Projetos têm duração de um ano e possibilitam à Igreja trabalhar junto ao poder público para minimizar situação de pessoas que se encontram em vulnerabilidade social

 

O arcebispo dom Geremias Steinmetz assinou hoje, junto ao prefeito Marcelo Belinati, duas parcerias da Cáritas Arquidiocesana com a Prefeitura Municipal para o atendimento à população. São projetos que tratam do atendimento aos migrantes e refugiados, e a economia popular solidária e inclusão produtiva. Esse é um trabalho que a Cáritas já vinha desenvolvendo em Londrina, mas que agora ganha oficialmente o caráter de política pública. Participaram também da cerimônia de oficialização a gerente da Cáritas Arquidiocesana, Deusa Favero, e a secretária de Assistência Social, Jacqueline Micali. Os dois projetos totalizam uma verba de pouco mais de R$900 mil.,

 

“Esse é um trabalho um pouco de síntese da preocupação que a Igreja procura alimentar no sentido de estar a serviço das pessoas necessitadas”, destaca o arcebispo dom Geremias. “A Igreja está bastante envolvida com a situação dos migrantes no Brasil inteiro… Então a gente fica contente porque temos instrumento forte, eficaz, que nesses próximos meses, e próximos anos, poderemos atender muita gente que vem para Londrina”, explica o arcebispo.

 

O trabalho com migrantes e refugiados é inédito no município, explica a secretária de Assistência Social Jacqueline Micali. Até então se observa muito a presença de migrantes em Londrina, mas não se tem um meio de identificar a quantidade e também as suas necessidades. “A pessoa chega ao município de Londrina sem uma referência, por exemplo. Isso faz com que aumente a vulnerabilidade… então nesse trabalho nós vamos primeiramente identificar, fazer abordagem e perceber quais são as habilidades dessas pessoas para a inclusão produtiva, mas também nós temos que fazer um trabalho com a habitação, com a educação para que de fato tenha essa inclusão social”, aponta a secretária.

 

Para o atendimento dos migrantes, a Cáritas Arquidiocesana segue um protocolo internacional, realizado pelas Cáritas do mundo todo. Em Londrina o trabalho é feito há mais de 20 anos, sendo que há 7 anos foi intensificado por conta do aumento do fluxo migratório na cidade, explica a gerente da Cáritas, Deusa Favero.

 

“A Cáritas dá todo suporte de documentação junto à Polícia Federal no momento de chegada, então se qualquer migrante chegar na Polícia Federal, se ele não tiver a documentação traduzida, tudo pronto, a própria PF já encaminhava para a Cáritas”, continua Deusa. “Sem contar a questão da pastoralidade no atendimento emergencial com as cestas básicas, as aulas de português que tivemos que interromper por causa da pandemia”, destaca.

 

A partir da parceria com a prefeitura, o trabalho fica mais integrado com os setores públicos. É como um serviço de proteção, funcionando como uma via de mão dupla. O CRAS, o SUS, a UBS encaminham os migrantes para o atendimento da Cáritas e também a Cáritas encaminha-os para essas instituições para os atendimentos necessários.

 

O projeto de atendimento aos migrantes e o projeto de economia solidária, segundo o prefeito Marcelo Belinati, se complementam. Depois de identificados os migrantes, por exemplo, o objetivo é dar assistência para que eles regularizem sua situação e busquem a inclusão social. “Então veja, você vai dar assistência sim, mas você vai qualificar a pessoa para que ela possa buscar um posto de trabalho, formar uma cooperativa, para que eles possam trabalhar em conjunto para ter sua própria renda que garanta subsistência da sua família. Então uma parceria do poder público e da Igreja Católica que visa dar amparo aos que mais precisam”, finaliza o prefeito.

 

Inclusão produtiva

O trabalho da economia solidária que a Cáritas assume por meio do projeto vai atuar com o fomento dos grupos e a comercialização de produtos feitos por grupos de Londrina. A Cáritas passa também a administrar os espaços do município que comercializam os produtos da economia solidária: o Centro Público de Economia Solidária, na Avenida JK, perto da ACESF, e o espaço Café e Arte, na Praça Sete de Setembro. “Hoje temos uma equipe interdisciplinar [para atuar na economia solidária do município]”, explica Deusa Favero, gerente da Cáritas.

 

“Temos coordenadores que vão trabalhar diretamente com o projeto, mas temos também administrador, agrônoma, design de moda, pedagoga, psicólogo, assistente social e advogada. Definimos trabalhar com equipe multidisciplinar, porque a gente sai um pouquinho só do artesanato em si, mas vai pra inclusão produtiva, que é a geração de renda”, acrescenta Deusa.

 

Juliana Mastelini Moyses
Pascom Arquidiocesana

Fotos: Juliana Mastelini Moyses