Neste domingo, 18 de agosto, a cidade de Lindoeste, território da Arquidiocese de Cascavel, acolheu os participantes da 32º Romaria da Terra do Paraná. O evento, que é organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), teve por lema: “Nenhum camponês sem terra, mulher sem direito, jovem sem educação e criança sem saúde”, reuniu cerca de dois mil romeiros, na sua maioria integrantes das pastorais sociais, trabalhadores sem-terra e agricultores provenientes de várias regiões do Paraná. O arcebispo de Cascavel, Dom Mauro Aparecido dos Santos, o arcebispo de Londrina, Dom Geremias Steinmetz, o bispo de Cornélio Procópio, Dom Manoel João Francisco e sacerdotes e religiosos (as) de várias arqui/dioceses também se fizeram presentes.

A Romaria tem por característica ser um momento de profecia, manifesto, denúncia e fortalecimento da caminhada pastoral e social em busca de luzes e saídas para as situações que ameaçam e ferem, especialmente, as pessoas que vivem da agricultura. Na dinâmica do evento, as caravanas de romeiros chegaram pela madrugada e, ao longo do dia, realizaram celebrações místicas, partilhas sobre os desafios enfrentados, discursos que visam apontar caminhos para a solução dos problemas.

Para o padre Dirceu Luiz Fumagalli, coordenador regional da Comissão Pastoral da Terra, essa romaria é um momento privilegiado para celebrar a fé e o compromisso com o Reino de Jesus: “o propósito da romaria era de reanimar, não só os agentes da CPT ou agentes que atuam junto ao campo nas pastorais, mas também os movimentos sociais que lutam em defesa dos camponeses e é essa, então, a importância dessa grande celebração, motivar as comunidades”, afirmou.

A escolha da cidade de Lindoeste para sediar a 32ª Romaria da Terra, é por se tratar de uma região na qual há vários assentamentos do Movimento Sem Terra (MST), onde pessoas vivem da agricultura. É um lugar que necessita de Políticas Públicas eficazes para que as pessoas tenham seus direitos à saúde, educação, transporte, moradia assegurados.

Dom Geremias Stenmetz, que já participou de outras Romarias, avaliou o evento de forma muito positiva, apesar de ter percebido uma participação menor de pessoas em relação a outros anos. “A 32ª Romaria da Terra do Paraná tocou a questão das Políticas Públicas no campo e alcançou seu objetivo. Com o uso de imagens simbólicas como o fogo, as barracas, as mochilas e até mesmo as crianças correndo e falando por todos os lados, se mostra a realidade da vida no campo e seus desafios. A romaria é uma grande celebração da vida e da esperança de uma população”, disse o arcebispo. Além disso, reiterou que a presença dos três bispos durante todo o evento buscou incentivar e mostrar que a Igreja tem interesse de que essas discussões sejam feitas nos municípios com a colaboração dos discípulos de Jesus Cristo.

Karina Carvalho
CNBB Regional Sul 2

 

Integrar o campo e a cidade para garantir vida e diretos em abundância. Este é um dos sentidos que fazem parte da caminhada da Romaria da Terra, que em
2019 chega à sua 32ª edição. Este ano, o evento será realizado em 18 de agosto, em Lindoeste, (Oeste do Estado). Com cerca de 6 mil habitantes,
pertencente à Arquidiocese de Cascavel. A realização é da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

 

Romaria da Terra tem seus lemas trabalhados a partir das propostas da Campanha da Fraternidade. Este ano, fazendo paralelo com a temática das
políticas públicas, o lema será “Nenhum camponês sem terra, mulher sem direito, jovem sem educação e criança sem saúde”. A romaria tem caráter
ecumênico, incorporando ritos e símbolos de outras religiões ao universo católico. 

 

“É um momento importante, não só para o campo, mas também para a comunidade urbana, das periferias. Ela contempla a participação do leigo,
religiosos e é uma oportunidade de muita solidariedade”, afirma o padre Dirceu Fumagalli, membro da coordenação da CPT. “São mais de 30 anos de
organização”, ressalta.

 

CARTILHA
Na cartilha do encontro, dom Mauro Aparecido dos Santos, arcebispo metropolitano de Cascavel, aponta que a Romaria da Terra versará sobre “os
mártires e a luta por organização de políticas públicas no campo na região Oeste do Paraná, repassando as histórias dos que tombaram na luta por
dignidade no campo”. “O Espírito nos ajude a contemplar os acontecimentos pascais, nos quais morte e ressurreição sejam a dinâmica que dê sentido a
todos os esforços de resistência e superação”.

 

Padre Dirceu Fumagalli explica que todas as dioceses do Estado têm participado. Cerca de 4 mil pessoas devem participar da Romaria. Haverá
celebração, acolhida, reflexão e contextualização de tudo o que é proposto e propagado, reaquecendo a esperança e animação. As romarias nascem da
necessidade de explicitar determinadas situações de injustiças e conflitos sócio-políticos.

 

O sacerdote destaca que as reflexões remetem a momentos de desafio e estão ligadas ao que é vivenciado no país em todas suas esferas. “Estamos num
momento de grandes retrocessos, não só na política, mas estamos perdendo o que tínhamos conseguido, como agricultura familiar, demarcação de terras
indígenas, reforma agrária. Em nível de Estado estamos estagnados, em um modelo que privilegia o agronegócio, com êxodo rural”, detalha.

 

SENTIDO
As romarias têm um sentido simbólico, com fonte na própria marcha da humanidade. Elas se originaram na esteira do Concílio Vaticano II, que acabou
com a ruptura entre povo, palavra e altar. As romarias tradicionais buscam, essencialmente, o altar e o Santo, enquanto que as Romarias da Terra
introduziram a “Palavra”, a reflexão. “São o sacramento da caminhada. Elas são o templo do encontro do divino com o humano”.

 

De acordo com Fumagalli, por mais que existam contrapontos em relação ao trabalho em prol da Romaria da Terra, o intuito é seguir o que prega o
Evangelho, de permanecer ao lado dos que mais precisam, fazendo um paralelo com a missão da Igreja e com o que a própria instituição recomenda
em sua plenitude.

 

“É uma forma de assegurar a questão do campo, para que não caia no esquecimento. Todos precisam apoiar esta causa. A romaria é uma
oportunidade de restabelecer espiritualidade e integrar campo e cidade, garantindo vida mais ampla e para todos, o que é o principal”, reflete.

Pedro Marconi
PASCOM Arquidiocesana