Neste mês recordamos os 51 anos da morte de São Padre Pio de Pietrelcina e os 101 anos da aparição dos estigmas em seu corpo

 

Francesco Forgione, mais conhecido como São Padre Pio de Pietrelcina, tinha apenas 15 anos quando entrou no noviciado da ordem dos Capuchinhos em Marcone. Vindo de uma família humilde e católica, sua vida foi marcada por eventos místicos, especialmente pela sua relação com Deus e com aqueles que iriam ao seu encontro. 

 

Desde criança, São Padre Pio demonstrava ser caridoso e manifestava interesse pelas coisas de Deus. Ele nasceu em 25 de maio de 1887, no vilarejo de Pietrelcina, na Itália. Seu desejo de ser sacerdote começou quando conheceu o Frei Camilo, um monge capuchinho que passou por sua casa pedindo esmolas. Após muitos estudos, foi ordenado sacerdote em 10 de agosto de 1910, no Duomo de Benevento. 

 

São Padre Pio viveu a maioria de sua vida no convento de San Giovanni Rotondo. Após um tempo, percebeu que sua missão sacerdotal era a de acolher em si o sofrimento do povo, como uma espécie de catalizador. Como confirmação, aos 31 anos de idade, se tornou o primeiro sacerdote a receber visivelmente os estigmas de Cristo, aparentando que Deus queria aliviar a aflição de seu povo através de São Padre Pio. Muitas pessoas diziam se sentir reconfortadas após se confessarem com ele. Um exemplo para muitos sacerdotes, São Padre Pio se entregou inteiramente ao sacramento da confissão, chegando a passar até 14 horas por dia no confessionário.  

 

Uma das pessoas atendidas no confessionário por Padre Pio foi o padre Giovanni Mezzadri. Indeciso sobre o seu chamado à vida sacerdotal, teve a grande oportunidade de conhecer e se confessar com São Padre Pio. Durante a confissão, foi chamado a iniciar seu processo vocacional. “Eu disse os meus pecados quando me encontrei diante do Padre Pio e falei que às vezes me vem a tentação de entrar no seminário. Ele me olhou com seriedade e me disse ‘Que tentação? Faz três anos que está resistindo ao chamado de Deus’”. Depois daquele momento, padre Giovanni percebe que estava resistindo a uma grande dádiva. Para ele, não existe uma graça maior do que a de ser sacerdote. 

São Padre Pio é uma das inspirações para o frei Nelson Martins (Foto: Giulia Vibosi)

 

Frei Nelson Martins OFMCap, sacerdote capuchinho há 27 anos, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, Decanato Sul, começou sua caminhada na Igreja em um grupo de jovens. Ele conta que o santo é uma grande inspiração: “Se ele ficava 14 horas por dia na confissão, então por que eu não posso ficar cinco ou seis horas?”, conta. Muitos diziam que São Padre Pio auxiliava aqueles que não tinham coragem de confessar um pecado grave, revelando-os por inspiração divina. 

 

Espiritualidade

Além de aliviar o sofrimento espiritual, São Padre Pio tinha o desejo de aliviar o sofrimento físico. Ele teve a inspiração de construir a “Casa de Alívio do Sofrimento”, um hospital que se tornou referência em toda a Europa. Atos de amor como esse fizeram com que a devoção do Frei Nelson Martins só aumentasse. “Esse jeito de pastor que cuida das ovelhas fez com que eu tivesse um amor especial por ele”, comenta. 

 

Isabella Perez considera São Padre Pio seu pai espiritual (Foto: Arquivo Pessoal)

Por meio de um pedido do Papa Pio XII, São Padre Pio fundou os grupos de oração que, assim como o do frei Nelson, vem transformando a vida de várias pessoas. Uma delas é a jovem Isabella Perez, devota desde 2016. “Ele é um pai para mim. Ele é um pai que me corrige nas minhas orações, que me incentiva a rezar diariamente e eu me sinto segura sendo filha dele”. Segundo ela, seu santo de devoção é um exemplo de amor à cruz e ao próximo.

 

Para São Padre Pio uma só coisa era necessária: estar perto de Deus. Devido a esse motivo, ele ocupava seu tempo tentando ganhar almas para Jesus. O padre Giovanni Mezzadri sempre aconselha, especialmente os jovens, a seguirem os seus corações. “Não façam como eu, que me acovardei por três anos. Eu encontrei o Padre Pio, vocês não vão encontrar mais ele, mas vocês têm os seus párocos. Se abram! Conversem! Não sufoquem o chamado de Deus”.

 

Estigmas 

As cincos chagas de Cristo que Padre Pio recebeu em seu corpo o acompanharam durante 50 anos e só desapareceram pouco antes de sua morte. Em suas cartas, ele nunca pedia para que Deus retirasse a sua dor, pois o aproximava mais de Cristo. Mas desejava que removesse os sinais externos porque lhe causava muita confusão, além de sangrarem mais durante as missas. Sua fama de santo se espalhou por toda a Itália e várias pessoas vinham de lugares distantes para conhecê-lo. 

 

O processo de veracidade dos estigmas fez com que em um período o São Padre Pio não celebrasse as missas e também não atendesse as confissões, mas continuava atendendo alguns filhos espirituais por meio de cartas. A humildade e a obediência de São Padre Pio fazem com que Isabella Perez creia que “ele não queria ser grande, ele queria que Deus o fizesse grande”, sendo um exemplo atual para muitas pessoas.

 

Falecimento

Depois de uma vida em busca da misericórdia de Deus, São Padre Pio de Pietrelcina faleceu em 23 de setembro de 1968 após celebrar uma missa. O reconhecimento de sua santidade foi em 2002 por João Paulo II. Suas curas milagrosas, leituras de pensamentos, estigmas e as bilocações foram alguns dons que os devotos consideram ser um discernimento extraordinário. A exumação do corpo incorrupto de São Padre Pio foi em 2008, e desde então, se encontra em exposição para o público na cripta da Igreja de Santa Maria das Graças, em San Giovanni Rotondo, na Itália.

 

Giulia Vibosi
Pascom Arquidiocesana

Matéria publicada na edição de setembro do Jornal da Comunidade (JC), jornal da Arquidiocese de Londrina.