem fazer em casos de abusos de menores por membros do clero, conscientizando-os a respeito do sofrimento das vítimas e apontando os procedimentos e tarefas que devem ser realizadas em vários níveis.

Participam do encontro 190 pessoas, dentre elas 114 presidentes de conferências episcopais, 12 religiosos e dez religiosas. O Papa participará de todos os momentos do encontro. O arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Sergio da Rocha, representará a CNBB.

Cada dia terá um tema específico: 1) Responsabilidade, 2) Prestação de contas, e 3) Transparência. Serão feitas apresentações acerca do tema no que diz respeito à pessoa do bispo e suas responsabilidades; o relacionamento do bispo com outros bispos; e a relação do bispo com o povo de Deus e a sociedade.

O encontro segue estrutura parecida à do sínodo: debate em assembleia; reuniões em grupo; orações, incluindo uma liturgia penitencial para pedir perdão a Deus pelos erros do passado. Algumas vítimas participam com testemunho e nos pequenos grupos.

Ouvir

O Papa pretende promover a conscientização da necessidade contínua de ouvir as vítimas. Desde o final do ano passado, um comitê organizador enviou aos participantes um questionário e um convite para que se reunissem com algumas vítimas / sobreviventes de abuso sexual por parte dos membros do clero. O questionário respondido foi entregue no final de janeiro e representa uma fonte de informação na compreensão de abordagens do abuso sexual em diferentes culturas. Os questionários serão objeto de estudo contínuo após a reunião.

 

Informações e programação podem ser acessadas no site do encontro. 

 

PASCOM Arquidiocesana

Vatican News publica o texto integral divulgado este sábado (06/10) pela Sala de Imprensa da Santa Sé acerca do caso envolvendo o estadunidense Theodore McCarrick.

 

Cidade do Vaticano

Depois da publicação das acusações acerca da conduta do Arcebispo Theodore Edgar McCarrick, o Papa Francisco, consciente e preocupado com o turbamento que as mesmas estão causando na consciência dos fiéis, pediu que fosse comunicado o seguinte:

Em setembro de 2017, a Arquidiocese de Nova Iorque sinalizou à Santa Sé que um homem acusava o então Cardeal McCarrick de ter abusado dele nos anos 70. O Santo Padre dispôs a respeito uma investigação prévia aprofundada, que foi realizada pela Arquidiocese de Nova Iorque e na conclusão da qual a relativa documentação foi transmitida à Congregação para a Doutrina da Fé. Enquanto isso, diante do fato que no decorrer da investigação emergiram graves indícios, o Santo Padre aceitou a renúncia do Arcebispo McCarrick do Colégio cardinalício, ordenando-lhe a proibição do exercício do ministério público e a obrigação de conduzir uma vida de oração e penitência. A Santa Sé não deixará, no tempo devido, de divulgar as conclusões do caso que envolve o Arcebispo McCarrick. Também em referência a outras acusações feitas contra o eclesiástico, o Santo Padre dispôs integrar as informações levantadas através da investigação prévia com um ulterior estudo detalhado de toda a documentação presente nos Arquivos dos Dicastérios e Escritórios da Santa Sé acerca do então Cardeal McCarrick, com a finalidade de apurar todos os fatos relevantes, situando-os em seu contexto histórico e avaliando-os com objetividade. A Santa Sé está consciente de que do exame dos fatos e das circunstâncias poderiam emergir escolhas que não seriam coerentes com a linha atual para tais questões. Todavia, como disse o Papa Francisco, «seguiremos o caminho da verdade, onde quer que nos possa levar» (Filadélfia, 27 de setembro de 2015). Seja os abusos, seja seu acobertamento, não podem mais ser tolerados e um tratamento diferenciado para os Bispos que os cometeram ou os acobertaram representa, de fato, uma forma de clericalismo não mais aceitável. O Santo Padre Francisco renova o premente convite a unir as forças para combater a grave chaga dos abusos dentro e fora da Igreja e para prevenir que esses crimes sejam novamente perpetrados contra os mais inocentes e os mais vulneráveis da sociedade. Ele, como anunciado, convocou os presentes das Conferências Episcopais de todo o mundo para o próximo mês de fevereiro, enquanto ressoam ainda as palavras de sua recente Carta ao Povo de Deus: « a única maneira de respondermos a esse mal que prejudicou tantas vidas é vivê-lo como uma tarefa que nos envolve e corresponde a todos como Povo de Deus. Essa consciência de nos sentirmos parte de um povo e de uma história comum nos permitirá reconhecer nossos pecados e erros do passado com uma abertura penitencial capaz de se deixar renovar a partir de dentro» (20 agosto 2018).